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SUAPE, PAGUE O QUE DEVE AOS AGRICULTORES/AS DE JURISSACA!

A comunidade de Jurissaca é formada por agricultores que se encontram no Engenho Jurissaca há mais de 30 anos. O Engenho, hoje, é parte da área do Complexo Industrial e Portuário de SUAPE. A comunidade, desde 2011, luta para ver cumprido o seu direito de ser indenizada pela empresa para poder seguir a vida com dignidade em outro lugar.

Com a instalação do Complexo de Suape, a área foi classificada pelo primeiro Plano Diretor da empresa pública (instituído pelo Decreto n.º 8.447/1983) como Zona Agrícola Florestal – ZAF, que permitia a permanência das comunidades posseiras na área.

Em 1990, o Governo do Estado, por meio da Diretoria de Terras e Cartografia – DTC (vinculada à Secretaria de Agricultura de Pernambuco), junto a SUAPE, iniciaram a regularização fundiária dos Engenhos Ilha, Jurissaca, Boa Vista I e Cedro, tendo loteado a área e distribuído os lotes entre famílias posseiras que já estavam na área e nos arredores. Com o advento do novo Plano Diretor (Decreto 37.160/2011), a área do Engenho Jurissaca foi integralmente designada como Zona Industrial, sem qualquer diálogo com a comunidade.

No ano de 2011, com as tratativas para a instalação de uma siderúrgica na área, SUAPE deu início à remoção da comunidade, que foi indenizada e realocada para um assentamento rural localizado no município de Barreiros.

No meio desse processo de remoção, houve o cancelamento da vinda da siderúrgica e a consequente interrupção das remoções. Desse modo, das 165 famílias agricultoras que estavam em Jurissaca, cerca de 1/4 acabou remanescendo no Engenho.

Essas famílias remanescentes, no entanto, têm sido impedidas, na prática, de continuar a exercer a posse em seus lotes. Elas relatam casos de turbações praticadas por funcionários da empresa, como ameaças, destruição de lavouras, de cercas e de casas. A permanência delas na área também tem sido dificultada pela interrupção do fornecimento de energia elétrica, a pedido de SUAPE e pelas contínuas intervenções no terreno promovidas pelas indústrias que têm se instalado nos arredores, como as farmacêuticas Aché e, em breve, a Blau.

A situação de precariedade extrema, chegou a fazer com que algumas famílias se vissem obrigadas a deixar as suas posses, sem qualquer indenização. As demais lutam para sair do território com dignidade.

Várias foram as vezes em que a situação da comunidade foi tratada com SUAPE, inclusive por intermédio do Ministério Público e a assessoria do Fórum Suape, numa tentativa de cobrar o pagamento das indenizações e o reassentamento adequado das famílias. Infelizmente, elas não têm conseguido contar com o Ministério Público local, que, até o momento, não deu qualquer resposta efetiva aos seus apelos, nem se coloca de forma proativa para mediar a situação.

Em 2016, Evandro Avelar, então presidente de SUAPE, chegou a se comprometer, em reunião com diversas lideranças comunitárias, a proceder com as indenizações e reassentamentos. No entanto, a gestão seguinte da empresa não levou o compromisso adiante.

A atual gestão de SUAPE reconhece a existência dos posseiros remanescentes na área, mas ignora os danos que vêm sofrendo em decorrência dos empreendimentos e recusa-se a pagar as indenizações ao grupo de agricultores.

Essa postura reiterada e desumana da empresa pública de Pernambuco demonstra que a sua política social em Jurissaca é a de inviabilizar gradativamente a vida e o trabalho na terra, com o objetivo de forçar a saída das famílias sem arcar com as indenizações a que elas têm direito.

O Fórum Suape, em solidariedade às famílias, reivindica do Governo do Estado uma solução e pergunta: CADÊ A INDENIZAÇÃO DAS FAMÍLIAS DE JURISSACA?

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NÃO AO PL 2902/2021: O GOVERNO DO ESTADO QUER DOAR TERRAS DA COMUNIDADE DE JURISSACA PARA INDÚSTRIAS!

