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Ambiental Comunidade SUAPE

SUAPE, MEIO AMBIENTE, POPULAÇÃO

Clóvis Cavalcanti Presidente da Sociedade Internacional de Economia Ecológica (ISEE)Publicação: 15/04/2017 03:00
No dia 5 de abril de 1975, o extinto semanário Jornal da Cidade, do Recife, estampou manchete de capa com os dizeres: “Cientistas lançam manifesto contra o Complexo de Suape”. Na verdade, quem o redigiu fui eu. Submeti-o depois à apreciação de um número de pessoas, das quais foram seus signatários, comigo, os professores Nelson Chaves, grande nome da nutrição, José Antonio Gonsalves de Mello, o maior historiador do período holandês no Brasil, João de Vasconcelos Sobrinho, um dos maiores ecólogos brasileiros, Renato Carneiro Campos, diretor do Departamento de Sociologia do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, todos falecidos, e Renato Duarte, professor de economia da UFPE e Roberto Martins, coordenador do Curso de Mestrado em Sociologia da UFPE. Naquele momento (antes da “abertura política”), a atmosfera era de risco para críticas ousadas. Precisava-se de coragem para contestações ao governo federal e aos estaduais, que se empenhavam em promover grandes empreendimentos. O Brasil tinha atravessado anos – que jamais se repetirão – de crescimento econômico miraculoso, com taxas da ordem de 10% a.a., e até maiores. Havia euforia em torno de grandes empreendimentos que alavancassem o PIB, sob a suposição de que se criaria emprego e acabaria com a miséria. Essa era a imagem que os autores do Projeto de Suape passavam. Só que tudo era feito – e continua sendo, na verdade – sem consulta à população e ignorando-se os custos sociais e ambientais das iniciativas. Eu me incomodava com essa omissão. Ao escrever o manifesto, eu propus que, com uma metodologia de ausculta à sociedade, se fizesse a avaliação de impactos ecológicos. Este último era assunto de que ninguém tratava então. Inexistia movimento ambientalista e era rala a consciência ecológica no país.
Foram fortes as reações ao manifesto. O governo de Pernambuco o rebateu com fúria afirmando que os autores do protesto “apenas encontraram bases emocionais e pressa na crítica, com total desconhecimento do assunto”. Assegurava: Suape “trará emprego, melhorará as condições de vida das populações do estado e dará condições de aumentar a produtividade dos campos de Pernambuco e da região”, absorvendo “o excedente de população do meio rural” – coisas que, quatro décadas depois, são negadas pelos fatos. Conversa fiada. Quanto à crítica ecológica, a nota assegurava que não haveria perigo de poluição com o projeto. A razão: havia nele a previsão de uma central de tratamento de resíduos, que os autores do documento não enxergavam. Mais mentira. Dizia o governo haver também previsão de uma barreira de proteção ecológica, com reflorestamento, algo que só começou a ser realizado em 2011, quando Eduardo Campos nomeou Sérgio Xavier secretário de Meio Ambiente de Pernambuco – 39 anos depois. No tocante à falta de discussão da iniciativa, de consulta à sociedade, rebatia a nota: “As consultas se fizeram, pois a Assembleia Legislativa aprovou o projeto … e os órgãos de classe e Clubes de Serviço debateram e deram seu apoio”. Sublinhava que “o Conselho Estadual de Cultura, sob a presidência do Mestre Gilberto Freyre, louvou o projeto por sua preocupação em preservar os sítios históricos e cuidar da defesa do meio ambiente”. Que essa preocupação não era prevista deduz-se do que escreveu em 2007 o secretário de Planejamento de Pernambuco de 1975, Luiz Otávio Cavalcanti: “O movimento que se opunha à construção de Suape colaborou, com suas opiniões, para que o governo adotasse medidas oportunas, voltadas ao controle ambiental”.
Passados 42 anos, o que se pode testemunhar em Suape é uma irreparável destruição ambiental, afetando o ecossistema marinho da região e acabando com a pesca, que era abundante ali. Ao mesmo tempo, o histórico de indignidades e violência cometidas contra comunidades que moravam na área ocupada e que resistiam à expulsão forçada de lá, de que o Fórum Suape, de entidades ligadas à população dali, revela, causa revolta. Por outro lado, com a destruição dos manguezais, berçário natural de peixes, as populações de pescado de Suape sofreram drásticos cortes. Isso abalou a comunidade local, que girava em torno da pesca, causando sofrimento e empobrecimento aos habitantes do lugar. Cristiano Ramalho, antropólogo e professor da UFPE, registra-o em sua tese de doutorado, de 2007, para a Universidade de Campinas (Unicamp). O drama de Suape também se estende à extinção de fontes de alimento para a Região Metropolitana do Recife, como no caso de frutas de excelente qualidade ali encontradas: caju, mangaba, manga, jaca, cajá, jambo, pitomba, abacate, etc. Para mim, uma desgraça. Desgraça mais ampla ainda, na verdade, e que está bem documentada em trabalho de conclusão do curso de ciências sociais da UFRPE, de 2009, de Marcos Miliano, bolsista da Fundação Joaquim Nabuco, relativo ao processo de expulsão dos moradores da Ilha de Tatuoca, para a construção de um estaleiro. O Manifesto de 1975 não desenhou uma falsa realidade. Profetizou. Está vivo. 
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Democratização Desigualdade Direitos humanos Fórum Suape

