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O REINO ENCANTADO DE EDUARDO

Por Miguel Sales, promotor de Justiça aposentado
 Fonte:: Blog de jamildo –  29/10/2013
Não vamos tirar os méritos de Eduardo Campos. Mas também não nos vamos levar por palavras vãs: tipo “fazer melhor” etc. e tal. Como dito, um exemplo vale por uma tonelada de palavras. E o exemplo ao redor de Suape, no que se refere ao tão propagado “Desenvolvimento Humano”, pronunciado de pulmões cheios para encantar plateias, aqui, é negativo. E se torna mais ainda quando falado por um “socialista”.As aspas vêm razão de no papel se caber tudo. Eduardo se diz “bem melhor”, critica as alianças de Dilma, mas anda de braços dados com certas gestões do PSDB, às vezes atropelando até velhos aliados. Que o digam os integrantes da tão endeusada Frente Popular de Pernambuco, a muralha que o elegeu, e, depois, é por ele derrubada.  É por isso que se diz que na teoria a prática é outra. A política não se limpa apenas no discurso, mas com atos geradores de uma real promoção humana, sustentável a todos os segmentos sociais. Pois, o homem é a medida de todas as coisas, como nos ensinou Pitágoras.
Voltando ao caso de Suape, como compreender esse “bem melhor”, essa bicicleta do “desenvolvimento humano”, quando, por exemplo, entre outras situações, se expulsa de modo bárbaro moradores antigos da Vila do Campo, por ficar pertinho da praia de Porto de Galinhas. Logo, em seu lugar, deve se edificar um hotel de grupo de portugueses, que estão recolonizando o nosso litoral. De outra feita, coloca-se para fora herdeiros centenários de posse e moradia da Ilha de Tatuoca. Tirados de uma vida saudável, são arrancados pela raiz para ir morar numa casinha de gesso ou num favelado final de rua. E o que se dizer das ameaças e constrangimentos assacados contra centenas de posseiros que vivem ao redor de Suape, muito antes de se supor que este viesse ali a existir. Um dia eles, por decreto presidencial, foram donos daquelas terras, mas as gestões pelo crescimento econômico os transformaram em posseiros incômodos e sem razão. Geralmente, afora as humilhações sofridas pela Empresa Suape, eles quando “indenizados” de suas posses, são por irrisórias quantias, com o crivo do Judiciário. Suape é tido, pelos agentes do poder, como o bezerro de ouro, o intocável, mesmo que suprima mangues, ilhas, rios, moradias e algo mais.
No tocante ao desenvolvimento humano, é como governa Suape, que Eduardo vai governar o Brasil? Em Suape, para as empresas, incentivos e benefícios nunca faltaram. Mas a proteção do Estado à pessoa humana, aos trabalhadores, é quase uma fantasia. Em se querendo mais um exemplo, veja-se, o caso das moradias prometidas pelo Estaleiro Atlântico Sul, dadas de amostras em visitas presidências, rodeadas de ministro, governadores, onde aquele, para ser beneficiado pelo poder público, aparece como a empresa das dádivas. Mas, caído o pano, o tão festejado Estaleiro, agora, além de não construir as casas solenemente prometidas, as poucas que foram doadas para atrair a mão-de-obra estão sendo tomadas, utilizando-se, ademais, de reforço policial para não se entregar as casas que já estão em nome dos trabalhadores por ele demitidos injustificadamente. Para isso, os olhos da Empresa Suape, que é do Estado de Pernambuco, estão fechados.

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