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SUAPE

CAI PRESIDENTE DO COMPLEXO INDUSTRIAL PORTUÁRIO DE SUAPE

Secretário Thiago Norões deixa governo Paulo Câmara
Foto: Wanderson Santana/ Divulgação
Publicado por Amanda Miranda (25/11/2016)  –  Blog do Jamildo
O Governo de Pernambuco anunciou nesta sexta-feira (25) a saída do secretário de Desenvolvimento Econômico, Thiago Norões. O afastamento dele, após dez anos na gestão socialista, foi por razões pessoais.
O substituto ainda não foi escolhido. Norões vai voltar às atividades jurídicas. Antes de assumir a pasta, no governo Paulo Câmara (PSB), foi procurador-geral do Estado em todo o segundo mandato de Eduardo Campos (PSB).No primeiro foi procurador-adjunto. 
“Encerro este ano um ciclo de dez anos de participação no Governo do Estado, período que me trouxe desafios, muitas alegrias e o sentimento do dever cumprido. A partir de janeiro de 2017, volto a me dedicar , onde não deixarei de trabalhar em busca do desenvolvimento de nosso Estado, com o mesmo empenho e dedicação que busquei dar como secretário de Estado”, disse em nota enviada pela assessoria de imprensa do governo. “Thiago sai por razões pessoais, mas vai continuar nos ajudando”, disse Paulo Câmara na nota. A transição na Secretaria de Desenvolvimento Econômico será nas próximas semanas.
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Fórum Suape Informe

FÓRUM EM AÇÃO – EDIÇÃO DE NOVEMBRO DE 2016

Edição de Novembro de 2016 – nº 05
COMUNIDADES DE SUAPE REALIZAM ATO PÚBLICO NO RECIFE
As associações de moradores e pescadores da região atingida pelo Complexo Industrial Portuário de Suape – CIPS realizaram no dia 26 de outubro, um Ato Público pelas ruas centrais do Recife. A concentração aconteceu no Parque 13 de Maio, de onde a passeata partiu em direção ao Palácio do Governo. Manifestantes portavam faixas e cartazes com palavras de ordem denunciando a violência praticada pelo CIPS.
Durante o percurso, diversas lideranças utilizaram o microfone do carro de som para reforçar as denúncias, que foram apresentadas, juntamente com dezesseis reivindicações, por uma comissão recebida por André Campos, porta voz do governo.  O documento foi assinado pelas associações comunitárias das populações tradicionais do território atingido pelo Complexo Industrial e Portuário de Suape, também assinaram várias organizações da sociedade civil, sindicatos e movimentos sociais.
O Ato Público contou com a articulação do Fórum Suape – Espaço Socioambiental e o apoio de dezenas de organizações não governamentais que atuam na região metropolitana do Recife e Zona da Mata Sul, além dos movimentos sociais como o MST e o MTST.
A garantia de moradia digna às famílias já despejadas e da permanência e consolidação das comunidades tradicionais nos seus territórios, com a regularização fundiária e ações que garantam a sustentabilidade dessas famílias de agricultores e pescadores estão entre as principais reivindicações das comunidades. Elas também pedem o fim da violência na região, praticada por milícias armadas que aterrorizam a vida das pessoas.
O Ato Público fez parte da campanha Suape Insustentável que está sendo lançada pelo Fórum Suape, articulação de dezenas de organizações e movimentos sociais, buscando tornar visível à sociedade o rastro de violência que tem sido deixado pelo CIPS ao longo dos anos.
O governo do estado agendou para o dia 9 de novembro uma reunião na empresa Suape, se comprometendo que a comissão das comunidades que esteve no Palácio seria recebida pelo presidente do CIPS e secretários de estado das pastas relacionadas ao conjunto de reivindicações apresentadas no documento, visando a criação de um espaço de diálogo e negociação das comunidades tradicionais com o governo estadual.
COMUNIDADES REAFIRMAM NECESSIDADE DE DIÁLOGO E BASTA DE VIOLÊNCIA
Ao contrário do que o que o secretário André Campos se comprometeu, na reunião realizada no dia 9 de novembro em Suape, no lugar do presidente do CIPS estava o vice-presidente Evandro Avelar, o diretor de Gestão Fundiária e Patrimônio, Sebastião Pereira Lima e o de diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Jorge Araújo, além de outros funcionários da empresa. Por esse motivo, a comissão de representantes das comunidades iniciou a reunião expressando o desapontamento pelo que foi acordado na reunião do Palácio do Governo, que seria uma reunião com a presidência e outros secretários de estado, e o que de fato aconteceu.
Foi feito um breve histórico das tentativas de diálogo, inclusive o convite feito pelo CIPS ao Fórum Suape para participar de uma reunião em 6 de outubro de 2015, com o então vice presidente Bernardo D’Almeida. Para se ter uma ideia de que nada mudou de lá pra cá, basicamente a pauta foi a mesma, ou seja, pelo fim da violência e abertura de diálogo com o CIPS. Em seguida, os representantes de diferentes engenhos e movimentos sociais colocaram suas reivindicações.
Ficou marcada uma reunião dia 18 de novembro, na sede administrativa do CIPS, para formatar a mesa permanente de negociação e apresentação das respostas do CIPS para as 16 reivindicações das comunidades. Nesta data também será definido um cronograma para discutir assuntos relacionados a temas específicos, como moradia, violência, questão fundiária e outros, relacionados a pleitos de cada comunidade.
Diante do desenrolar dos fatos, as comunidades observam que o governador recebe os ricos e empresários, mas não tem agenda para os pobres, os trabalhadores. Por isso, pretende continuar a luta: “Queremos falar com o governador”.
SUAPE FAZ VÍTIMA FATAL
Morre um dos mais antigos entre os pescadores e agricultores expulsos de seus territórios pelo CIPS
No dia 20 de outubro, faleceu seu Abílio, figura símbolo da resistência aos desmandos e ações truculentas praticadas pela empresa Complexo Industrial Portuário de Suape contra os moradores nativos da região. Como diz a homenagem redigida pelas advogadas do Fórum Suape: “Os laudos médicos não acusarão, mas o que matou Luís Abílio da Silva, 85 anos, foi o desgosto e o sofrimento de ter sido arrancado de sua terra, uma peleja que durou quase 5 anos.”
Em 22 de maio de 2013, ele teve sua casa derrubada no Engenho Tiriri. Desde então, extremamente impactado pela violência sofrida, sua saúde física e emocional foi acometida por recorrentes enfermidades. Seu Abílio vivia como pescador, da agricultura de subsistência e da coleta de frutas no seu sítio, no Engenho Tiriri, município do Cabo de Santo Agostinho. Com seu Abílio, moravam a esposa Maria Luiza da Silva, seus filhos e 18 netos, todos nascidos no sítio.
Desde 2011, ele perdeu o sossego, pois naquele ano, o CIPS ingressou com uma ação de reintegração de posse para expulsar a sua família da terra, sendo que toda a comunidade do Engenho Tiriri enfrentava situação parecida.
Uma multidão de parentes, amigos e amigas, foram ao velório se despedir de seu Abílio. Sua morte representa o impacto que o desenraizamento violento e predatório vem provocando na vida de inúmeras famílias da região. Enquanto o Estado de Pernambuco faz a propaganda do desenvolvimento e da responsabilidade socioambiental da empresa Suape, milhares de vidas experimentam as violações de seus direitos.
Continuaremos na luta incansável por Justiça. Que toda a dor se converta em força para seguir (r)existindo. Luís Abílio da Silva: PRESENTE, PRESENTE, PRESENTE!
FÓRUM SUAPE SE REÚNE COM FUNDAJ