O direito à informação é fundamental no controle popular do Estado

O direito à informação é a pedra fundamental da transparência administrativa e medida de controle popular do Estado e tem sua gênesis na Declaração Francesa de 1789 e na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948.
A circulação de informações ambientais de qualidade é um dos pressupostos para o desenvolvimento sustentável e democrático de um país. Um público bem-informado é um sine qua non para a participação democrática, como o filósofo pragmatista, John Dewey insistiu. Para ele, a disseminação da informação, incluindo a informação científica, é essencial para a construção da democracia.
“A menos que (os resultados de investigação) sejam lidos, não podem afetar de forma séria o pensamento e a ação de membros do público; restringem-se aos nichos retirados das bibliotecas, e são estudados e compreendidos somente por poucos intelectuais. (…) Uma apresentação técnica e erudita teria apelo somente aos tecnicamente intelectuais; não seria notícia para as massas” (DEWEY, 1956, p.183).
O progresso desenfreado disseminou uma falsa idéia de que os ecossistemas poderiam sustentar indiscriminadamente o crescimento econômico e que seriam capazes de se recuperar de todas as agressões provocadas pela produção ilimitada de bens. Desse modo, prevaleceu em nossa sociedade uma massificação da informação direcionada ao consumo, mais voltada para o lucro do que para a preservação ambiental, deixando em segundo plano questões essenciais como a qualidade de vida, a saúde e o bem estar geral. Consumir primeiro, para depois cuidar da natureza, tornou-se uma regra despercebidamente aceita e seguida no mundo moderno. Sem dúvida, a transição das civilizações agrárias para a civilização industrial, sob a égide do capital, representou uma das principais rupturas para a alteração da relação homem-Natureza, na re-dinamização ou re-criação do mundo, inaugurando uma nova postura das sociedades com o meio planetário. O projeto moderno de dominação da natureza converteu os recursos ambientais em mercadoria última e a indústria passou a ser o instrumento potencializador do homem sobre as forças naturais. Em conseqüência, as ameaças desse novo modelo levam a humanidade a uma sociedade de risco e a sobrevivência do ser humano, como espécie, está posta progressivamente em tênue equilíbrio e irá depender de um esforço conjunto de toda coletividade no sentido da superação do atual estágio.
Desse modo, o direito de acesso a informação socioambiental funciona como fermento do desenvolvimento sustentável e fonte de afirmação de valores, desempenhando importante papel no equacionamento da política ambiental, em que os cidadãos possam obter “melhores condições de atuar sobre a sociedade, de articular mais eficazmente desejos e idéias e de tomar parte nas decisões que lhe dizem respeito diariamente”.
A visibilidade é um dos traços do Estado democrático e o direito à informação consagra o princípio constitucional e administrativo da publicidade. Infere-se, portanto, que não há como prevenir danos causados por empreendimentos ambientais se não se tem conhecimento sobre as atividades que estão sendo realizadas ou controladas pela Administração, daí a importância de tornar públicas as informações. O princípio da publicidade contrapõe-se à teoria do poder absoluto, pois se pauta no desempenho da atividade estatal ante os olhares dos espectadores. O que é público deve estar aberto a todos ou a muitos “para ser visto, ouvido ou comentado; o que é privado, ao contrário, é o que está escondido da vista, o que é dito ou feito na privacidade ou em segredo de pessoas”.
A informação deve ser uma busca permanente de toda a sociedade, já que não é possível construir uma consciência cidadã por meio de omissões ou meias verdades, sobretudo quando uma garantia se reveste de um direito difuso, ou seja, quando alcança um número indeterminado de pessoas como é o caso de questões que envolvem o meio ambiente.
Assim, todo esforço para a correta utilização de um meio ambiente saudável e sustentável depende muito do grau de conhecimento que um povo tem sobre o ambiente em que vive, e não há conhecimento sem informação.
Por Vilmar Sidnei Demamam Berna*, no RECOs. 09/04/2017
Fonte: Racismo Ambiental
*Escritor e jornalista, fundou a Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental (rebia.org.br), e edita deste janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente), e o Portal do Meio Ambiente (portaldomeioambiente.org.br). Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU para o meio ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas.
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Convite Encontro Fórum Suape

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O período de inscrição vai até o dia 24/04/2017.
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JEAN PIERRE LEROY: UMA VIDA DEDICADA AOS TERRITÓRIOS DO FUTURO

Alteridade, solidariedade e desejo de futuro: se fosse possível sintetizar as motivações de toda uma vida, seriam essas palavras que escolheria para definir não só a inspiração, mas também todo o legado político do filósofo, socioambientalista e educador popular Jean Pierre Leroy.
Ao tentar delinear aqui, cronológica e semanticamente, suas contribuições ao fortalecimento dos movimentos populares no Brasil – compromisso que orientou sua prática e seu pensamento, desde sua chegada ao país em 1971 – percebo que a defesa de um mundo mais comum e diverso desde sempre pautou sua maneira de pensar e agir.
A decisão de “enraizar-se junto aos oprimidos”1 que o inspirou a deixar definitivamente a França e fazer do Brasil o seu novo país, motivada pelaindignação com a estruturante desigualdade social brasileira, era movida também por um profundo desejo de conhecer e aprender com o que lhe era diverso. Talvez por isso tenha iniciado sua aventura nos trópicos pela Amazônia. Ou, inversa e dialeticamente, talvez tenha sido a Amazônia quem o mobilizou a engajar-se em lutas protagonizadas por sujeitos a quem o Estado e a sociedade nacional insistiam em manter invisibilizados.
Aquele início de atuação no Brasil coincide com um momento político em que uma multiplicidade de grupos historicamente vulnerabilizados inicia um processo de reivindicação pelo reconhecimento de suas múltiplas e distintas territorialidades. A partir da ditadura, amplia-se o cerco ao campesinato amazônico e às populações indígenas pela expansão da fronteira de acumulação sob a coordenação do Estado. A competição pelo controle do espaço e dos recursos naturais se acirra e impõe a esses grupos, a necessidade de construir estratégias de resistências e uma narrativa autônoma sobre si.
Trabalhando inicialmente com os pescadores de Salgado (PA), e depois, em Santarém e no Maranhão, com camponeses agroextrativistas, Jean Pierre logo engajou-se em processos que buscavam visibilizar suas identidades em face à negação de suas existências. Envolveu-se com a organização sindical dos trabalhadores rurais e teve um papel importante para a formação da Comissão Pastoral da Terra (CPT) na região. Ao percorrer a Amazônia oriental, conheceu de perto os efeitos da grilagem, da devastação ambiental e da violência em regiões onde a fronteira da acumulação se expandia e tornou-se um profundo conhecedor das gentes e de seus modos de fazer e (re) criar seus territórios.
Quando se mudou para o Rio de Janeiro, já como coordenador da FASE, trazia consigo a experiência e o compromisso adquirido nos anos de trabalho com o campesinato amazônico. Atuando nacionalmente, visitou outras regiões e foi capaz de estabelecer conexões e compreender os mecanismos de espoliação que sistematicamente negavam aos grupos historicamente vulnerabilizados – negrxs, pobres, índios, populações tradicionais, faveladxs, migrantes, sem terra/teto – o papel de sujeitos políticos.
Em meio a repertórios de legitimação2 dados pela abertura democrática e a emergência de uma preocupação global com o meio ambiente, Jean compreendeu os marcos e possibilidades de ação postos pela conjuntura e, sempre apostando na atuação coletiva, passou a incidir criticamente sobre a questão ambiental. “O meio ambiente é cultural e histórico”, dizia. “Ele representa a base material que garante não só a existência do modo de vida urbano industrial, mas de modos de vida diversos”. Com ele aprendi a compreender os diferentes significados que os recursos ambientais têm e entender o sentido das lutas ambientais empreendidas por sujeitos que sistematicamente se veem privados dos recursos de que dependem para viver. Aprendi também que essas lutas não dizem respeito apenas a quem as protagoniza, mas são centrais para a luta ambiental mais geral e para o fortalecimento da democracia.
Jean Pierre compreendia não apenas os sentidos múltiplos que a experiência social empresta aos recursos naturais como a potência política e emancipatória que essa multiplicidade de sentidos possui para a crítica mais ampla ao desenvolvimento e sua premissa etnocêntrica de que há uma trajetória única a ser trilhada por todas as sociedades. Premissa que, no Brasil – e em tantas partes do sul global –, significou a consolidação de um modelo de desenvolvimento que se reproduz ampliando as desigualdades sociais ao destruir as bases materiais (portanto, o meio ambiente) que garantem a manutenção de nossa sociodiversidade e a qualidade de vida nos campos, nas florestas e nas cidades.
Ainda como coordenador da FASE acolheu a proposta que deu as bases para a constituição do movimento agroecológico e a criação da Articulação Nacional de Agroecologia. Em 1992, participou da coordenação do processo de incidência da sociedade civil na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92. Processo que depois daria origem ao Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Nos anos 2000, engajou-se na constituição dos movimentos por justiça ambiental no Brasil e foi cofundador da Rede Brasileira de Justiça Ambiental. Nesse período, aceitou o desafio de assumir a Relatoria para o Direito Humano ao Meio Ambiente, da Plataforma Dhesca Brasil. Com coragem, denunciou vários mecanismos de produção de injustiças ambientais, cobrando do Estado maior controle sobre o poder corporativo, promoção de equidade ambiental e garantia de acesso a políticas públicas a sujeitos que tinham seu direito ao meio ambiente sistematicamente violado. Percorreu o país denunciando a grilagem de terras no Pará que submetia populações agroextrativistas a violência, a apropriação privada da zona costeira nordestina pela carcinicultura e pelo turismo e a consequente expulsão de pescadores artesanais e outras populações extrativistas do acesso comum às praias e manguezais. Solidarizou-se com a luta dos Cinta Larga pela demarcação e proteção de suas terras em face ao garimpo ilegal. Esteve junto aos/às trabalhadores/as da região metropolitana do Rio de Janeiro denunciando com eles a injustiça ambiental a que são submetidos pela ausência de saneamento e acesso à água potável e pela instalação de indústrias poluentes e de depósitos de rejeitos em suas áreas de moradia e trabalho.
Na última década, aproximou-se do debate sobre os Bens Comuns e passou a resignificar as lutas em defesa da sociodiversidade, da sustentabilidade ambiental e da garantia de direitos a que dedicara toda sua vida. Com a coerência que lhe era tão própria, renovou seu pensamento para torná-lo ainda mais potente. Em meio a um processo de crescente mercantilização da vida e das relações sociais, chamava-lhe cada vez mais atenção processos instituintes de modelos e paradigmas alternativos ao capitalismo, pautados pela produção e defesa de bens tornados comuns, mantidos desmercantilizados pelas práticas sociais/econômicas e por escolhas políticas. Com entusiasmo, acompanhava as mobilizações contra a privatização de serviços públicos e recursos naturais, as propostas de ocupação e resignificação de espaços públicos, os movimentos pelo acesso livre ao conhecimento e pela sua construção compartilhada (a exemplo dos movimentos de softwares livres, de mídia livre etc) e as lutas identitárias pelo reconhecimento de territorialidades específicas, referidas ao uso comum da terra e de recursos naturais, que sempre lhe foram caras. Valorizava-as pela capacidade que possuem de instituir/valorizar sistemas sociais e jurídicos para administração compartilhada de recursos de uma maneira justa e sustentável. Passou a refletir sobre as dimensões não mercantis dessas experiências, identificando suas conexões e, sobretudo, o caráter emancipatório em face às novas formas de cercamento e privatização relacionadas à expansão contemporânea do capitalismo. Essa abordagem deu um sentido ainda maior ao papel que sempre acreditou que os excluídos do desenvolvimento – aqueles com quem havia trilhado sua própria caminhada – tinham na construção dos “territórios do futuro”.
E foi mirando o futuro que Jean nos deixou em novembro de 2016. Ao terminar essa narrativa tenho a sensação de que não cheguei senão à superfície de sua trajetória. Tudo o que fui capaz de dizer sobre ele não é nada além do que pude aprender com ele. De todas as lições, talvez a mais cara tenha sido a convicção que orienta minha própria trajetória de que o futuro depende da aposta que faremos hoje em manter e tornar o mundo cada vez mais comum e diverso.
Julianna Malerba
Abril de 2017
1| Confere Jean Pierre, um mestre das lutas sociais, em https://redejusticaambiental.wordpress.com/2016/11/11/jean-pierre-u…
2| Tomamos emprestada de Bruce Albert essa categoria para nos referir aos sistemas de normas legais e valores simbólicos dos protagonistas que dominam o espaço de disputa em face às quais as estratégias dos grupos subalternizados têm de ser elaboradas. Confere: ALBERT, Bruce.Territorialidad, etnopolítica y desarrollo: a propósito del movimiento indígena en la Amazonía brasileña. In: SURRALES, A. y Hierro, P. Tierra Adentro. Território Indígena y percepción del entornoIWGIA, Documento n° 39. Copenhage, 2004, pp. 221-258.
Você pode ver aqui mais informações de sua passagem: 
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42 ANOS DO MANIFESTO CONTRA O COMPLEXO DE SUAPE

