O dia 19 de setembro é conhecido como o Dia Mundial pela Limpeza da Água. Esse recurso natural tão valioso para a perpetuação da vida em nossa planeta está cada vez mais ameaçado em face da poluição advinda principalmente de atividades econômicas (como a mineração, o agronegócio e as indústrias).
No Estado de Pernambuco, a situação dos rios é também preocupante. O Rio Ipojuca, que nasce em Arcoverde e deságua no oceano Atlântico pelo Município de Ipojuca, é o rio mais contaminado do Estado, e está em 3º lugar no ranking dos 10 rios mais poluídos do Brasil, perdendo somente para o Tietê, em São Paulo, e para o Iguaçu, em Santa Catarina.
Consultadas pelo Fórum Suape a respeito da existência de um Plano Estadual voltado para a recuperação de rios contaminados, a SEMAS (Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade) e a CPRH (Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos) nada informaram até o fechamento desta matéria.
Contaminação Hídrica no Complexo de Suape
Já na região atingida pelo Complexo Industrial Portuário de Suape (CIPS), a contaminação hídrica atinge patamares mais graves em função do tipo de matéria prima que é processada nas indústrias instaladas no local. O refino do petróleo e o processamento de derivados pelas demais empresas do ramo produz resíduos altamente contaminantes, que, uma vez no ambiente, levam muito tempo para se degradar e causam uma série de impactos, tanto à biodiversidade quanto à saúde humana.
O riacho Algodoais é o curso d’água mais poluído desse território. Ele nasce no Engenho Setúbal e percorre 10 km até desaguar no Rio Massangana, que deságua no mar. Muitas comunidades cortadas por ele utilizavam-no para as suas necessidades básicas, inclusive para pescar e beber água. No entanto, após a instalação de indústrias que passaram a lançar nele seus efluentes líquidos não tratados, o riacho Algodoais ficou completamente degradado. Estudos feitos a partir da análise da água coletada desse curso d’água revelaram a presença de contaminante emergentes, que, embora se apresentem em baixas concentrações, são compostos orgânicos carcinogênicos e mutagênicos, e possuem alta persistência e toxicidade, sendo portanto extremamente nocivos para os seres vivos em geral.
Adailton Joaquim Mendonça, 42 anos, pesca desde os 10 anos e é conhecido no Engenho Algodoais como Peixinho. “Eu pescava nesse riacho desde pequeno, e hoje não pesco nada, pois está tudo poluído pelos produtos químicos das empresas, porque mataram tudo. Não tem mais camarão, jundiá. A água é preta e ninguém faz nada”, desabafou o pescador.
Há mais de cinco anos o Governo do Estado lançou um Decreto que instituiu um programa para recuperação do riacho Algodoais, chamada “Águas de Suape”. Contudo, de lá para cá, nenhuma providência foi efetivamente realizada no sentido de promover a sua revitalização. Até quando o Governo permanecerá com esse descaso?