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DOM FERNANDO SABURIDO VISITA A ILHA DE MERCÊS E OUVE DENÚNCIAS DE VIOLAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS EM SUAPE

O arcebispo esteve no quilombo na manhã desta quinta-feira (28) e ouviu várias denúncias de violações dos direitos humanos da boca das lideranças comunitárias
O dia 28 de dezembro vai ficar marcado na memória dos moradores da comunidade quilombola Ilha de Mercês, no município de Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife (RMR), que receberam a visita do arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido. Durante horas ele ouviu atentamente relatos de abusos que eles afirmam sofrer por parte de funcionários do Porto de Suape. O religioso esteve no local durante toda manhã, protegido debaixo de uma tenda de aproximadamente vinte metros, onde líderes comunitários e moradores das comunidades do entorno do Complexo Industrial Portuário de Suape – CIPS, uma comitiva eclesial, parlamentares e autoridades governamentais reunidos, se protegiam do sol escaldante numa grande plenária onde os líderes comunitários apresentaram suas denúncias de violações dos direitos humanos. As comunidades alegam que os seguranças do complexo portuário atuam em regime de milícia e destroem as lavouras, que sempre foi fonte de subsistência dos agricultores e agricultoras naquele território.

Dom Saburido visitou a recém restaurada Igreja de Nossa Senhora de Mercês, que fica dentro da comunidade, e presidiu uma pequena celebração sob a tenda armada em frente à igreja. O arcebispo aproveitou a ocasião para conversar com os moradores e visitar comunidades na região, para ver de perto os estragos causados pelo CIPS.

A visita desta quinta-feira foi um desdobramento do encontro com líderes comunitários articulado pelo Fórum Suape, ocorrido no dia 5 de dezembro. Sensibilizado com os relatos de casos de expulsão de moradores sem mandado judicial, de danos ambientais causados por dragagens, queda do estoque pesqueiro por conta das explosões para a instalação dos estaleiros e da conduta abusiva de seguranças do empreendimento, que atuariam destruindo lavouras, roubando materiais de construção e derrubando casas e muros, Dom Fernando Saburido mobilizou uma comitiva eclesial que atua na região, assim como representantes governamentais e a imprensa para essa visita à comunidade quilombola.
Na abertura do encontro, Magno Araújo, líder comunitário do Quilombo das Mercês fez uma saudação aos presentes dando início aos relatos sobre violações e atos violentos praticados contra a sua comunidade. Em seguida dez lideranças comunitárias e o representante do Fórum de Juventudes do Cabo de Santo Agostinho/FOJUCA apresentaram suas denúncias. O representante do Governo do Estado, Eduardo Gomes de Figueiredo, secretário executivo da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos afirmou que o governo está aberto ao diálogo. Foi contestado pelo deputado estadual Edilson Silva/PSOL, presidente da Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular da Assembléia Legislativa: “É um desrespeito o representante do governo vir aqui falar em diálogo. Suape é terra sem lei, pois o Governo do Estado instituiu no território um verdadeiro estado de exceção”, enfatizou o parlamentar.
Também estiveram presentes e fizeram uso da palavra o representante do Sinpol, Aldo Cisneiros, o secretário de governo de Ipojuca, Romero Sales, representantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PE e integrantes da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese. Como encaminhamento ficou para ser agendada uma reunião de trabalho com as 28 lideranças comunitárias, a OAB-PE, a Comissão de Justiça e Paz e Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular da ALEPE e o Fórum Suape. Outra iniciativa será um apelo a ser enviado pelo arcebispo ao governador do Estado solicitando que parem as violações de direitos humanos no território e que se abram canais de negociação por parte da empresa com as comunidades. Dom Fernando Saburido reforçou a importância de se fazer mais uma tentativa de articular o diálogo com os diversos atores envolvidos se comprometendo, especialmente através da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese que terá o papel de entendimento, mediação e ação.

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