No dia 5 de abril de 1975, um sábado, o semanário Jornal da Cidade (ano II, no 24, 6-12.4.75), do Recife, hoje extinto, trouxe enorme manchete de capa, com os dizeres: “CIENTISTAS LANÇAM MANIFESTO CONTRA O COMPLEXO DE SUAPE”. O Manifesto, redigido por Clóvis Cavalcanti, é este que vai a seguir
A propósito de Suape
Tem-se firmado como tradição do estilo recente de promover o desenvolvimento econômico – que se entende como aumento da renda per capita –, o lançamento pelo governo de grandes projetos de sua iniciativa, que as autoridades presumem consultar o interesse público e julgam satisfazer as aspirações da população, sem que uma consulta à última seja efetivamente realizada. Esta é uma regra quase universalmente seguida, cuja validade não tem sido – a não ser em casos excepcionais – posta em dúvida. Isto não impede, todavia, que pessoas interessadas e grupos de indivíduos manifestem sua opinião a respeito de tais projetos e empreendimentos, reagindo contra a pretensão de transformar em verdade indiscutível a tradição autocrática de não fazer a confecção de grandes projetos ser precedida de consulta às aspirações da coletividade. Estas considerações vêm a propósito do intento do governo de Pernambuco de implantar a todo custo, em sítio privilegiado do estado, um complexo industrial portuário, o Projeto de Suape, cuja elaboração tem avançado no sentido da realização da obra sem que atenção devida seja dada às vozes que manifestam oposição à iniciativa.
Pois bem, parece oportuno tornar público agora que a idéia de realização do complexo industrial portuário de Suape não é aceita pacificamente por todos os cidadãos que, além de pagar impostos, se sentem responsáveis pela elucidação de aspectos de interesse vital para a vida da população pernambucana. E não se trata, por outro lado, de mera reação suscitada por interesses feridos, a desses cidadãos preocupados com o bem-estar comum. O que há de relevante a examinar no que toca a Suape são variáveis que envolvem, inclusive, uma apreciação baseada em critérios puramente econômicos, dentro do figurino do mais rigoroso raciocínio analítico, da significação em termos sociais do projeto.
Em primeiro lugar, seja dado o destaque, ao decidir levar a cabo a idéia do complexo, o governo tomou decisões quanto à alocação de recursos em Pernambuco que implicam em se recusarem muitos projetos menores, iniciativas em setores e regiões diversas do estado, cuja necessidade de suporte econômico-financeiro conflita irrecusavelmente com os requisitos de Suape. Com efeito, a crer nas próprias informações do governo pernambucano, o total de investimentos previstos para o complexo envolvendo recursos públicos e privados, é da ordem de três bilhões de dólares¹, ou seja, cerca de 23 bilhões de cruzeiros², cifra que é mais da metade dos fundos que se investirão, no período 1975-79, no colossal Programa de Industrialização do Nordeste e quase oito vezes mais que os recursos consignados ao Polonordeste nos anos 1975-77, ambos de iniciativa federal e considerados projetos-impacto. É ocasião então de perguntar: que razão de benefício-custo ou que taxa interna de retorno norteou a decisão do governo de Pernambuco, ou para ser menos sofisticado, que grandeza da relação capital-produto serviu de marco de referência para Suape? Se algum parâmetro dessa natureza foi usado – e não se concebe procedimento de outra forma, pois se este fosse o caso, perderia seriedade qualquer escolha envolvendo massa tão formidável de recursos sabidamente escassos –, que alternativas serviram para a decisão tomada? Isto é, dado que Suape implica numa certa configuração do destino concebido para alocação de recursos, é de se esperar que o governo haja contemplado caminhos alternativos, configurações alternativas para o uso dos recursos envolvidos, de tal modo que, pesando benefícios e custos das diversas rotas por que poderia optar, resolveu, avaliando através de coeficientes técnicos relevantes, seguir o caminho de Suape. Indaga-se: o governo fez isto? Certamente que não, parece ser a resposta, tal a maneira quase histérica com que se fala do projeto, anunciando-se tão só suas vantagens, sem nenhuma alusão àquilo que os economistas em seu esoterismo vocabular classificam de “custos de oportunidade”.
Esquecendo o aspecto acima, seria admissível transformar Suape em complexo industrial portuário, se não fosse possível conceber para o local utilizações alternativas e se não houvesse a opção para o que ali se encontra. Assim, de um prisma estritamente econômico, a decisão do projeto continua controvertida, na medida em que Suape permite imaginar outros usos para sua feliz dotação de beleza natural e de outros recursos para o lazer, além de ser sítio histórico do maior interesse. A idéia do turismo, por exemplo, vem de imediato à mente quando se pensa em aproveitar recanto de tão comovente harmonia estética. Uma rigorosa avaliação não poderia indicar relação benefício-custo mais alta no caso do turismo do que no do complexo imaginado? Esta é uma indagação de cuja objetividade não se pode escapar e que deveria, para ser aceita a decisão do projeto em andamento, ter sido pesada e confrontada com a obsessão em que se transformou a implantação do parque industrial e pólo portuário de Suape. Afinal de contas, vai se permitir que o governo sacrifique um número incalculável de projetos de menores dimensões, mas de alcance social talvez maior, investindo formidável e maciçamente numa obra que pode até – se faltarem fundos em instantes críticos – terminar como um dos mais conspícuos elefantes brancos da megalomania algo irresponsável de tantos exemplos da atividade governamental no Brasil? Suape como projeto é muito mais do que simples distrito industrial, do que um açude ou um empreendimento da agro-indústria. Vale a pena meditar cuidadosamente, pois, nos retornos totais e nos custos completos – diretos e indiretos, sociais e privados – da iniciativa. Vale a pena também refletir no fato de que os possíveis empreendimentos que se dizem atraídos por Suape são fruto de entendimentos verbais com grandes grupos multinacionais, e que esses entendimentos não necessariamente resultarão em inversões. Deformando-se a paisagem com obras de infra-estrutura que transformarão Suape em feio canteiro de obras e que eventualmente poderão não ter utilidade, se os investimentos não forem cristalizados, ter-se-á cometido o crime irreparável de deformar a paisagem e profanar um sítio histórico – tudo isso em vão.
Toda a viabilidade do empreendimento, aliás, arrima-se em análises pouco cuidadosas, conforme transparece de detido exame do material preparado pelo consórcio responsável pelos estudos de base do projeto, sob a liderança da TRANSCON. De fato, o grupo técnico que definiu em documento para a DIPER a viabilidade de Suape buscou amparar-se em instrumentos metodológicos de rigor bastante discutível, usando para projeções que atingem até o ano 2005 hipóteses cuja solidez é frágil e cuja confiabilidade não merece respeito. Dessa forma, pairam dúvidas enormes, de natureza técnico-econômica, acerca da comprovação de que o Projeto de Saúde é viável. Basta mencionar a esse propósito, que as projeções de demanda que lastreiam a recomendação de quais indústrias localizar no complexo padecem de erros analíticos e que as previsões relativas ao comércio internacional não são visceralmente ligadas a estudos sérios que caracterizem perspectivas realísticas para o intercâmbio de bens e serviços em escala mundial nos próximos 25 anos. Na verdade, especular sobre tendências deste jaez não tem sido tarefa que, mesmo aos mais argutos observadores da conjuntura internacional – gente do porte de Kindleberger, Triffin ou Haberler –, tenha proporcionado gratificação intelectual, haja vista as inesperadas mudanças decorrentes da crise de abastecimento de petróleo desde outubro de 1973. Neste ínterim, incidentalmente, mudaram inclusive parâmetros essenciais da própria concepção original do Projeto de Suape, de que é exemplo a reabertura do canal de Suez, um elemento com que não contavam arautos das primeiras manifestações a favor do complexo.
