Reunião dos moradores do território de Suape com direção da OAB-PE
A injustiça em qualquer lugar é uma
ameaça à justiça em todo lugar
Martin Luther King
Em reunião ocorrida no final do mês de outubro, entre membros do Forum Suape Espaço Socioambiental e a direção da Ordem dos Advogados de Pernambuco, foram denunciados vários problemas decorrentes da violação de direitos das comunidades do entorno do Complexo de Suape (CIPS). Decidiu-se então nesta oportunidade a realização de uma nova reunião mais ampla, agora com a presença destes moradores.
Ontem (dia 10 de novembro), aconteceu esta reunião com o presidente do conselho seccional Pernambuco da OAB, Pedro Henrique Reynaldo Alves.
Com a presença de mais de cem pessoas, moradoras dos engenhos do que hoje constitui o Complexo Industrial Portuário de Suape, o clima que se transcorreu a reunião foi muito emocionante. Foi formada uma mesa com o presidente da OAB do Cabo de Santo Agostinho Geni Lira;com a Dra. Conceição Lacerda Contijo advogada militante; com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Dr. João Olímpio Valença de Mendonça; com a representante da Comissão Pastoral da Terra-CPT Mariana Vidal, representando o Fórum Suape – Espaço Socioambiental, Mercedes e Mariana Olivia (Focruz); e a representante do do Centro das Mulheres do Cabo , Nivete Azevedo.
A audiência, segundo o presidente da OAB, foi para ouvir os camponeses e pescadores contarem o que é que está acontecendo nos seus territórios.
Os moradores mais antigos comentaram sobre a violência das expropriações, as indenizações irrisórias e a situação atual de muitos dos já desapropriados que não têm condições de reproduzir suas vidas nem material nem psicologicamente. Camponeses, camponesas e pescadores artesanais se pronunciaram.
Uma mulher de um dos engenhos comentou que nasceu e se criou, e teve os seus netos no engenho, hoje reivindicado pela empresa Suape. Mas agora ela teve de sair para morar com a filha, e ainda corre risco de ser novamente desapropriada. Ela é neta de escravos que viviam e trabalhavam na região e está sendo despejada do seu território de vida.
A foto é do momento no qual a advogada Dra. Conceição Lacerda perguntou quantas pessoas já tinham sofrido violência e assédio por parte da “milícia privada” da empresa Suape. O resultado foi assustador.
O presidente da seccional da OAB e o presidente da Comissão de Direitos Humando se comprometeram a estudar os casos, estabelecer um diálogo com a empresa Suape, e caso necessário, agir judicialmente.
O saldo foi positivo, mas ainda precisamos mostrar permanente apoio social às ações que decorreram da reunião. O Fórum Suape – Espaço Socioambiental continuará trabalhando no sentido de unir e fortalecer os afetados pelo megaprojeto do Complexo Industrial Portuário de Suape. Garantindo assim que os direitos destas populações sejam preservados. O que não vem ocorrendo nos últimos anos.
Esperamos, portanto, que em função de ampla documentação entregue a OAB – Pernambuco ela haja mais incisivamente no sentido de que a lei seja cumprida naquele território
Vale a pena mencionar a reunião emocionou a todos presentes, particularmente pelos depoimentos prestados.
Comunicação – Fórum Suape Espaço Socioambuiental