No dia 17 de outubro, o coordenador do Fórum Suape, Heitor Scalambrini Costa, acompanhado do assessor de comunicação, se reuniu com o presidente da Fundaj, Luiz Otávio de Melo. Por meio do informativo Fórum em Ação, o presidente da Fundação Joaquim Nabuco tomou conhecimento das denúncias sobre a violência praticada pelo CIPS contra comunidades tradicionais da região.
Luiz Otávio fez questão de mostrar a sua ligação com o Complexo de Suape, onde ajudou a estruturar um programa de preservação ambiental e de valorização do acervo histórico e cultural. Por outro lado, o coordenador do Fórum Suape fez um relato reforçando todas as denúncias em relação a atuação de milícia armada na região, indagando também sobre a presença da Unesco e o acordo de cooperação técnica estabelecido com o CIPS/ Governo do Estado.
Ao final da reunião, o principal compromisso assumido com o Fórum Suape foi o de colocar o departamento de pesquisa da Fundaj à disposição para uma colaboração científica institucional no sentido de elucidar as questões atuais e futuras de Suape, especialmente as questões sociais e trabalhistas. O presidente da Fundaj destacou a capacidade política do diálogo, como fator importante para o êxito dessa ação.  
PARCEIROS DO BOTA O PÉ SE UNEM À CAMPANHA
Entidades parceiras da articulação “BOTA O PÉ” se reuniram no dia 3 de outubro, na sede do Fórum Suape Recife para contribuir com o planejamento do ato público e as ações da campanha Suape Insustentável. Inicialmente, o coordenador do Fórum Suape, Heitor Scalambrini Costa fez uma contextualização da situação enfrentada em Suape trazendo diversas questões, principalmente a violência praticada contra famílias de pescadores e agricultores tradicionais da região.
O ato público e a campanha que está apenas começando é uma demanda das comunidades do entorno do CIPS. Ele solicitou apoio das organizações do Bota o Pé e outros aliados com experiência em campanhas, mobilização e atos de rua, para contribuir com o processo. Apesar de estar tão próxima, a população do Recife não tem a dimensão da tragédia humanitária que é Suape.
A organização Meu Recife se colocou à disposição para realizar uma capacitação sobre campanhas com a equipe do Fórum e algumas lideranças comunitárias da região, replicando a formação e repassando as ferramentas que adquiriram com a Escola de Ativismo. Foi apontada a necessidade de ampliar a articulação com outros movimentos urbanos em torno das ações da campanha, assim como o apoio das mídias sociais. Como integrante do Bota o Pé, um importante aliado que atua com mídias radiofônicas e audiovisuais é o Caranguejo Uçá, da Ilha de Deus. As organizações presentes se colocaram à disposição para reproduzir em suas redes e sites, as matérias e ações do Fórum Suape.
ASSESSORIA JURÍDICA CONTESTA ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO
A assessoria jurídica do Fórum Suape encaminhou ao Conselho Superior do MPPE, no dia 31 de outubro, um ofício contendo a contra-argumentação à Promoção de Arquivamento feita pela promotora Janaína do Sacramento Bezerra nos autos do Inquérito Civil Público que apurava a existência de uma milícia privada, que age em nome do Complexo Portuário e Industrial de Suape contra as comunidades tradicionais do entorno. “A Exm.ª Promotora de Justiça está na verdade fechando a porta para uma população que vem há anos sendo massacrada com injustiças e que até hoje não recebeu o devido amparo pelo Poder Público”, diz o documento.
O referido inquérito foi instaurado a partir das denúncias realizadas por posseiros da região em Audiência Pública promovida pela Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular da Assembleia Legislativa de Pernambuco, ocorrida na Câmara dos Vereadores do Cabo de Santo Agostinho no dia 1.º de dezembro de 2015.
Passado menos de um ano desde a sua instauração, a 3.ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania do Cabo de Santo Agostinho decidiu arquivá-lo sob o argumento de que o Inquérito cumpriu seu objetivo e de que não se vislumbra nada mais a ser feito, mesmo ciente de que as violências contra os posseiros não cessaram.
A assessoria jurídica do Fórum Suape espera poder contar com a Promotoria Agrária para a tomada de medidas que caminhem na contramão da que foi assumida pela Promotoria do Cabo, no sentido de realmente pôr fim a esse estado de violência e arbitrariedades a que estão submetidas as comunidades atingidas pelo Complexo Industrial e Portuário de Suape.
No ofício encaminhado ao Conselho Superior do MPPE, o Fórum Suape aponta uma série de equívocos e falsas premissas utilizadas pela Promotoria do Cabo para justificar o arquivamento, que precisam ser desconstruídos. Um deles diz respeito a diminuição dos relatos de violência após a instauração do Inquérito. De fato, após a instauração do Procedimento, houve pouco acesso a relatos referentes a condutas mais graves, como ameaças de morte. No entanto, ameaças de dano patrimonial, efetivas destruições ilegais de casas, plantações e reformas e apreensões ilegais de materiais de construção continuam sendo uma constante na vida dos posseiros.
Outro argumento usado pela Promotoria de que os conflitos na região diminuíram em virtude do realocamento das famílias também não se sustenta. Primeiramente, porque o conjunto habitacional em Nova Vila Claudete, que conta com 2.620 casas, não visa a abrigar todas as famílias expulsas de suas terras, mas apenas as que entraram em acordo com a empresa a partir do ano de 2009. Em segundo lugar, porque o conjunto habitacional, que começou a ser construído em 2014, sequer foi finalizado, pairando ainda no campo das promessas.
Além de nem todas as famílias desterradas serem contempladas com essa medida que visa ao reassentamento, tais casas não podem ser consideradas soluções adequadas para as famílias expulsas. Primeiro, porque não comportam famílias numerosas no seu diminuto espaço de 40m². Depois, porque não possuem áreas agricultáveis e estão distantes dos territórios pesqueiros, o que afetará profundamente o modo de vida específico e tradicional dessas famílias agricultoras e pescadoras.
Uma nova Audiência Pública, com a finalidade de debater o que foi apurado pelos diversos órgãos acerca da atuação das milícias no período transcorrido de um ano desde a última audiência, já está sendo articulada junto à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Pernambuco, em função da persistência dos casos de violência.
É essencial, portanto, uma investigação que reúna todos os atos ilícitos noticiados e que os apure em seu conjunto, inclusive, lançando-se mão de outros materiais informativos, como notícias e vídeos disponíveis na internet, tendo sempre em vista a existência de um grupo que se organizou para cometê-los contra a população residente no território em questão.
É incabível o arquivamento de um inquérito quando reconhecidamente tanto coisa ainda precisa ser investigada e apurada. O arquivamento sem a resolução definitiva do caso tende apenas a colocar sobre o manto do esquecimento todos as denúncias feitas e as provas apresentadas, com a participação efetiva de parte da população que vem sofrendo os referidos abusos por parte do CIPS.
VOCÊ SABIA?
A página do Fórum Suape na internet foi modificada para melhor. A intenção é facilitar o acesso às notícias e informações veiculadas no blog. Lá você encontra os links para download dos boletins Fórum em Ação em pdf, que estão localizados na coluna a direita. Logo abaixo dos links dos boletins você vai encontrar uma imagem indicando o local de download do arquivo da Cartilha de Orientações Jurídicas.
Todos os links para download dos arquivos estão disponíveis para leitura online e também para download, tanto na página do blog quanto na página do facebook do Fórum Suape. Você escolhe se quer apenas visualizar o documento ou baixá-lo em seu computador.
Está sendo finalizada também a logo da campanha SUAPE INSUSTENTÁVEL com as orientações sobre suas aplicações que poderão ser usadas em vários formatos de divulgação nas redes sociais, boletins informativos e outras mídias.
EXPEDIENTE – Editado pela Assessoria de Comunicação do Fórum Suape – Espaço Socioambiental. Endereços: Rua Padre Antonio Alves de Souza, 20, Centro – Cabo de Santo Agostinho/PE (ao lado do Centro das Mulheres do Cabo). Escritório Recife: Rua do Espinheiro, 812 – sala 101 (1o andar) – Galeria Francisco Accioly, bairro do Espinheiro, Recife/PE. Acesse a nossa página na internet: www.forumsuape.ning.com / Telefones: (81) 99102.3883 (Claro) e 98536.2204 (Oi). E-mail: forumsuape@gmail.com
Coodenador: Heitor Scalambrini Costa.
Assessor de Comunicação: Gerson Flávio da Silva (DRT/PE 1.659).
Assessoria Jurídica: Luísa Duque e Mariana Maia.
Assessoria em Políticas e Relações Externas: Rafaela Nicola.
Colaboração: Karine Raquel.
Secretária Executiva: Betânia Araújo.
Contato com a Assessoria de Comunicação: (81)99509.3043.
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Ambiental