Para aparelhar Pernambuco de porto satisfatório existe a alternativa, considerada inclusive nas recomendações do tantas vezes lembrado Padre Lebret e que com o passar do tempo vai se tornando cada vez menos viável, de ampliação e modernização do ancoradouro do Recife, uma opção que interferiria, é certo, com o tumultuado processo de desenvolvimento urbano da capital pernambucana, alterando algumas das referências atualmente utilizadas. Esta interferência, entretanto, teria um custo social provavelmente inferior ao de semelhante emprego de capital no caso de Suape.
Diz-se, por outro lado, que o complexo é defensável por oferecer uma senda segura para o insatisfatório grau de desenvolvimento de Pernambuco. Mas por que só entra Suape na concepção de um programa de expansão econômica efetiva para o estado? Se convenientemente aproveitadas as vantagens turísticas pernambucanas – a cidade de Olinda, o Recife mesmo, Nova Jerusalém e as praias da costa estadual vêm de pronto à memória –, poder-se-iam, quiçá com bem menor volume de recursos, lograr êxitos na trilha do desenvolvimento mais notáveis do que com um projeto de Suape de sucesso imprevisível.
Uma palavra por outro lado para o admirável cenário, verdadeiro patrimônio artístico, que a natureza ergueu em Suape. Pode se apodar de romântica a posição, mas o fato é que, se não houvesse outra escolha econômica para o local em questão a não ser o porto e se os recursos que este envolve estivessem efetivamente sendo otimizados nesta utilização comparativamente com qualquer outra, ainda caberia discutir a sabedoria de se alterar irreversivelmente a paisagem de que Suape foi dotada. Permitir que no sítio escolhido se construa um porto e um complexo de fábricas implica em perda definitiva de uma riqueza que faz parte do acervo de Pernambuco. Isto, em qualquer raciocínio analítico, representa um custo. Lamentavelmente, sua exata magnitude não pode ser aquilatada, de modo a que uma decisão calcada em método ortodoxo de quantificação possa ser tomada. Não obstante, é lícito especular sobre se os benefícios esperados no longo prazo superarão com tranqüila margem aquilo que se estima serem os custos decorrentes do sacrifício que se imporá à paisagem – para não trazer à baila problemas igualmente relevantes relacionados com a poluição do meio ambiente que grandes projetos industriais inevitavelmente acarretam. Podem os autores do estudo de viabilidade de Suape alegar que foi considerada a questão do turismo, que o projeto reservou uma área para tal etc. Mas, conhecendo-se a experiência dos sítios industriais no mundo inteiro e lembrando-se como se apresentam suas áreas vizinhas, cinzentas e deformadas, pode-se esperar que Suape seja capaz, de fato, de oferecer ambiente para o lazer – como acontece admiravelmente agora e como ocorreria na hipótese da solução turística? Não é só Suape que pagará, em termos de mutilação do meio ambiente e de deterioração da qualidade da vida, por conta do complexo que se deseja irrefletidamente, no sentido aqui comentado, instalar ali. Todo um conjunto de recantos preferidos por uma população que se descobre asfixiada no ambiente despojado de locais de finalidade recreativa do Recife serão também sacrificados, numa proporção cujos contornos certamente se ignoram no momento. A esse propósito, parece oportuno sugerir que o governo pernambucano siga o bem sucedido e pouco divulgado exemplo do governo do Rio Grande do Sul, o qual concebeu e implantou o Parque Estadual da Praia de Torres à base de um projeto de Burle Marx que, harmonizando inteiramente o cenário local com as inevitáveis necessidades de infra-estrutura, criou ambiente de grande atração turística e lazer.
Não se ponha de lado, por último, a significação histórica de Suape, tão pouco enfatizada nos raros debates que sobre o projeto têm ocorrido à luz da opinião pública. Ainda hoje são freqüentes os achados arqueológicos de indiscutível importância que têm sido feitos no local, peculiaridade que por si só deveria levar ao tombamento da área como parte do patrimônio que a história da epopéia pernambucana nos legou.
Tudo isso exige que se tome uma posição. Que se denuncie a fragilidade de um planejamento exclusivamente voltado para a promoção tacanha da produção de mercadorias e da renda per capita, não importando que custos a sociedade está pagando por esse esforço orientado pela busca apenas de maior bem-estar material. Que se considerem a experiência e sobretudo os equívocos cometidos pelos países já industrializados e que hoje lamentam a tomada de certas decisões pouco sábias, inclusive e principalmente no que se refere à detestada e combatida poluição do meio ambiente. Agora mesmo, quando o Brasil protesta de forma uníssona e veemente diante da tentativa – felizmente frustrada – do governo finlandês de jogar uma carga de arsênico em forma de lixo no Atlântico Sul, convém que se enfatize o perigo que é para nosso mar a instalação de fábricas gigantescas de fertilizantes e de alumínio junto à costa pernambucana, a lançar continuamente seus excrementos industriais em águas que ora são admiradas por uma festejada e cada vez mais rara pureza. Ainda é tempo de se reformar o esquema de Suape. Assim, nada mais justo que o governo se disponha a abrir o debate técnico em torno do complexo, de modo a que a responsabilidade daqueles que antevêem os ônus que recairão sobre a sociedade em decorrência da efetivação da obra possa ser resguardada. E que se evite o ufanismo oficial pouco sadio que chega a proclamar Suape como empreendimento irreversível, numa tentativa de fazer com que a população o aceite sem oposições, como fatalidade do crescimento econômico – que não é.
1 | Segundo Governo Eraldo Gueiros Leite, Assim Servi a Pernambuco, Recife, março de 1975, p. 19.
2 | Não se sabe a que período os gastos se referem, nem tampouco qual a base dos preços utilizada, mas acredita-se que esta seja de preços de inícios de 1975.
Clóvis Cavalcanti, diretor do Departamento de Economia do Inst. Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais
Renato S. Duarte, Professor do Mestrado em Economia e da Faculdade de Ciências Econômicas da UFPE
Roberto M. Martins, Coordenador do Curso de Mestrado em Sociologia da UFPE
Nelson Chaves, Professor Titular da Faculdade de Medicina da UFPE
José Antônio Gonsalves de Mello, Professor Titular de História da UFPE
Renato Carneiro Campos, Diretor do Departamento de Sociologia do Inst. Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais
João de Vasconcelos Sobrinho – Chefe da Estação Ecológica de Tapacurá e Titular da Disciplina de Ecologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco
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Cabo de Santo Agostinho Direitos humanos