Está para ser votado pela ALEPE o Projeto de Lei n.º 2902/2021, de autoria do Governador Paulo Câmara, para autorizar a empresa SUAPE a doar uma vasta área equivalente a 323 campos de futebol para duas empresas da iniciativa privada.As terras a serem doadas, segundo o memorial descritivo que consta no Projeto, estão localizadas no Engenho Jurissaca, em Ponte dos Carvalhos, no município do Cabo de Santo Agostinho.

Essas terras fazem parte do território de 13.500 hectares apropriado pela empresa pública e historicamente habitado por comunidades agricultoras e pescadoras artesanais, como é o caso da comunidade de Jurissaca, formada por agricultores que se encontram na área há mais de 30 anos.

Com o advento do novo Plano Diretor de Suape (Decreto 37.160/2011), a área do Engenho Jurissaca foi integralmente designada como Zona Industrial, e a ocupação humana dentro de seu perímetro foi proibida, sem que tenha havido, no entanto, qualquer consulta prévia às comunidades que ali residiam e trabalhavam há décadas.

No ano de 2011, com as tratativas para a instalação de uma siderúrgica na área, SUAPE deu início à remoção forçada da comunidade. Uma parte das famílias recebeu uma pequena indenização e foi realocada para um assentamento rural localizado no município de Barreiros.

No meio desse processo de remoção, no entanto, houve o cancelamento da vinda da siderúrgica e a consequente interrupção das remoções e pagamento das indenizações. Desse modo, 41 famílias acabaram remanescendo no Engenho.

Essas 41 famílias passaram a ser assediadas e impedidas de continuarem a plantar e a morar em paz nos seus sítios. As famílias relatam inúmeros casos de violências praticadas por funcionários da empresa, como ameaças, destruição de lavouras, de cercas e de casas. A permanência delas na área também tem sido dificultada pela interrupção do fornecimento de energia, sob ordens de SUAPE. A situação de precariedade extrema chegou a fazer com que algumas famílias se vissem obrigadas a deixarem seus sítios.

Várias foram as vezes em que a situação da comunidade foi tratada com SUAPE, numa tentativa de cobrar o pagamento das indenizações e o reassentamento adequado para as famílias viverem com dignidade em outro local. Em 2016, Evandro Avelar, então presidente da empresa, chegou a se comprometer, em reunião com diversas lideranças comunitárias, a proceder com as indenizações e reassentamentos. No entanto, a gestão seguinte da empresa não levou o compromisso adiante.

Apesar de reconhecer o débito para com esses agricultores desde 2011, SUAPE, em momentos posteriores, afirmou não ter condições financeiras para arcar com o pagamento das indenizações.

Ao mesmo tempo em que alega a falta de recursos, no entanto, a empresa pública, desde 2016, vem repassando suas terras praticamente a título gratuito para a iniciativa privada.

Por meio da Lei n.º 15.932 de 30 de novembro de 2016, atendendo a requerimento do Governador, o Legislativo autorizou SUAPE a vender suas terras com desconto de até 70% durante dois anos. Em 07 de junho de 2019, por meio da Lei n.º 16.582, o Legislativo voltou a acatar requerimento do Governo para prorrogar a aplicação do desconto por mais 4 anos.

Não bastante, recentemente Paulo Câmara requereu, por meio do Projeto de Lei n.º 2921/2021, a DOAÇÃO de uma área de 323 hectares para duas empresas privadas.

É de se questionar, com base no princípio da moralidade da Administração Pública, a postura contraditória do Governo do Estado e de SUAPE de, por um lado, negligenciar a situação das famílias de Jurissaca, sob a justificativa de não ter orçamento para indenizá-las e reassentá-las, e, de outro lado, repassar terras públicas a empresas privadas a valores irrisórios e, agora, a título gratuito. Trata-se de uma verdadeira dilapidação do patrimônio público e descaso com as 41 famílias que desde 2011 reivindicam os seus direitos usurpados pela empresa.

Diante de tudo isso, o Fórum Suape Espaço Socioambiental e as famílias do Engenho Jurissaca rogam pela não aprovação do Projeto de Lei n.º 2902/2021!