ADEUS, JEAN PIERRE LEROY

Adeus, Jean Pierre Leroy
Que sejamos capazes de dar continuidade à reflexão, à produção e às lutas de um dos grandes socioambientalistas do nosso tempo, que hoje nos deixou
jean-pierre-leroy 
Foto: divulgação Fiocruz
 Um lutador exemplar
Adeus, Jean Pierre Leroy
Que sejamos capazes de dar continuidade à reflexão, à produção e às lutas de um dos grandes socioambientalistas do nosso tempo, que hoje nos deixou
Fundação Rosa Luxemburgo
Nesta quinta-feira, 10 de novembro, faleceu o filósofo e educador Jean Pierre Leroy, um dos grandes entre os defensores dos territórios do país e de seus povos. Há tempos vinha lutando contra o câncer, mas até os últimos dias seguiu contribuindo para a reflexão sobre caminhos possíveis para outros mundos possíveis como assessor da Fase, seu lugar de estar e olhar o mundo nas últimas quatro décadas.
Nascido na França em 1939, Jean Pierre chegou ao Brasil no início dos anos 1970 e foi viver no Pará, onde assumiu e ajudou a construir as lutas pelos direitos das populações tradicionais e dos pequenos agricultores da Amazônia.
Na militância ambiental,  foi membro da Coordenação do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, assessor da Comissão Pastoral da Terra (CPT), coordenador executivo do Projeto Interinstitucional Brasil Sustentável e Democrático, membro da Rede Brasileira de Justiça Ambiental, entre tantos outros espaços.
De 2002 a 2004, foi o Relator Nacional do Direito Humano ao Meio Ambiente da Plataforma Brasileira de Direitos umanos Econômicos, Sociais e Culturais (DHESCA). No final de seu mandato, escreveu um dos mais contundentes relatórios sobre as vítimas da destruição das bases matérias de sustentação e dos bens naturais dos quais diversos grupos populacionais dependem para a sua reprodução sociocultural.
Durante sua vida, Jean Pierre escreveu uma vasta obra sobre as realidades das populações mais vulneráveis dos territórios rurais no Brasil, e sobre as possibilidades de emancipação e re-criação de outros paradigmas de vida e existência, que tem inspirado e auxiliado inúmeros movimentos sociais, pensadores e militantes das causas socioambientais.
Como parceira da Fase, a Fundação Rosa Luxemburgo expressa grande pesar pela perda de Jean Pierre, mas acima de tudo expressa um profundo agradecimento e reconhecimento a tudo que foi, fez e deixou para nós. Que sejamos capazes de dar continuidade ao que Jean Pierre construiu!
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SUAPE

PAULO CÂMARA QUER VENDER COM DESCONTO DE ATÉ 70% TERRENOS PARA QUEM INVESTIR E GERAR EMPREGO EM SUAPE

Giovanni Sandes – Jornal do Comércio – 7 de novembro de 2016
Complexo Industrial Portuário de Suape. Foto: Divulgação
O governador Paulo Câmara (PSB) enviou à Assembleia Legislativa um projeto de lei para dar descontos de até 70% a empresas que investirem e gerarem empregos em Suape. O projeto já prevê, de saída, um desconto mínimo de 20% no valor de venda dos terrenos para qualquer nível de investimento novo ou geração de empregos no complexo industrial e portuário. Mas as regras criam um sistema de pontuação que pode chegar a 70% de abate no preço dos imóveis. Pelo projeto, a duração do programa de redução do valor de venda desses projetos será de dois anos.
Dois meses depois, Suape revoga licitação para comprar letreiro de R$ 95 mil
Custo para bombear água da transposição vai superar R$ 300 milhões por ano, diz ministro das Cidades
No projeto de Lei o governador dá a seguinte justificativa:
“A autorização terá validade por 2 (dois) anos e tem por objetivo estimular a implantação e a expansão de empreendimentos no âmbito do Complexo Industrial Portuário de Suape, traduzindo-se em medida de elevada importância na integração e consolidação da cadeia produtiva e da economia pernambucana. Nessa perspectiva, o governo do Estado demonstra o seu compromisso com a implementação de medidas voltadas a atrair investimentos e gerar empregos no Estado de Pernambuco, em observância à competência institucional de Suape, estabelecida no art. 4º da Lei nº 7.763, de 7 de novembro de 1978, minimizando os impactos negativos gerados pela crise econômica no país.”
ENTENDA O PROGRAMA
De acordo com o projeto de lei, existem três critérios para as empresas conseguirem pontos para o chamado “redutor nas operações de venda de imóveis”: geração de empregos, movimentação portuária e investimento.
Imagine um “Bom Clube”, cartão de fidelidade do Bompreço. Cada critério desses vale pontos que, somados, no final vão dar direito a um desconto de terrenos.
Por exemplo, se uma indústria quer um terreno para gerar até 50 empregos em Suape, ela receberia dois pontos. Já uma com 500 empregos ou mais teria 32 pontos. Essa pontuação seria somada aos demais critérios. Empresas sem movimentação portuária acrescentariam só 2 pontos à sua tabela, já uma com movimentação do porto, outros 20 pontos. Por fim, cada faixa de investimento corresponde a uma pontuação.
No final, é preciso converter os pontos em desconto na compra de terrenos em Suape: de 0 a 20 pontos, e desconto é de 20%, de 21 a 40 pontos o percentual é de 30% e assim por diante. O máximo é de 70%, para indústrias que tenham mais de 80 pontos.
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Violações

GOVERNO PREVÊ ECONOMIA DE R$ 1,5 BILHÃO COM RESTRIÇÃO DE BENEFÍCIOS A PESCADORES

Painel – Folha de Pernambuco – 07 de novembro de 2016


Pescaria fiscal O governo deve soltar na semana que vem o decreto que vai endurecer as regras para concessão do seguro-defeso, o auxílio pago aos pescadores artesanais nos períodos em que a atividade fica proibida. Estima-se reduzir à metade os cerca de R$ 3 bilhões gastos por ano com a medida. O benefício só será concedido agora onde houver interdição total da pesca. Para evitar fraudes, será criada uma lista com as categorias de pescadores que não estão autorizadas a participar do programa.
Caiu na rede O novo decreto também permitirá que o Ministério da Agricultura realize, a qualquer momento, cruzamento das informações do beneficiário com outros bancos de dados do governo para determinar se os pagamentos devem continuar.
Sai debaixo Como o número de benefícios pagos deve ser reduzido, o governo já se prepara para a enxurrada de reclamações e críticas das associações de pescadores.
Eis a questão Há boas chances de o Planalto vetar o artigo da medida provisória 735, que incentiva o uso do carvão na geração de energia elétrica. Michel Temer deve usar todo o prazo disponível — até meados deste mês — antes de decidir o que fazer.
Quero ser pop Segundo interlocutores, o governo “queimaria seu filme” nas instâncias internacionais de meio ambiente ao acatar o artigo do carvão. “Não é um bom momento para isso”, disse um auxiliar palaciano.
Sinto informar Cresceu no governo a preocupação com a pressão do funcionalismo por reajustes. Os sinais que chegam do Congresso são que deputados e senadores não estão dispostos a barrar os aumentos no plenário — e sobrará para Michel Temer o desgaste dos vetos.
‌Monstrengo Como parte da mobilização nacional de combate ao mosquito da dengue, o Ministério da Educação lança nesta terça (8) um aplicativo no estilo Pokemon Go. A ideia do joguinho “Desafio Aedes” é caçar mosquitos transmissores.
I’ve got the power Por trás da ideia de Marcelo Crivella de atrair Índio da Costa (PSD) e Carlos Osório (PSDB) para a Prefeitura do Rio está o desejo do PRB de formar com as duas legendas uma nova força política capaz de se opor ao PMDB fluminense.
Vem que tem Se a parceria vingar — e a gestão Crivella se mantiver minimante popular — , a ideia é lançar ao governo estadual um nome oriundo do bloco e que tenha sido, de preferência, testado na administração da capital.
Agora é minha vez Marcos Pereira, ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, afirmou a amigos que disputará sua primeira eleição em 2018. O presidente licenciado do PRB só não bateu martelo ainda sobre para qual cargo tentará se eleger.
Janela Além da venda de participações de empresas, os conselheiros do FI-FGTS, o bilionário fundo de investimento do FGTS, debatem a ideia de criar editais para que as empresas apresentem pedidos de recursos. Hoje, elas buscam diretamente à Caixa.
Tudo às claras Depois da prisão de Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa ligado a Eduardo Cunha e também ex-conselheiro do fundo, integrantes do FGTS pressionam por mais transparência nas decisões de investimento.
Em Circulu’s Dilma Rousseff fez a festa dos funcionários da lanchonete Circulu’s, na cidade gaúcha de Pelotas. Depois de comer, distribuiu abraços e posou para fotografias. Nas redes sociais, a empresa comemorou a presença da cliente famosa.
Tchau, Ravenna Segundo a lanchonete, a ex-presidente se jogou no famoso “cheese bebum” — pão, maionese, alcatra picada, vinho, cebola, queijo, alface, tomate, milho, ervilha e pepino. E ainda pediu uma mousse de chocolate para viagem.

TIROTEIO
É um equívoco nós votarmos uma regra que exclua partidos de esquerda, como o PSOL, o PC do B e até mesmo a Rede.
DO SENADOR LINDBERGH FARIAS (PT-RJ), sobre a cláusula de barreira, bandeira história do PT, que elimina partidos com baixa representação.