DIA INTERNACIONAL DA MULHER: CENTRO DAS MULHERES DO CABO PROMOVE DIVERSAS ATIVIDADES

O Movimento de Mulheres do Cabo de Santo Agostinho, apoiando uma mobilização internacional, realizou a Caminhada das Mulheres Cabenses no dia 7 de março, com a concentração na Praça do Jacaré, centro. O evento reuniu mais de mil cabenses que lotaram as principais ruas da cidade e contou com a parceria da Secretaria da Mulher. O ato teve como principais pautas: Parada das Mulheres nos Espaços de Produção, Reforma da Previdência, Violência Contra Mulher, Saúde e Enfrentamento ao Racismo.
O encerramento da caminhada ocorreu no Centro Administrativo Municipal (CAM), onde foi entregue ao prefeito Lula Cabral uma Plataforma de Políticas Públicas com diversas reivindicações do Movimento de Mulheres. No dia 8 de março, uma caravana de cabenses se reuniu a outras mulheres do estado de Pernambuco para reivindicar as bandeiras de lutas na grande caminhada do Recife. Vejam na página seguinte as atividades desenvolvidas pelo Centro das Mulheres do Cabo, entidade parceira e integrante da coordenação do Fórum Suape, por ocasião do Dia Internacional da Mulher. 
Rodas de Diálogo 
As técnicas do Centro das Mulheres do Cabo realizaram diversas palestras nas escolas da rede estadual e nas comunidades de Jussaral, Charneca, Ponte dos Carvalhos, Cohab, Pontezinha, Praias entre outras, sobre a importância do 8 de Março, com o foco no fortalecimento das políticas de gênero e enfrentamento da violência. 
Leilão Beneficente
Quinteto Violado, Flor do Mandacaru, Luca de Melo, Gustavo Travassos, comunicadores e demais personalidades dos segmentos religiosos, artístico e empresarial participaram do Aulão de Pintura “Homens pelo Fim da Violência Contra a Mulher”, cujas obras foram leiloadas para a Campanha Cidade Segura para as Mulheres, que aconteceu no dia 23/03, no Shopping Costa Dourada. O Aulão foi facilitado pelo artista plástico Luzarcus, que é parceiro do CMC, na causa pelo

enfrentamento da violência de gênero. Na ocasião, foi comemorado o aniversário dos 33 anos do Centro das Mulheres do Cabo, que é uma das organizações pioneiras em defesa dos direitos das mulheres vítimas de violência em Pernambuco. 

Grafitagem 
Ainda dentro das comemorações do mês da mulher, no dia 6 de março o muro do Centro das Mulheres foi grafitado por jovens do Fórum de Juventudes do Cabo (Fojuca) e convidados(as). A arte foi baseada nos retrocessos do atual governo que tem afetado as mulheres no tocante a Reforma da Previdência Social, Violência Contra Mulher, Saúde e o Enfrentamento ao Racismo. (Colaboração: Rafael Negrão/CMC).
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Informe

Denúncias colocam em xeque a presidente da CPRH

Em uma matéria publicada no dia 17 de março de 2017, Simone Nascimento Souza estaria favorecendo a Engea Consultoria Ambiental, que até 2015 a teve como acionista majoritária. Segundo a denúncia, Simone estaria facilitando a vida de quem procurasse a Engea.