 
 
 
 
 
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CONEXÃO DE LUTAS: TATUOCA-TIMBÓ

Trecho do mangue sadio e o Rio Timbó ao fundo

No dia 06 de setembro de 2021, integrantes do Fórum Suape e da comunidade quilombola de Ilha de Mercês foram até Maria Farinha, no município de Paulista, conhecer um pouco da realidade da área de manguezal do rio Timbó.

Ao ter conhecimento da luta travada pela comunidade de Ilha de Mercês pela reabertura do Rio Tatuoca, recebemos o convite do movimento @SalveMariaFarinha para conhecer a situação do manguezal do Rio Timbó, que vem sofrendo graves intervenções e ameaças de destruições por parte de grandes empreendimentos instalados nas proximidades.

Foto 1: Rio Timbó

Saímos em trilha por um trecho da APA Estuarina do Rio Timbó com um pescador local, uma integrante da Associação de Marisqueiras e Pescadores de Maria Farinha e um integrante do Salve Maria Farinha, que, ao longo da caminhada, nos contaram um pouco da importância daquele mangue para o seu sustento e para a sua história.

Foto 2: Trecho da estrada de terra abandonada que foi construída sobre o mangue

Ao longo da trilha, foi possível constatar a existência de uma longa estrada de terra construída em cima do mangue, que, segundo nos foi relatado, foi construída pela empresa Votorantim, proprietária da empresa de cimento Poty – instalada nas proximidades -, para servir de via de transporte de materiais por caminhões até as balsas. A estrada, construída há anos, interferiu diretamente no fluxo de água dentro do manguezal, sendo possível vislumbrar, em alguns trechos, empoçamentos de água e, em outros, a lama seca, inteiramente rachada, conforme a foto 3.

Foto 3: Solo rachado em trecho do manguezal do Rio Timbó

Soma-se a isso a existência de árvores de mangue mortas (foto 5) na altura do Veneza Water Park, possivelmente em virtude do descarte de água clorada proveniente das piscinas.

Foto 4: Água empoçada em trecho do manguezal do Rio Timbó
Foto 5: Trecho de “salina” e árvores de mangue mortas ao fundo

O único ponto de abertura na estrada é uma espécie de “comporta” estreita, que visivelmente não dá conta de restabelecer o fluxo natural das águas. Hoje, a estrada encontra-se inutilizada, restando apenas o dano ambiental. Ao longo da visita, também nos foi relatado que a Votorantim tem planos de construção de um grande e luxuoso condomínio em uma parte da área de restinga que margeia o manguezal, já tendo iniciado a marcação de várias árvores para serem derrubadas (foto 6). Assim como a construção da estrada, a instalação do referido empreendimento não contou, até o momento, com qualquer consulta às comunidades de pesca artesanal que tiram daquele ecossistema o sustento, segundo nos foi denunciado.

Foto 6: Árvore marcada em vermelho para ser derrubada em área de restinga, onde se planeja a construção de um condomínio de luxo.

Segundo o banco de dados da CPRH (foto 7), a Área de Preservação Ambiental – APA – Estuarina do Rio Timbó foi instituída pela Lei Estadual n.º 9.931 de 11 de dezembro de 1986, e é formada por 1.397 hectares. Apesar de tão antiga e de abrigar um ecossistema de extrema importância, como o manguezal, a referida área de proteção mal possui placas de sinalização e não possui, até hoje, nenhum Conselho Gestor ou Plano de Manejo, o que a deixa extremamente desprotegida e suscetível a intervenções danosas, como a que pudemos constatar.

Foto 7: Registro da APA Estuarina do Rio Timbó na CPRH

A ideia da visita à área foi a de estabelecer um intercâmbio de informações e de experiências envolvendo a luta pelo Rio Tatuoca e a luta pelo Rio Timbó e de prestar apoio e solidariedade aos grupos que, como nós, estão na luta pelo rio livre e pelo mangue vivo.

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Instituto PACS lança o estudo “Mulheres-Territórios: Mapeando conflitos, afetos e resistências”

Nesta segunda-feira (22/06), o Instituto PACS lançou a publicação “Mulheres-Territórios: Mapeando conflitos, afetos e resistências“, um estudo que traz as histórias de vida e as memórias das transformações vividas nos territórios afetados por grandes empreendimentos, pela perspectiva das mulheres das regiões de Altamira (Pará), Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca (Pernambuco), Piquiá de Baixo (Maranhão) e Catas Altas (Minas Gerais), além de outros países da América Latina e Caribe: Guatemala, Haiti, Bolívia e Chile.