CONTRAPONTO
Quem não te conhece…
O deputado federal Silvio Costa (PT do B-PE), um dos grandes defensores de Dilma Rousseff, gostava de subir à tribuna da Câmara durante o processo de impeachment para estocar João Doria (PSDB), então candidato a prefeito da capital paulista. Em tom depreciativo, chamava-o de “mauricinho”, “almofadinha”, “engomadinho”.
Após ganhar a eleição, o tucano fez um giro por Brasília. No Congresso, foi assediado por parlamentares, que pediam para tirar fotos. Ao ver Costa observando-o de longe, Doria foi ao seu encontro e ofereceu um abraço.
— E você ainda diz que não é político — respondeu Costa, antes de retribuir o gesto com um afago no tucano.
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CARTA DAS COMUNIDADES DE SUAPE AO GOVERNADOR

Cabo de Santo Agostinho, 26 de outubro de 2016.
Ao Excelentíssimo Governador de Pernambuco Senhor Paulo Câmara 
Assunto: CARTA DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS DO CABO E DE IPOJUCA ATINGIDAS EM SEU TERRITÓRIO PELO COMPLEXO INDUSTRIAL PORTUÁRIO DE SUAPE
Excelentíssimo Sr.º Governador,
Nós, movimentos sociais, associações de moradores, agricultores e pescadores, entidades de classe, organizações e entidades da sociedade civil, viemos expor a realidade cotidiana de violações de direitos humanos a que estão submetidas as comunidades tradicionais dos municípios do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca afetadas pelo CIPS.
Governador Paulo Câmara, as famílias residentes na área vivem nas terras há gerações; construíram laços comunitários, costumes, cultura local; vivem da terra, do mar, do rio e do mangue, numa relação de simbiose, na qual a preservação do meio ambiente é também condição de sobrevivência física, social e cultural da própria comunidade; alimentam a si, o entorno e a cidade com os produtos da terra e da pesca.
Essas mesmas famílias, estabelecidas, enraizadas, vêm sofrendo, contudo, sistemáticas violências por parte de um mega empreendimento administrado pelo Estado de Pernambuco, que não apenas as nomeia cinicamente de “invasoras”, como também se utiliza de seus funcionários “de segurança” – que agem como verdadeiros capangas – que, armados, ameaçam, intimidam, destroem casas, lavouras e plantações sem qualquer ordem judicial.
Boa parte dessas famílias, que antes viviam da fartura e alimentavam tantas pessoas, hoje, pela atuação dessas milícias, estão impedidas de plantar e pescar; estão experimentando a miséria e a fome, além do rastro de violência e dor ao verem seus entes queridos entrarem em depressão e adquirirem outros tipos de doenças psicológicas. Tristes relatos de suicídio também vêm se tornando cada vez mais comuns em se tratando de pessoas que foram arrancadas de forma violenta de suas terras, com aquiescência do Governo do Estado e da “Justiça”.
Várias dessas comunidades foram e continuam sendo afetadas por inúmeros e descomunais impactos ambientais decorrentes da implantação do porto e da infraestrutura para o complexo industrial. A área, que consistia em uma extensa e rica área de manguezal, sofreu uma drástica transformação com a supressão de mais de 3 mil hectares de mangue, além de obras de aterros, dragagens e represamentos, que alteraram radicalmente a hidrodinâmica da região.
Agravam essa situação os constantes despejos de efluentes industriais nos cursos d’água e as dragagens no solo marinho, que geram a mortandade das diversas espécies aquáticas e os consequentes impactos sobre a pesca artesanal na região.
Essa é a situação de quase 3.000 famílias de agricultores e pescadores, que vêm sofrendo violências sistemáticas por parte do Complexo Industrial Portuário de Suape. Note-se que a prática dessas injustiças sociais e ambientais e a expropriação do território recai, não por acaso, sobre etnias e populações mais vulneráveis, evidenciando um racismo ambiental por parte do Estado.
É por esses e outros motivos que nossas quase 50 comunidades atingidas pelo CIPS, populações tradicionais de pescadores e agricultores familiares, decidiram bater à porta do Governador para entregar-lhe a conta desse desenvolvimento irresponsável e insustentável, que não rima com vida.
Nós estamos aqui para protestar contra esse estado sitiado de violência e para propor a criação de uma instância oficial e paritária de diálogo e negociação entre o governo e as comunidades. Para atingirmos esses objetivos, apresentamos a seguir nossa pauta de reivindicações:
1.   Garantia de moradia digna às famílias já despejadas, com a viabilização da continuidade de seus modos de vida tradicionais por meio da realocação em áreas com condições geográficas similares às de origem.
2.  Garantia da permanência e consolidação das comunidades tradicionais nos seus territórios com a sua Regularização Fundiária e com a concessão de subsídios para a sustentabilidade das mesmas.
3.  Cumprimento dos compromissos firmados com os movimentos de moradia pelos governos anteriores.
4.  A preservação das áreas remanescentes de mangues, restingas, fundos rochosos e mata atlântica dentro do território apropriado pelo CIPS.
5.  A recuperação/revitalização de áreas degradadas pela ação do CIPS, com prioridade para as áreas reconhecidamente utilizadas pelas populações tradicionais de forma a garantir suas atividades culturais e de sustento.
6.  A delimitação da área de fundeio e implantação de uma unidade de conservação marinha contendo uma área para a pesca artesanal e mariscagem.
7.  O cumprimento das medidas mitigadoras e compensatórias fixadas em sentença condenatória na Ação Civil Pública n.º 0005552-13.2011.4.05.8300,  tendentes a diminuir os efeitos dos impactos das dragagens marinhas sobre a atividade da pesca artesanal na região.
8.  O desenho participativo e a implementação consensuada (com as partes interessadas) de um sistema de recifes artificiais para a viabilização da atividade pesqueira, à luz dos parâmetros normativos substantivos e procedimentais que regem consultas com povos tradicionais e comunidades afetadas, como a Convenção 169 da OIT.
9.  A abertura do canal do rio Ipojuca e acesso ao estuário do Merepe, com recuperação ambiental dessa região.
10.   O monitoramento permanente dos indicadores ambientais (qualidade de água, biota aquática, produtividade pesqueira, qualidade dos sedimentos etc.) e que o mesmo possua caráter participativo.
11.  Fim imediato da atuação  violenta do CIPS contra os posseiros, mediante ameaças, destruição de casas e lavouras, roubo de materiais etc., coibindo-se de uma vez por todas os abusos e as arbitrariedades.
12. Fim do bloqueio ao acesso dos pescadores e das pescadoras a áreas específicas de mangue, assim como o confisco injustificado de seus apetrechos de pesca. Chega de tolher a atividade pesqueira da região!
13.   Criação de Programas de formação e capacitação profissional que viabilizem a inclusão dos cidadãos afetados pela ação nociva do CIPS no mercado de trabalho, de maneira qualificada e digna, dado que muitos perderam seu trabalho dado à devastação do território e desapropriações. Os critérios e ementa desses programas devem ser definidos em conjunto com os atores sociais interessados e organizações parceiras.
14.  Criação de Programas de Saúde específicos para pescadores/as  artesanais e marisqueiras, dado que esses grupos de trabalhadores estão constantemente expostos aos efeitos da contaminação hídrica resultante de dragagens realizadas de forma irresponsável e de despejos de efluentes industriais das empresas lotadas no CIPS.
15.  Criação de um Programa Especial de Atenção à Saúde Mental dos afetados pelos despejos promovidos pelo CIPS, dado que os efeitos nocivos dessas ações resultaram em quadros de depressão crônicos e de suicídios entre as pessoas atingidas. Essa demanda à Secretaria Estadual de Saúde se faz urgente, pois os traumas provocados pelas perdas de modos de vida se comparam a traumas de guerra, e o CRAS e os CAPS existentes não conseguem absorver a demanda de atendimento.
16.  A  revisão de todas as indenizações já pagas pelo CIPS decorrentes dos “acordos” que a empresa pressionou os posseiros a assinar, com valores aquém dos valores de mercado, sem parâmetro justificável como base de avaliação dos mesmos.
Por fim, senhor Governador, queremos que saiba que, apesar de todas as violações de direitos humanos e de toda violência, nós resistimos. Nossas comunidades estão unidas e dispostas a lutar incessantemente, pois temos direito à NOSSA terra. Portanto, senhor Governador, viemos aqui para exigir um basta à violência no território afetado pelo CIPS e a proteção de nossas áreas verdes, bem como para propor e cobrar que o seu governo tenha uma Atitude assertiva e responsável com uma cidade que grita por socorro.
Não daremos sossego ao Governo de Pernambuco enquanto não for criada uma instância de diálogo e negociação com os seus vários setores, para que se busque solucionar cada uma das reivindicações aqui apresentadas. Reivindicamos a criação de um espaço de diálogo socioambiental de construção de propostas com a participação de todas as  comunidades, em constante interlocução com o governo!
Esperamos que, desta vez, nossa voz seja respeitada, senhor Governador. Merecemos mais do que um governo omisso e que nos relega a condições miseráveis de vida; que nos sitia em terror; que nos entrega para a especulação empresarial e que fomenta a barbárie e a degradação ambiental. 
Por isso nós gritamos a plenos pulmões:
Basta de violência nos territórios tradicionais!
Exigimos o fim das milícias!
Exigimos o fim dos danos ambientais!
Queremos Democracia de fato, na prática, e não apenas na propaganda governamental!
Suape é InSustentável!
                        