Segundo o artigo 9° da Lei de Licitação de Contratos Administrativos, n° 8.666/93, o servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação, não pode participar, direta ou indiretamente, da licitação ou execução de obra ou serviço e do fornecimento de bens a eles necessários.
Ao que parece, essa regra não tem sido obedecida na Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH). Segundo fontes que já tiveram acesso à presidente Simone Nascimento Souza, a gestora do orgão estaria intervindo ilegalmente em processos em favor de uma consultoria, com atuação em diversas obras em Pernambuco, inclusive, em obras do Minha Casa, Minha Vida.
A empresa favorecida seria a Engea Consultoria Ambiental, que até 2015 teve a atual presidente do CPRH como acionista majoritária. De acordo com as fontes ouvidas pelo LeiaJa.com, a empresa oferece serviços a clientes que tiveram processos não liberados pelo órgão e garante que tem caminhos que “facilitam” o trâmite.
Segundo informações recebidas por nossa equipe, a própria Simone Nascimento Souza chegou a convidar clientes para “conversas particulares”, onde os advogados das empresas “não são necessários”, conforme teria dito a presidente da CPRH. Este fato, recorrente, já teria provocado inclusive uma denúncia formal junto à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Na Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe), o LeiaJa.com encontrou documentos que apontam para um afastamento de Simone das funções administrativas da Engea, passando a responsabilidade para Raquel Souza Ferreira. No entanto, o documento não confirma o desligamento da presidente da CPRH da empresa, o que dá a entender que a mesma continua como sócia. Já em 2017, o registro do domínio do site da Engea Ambiental foi pago em nome de Simone Nascimento Souza (clique aqui para visualizar os documentos).
Outros fatores apontam para uma ligação muito forte entre Engea e CPRH, o que caracterizaria, no mínimo, um tráfico de influência no órgão. O atual diretor da empresa, Waldir Aracaty – que fontes apontam como “namorido” da presidente do CPRH – emplacou seu filho, Victor Aracaty, como chefe de gabinete de Simone Souza.
O suposto esquema estaria incomodando funcionários da CPRH, o que teria provocado algumas demissões, transferências e rebaixamentos dentro do órgão. O LeiaJa.com identificou alguns nomes que teriam sido “vítimas” da perseguição da presidente. Nenhum deles quis falar com a reportagem. Uma das pessoas chegou a dizer que “a história era cabeluda demais e envolvia muito peixe grande”.
“Não é sócia administradora”
Diante das denúncias contra a presidente, o LeiaJa.com procurou a assessoria do órgão. Através de nota, a CPRH negou as acusações. Veja a nota na íntegra:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Diante da notícia de suposta denúncia encaminhada ao portal leiaja.com, no sentido de que a Diretora Presidente da Agência Estadual de Meio Ambiente – CPRH seria sócia administradora da empresa Engea Consultoria Ambiental e que estaria  ilegalmente favorecendo projetos de tal empresa, temos a esclarecer que:
1-Diferentemente do denunciado a este portal, a Diretora Presidente da CPRH não é sócia administradora na referida sociedade comercial, como pode ser confirmado por qualquer cidadão por meio de consulta ao órgão de registro comercial.
2-Que, na condição de Diretora Presidente da Agência Estadual de Meio Ambiente não procede com análises ou aprovação de quaisquer projetos, o que é atribuição do corpo técnico da CPRH.
3-Que as atribuições de Diretora Presidente se restringem à prática de atos de gestão da mencionada autarquia, sem intervir na análise dos processos de licenciamento ambiental.
Dessa forma, em que pese desconhecer os exatos termos  da denúncia dirigida ao mencionado portal, a CPRH nega veementemente não só a condição de sócia administradora da Diretora Presidente na indigitada sociedade comercial, mas também toda e qualquer prática de favorecimento indevido a qualquer empreendedor.
Fonte: LeiaJá.com
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Ambiental Fórum Suape Informe

FÓRUM EM AÇÃO – EDIÇÃO DE FEVEREIRO DE 2017

Edição de Fevereiro de 2017 – nº 08        
FÓRUM BUSCA APERFEIÇOAR DIÁLOGO COM COMUNIDADES
As reuniões do Fórum Suape com as comunidades tem sido espaço de diálogo, onde as comunidades trazem informes, discutem sobre a continuidade da mesa de diálogo com CIPS, sobre a viabilidade de novas audiências públicas, ato público e buscam encontrar estratégias para pressionar o governo do Estado, maior acionista do Complexo Suape.
O protagonismo é das comunidades, o Fórum está para apoiar ações coletivas que estejam em sintonia com suas linhas de ação. Além disso, o Fórum está organizando um processo formativo com o tema: “Garantia de direitos e organização comunitária”, por considerar imprescindível o processo de capacitação, planejamento e organização das comunidades. Esse trabalho, além de favorecer para que se avance no diálogo com as comunidades, vai ajudá-las a expressar sua indignação de forma qualificada e eficaz. No atual contexto, mais do que nunca se faz necessário superar a barreira do desconhecimento dos direitos e do descrédito em uma sociedade justa.