A pesquisa envolveu o levantamento e estudo elaborado pelas Coordenadoras do Fórum Suape Simone Lourenço e Aulete Almeida, que narraram os impactos causados pelo Complexo Industrial Portuário de Suape (CIPS) contra as populações locais, com ênfase nas violações sofridas pelas mulheres pescadoras, agricultoras e quilombolas.

A resistência e a luta das mulheres camponesas contra um projeto que busca dominar seus territórios e corpos é o elemento central dessa publicação.

Confira o estudo completo clicando aqui!

 
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MOMENTO FÓRUM SUAPE: Retrocessos na política brasileira ambiental e os impactos na vida marinha

O Brasil vive um dos piores momentos da história da política ambiental. São incalculáveis os danos que os mais variados ecossistemas brasileiros vêm sofrendo ao longo desses últimos anos, tais como o aumento do desmatamento no cerrado e no pantanal e as inúmeras queimadas na Floresta Amazônica. Muitas dessas tragédias e crimes ambientais poderiam ter sido evitados – como nos casos de Brumadinho, Mariana e do vazamento do petróleo ocorrido 2019 – se os órgãos de defesa e controle ambiental não estivessem passando pelo atual processo de sucateamento empreendido pelo governo Bolsonaro.

Para aprofundar esses e outros assuntos, o Rádio Mulher, através do Momento Fórum Suape, convidou para o programa desta sexta-feira (18/06), às 8h, a mestra em Geologia Marinha, Engenheira de Pesca e integrante do Instituto Mangue Mar, Carla Danielle Pereira de Andrade e o ativista ambiental e empreendedor social da ONG Onda Limpa para Gerações Futuras, Estevão Santos da Paixão.

Você pode acompanhar a conversa através da página do Facebook do Fórum Suape ou da página do Facebook do Centro das Mulheres do Cabo, ou ainda sintonizando na Rádio Comunitária Calheta FM 98,5.

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“Mulheres-territórios: mapeando conflitos, afetos e resistências”

Hoje a nossa viagem em “Mulheres-territórios: mapeando conflitos, afetos e resistências” tem como destino as cidades de Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, localizadas em Pernambuco. Os territórios, que juntos somam cerca de 300.00 habitantes, sofrem com os impactos a atuação do Complexo Industrial e Portuário de Suape (CIPS).

De responsabilidade do Governo do Estado de Pernambuco, o Complexo abriga mais de 75 empresas, nacionais e transnacionais, dos mais diversos ramos em seus mais de 13.500 hectares de terra. As comunidades atingidas, em sua maioria, são compostas por mulheres de povos e comunidades tradicionais, como marisqueiras, quebradeiras de coco e quilombolas, que seguem defendendo a vida e a soberania dos povos e comunidades tradicionais através da arte, da escrita, dos trançados, do trabalho e das suas raízes no território ✊🏾👵🏽👩‍🌾

Nos próximos dias, contaremos as histórias de vida e as memórias das transformações vividas desde territórios como Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, pelo ponto de vista das mulheres. Avançamos coletivamente na compreensão dos impactos marcados nos corpos e sonhos de vida delas e de suas comunidades. Identificamos juntas, também, quem são os que invadem, se apropriam e se dizem donos das terras, montanhas, rios, mangues, aqueles que atravessam culturas e formas de viver, e transformam o trabalho humano e natureza explorados em lucro e acumulação. E, assim como olhamos para as violações, nessa caminhada e nos diálogos construídos, buscamos sempre identificar e visibilizar as resistências, as formas de produzir vida e alegria em meio às violações sofridas.

Vem com a gente percorrer esse caminho! ✨

“Mulheres-territórios: mapeando conflitos, afetos e resistências” estará no ar no dia 21/6. Fique de olho nas redes sociais do Instituto Pacs! 

 

 

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MOMENTO FÓRUM SUAPE: Motivos que levaram ao arquivamento da CPI que investigou o vazamento do Petróleo em 2019

Nesta sexta-feira (21/05), às 8h, a Rádio Mulher, através do Momento Fórum Suape, promove uma importante análise sobre o arquivamento da CPI do Vazamento do Petróleo de 2019, lançando um olhar crítico sobre o tema.