Entidades apoiadoras:
Associação dos Pequenos Agricultores do Engenho Ilha 
Associação de Pescadores e Pescadoras em Atividade no Cabo de Santo Agostinho
Associação dos Moradores e Pequenos Agricultores do Engenho Tabatinga II
Associação de Moradores Comunitários do Engenho Algodoais
Associação dos Moradores e Pequenos Agricultores de Boa Vista II
Associação de Moradores de Águas Compridas
Associação de Moradores de Gaibu
Associação dos Assentados da Vila Tomás
Associação de Moradores da Ilha de Tatuoca
Associação dos Agricultores Rurais de Sítio Lagoa
Associação de Moradores do Engenho Tiriri
Associação dos Moradores do Engenho Massangana
Ação Comunitária Caranguejo Uçá
Centro das Mulheres do Cabo                                                                    
Fórum Suape – Espaço Socioambiental                                                                
Fórum de Juventudes do Cabo – FOJUCA                                                           
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST                                                            
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
Movimento Arte Quilombola
Moradores da Comunidade de Cepovo
Pescadores e Moradores da Praia de Suape
Pescadores e Moradores da Praia de Paraíso
Rede Meu Recife
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Cabo de Santo Agostinho – SINTRAF
Sindicato dos Trabalhadores Público Municipais do Cabo de Santo Agostinho – SINTRAC
Telefone de Contato:
(81)99102-3883
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Edição de Outubro de 2016 – nº 04
Vitória dos pescadores e pescadoras
SUAPE CONDENADA POR DANOS SOCIOAMBIENTAIS NA JUSTIÇA FEDERAL
Na última sexta-feira (07) o Juiz Federal da 35ª Vara da Subseção do Cabo de Santo Agostinho reconheceu que o Complexo Industrial Portuário – SUAPE tem provocado graves danos ao meio ambiente marinho e às populações que sobrevivem da pesca. A empresa de capital misto administrada pelo Governo do Estado de Pernambuco foi condenada a realizar uma série de medidas mitigadoras e compensatórias dos danos que cometeu.
Em 2011, o Ministério Público Federal ajuizou uma Ação Civil Pública a partir de uma Representação formulada pela Colônia de Pescadores Z-8, a qual denunciava uma série de danos socioambientais decorrentes das atividades de dragagem e de derrocagem. Os pescadores alegavam que desde o início das atividades o estoque pesqueiro tem diminuído drasticamente, chegando hoje a uma queda de, no mínimo, 50%.
As dragagens consistem na retirada de sedimentos do fundo oceânico para afundamento de leito, a fim de permitir acesso dos navios ao porto. Demandam também a existência de extensas áreas para depósito do material dragado, chamadas de “bota-fora”.
No entanto, as áreas dragadas (que correspondem ao canal de acesso e às bacias de manobra), às quais o acesso dos pescadores ficou proibido, coincidem com vários “cabeços”, como são chamados os pontos de pesca pelos pescadores. São áreas normalmente formadas por corais e ricas em biodiversidade, que agora estão inacessíveis à comunidade pesqueira. Além disso, as áreas escolhidas para bota-fora também cobriram de sedimentos outros pontos de pesca, acarretando a mortandade dos animais. Um bota-fora específico localizava-se muito próximo à praia, e, pela ação das marés e dos ventos, seus sedimentos se alastravam para outras partes, atingindo, inclusive, as regiões de mangue.
Agravando a situação, a partir de 2008, a empresa passou a utilizar-se também de atividades de derrocagem (explosões) para quebrar o assoalho oceânico e viabilizar novas dragagens. As explosões intensificaram os impactos das dragagens. Segundo Edinaldo Rodrigues de Freitas, pescador da região e presidente da Associação dos Pescadores e Pescadoras Profissionais em Atividade do Município do Cabo, após as explosões, milhares de peixes apareciam mortos na beira do mar. A CPRH, em 2013, chegou a lavrar dois autos de infração contra SUAPE após notícias de mortes de peixe Mero e de Boto Cinza, espécies ameaçadas de extinção e protegidas por lei.
Um dos pontos abordados pelo Ministério Público Federal na Ação Civil Pública é que as atividades foram desempenhadas com base em estudos que não previam os impactos ambientais que recairiam sobre a atividade da pesca artesanal desempenhada na região nem as medidas mitigadoras e compensatórias adequadas.
Os impactos ambientais no ecossistema marinho, ao afetarem diretamente populações pesqueiras artesanais e sua atividade de subsistência, tomaram também a dimensão de impactos sociais. Muitas das famílias que viviam da fartura de peixe e de lagosta ou, ainda, da riqueza do mangue, hoje experimentam a miséria e muitas privações.
Sobre os impactos sofridos pela comunidade pesqueira da região, Edinaldo Rodrigues de Freitas afirma que os pescadores “antes viviam bem, não precisavam pedir nada a ninguém. Comiam bem e ainda distribuíam para quem não tinha. A atividade pesqueira também movimentava a cultura do povo da pesca. Muitas festas populares giravam em torno dessa identidade da comunidade pesqueira. Antes o pescador conseguia fazer de quatro a cinco salários mínimos por mês. Hoje ele pesca o mês todinho para conseguir, no máximo, R$800,00. Isso desanimou os nativos de manter até a cultura que tinham. Também sofreram danos psicológicos, por agora terem que viver de esmola e doação de cesta básica, quando antes viviam na fartura”.
Os impactos socioambientais nos territórios pesqueiros decorrentes das atividades de SUAPE foram constatados, ao longo do processo judicial, por inúmeros pareceres técnicos da CPRH e do MPF. Com base nesses documentos técnicos e nas manifestações do MPF e da Colônia de Pescadores Z-8, SUAPE foi condenada a executar medidas de caráter mitigador e compensatório, como as que impliquem a recuperação dos estoques pesqueiros.
Outras medidas constantes na sentença foram: Mapeamento dos habitats submarinos na área de influência direta e indireta de Suape; quantificação das áreas pertencentes ao território da pesca artesanal que foram apropriadas e/ou impactadas direta ou indiretamente pelo porto de SUAPE; mapeamento do território tradicional da pesca artesanal, segundo informações dos pescadores que utilizam a área, incluindo os mestres de embarcações, em conjunto com pesquisadores com experiência em categoria social; adoção de medidas de proteção do território tradicional da pesca artesanal, diante dos riscos das atividades portuárias e outras ameaças; adoção de medidas de proteção do Peixe Mero, Boto-Cinza e outras espécies da fauna impactadas, tanto nos locais de impacto direto quanto em áreas impactadas indiretamente; adoção de medidas de mitigação dos impactos potenciais para futuras atividades de derrocagem.
Segundo a assessoria jurídica que acompanhou a Colônia de Pescadores Z-08 no processo, “as pescadoras e os pescadores têm denunciado esses impactos há muito tempo. O poder econômico e político de Suape, no entanto, fez com que essas denúncias fossem abafadas. Exemplo disso é o fato de os dois únicos autos de infração referentes às atividades de dragagem lavrados pela CPRH contra SUAPE terem sido fulminados com argumentos tecnicamente vazios e que não desconstruíam o relatório técnico utilizado para embasar as autuações. O relatório era um documento bastante rico e contundente, tanto que foi utilizado pela Justiça Federal na sentença para condenar a empresa. Vê-se, então, que, se já é difícil o Estado investigar danos socioambientais provocados por particulares, quando a relação é dentro do próprio Estado, no caso, entre uma autarquia estadual (CPRH) e uma empresa de capital misto administrada pelo Estado (Suape), a situação tende a ser ainda mais [difícil]. É por isso que essa sentença deve ser comemorada como um importante precedente. Ela reconhece a luta das pescadoras e pescadores pelo respeito ao seu território pesqueiro e contra os impactos socioambientais causados pelo Complexo Industrial Portuário-SUAPE”.
DELIMITAÇÃO DE TERRA É PAUTA DE REUNIÃO DA SPU
No dia 12 de setembro, representantes do Fórum Suape participaram de uma reunião com a Superintendência do Patrimônio da União – SPU para tratar do procedimento de delimitação da terra da União no Engenho Ilha. A pauta da reunião era a retomada da discussão quanto à concessão do direito de ocupação aos posseiros e o requerimento de um levantamento topográfico da área. O primeiro ponto restou um pouco prejudicado na prática, porque o superintendente estava deixando o cargo em quinze dias. Portanto, o Fórum deverá agendar outra reunião com o novo superintendente. Quanto ao segundo ponto, a SPU não dispõe de equipamento para realizar levantamentos topográficos. A saída apontada é que, por conta própria, ou buscando outras instituições, esse trabalho seja realizado e apresentado à Superintendência.
Na ocasião foi encaminhado um ofício à SPU solicitando que se retome a discussão sobre a concessão do direito de ocupação da área à Sociedade dos Pequenos Agricultores de Ponte dos Carvalhos, que a SPU-PE se comprometa em manter o seu posicionamento de não conceder o aforamento à empresa Suape e que realize mapeamento da área para esclarecer, de uma vez por todas, as dúvidas quanto aos limites das terras da União.
FÓRUM ENVIA CARTA DENÚNCIA À UNESCO
Uma das estratégias do governo de Pernambuco para legitimar suas ações no Complexo Industrial e Portuário de Suape (CIPS) foi celebrar um convênio com a UNESCO na perspectiva de se fortalecer do ponto de vista socioambiental, através do programa Pacto Suape Sustentável. Diante desse fato, a primeira reação do Fórum Suape foi de total estranheza, por esse motivo, no início de setembro, enviou uma carta a UNESCO buscando esclarecimentos quanto a essa “parceria” e denunciando os desmandos praticados pelo CIPS na região.