DENÚNCIA AO CONSELHO ESTADUAL DE DIREITOS HUMANOS
O Fórum Suape participou no dia 07/02/2017 da reunião do Conselho Estadual de Direitos Humanos onde protocolou uma denúncia sobre a atuação da milícia na região atingida pelo Complexo Industrial e Portuário de Suape. Um grupo de agricultores e pescadores acompanhou a coordenação e assessoria do Fórum. Durante a reunião mulheres e homens nativos da região fizeram depoimentos muito fortes relatando situações de violência em que resultaram, além da perda da posse da terra, em muito sofrimento, depressão, doenças e mortes nas famílias atingidas.
O documento foi lido pelo coordenador do Fórum Suape, Heitor Scalambrini Costa e protocolado pelo secretário executivo de Direitos Humanos e presidente do Conselho, Eduardo Figueiredo, e pela vice presidente e integrante do Gajop, Edna Jatobá, na presença de conselheiros governamentais e da sociedade civil. O Conselho tirou como encaminhamento a realização de diligência nas comunidades para constatar os fatos e escutar os moradores.
MORRE O ÚLTIMO MORADOR NATIVO DA ILHA DE TATUOCA
A manhã do dia 5 de fevereiro de 2017 fica marcada pela morte oficial de Severino Cassiano da Silva, conhecido como Biu. Passou os últimos meses hospitalizado, numa Unidade de Tratamento Intensivo, em Olinda. Porém, sua luta pela vida começou muito antes, juntamente com a luta justa por permanecer em sua casa e pelo direito a sua terra. Artesão, pescador e último morador nativo expulso da Ilha de Tatuoca.
Homem forte, lúcido e independente. Artesão, pescador nasceu e viveu em Tatuoca, sempre acreditou que ali morreria no curso natural da vida. Dia 4 de abril de 2016 foi surpreendido por dezenas de homens armados. Foi arrancado de sua casa e obrigado a testemunhar sua demolição. Viu os veículos oficiais esmagarem seus bens e artefatos de pesca. As árvores sendo derrubadas. Naquele momento Biu foi privado de sua vida, restaram os escombros, soterrados pela areia do tempo. Que a luta de Biu, o último morador de Tatuoca, nunca seja esquecida.
Seu destino seria traçado pela mão criminosa e gananciosa do Complexo Industrial e Portuário de Suape, com a cobertura do Estado. Dezenas de homens armados, metralhadoras às claras, carros, tratores foram usados em mais esse ato de total desrespeito aos direitos daquele morador indefeso, no final deixaram apenas os escombros. Durante vários meses, seu Biu permaneceu em uma cama de hospital entre a vida e a morte. Nunca se recuperou de tamanha violência.
O falecimento de seu Biu foi antecedido pela morte do Sr. Luís Abílio da Silva, em dezembro do ano passado. Na época, com 83 anos, seu Abílio e sua esposa dona Maria Luiza da Silva, cinco anos mais velha, tiveram a casa derrubada no sítio do Engenho de Tiriri, no dia 22 de maio de 2013. Ao prestar um depoimento ao Forum Suape na época, cercado dos filhos e dos 18 netos, seu Abílio relembrou como tudo aconteceu. “Estava em casa com minha esposa, nora, filhos e netos quando a guarda chegou com o oficial de Justiça para nos retirar de lá. Eu estava sentado, fui retirado pelo braço. Minha nora com meu neto de 15 dias, também, foram obrigados a sair. A casa foi derrubada”. Seu Abilio acabou morrendo de tanto desgosto.
Estes são apenas dois casos, dos muitos que chegam quase que diariamente ao Fórum Suape contados por aquelas famílias que vivem o pesadelo que entrou em suas vidas sem pedir permissão. Dois casos exemplares que mostram a que ponto esta empresa estatal promove a destruição de vidas e sonhos.
Mais uma vez, denunciamos e questionamos o modelo de desenvolvimento que está por trás do Complexo Industrial e Portuário de Suape – CIPS, em Pernambuco, que comprova a cada dia o quanto ele funciona como uma usina geradora de violência e violações dos direitos humanos contra a população nativa e tradicional que habita aquela região. Esta é a realidade de Suape que não estamos acostumados a ver na imprensa ou nas propagandas oficiais de governos e eleitorais de candidatos.
Ao contrário, o que vemos é uma propaganda aos quatro cantos do mundo da empresa sustentável, que recebe inclusive prêmios internacionais. Porém, o CIPS mantém em sua estrutura interna uma Diretoria de Gestão Fundiária e Patrimônio cuja missão é desorganizar e destruir o mínimo de organização existente dos moradores, vulnerabilizando assim as reivindicações coletivas e a resistência as expulsões ocorridas em massa. Além disso, age com truculência, violência, assediando os moradores daquele território, tornando suas vidas insuportáveis.
Denúncias não faltam ao “modus operandi” do que se convencionou denominar de “milicias de Suape”. Quer através de boletins de ocorrência (mais de 90 desde 2010) subestimados pelo medo; quer pelos inúmeros depoimentos por aqueles e aquelas que sofrem no dia a dia com a presença da mão forte do CIPS e de seus algozes.
Ao contrário de ser uma empresa sustentável, como mostra a propaganda, o que se constata é que o CIPS não está nem aí com a vida. Gerador de tanto sofrimento deixa um rastro de doenças físicas e psicológicas, para além da destruição ambiental e de sonhos de milhares de trabalhadores que foram para Suape iludidos com promessas desenvolvimentistas e de melhoria financeira e material.
Para nós, do Fórum Suape é doloroso saber que uma pessoa como seu Biu, antes cheio de energia e esperança, tenha falecido dessa forma, longe da sua terra, privado da pesca, do rio e do mar. Mais uma vez, questionamos o CIPS, que sustentabilidade é essa que destrói e promove o desequilíbrio socioambiental? Que sustentabilidade é essa que, ao invés de preservar e proteger, mata?
A humanidade perde um homem da natureza, defensor dos bichos, conhecedor dos peixes, sabedor dos rios e do mar. Biu era homem simples, econômico com palavras, sempre sábias. Nas poucas vezes que sorria, seus olhos iluminavam e sua risada acolhia a vida. Fazia do mangue uma arte, com troncos talhados em mesas e cadeiras para receber visitantes. Vivia no que ele mesmo considerava um paraíso, a Ilha de Tatuoca no município de Ipojuca, PE. Lá, mantinha sua casa, seu bar e restaurante. Estava sempre ocupado com seus afazeres, do barco, da pesca e de cada árvore que lhe fazia companhia. Registramos aqui nossos sentimentos de pesar à toda família e amigos/as de seu Biu, que o seu espírito descanse em paz e ele possa, de alguma maneira, reencontrar a sua Tatuoca. Biu, presente!
FÓRUM COBRA RESPOSTA DA PREFEITURA DO CABO
O Fórum Suape encaminhou à Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente do Cabo de Santo Agostinho, reiterando o ofício encaminhado em setembro do ano passado, sem resposta, o pedido de providência para a devolução pelo Complexo Industrial Portuário de Suape – CIPS dos materiais apreendidos nas comunidades e pedidos de informações acerca do convênio entre CIPS e Prefeitura, que o CIPS costumeiramente utiliza para justificar as suas ações ilegais contra os posseiros.
A cobrança se refere à devolução por parte do CIPS dos materiais de construção apreendidos no Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti pela Prefeitura e guardados em depósito disponibilizado pelo CIPS em face do noticiado convênio com a PMCSA. Informações obtidas com representantes da Prefeitura e o próprio Secretário de Planejamento de Meio Ambiente, Arthur Albuquerque, a quem o ofício foi encaminhado, diziam que os posseiros do Parque, portando o documento expedido pela Prefeitura quando da apreensão, conseguiriam ter o seu material liberado pelo CIPS do depósito onde ficam guardados. Mas, o que vem de fato ocorrendo de uns tempos para cá é a negativa, por parte do CIPS, de liberar os materiais a quem comparece ao galpão da empresa munido deste documento, contrariando as afirmações feitas tanto por membros da Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, quanto por membros do próprio CIPS.
Recentemente, os posseiros obtiveram informações do Diretor de Gestão Fundiária e Patrimônio de Suape, Sebastião Pereira Lima Filho, de que os materiais só poderiam ser liberados mediante uma ordem do Secretário de Planejamento e Meio Ambiente. Nesse sentido, o Fórum Suape solicita providências da Prefeitura Municipal no que se refere a essa conduta abusiva do CIPS, a fim de que ela cesse e os materiais possam ser devolvidos aos seus proprietários.
ÁGUA DAS COMUNIDADES É DESVIADA PARA A COCA COLA
Há dois anos, o governo de Pernambuco prometeu recuperar o Riacho Algodoais no trecho que corta o Complexo Industrial Portuário de Suape, no Cabo de Santo Agostinho. Fez a maior propaganda dizendo ser o objetivo do programa Águas de Suape, instalado pelo governador Paulo Câmara, em março de 2015. O que a mídia e a propaganda oficial divulgaram aos quatro ventos era que a iniciativa também promoveria um trabalho de educação ambiental com as famílias residentes no entorno do curso d’água que passa pelas zonas industrial e de preservação ecológica de Suape, com o investimento de R$ 8 milhões.
Ao contrário do que tanto se divulgou, o que se vê é a degradação cada dia maior do Riacho Algodoais e nenhuma política pública inovadora de melhoria do meio ambiente, conforme prometera o senhor governador. Circula a informação de que na área do Sítio Serraria se planeja a construção de um açude que expulsará as 38 famílias que ainda resistem na localidade. A COMPESA vem fazendo estudos técnicos na área para provável implantação desse açude na região, onde existem cerca de seis nascentes. O que se comenta é que a Coca Cola está de olho na Bica do Catonho, que sempre serviu a comunidade de Serraria e o seu entorno.
A água desviada da comunidade pela Compesa para servir à Coca Cola prejudica a vida de quase a metade das 718 famílias de Serraria e Massangana. A água é um recurso natural esgotável, bem que deveria ser de uso comum e sustentável, porém está sendo destinada para uso indiscriminado pela empresa. A comunidade do Alto da Paz, atualmente só tem acesso à água através de bomba elétrica, pois o dispositivo instalado no local cortou principalmente a água da parte alta das comunidades.
BOTA O PÉ SE REÚNE NA SEDE DO FÓRUM
Nos dias 24 e 31 de janeiro, o Fórum Suape esteve reunido com as organizações da articulação “Bota o pé”, para traçar ações conjuntas em relação à questão da criminalização da produtora Jacaré Vídeo Produções e do Centro Luiz Freire, assim como em relação à questão da milícia. O objetivo da rede Bota o Pé é que as organizações se encontrem, possam se apoiar nas temáticas onde se aproximam e que possuem expertises. Estiveram presentes Instituto PAPAI, Caranguejo Uçá, Fórum Suape, GAJOP e Rede Meu Recife.
O principal ponto de pauta foi a denúncia feita pelo CIPS contra a Jacaré Produções e o Centro de Cultura Luiz Freire em relação ao vídeo sobre a situação de seu Biu de Tatuoca, onde faz referência a milícias e ao trabalho sujo praticado por Suape na expulsão das famílias de suas terras.
A denúncia de calúnia por parte do CIPS contra Jacaré Vídeo e CCLF foi provocada pela produção e veiculação do Vídeo # Milícia de Suape. O CIPS alega que a expulsão de Biu se deu mediante uma ordem judicial de reintegração de posse, porém é de conhecimento público que o processo se deu de forma arbitraria e violenta, com a presença de muitos policias armados, além da segurança privada de Suape. Não à repressão e criminalização de quem luta por direitos!
INFORMES
O sítio Serraria dispõe atualmente de uma Rádio Comunitária que é sintonizada através da 104,3 Gospel FM. O estúdio fica no Engenho Massangana e impulsiona discussões em geral de interesse das comunidades do entorno. O Sítio Serraria também está empenhado em fazer uma reformulação na associação de moradores local, e para estimular a renovação de lideranças vem apostando nos jovens.
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Um problema sério provocado pela COMPESA é a estação de tratamento de esgoto, implantada na comunidade de Cepovo, que vem paulatinamente forçando os pescadores a deixarem suas posses, já que a referida estação vem despejando dejetos no mangue inviabilizando a pesca de mariscos e crustáceos. Esses dejetos também estão contaminando o mar, fazendo com que a produção de marisqueiras e pescadores não tenha valor comercial, levando-os à miséria e ao abandono de suas terras em busca de sustento para suas famílias.
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Nem bem começou o ano e o CIPS já praticou suas atrocidades. No dia 12/01, quatro sítios tiveram casas e cercas derrubadas. No Engenho Ilha a milícia voltou a atacar ostensivamente com motocicletas sem placas e seus tripulantes encapuzados, aconteceram diversas explosões por coquetel molotov. Acredita-se ser uma retaliação de Suape à resistência da população. Também estão destruindo as lavouras, e estão acontecendo diversos incêndios no Engenho Jurissaca.
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Depois da posse da nova diretoria de Suape, o Fórum Suape fez contato com o CIPS, internamente está sendo feito o repasse de informações para os novos membros, e até o final de fevereiro farão contato para estabelecer uma nova data para reunião com as comunidades e Fórum.
MUDANÇA NO PLANTÃO JURÍDICO
Informamos a todos que, a partir do mês de fevereiro de 2017, o Plantão Jurídico na sede do Fórum Suape – Espaço Socioambiental no Cabo, será apenas uma vez ao mês, ou seja, na 2ª segunda-feira de cada mês, no horário das 09 às 12h e de 13 às 16h.  Segue abaixo o calendário dos plantões para os próximos seis meses deste ano. 
Calendário de Atendimento Jurídico
Fevereiro
13/02/2017
Março
13/03/2017
Abril
10/04/2017
Maio
08/05/2017
Junho
12/06/2017
Julho
10/07/2017