O vazamento de óleo no Brasil foi um derrame de petróleo cru que atingiu mais de 2 mil quilômetros do litoral das regiões Nordeste e Sudeste do país. Esse desastre atingiu 130 municípios em 11 Estados brasileiros, do Pará ao Rio de Janeiro, totalizando mais de mil localidades, incluindo pelo menos 50 Unidades de Conservação e Preservação Ambiental. Nos mangues, rios e praias do litoral cabense impactados pelo ocorrido, até hoje aparecem partículas dos componentes químicos, principalmente nas praias de Xaréu e Itapuama.

Para aprofundar a temática, convidamos o Reverendo Ivaldo Sales, diretor da ONG Centro de Assistência e Desenvolvimento Integral de Gaibu (CADI/Gaibu) e membro do Comitê Popular de Monitoramento Ambiental do Cabo de Santo Agostinho (COPOMA). Além dele, a conversa também contará com a participação de Mariana Olívia, comunicadora, doutora em saúde pública, professora e pesquisadora da Fiocruz.

Você pode acompanhar a conversa através da página do Facebook do Fórum Suape ou da página do Facebook do Centro das Mulheres do Cabo, ou ainda sintonizando na Rádio Comunitária Calheta FM 98,5.

 

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[Leia Já] Na pandemia, Suape impede acesso de agricultores à terra

POR MARÍLIA PARENTE | SAB, 10/04/2021 – 08:00

Há cerca de 30 dias, pescadores e agricultores do Engenho Ilha, no Cabo de Santo Agostinho, estão sendo impedidos, pelo Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros- Suape, de acessar as terras e o mangue dos quais tiram seu sustento. Segundo os trabalhadores, não houve qualquer diálogo com a comunidade a respeito do cerco. A nova denúncia, em plena pandemia de Covid-19, acentua o conflito fundiário entre as 305 famílias que vivem no local, segundo os relatos dos trabalhadores, há pelo menos quatro gerações e a empresa, que alega reivindicar a área para promover conservação ambiental.

“Mais uma vez Suape interfere nos nossos modos de vida e modos de produção e em plena pandemia, quando passamos necessidades básicas, sofrendo com desemprego. Estamos sendo impossibilitados de manter nossa soberania alimentar. Além disso, as pessoas estão desesperadas, porque esse cercamento representa para nós uma iminência de expulsão, já que existe uma proposta de uma unidade de conservação no Engenho Ilha, mas sem que nada tenha sido resolvido. Do nada Suape chega e cerca tudo”, comenta a presidente da Associação de Pequenos Agricultores de Ponte dos Carvalhos, Vera Lúcia Melo.

Em março de 2020, o LeiaJá esteve no Engenho Ilha e observou a existência de casas e instalações demolidas, segundo a população, pela segurança privada de Suape. Na ocasião, os trabalhadores que vivem no local relataram conviver com uma série de intimidações de agentes da empresa, contra a qual chegaram, inclusive, a registrar boletins de ocorrência.

Quer ver a matéria completa? Clique aqui!

Cercamento instalado por Suape no entorno do Engenho Ilha.
 
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[Marco Zero] Engenho Ilha: uma comunidade cercada vizinha à Reserva do Paiva

Por Maria Carolina Santos em 08/04/2021, 16:45

Há mais ou menos um mês, os moradores do Engenho Ilha levaram um susto. Ao tentar acessar o rio Jaboatão, em um local onde costumavam catar mariscos, havia uma cerca, com estacas pintadas de um azul esverdeado. Dias depois, as mesmas estacas estavam por toda a região conhecida como reserva de João Grande. Lá, os moradores costumavam catar mariscos e tiravam frutas como ingá, caju, maçaranduba e manga para comer e vender. Com uma rapidez que conta com o trabalho de dezenas de homens, a comunidade se viu cercada. Segundo moradores, faltam apenas poucos quilômetros para que os 611 hectares do Engenho Ilha estejam todos dentro de uma extensa cerca azul esverdeada.