Na carta direcionada à diretora geral da UNESCO, Irina Bokova, ao representante brasileiro naquele órgão, Lucien André Muñoz, e a consultora para o Pacto Suape Sustentável, Milena Rego, o Fórum Suape expressa sua preocupação quanto à conduta da UNESCO no Estado de Pernambuco e questiona os termos de cooperação técnica que são firmados. Para o Fórum Suape o CIPS é responsável por inúmeras violações dos direitos humanos e por manter uma milícia armada atuando na região, num total desrespeito aos direitos sociais e ambientais das comunidades tradicionais e dos ecossistemas nativos, ambos, profundamente afetados.
O Pacto Suape Sustentável se concretiza na formalização da Cooperação Técnica firmada entre o Estado de Pernambuco e a UNESCO (PRODOC número 914BRZ3022) sob a responsabilidade da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico e do CIPS, avaliado em R$ 1.288.035,00. É sabido que os recursos para viabilizar essa cooperação foram garantidos pelo CIPS. “A natureza desse PRODOC e a associação entre UNESCO e CIPS constitui matéria de preocupação e interesse da sociedade civil e requer uma rápida resposta por parte da UNESCO”, diz a carta. Ela destaca que a área demandada pelo CIPS constitui território tradicional, tendo sido habitada por mais de 25.000 pessoas durante várias gerações, que milhares de famílias foram expulsas de modo forçoso e violento, privadas de suas casas e suas terras, que atualmente são mais de 10.000 pessoas habitando esse território, expostas à brutalidade e às atrocidades diárias praticadas pelo CIPS. A carta denuncia ainda a presença de uma milícia armada, contratada pelo CIPS, que constantemente ameaça as famílias tradicionais e sua segurança.
“A existência dessa milícia foi tornada pública através dos vários meios de comunicação e mídias, bem como em reuniões e audiências com organismos de governos municipais, estaduais e federais”, diz a carta, que também informa que o escritório local da UNESCO em Pernambuco foi alertado sobre a situação. A carta denuncia que o desmatamento de milhares de hectares de ecossistemas nativos agravou o cenário de degradação, com a contaminação das águas, dos solos e de espécies nativas, colocando em risco as comunidades locais. Por fim, aponta as consequencias da atração de grandes contingentes humanos de outras localidades para empregos temporários na região, culminando na segunda maior demissão em massa da história do país, com aproximadamente 45.000 pessoas desempregadas nos últimos três anos.
Referindo-se a missão da UNESCO, a carta levanta um questionamento quanto ao acordo de cooperação técnica, requisita informações e critica a maneira como ele foi conduzido. O Fórum Suape solicita que a UNESCO revise a execução do termo de colaboração técnica, no intuito de salvaguardar a coerência com a sua sólida história e missão, como Agência da ONU. Nesse sentido, a carta faz críticas severas quanto a ausência de consulta pública a grupos locais e partes interessadas na proposta do PRODOC, assim como de estruturas participativas e canais de comunicação. Diz que o acordo falha ao não considerar expertises locais, informações e estudos independentes ou autônomos que contrastam com as informações oficiais compartilhadas pelo CIPS com a UNESCO e que nortearam as linhas de base do PRODOC. Falha ao não considerar os inúmeros processos judiciais contra o CIPS, que expõem casos de violações severas aos direitos humanos e ambientais. Aponta ainda a falta de esclarecimento em relação ao posicionamento da UNESCO com respeito às expulsões forçosas e violentas levadas a cabo pela milícia do CIPS e o papel desenvolvido pela UNESCO no contexto da demarcação da área do Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti, fazendo uso de arames farpados e cercas em áreas de uso das comunidades tradicionais, impedindo seus acessos aos recursos naturais e ao seu território tradicional de vida.
VOCÊ SABIA?
FÓRUM CONTRIBUI COM RELATÓRIO DA ONU
O Fórum Suape participou da elaboração do Relatório para a Revisão Periódica Universal – RPU da ONU (Organização das Nações Unidas), desenvolvendo os pontos que se referem às violações aos direitos e às suas repercussões na vida dos posseiros da região do CIPS, no município do Cabo de Santo Agostinho.
PLANTÃO JURÍDICO SEMANAL
O Fórum Suape – Espaço Socioambiental oferece orientações jurídicas, através de um Plantão Advocatício, que acontece todas as terças-feiras, no horário das 9 às 12h e das 13 às 16h. A sede do Fórum Suape está situada na Rua Padre Antonio Alves de Souza, 20, Centro – Cabo de Santo Agostinho (ao lado do Centro das Mulheres do Cabo).
Os serviços oferecidos são: orientação aos moradores sobre como agir diante violências cometidas pela empresa Suape; orientação sobre a importância de regularização das associações (verificar o estatuto, datas, mandatos, realização de assembleias, etc); realização do cadastramento das comunidades; e atendimento a outros assuntos e situações semelhantes.
COMPLEXO INDUSTRIAL E PORTUÁRIO DE SUAPE: UM RASTRO DE VIOLÊNCIA E DESTRUIÇÃO DA VIDA
O modelo de desenvolvimento que está por trás do Complexo Industrial e Portuário de Suape – CIPS, em Pernambuco, comprova a cada dia o quanto ele funciona como uma usina geradora de violência e violações dos direitos humanos contra a população nativa e tradicional que habita aquela região. Esta é a realidade de Suape que não estamos acostumados a ver na imprensa ou nas propagandas oficiais de governos e eleitorais de candidatos.
Acostumado a se propagandear aos quatro cantos do mundo como empresa sustentável, recebendo inclusive prêmios internacionais, o CIPS mantém em sua estrutura interna uma Diretoria de Gestão Fundiária e Patrimônio que funciona com um tripé muito bem concatenado. À sua frente está o diretor Sebastião Pereira Lima, mais conhecido como coronel Pereira, que exerce uma diretoria cativa, muda-se a presidência de Suape, entram e saem seus dirigentes, mas ele continua firme intocável em sua diretoria. Para realizar o serviço sujo nas comunidades o coronel de Suape conta com o braço forte do Sr. Romero Correia da Fonseca, funcionário do CIPS, um verdadeiro jagunço encarregado de praticar todo tipo de violência nas comunidades, comandando uma milícia armada e truculenta (conforme denúncia dos moradores) que derruba casas, destrói cercas, plantações e expulsa famílias na região. Para completar o tripé da maldade, Suape conta com a intervenção do seu departamento jurídico no qual tem se destacado a presença da jovem advogada Caroline da Frota Cavalcante.
Um dos casos emblemáticos é o do Sr. Luís Abílio da Silva, o seu Abílio, atualmente com 85 anos e sua esposa dona Maria Luiza da Silva, 5 anos, que tiveram a casa derrubada no sítio do Engenho de Tiriri, no dia 22 de maio de 2013. Cercado dos filhos e dos 18 netos, seu Abílio relembra como tudo aconteceu. “Estava em casa com minha esposa, nora, filhos e netos quando a guarda chegou com o oficial de Justiça para nos retirar de lá. Eu estava sentado, fui retirado pelo braço. Minha nora com meu neto de 15 dias, também, foram obrigados a sair. A casa foi derrubada”.
No dia 4 de abril deste ano, Severino Cassiano da Silva, conhecido como Biu, olhou pela última vez da janela de sua casa para as águas do rio Massangana. Na manhã daquele dia, o último morador da Ilha de Tatuoca foi forçado a assistir a demolição de sua casa, seu bar e de tudo o que era seu. Seu destino seria traçado pela mão criminosa e gananciosa do Complexo Industrial e Portuário de Suape, com a cobertura do Estado. Dezenas de homens armados, metralhadoras às claras, carros, tratores foram usados em mais esse ato de total desrespeito aos direitos daquele morador indefeso, no final deixaram apenas os escombros.
Ao contrário de ser uma empresa sustentável, de acordo com a propaganda, o que se constata é que o CIPS não está nem aí com a vida. Gerador de tanto sofrimento deixa um rastro de doenças físicas e psicológicas, para além da destruição ambiental e de sonhos de milhares de trabalhadores que foram para Suape iludidos com promessas desenvolvimentistas e de melhoria financeira e material.
Nos dois casos, os moradores estão sofrendo as consequências da violência do CIPS. Seu Abílio nunca mais voltou ao normal, vive doente sem poder trabalhar, dependendo da ajuda de familiares e amigos. Seu Biu ficou muito abalado e na gravação de uma entrevista para um vídeo do Fórum Suape (Fragmentos de um Ecocídio) fica evidente o seu estado emocional, um homem em estado de choque que mal consegue falar. As últimas notícias são que ele se encontra hospitalizado, entubado e seu estado de saúde é muito delicado. Taí o resultado da empresa sustentável na vida das pessoas. Que sustentabilidade é essa que destrói e promove o desequilíbrio socioambiental? Que sustentabilidade é essa que, ao invés de preservar e proteger, mata?
EXPEDIENTE – Editado pela Assessoria de Comunicação do Fórum Suape – Espaço Socioambiental. Endereços: Rua Padre Antonio Alves de Souza, 20, Centro – Cabo de Santo Agostinho/PE (ao lado do Centro das Mulheres do Cabo). Escritório Recife: Rua do Espinheiro, 812 – sala 101 (1o andar) – Galeria Francisco Accioly, bairro do Espinheiro, Recife/PE. Acesse a nossa página na internet: www.forumsuape.ning.com / Telefones: (81) 99102.3883 (Claro) e 98536.2204 (Oi). E-mail: forumsuape@gmail.com
Coodenador: Heitor Scalambrini Costa.
Assessor de Comunicação: Gerson Flávio da Silva (DRT/PE 1.659).
Assessoria Jurídica: Luísa Duque e Mariana Maia.
Assessoria em Políticas e Relações Externas: Rafaela Nicola.
Colaboração: Karine Raquel.
Secretária Executiva: Betânia Araújo.
Contato com a Assessoria de Comunicação: (81)99509.3043.
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FÓRUM EM AÇÃO – EDIÇÃO DE SETEMBRO DE 2016