Aproveitamos também para informar que agora contamos com mais uma colaboradora que se chama Aulete, ela estará na sede do Fórum Suape no Cabo todas as segundas e quintas-feiras, porque Bety centrará seu trabalho em outras atividades demandadas pelo Fórum Suape. Caso tenham dúvidas, por favor, entrem em contato pelo telefone que estaremos a disposição para os esclarecimentos.

EXPEDIENTE – Editado pela Assessoria de Comunicação do Fórum Suape – Espaço Socioambiental. Endereços: Rua Padre Antonio Alves de Souza, 20, Centro – Cabo de Santo Agostinho/PE (ao lado do Centro das Mulheres do Cabo). Escritório Recife: Rua do Espinheiro, 812 – sala 101 (1o andar) – Galeria Francisco Accioly, bairro do Espinheiro, Recife/PE. Acesse a nossa página na internet: www.forumsuape.ning.com / Telefones: (81) 99102.3883 (Claro) e 98536.2204 (Oi). E-mail: forumsuape@gmail.com
Coodenador: Heitor Scalambrini Costa.
Assessor de Comunicação: Gerson Flávio da Silva (DRT/PE 1.659). 
Assessoria Jurídica: Luísa Duque e Mariana Maia. 
Assessoria em Políticas e Relações Externas: Rafaela Nicola. 
Colaboração: Karine Raquel. 
Secretária Executiva: Betânia Araújo. 
Contato com a Assessoria de Comunicação: (81)99509.3043.
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O SBT Rio iniciou nesta segunda-feira (06) uma série de reportagens sobre um escândalo envolvendo o Porto do Açu, em São João da Barra

Qualquer semelhança, não é mera coincidência com a implantação do Complexo Portuário Industrial de Suape em Pernambuco. 
Uma das obras mais importantes do país está mergulhada num mar de irregularidades. A reportagem mostra que os negócios entre o empresário Eike Batista e o ex-governador Sergio Cabral, provocaram um prejuízo para o estado estimado em R$ 2 bilhões de reais. A reportagem do SBT ouviu o desembargador Siro Darlan, que falou da relação de promiscuidade entre o governo e a iniciativa privada.
O Porto do Açu se tornou alvo da força tarefa da operação “Lava Jato do Rio” com a prisão do empresário Eike Batista. Durante coletiva sobre a prisão de Eike, os procuradores disseram que ainda vão investigar o que o grupo X ganhou de Sergio Cabral pelas propinas pagas. Um dos “presentes” foi a desapropriação do Porto do Açu. Pelo terreno de seu mega-empreendimento, Eike Batista fez um cheque de R$ 37,5 milhões ao estado do Rio, governado pelo amigo Cabral. A área, de 75 mil metros quadrados, valia em torno de R$ 2 bilhões.
Além disso, todas as desapropriações eram feitas em tempo de recorde, em cerca de 3 e 4 dias. A operação ainda pode investigar o poder público municipal de São João da Barra, que facilitou as desapropriações à época.
A segunda reportagem do SBT sobre a corrupção no Porto do Açu divulga o depoimento de uma testemunha-bomba, que revela um esquema de loteamento das obras do porto. Empresas ligadas a políticos do PMDB teriam sido beneficiadas por verbas do BNDES em troca de facilitação nas licenças ambientais. Gravações telefônicas também reforçam a suspeita de pagamento de propina dentro do porto.
A reportagem cita a prefeita de São João da Barra Carla Machado e o presidente da Câmara, Aluizio Siqueira.
A terceira reportagem da série sobre o Porto do Açu, o SBT Rio mostra como uma das áreas mais férteis e produtivas do norte fluminense virou um gigantesco latifúndio improdutivo. Ambientalistas denunciam a omissão dos governos municipal, estadual e federal nas obras do Porto. Um crime ambiental contra a maior área de vegetação de restinga do Estado do Rio, equivalente a quase 5 mil campos de futebol.
As duas primeiras reportagens do SBT denunciam esquemas envolvendo Eike Batista, Sérgio Cabral, Carla Machado e outros políticos e empresários. 
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