Localizado atrás da Reserva do Paiva, um condomínio de luxo à beira mar no Cabo de Santo Agostinho, o Engenho Ilha é uma terra em disputa. De um lado, 305 famílias de agricultores, pescadores, extrativistas. Muitos são posseiros que ocupam a terra há duas, três, quatro gerações. Do outro, o Complexo Industrial de Suape, “um dos maiores projetos de desenvolvimento da economia do país”, como diz o slogan.

Como se vê, é uma disputa desigual.

O cercamento da comunidade é justificado por Suape com “o objetivo de proteger o patrimônio ambiental”. Suape quer criar no local uma Unidade de Conservação. Diz, em nota à Marco Zero, que a criação da unidade está sendo gestada junto à Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, por meio da Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH), “com limites propostos, por isso necessita de cercamento”.

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Dia Nacional da Conscientização sobre Mudanças Climáticas, o Dia Internacional das Florestas e o Dia Mundial da Água

Neste mês de março, os dias 16, 21 e 22 marcam pautas importantes da agenda ambiental: o Dia Nacional da Conscientização sobre Mudanças Climáticas, o Dia Internacional das Florestas e o Dia Mundial da Água.As mudanças climáticas atualmente vivenciadas possuem estreita relação com o manejo das florestas, uma vez que mais da metade das emissões de gases de efeito estufa no Brasil está ligada ao desmatamento da Amazônia e do Cerrado. Em 2019, o desmatamento, no Brasil, aumentou cerca de 30% em relação ao ano anterior, sendo que, apenas no mês de agosto, a taxa de desmatamento chegou a 200%.

A destruição desses importantes biomas devido a interesses econômicos e ao desmonte da política ambiental brasileira interfere não só na questão climática, mas também no ciclo das águas. Na climatologia, a Amazônia é conhecida pelo importante papel que desempenha seus chamados “rios aéreos” – fenômeno conhecido pela capacidade que essa floresta possui de recarregar com vapores de água as nuvens provenientes da linha do Equador. Os rios aéreos são responsáveis pela manutenção das águas oceânicas nos níveis que conhecemos hoje, evitando que toda região sul do continente americano, onde está 70% do PIB da América Latina, seja um longo deserto.

Enquanto a Amazônia gera água, o Cerrado a absorve e armazena em seus aquíferos – sobretudo o Guarani, o Bambuí e o Urucuia – sendo responsável por abastecer toda malha de rios que pendem para todas as direções do território brasileiro. Embora seja o bioma mais antigo da Terra, o Cerrado não possui capacidade regenerativa, de forma que são fatais os danos nele causados pela agropecuária e pelo capital multinacional. Somado a isso, a destruição dos mangues tem causado também grande impacto ao ambiente e às populações que dele dependem para viver.

Neste cenário de destruição, há, ainda, o chamado “hidronegócio”, termo cunhado pela Comissão Pastoral da Terra para designar as incursões feitas pelo capital estrangeiro na questão da água. A chamada Oligarquia Internacional da Água, grupo de multinacionais que domina o negócio da água no cenário internacional, tem empreendido esforços para privatizar, mercantilizar e, por fim, tornar a água um mero ativo financeiro. Dados estatísticos da Organização das Nações Unidas apontam que 25% da população do planeta não têm acesso a água potável e cerca de 58% dos municípios no Brasil não possuem água tratada para consumo.

A tudo isso se soma, no cenário nacional, uma postura negligente e destrutiva do governo brasileiro. O desmonte do Ministério do Meio Ambiente; a drástica redução da fiscalização, por parte do IBAMA, de atividades ilegais; a praticamente anulação da representação da sociedade civil nos espaços de discussão; o enfraquecimento do licenciamento ambiental; o estímulo ao desmatamento ilegal, às grilagens e à mineração em terras indígenas são exemplos do atual estado das coisas no que toca ao meio ambiente. Ademais, o total descompromisso do atual governo com as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris tem tornado todas essas questões ainda mais problemáticas, uma vez que não estão sendo adotadas medidas eficazes de combate às mudanças climáticas.

Neste cenário de caos propositadamente instaurado, os dias 16, 21 e 22 de março nos lembram o quanto ainda precisamos lutar para tornar a vida neste planeta minimamente sustentável.

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