Edição de Setembro de 2016 – nº 03
VIOLÊNCIA CONTRA MORADORES DE SUAPE TEM NOME
Lugar comum, e que tem sido uma constante no território do Complexo Industrial Portuário de Suape (CIPS) é a violência reinante. 
A violência praticada pela empresa CIPS de economia mista, que tem o governo do Estado como acionista majoritário, se apresenta de diferentes formas. São inúmeras as narrativas dos moradores sobre a violência cometida contra o meio ambiente, com o desmatamento em larga escala dos manguezais, resquícios de Mata Atlântica e restinga; o envenenamento de árvores frutíferas que servem como geração de renda para os moradores que vendem seus frutos (denunciado pelo Fórum Suape à Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade/CPRH, sem que providências fossem tomadas), e a poluição causada por diversas empresas que despejam seus efluentes tóxicos diretamente nos pequenos canais, riachos que banham toda aquela região.
Outro tipo de violência praticada é aquela que acontece no cotidiano dos seus moradores, a violência praticada pelo que os moradores denominam de “milícias de Suape”. Conforme denúncias recebidas são vigilantes armados terceirizados contratados pela empresa de Suape e funcionários da Diretoria de Gestão Fundiária e Patrimônio que causam e provocam terror contra os moradores. Denúncias aos órgãos competentes não faltam, mas nada é feito (para saber mais acesse http://forumsuape.ning.com/video). Mais recentemente duas audiências públicas promovidas pela Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular da Assembléia Legislativa de Pernambuco, realizadas no Auditório da Câmara de Vereadores do Cabo de Santo Agostinho, em 9/9/2015 e em 1/12/2015, abordaram o tema da violência praticada pela empresa. Ficou evidente nas inúmeras denúncias que esta violência física, psicológica, que assedia os moradores, parte da Diretoria de Gestão Fundiária e Patrimônio da empresa CIPS, e seu executor é o funcionário da empresa ROMERO CORREIA DA FONSECA. Portanto, a violência contra moradores e moradoras em Suape tem nome: Romero.
Diante das inúmeras e infrutíferas denúncias feitas aos órgãos competentes, poderes executivos, legislativos, judiciário, Ministério Público, e à sociedade pernambucana, o Fórum Suape não se cala nem se calará. E mais uma vez denuncia a omissão dos governantes e dos órgãos responsáveis sobre as violações dos direitos humanos destas populações que sofrem no seu dia a dia a ação de verdadeiros foras da lei.
LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS SE REÚNEM EM GAIBÚ
No dia 6 de setembro lideranças comunitárias da região de Suape e representantes do Fórum Suape se reuniram na sede da Associação Comunitária de Gaibú, ao todo 37 participantes. A primeira parte da reunião foi uma apresentação do Fórum Suape – Espaço Socioambiental e seus objetivos. Em seguida foi a vez das lideranças darem informes sobre a situação atual e o andamento da proposta de mudança no regimento interno para o Conselho Gestor do PMAHC, e outros informes de interesse das comunidades.
O Fórum surgiu em 2011, a partir de um grupo de ativistas e militantes em Direitos Humanos, todos voluntários. Eram pessoas físicas e entidades, locais, nacionais e internacionais que entraram em ação em prol da defesa dos moradores nativos e da preservação do meio ambiente, após receberem diversas denúncias sobre as expulsões provocadas pelo CIPS. O papel do Fórum Suape NÃO é e NUNCA foi o de representar as comunidades, mas SIM o de possibilitar um espaço de discussão para a construção de uma agenda comum de luta por direitos, que fortaleça o enfrentamento contra as violações de Suape. Estimula o protagonismo das comunidades pelo direito de manutenção de seus modos de vida, já que considera como o principal problema a ser enfrentado a garantia do direito a permanecer em seus territórios.
O Fórum apenas e tão somente facilitou a discussão entre as comunidades do PMAHC sobre os assuntos implicados no regimento interno e conselho gestor. Quem decidiu sobre a proposta de mudança no regimento e sobre os encaminhamentos foram as próprias comunidades, através de seus representantes que sefizeram presentes nas diversas reuniões. O interesse de mudanças pleiteadas por integrantes das comunidades necessita ser discutido pelas comunidades, as decisões devem ser de cunho coletivo.
Agora as lideranças comunitárias avaliam a possibilidade de realizar um ATO PÚBLICO, no centro da cidade do Recife, com caminhada do Marco Zero ao Palácio do Campo das Princesas, assim como visitas às comunidades para a construção de um documento sobre as atividades econômicas e produtivas das comunidades tradicionais existentes na área do entorno do CIPS.
#SUAPE INSUSTENTÁVEL
As empresas situadas dentro do território do CIPS são as principais responsáveis pela poluição causada aos riachos, cursos de água e rios onde jogam seus efluentes tóxicos causando enormes danos ao meio ambiente. É o caso da Ball Corporation e da Coca Cola que despejam seus dejetos e produtos químicos no rio, sendo as principais causadoras da poluição do Rio Algodoais, que segundo moradores passa a maior parte do tempo com um mau cheiro insuportável. Além disso, o trabalho de terraplanagem realizado pelas empresas acabou gerando barreiras de entulhos que fazem com que o leito do rio não tenha mais o seu curso natural.
Ao contrário da sustentabilidade que o CIPS propaga aos quatro cantos do planeta, as ações das empresas que o compõem correspondem a um modelo de desenvolvimento concentrador e predatório. Sendo assim, a intervenção estatal na região tem se caracterizado pela violência na retirada das famílias de modo arbitrário e injusto. O meio ambiente também tem sofrido com a ocupação predatória deste território, onde existia mangue, mata atlântica e restingas, hoje vemos as construção dos grandes empreendimentos para a manutenção de padrões sociais dominantes que violam os direitos das populações nativas invisíveis à sociedade.
É PRECISO ESTAR ATENTO
O chamado território de Suape está repleto de lideranças comunitárias. Mas é preciso prestar muita atenção. Existem lideranças boas, confiáveis, que realmente atuam junto com a comunidade em defesa dos interesses coletivos. Por outro lado, existem aquelas que são falsas lideranças, que em geral atuam em favor do seu próprio interesse. É muito importante saber diferenciar esses dois tipos de lideranças, para não se iludir com propostas fáceis, nem dar dinheiro para contratação de advogados, ou cair no conto do vigário.
A própria empresa CIPS procura jogar com essa situação. Procura manter uma relação de troca de favores que beneficia as falsas lideranças comunitárias, favorecendo os grandes empreendimentos de Suape. Porém, quando a liderança é de confiança, não se deixa seduzir por essa relação de troca de favores com a empresa e se mantém ao lado da comunidade, se reunindo, debatendo os problemas e tomando as decisões e encaminhamentos junto com todos os moradores.
VISITA DA FUNDAÇÃO OAK
No dia 31 de agosto o Fórum Suape recebeu a visita de alguns diretores da Fundação OAK (www.oakfnd.org). A comitiva composta por Amanda Beswict, Paul Nichels, Florence Tercier e Adriana Craciun se reuniu na sede do Fórum em Recife com a sua coordenação e equipe de assessoria. A OAK é uma importante parceira e vem apoiando o projeto “Fórum Suape – Apoio Institucional para Estruturação e Desenvolvimento”. Nesta oportunidade foram apresentadas as principais atividades que estão sendo desenvolvidas pelo Fórum Suape no âmbito da defesa dos direitos socioambientais das populações que vivem no entorno do Complexo Industrial Portuário de Suape. A reunião foi uma importante troca de informações e a expectativa é que o seu desdobramento represente o fortalecimento de nossas ações presentes e futuras.
