Se perpetua o conflito socioambiental no território onde está instalado o Complexo Industrial Portuário de Suape, localizada a 40 km do Recife.
Destruição e poluição ambiental, expulsões forçadas, presença ostensiva de milícia privada intimidando moradores são situações cotidianas, as quais estão submetidas as populações tradicionais que ali vivem, quilombolas, pescadores/pescadoras,
marisqueiras, agricultores familiares.
Além da inobservância dos direitos básicos, impera a violência física e psicológica praticada pela milícia, denunciada nas três Audiências Públicas realizadas pela Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular da Assembléia Legislativa de Pernambuco.
O Fórum Suape tem buscado dialogar com os setores organizados da sociedade pernambucana, igrejas, órgãos públicos e com a própria empresa estatal Complexo Industrial Portuário de Suape (CIPS), na tentativa de encontrar caminhos que levem a solução das várias questões que afetam diretamente o modo de vida das populações que vivem no entorno do Complexo.
Ao longo de gestões distintas do CIPS o Fórum Suape procurou seus dirigentes juntamente com lideranças locais para que um canal de diálogo fosse aberto. Ao governo do Estado foi entregue uma carta assinada pelas lideranças comunitárias, no dia 26/10/2015 com 16 reivindicações.
Lamentavelmente, apesar do discurso pró-diálogo por parte do governo e da empresa, isto nunca ocorreu de fato. Mais recentemente na gestão do atual presidente Marcos Baptista, após uma reunião (19/9/2017), com a presença do presidente, vários diretores da empresa, e várias lideranças de moradores, de entidades da sociedade civil, foi acordado a realização de encontros temáticos entre as partes, para discutir questões como moradia, meio ambiente, segurança, sustentabilidade e modos de vida.
Mais uma vez a empresa se mostrou insensível aos problemas denunciados pelos moradores. Não agendou as reuniões temáticas, conforme ficou acertado na reunião. Sem seriedade, sem compromisso, desrespeitosa com os afetados pelo empreendimento, que desde seu nascedouro sofreu e sofre críticas, a empresa “empurra com a barriga” o diálogo.
Enquanto isto, a tensão sobe entre os moradores e de suas lideranças, que não acreditam mais que a empresa vai ouvi- los quanto a suas reivindicações. A violência da milícia sob as ordens do CIPS continua. A completa ausência de diálogo continua, agora com previsões de novas dragagens no porto, sem nenhuma discussão, a priori, com os pescadores da região, que serão mais diretamente atingidos.
A palavra de ordem das populações tradicionais que ali vivem é o enfrentamento. Optam por lutar mais incisivamente pelo que consideram seus direitos. Manifestações públicas estão ocorrendo no território. No último dia 31 de outubro mais de 150 pessoas ocuparam a Ilha de Cocais exigindo explicações sobre a dragagem prevista. No dia 11 de dezembro moradores da comunidade quilombola Ilha das Mercês, em Ipojuca realizaram um protesto na Rodovia PE-09, km 42, bloqueando as entradas de Suape, eles reivindicam o não pagamento de pedágio na via, que é administrado pela Concessionária Rota do Atlântico. Novas manifestações estão sendo anunciadas no território.
A pergunta que não quer calar é: até quando o Governo do Estado e as autoridades responsáveis continuaram se omitindo desta grave situação?
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