CPRH NÃO FISCALIZA EXPLORAÇÃO DE AREIA NO ENGENHO ILHA
O Fórum Suape através da sua assessoria jurídica encaminhou mais um ofício à diretora presidente do CPRH, Simone Nascimento de Souza, com cópia para o Secretário Executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade cobrando uma resposta aos pedidos de informação realizados em 29 de abril e 11 de maio deste ano, acerca da existência de licença ambiental para a exploração de jazida de areia que vem sendo desenvolvida no interior do Engenho Ilha, localizado no distrito de Ponte dos Carvalhos, no município do Cabo de Santo Agostinho.
Em 25 de maio, o Fórum recebeu resposta de que não há licença para tal operação, no entanto, a extração ilegal e clandestina dessa grande jazida de areia vem se desenvolvendo sem o devido licenciamento ambiental. O Fórum informou ao CPRH que a extração vem se dando na calada da noite, para que seja menos percebida, e que os carroceiros e caçambeiros que realizam tal extração o façam com ameaças aos moradores e às lideranças locais, que questionam a regularidade das atividades ali desenvolvidas. Neste último ofício, o Fórum reforçou a solicitação da ida de uma equipe de fiscalização do CPRH ao local, para averiguar in loco as irregularidades, ressaltando que as atividades são realizadas no período noturno.
VOCÊ SABIA?
INÍCIO DA PRIMEIRA TURMA DE INFORMÁTICA
No dia 15 de setembro, na sede do Fórum Suape no Cabo serão iniciadas as aulas de informática, onde turmas de quatro alunos/alunas vão ter acesso à computação. Primeiro, o curso vai proporcionar uma contextualização sobre porque utilizar meios digitais nos tempos atuais, uma rápida explicação dos componentes do computador Hardware (partes físicas) e Softwares (programas), além do aprendizado sobre o Word e o Excel. Também serão apresentadas as redes sociais, WhatsApp e o Facebook, e como navegar no Google, acessar e-mails, etc. Quem tiver interesse, entre em contato com a secretaria do Fórum Suape. As aulas serão gratuitas, nas terças e quintas-feiras em horários a combinar.  
PROMOTORIA RECEBE NOVAS DENÚNCIAS DE VIOLAÇÕES PRATICADAS EM SUAPE
Novo ofício foi enviado no dia 31 de agosto à promotora de Justiça da 3.a Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania do Cabo de Santo Agostinho, Janaína do Sacramento Bezerra, reivindicando que medidas cabíveis sejam tomadas para barrar de imediato as ações de constrangimento e violências praticadas sistematicamente por representantes da empresa pública Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros – CIPS, contra moradores no território de Suape.
A assessoria jurídica se referiu ao Inquérito Civil Público n.o06/2016 (Auto n.o 2015/2140346) para informar à promotoria de novos fatos que foram noticiados recentemente. Ao mesmo tempo o Fórum Suape recebeu várias outras denúncias de situações aterrorizantes na comunidade do Engenho Boa Vista I, praticadas pelo funcionário do CIPS, Romero Correia da Fonseca, que, ao chegar ao local junto a outros milicianos, forçou a abertura de casas fechadas e afirmou que elas seriam derrubadas, acompanhado de caminhões para recolher o material demolido. Romero tem comandado as ações de intimidação, depredação e ameaças na maioria das situações de violência contra moradores dos engenhos, tanto as mais antigas quanto as mais recentes.
No que diz respeito a essas violações, vale lembrar que nos dias 9 de setembro e 1o de dezembro do ano passado foram realizadas audiências públicas pela Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular da ALEPE, na Câmara dos Vereadores do Cabo (foto), para tratar sobre a violência constante e a existência de uma milícia privada em Suape, nas quais o nome de Romero foi bastante citado.
Em relação à destruição e ao roubo de materiais dos moradores, ocorre um verdadeiro jogo de empurra-empurra por parte do CIPS e da Prefeitura Municipal do Cabo, quanto a uma suposta parceria entre a empresa e a administração municipal, que estaria relacionada ao Controle Urbano. O Fórum Suape questiona essa parceria e solicita que, se ela existe de fato, seja apresentado o seu instrumento, a fim de que se possa ter acesso ao seu conteúdo (objeto e limites de sua operacionalização), do contrário fica caracterizado que em Suape está ocorrendo uma “delegação” à particulares de um poder eminentemente administrativo, que é o poder de polícia.
Mesmo que de fato exista tal convênio, ele não se aplica e não serve para justificar as ações que vêm sendo cometidas contra famílias que exercem posse há gerações sobre sítios existentes nos engenhos e que estão sendo impedidas de plantar, reformar e construir novas casas no interior do terreno sobre o qual deveriam ter o seu direito de uso respeitado, e não se tornarem vítimas de roubos, ameaças e danos praticados por uma milícia que age em nome do CIPS.
FÓRUM SUAPE INAUGURA ESCRITÓRIO EM RECIFE
O Fórum Suape Espaço Socioambiental agora conta com um escritório em Recife, localizado a Rua do Espinheiro, 812 – sala 101 (1o andar) – Galeria Francisco Accioly. Agora a Associação Fórum Suape Espaço Socioambiental poderá ser encontrada no Cabo de Santo Agostino e no Recife.
EXPEDIENTE – Editado pela Assessoria de Comunicação do Fórum Suape – Espaço Socioambiental. Endereços: Rua Padre Antonio Alves de Souza, 20, Centro – Cabo de Santo Agostinho/PE (ao lado do Centro das Mulheres do Cabo). Escritório Recife: Rua do Espinheiro, 812 – sala 101 (1o andar) – Galeria Francisco Accioly, bairro do Espinheiro, Recife/PE. Acesse a nossa página na internet: www.forumsuape.ning.com / Telefones: (81) 99102.3883 (Claro) e 98536.2204 (Oi). E-mail: forumsuape@gmail.com
Coodenador: Heitor Scalambrini Costa.
Assessor de Comunicação: Gerson Flávio da Silva (DRT/PE 1.659).
Assessoria Jurídica: Luísa Duque e Mariana Maia.
Assessoria em Políticas e Relações Externas: Rafaela Nicola.
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Fórum Suape Informe

FÓRUM EM AÇÃO – EDIÇÃO DE AGOSTO DE 2016

Edição de Agosto de 2016 – nº 02
LINHA DURA DE SUAPE PREVALECE
Depois de um longo período de mobilização, de várias reuniões e elaboração de uma proposta de regimento interno para o Conselho Gestor do Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti encaminhada no início de julho para a diretoria do NAD – Núcleo Administrativo do Parque, de nada adiantou.
O CIPS mais uma vez mostra a sua cara e desrespeita a vontade das associações de moradores de construir uma gestão democrática no PMAHC.
O ofício datado de 04/07/2016 foi assinado pela Associação de Moradores de Águas Compridas, Conselho de Moradores de Cepovo, Associação de Moradores de Nazaré, Associação Comunitária do PMAHC (FUNDEC), Associação de Moradores da Praia de Suape, Associação de Moradores de Gaibu, Associação dos Assentados da Vila Tomás, Associação de Moradores e Pescadores da Praia do Paraíso, Associação de Moradores de Nova Tatuoca, Associação dos Agricultores Rurais de Sitio Lagoa, Associação de Moradores da Vila do Caju e Associação de Pescadores e Pescadoras em Atividade no Cabo de Santo Agostinho, entidades representativas de moradores do Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti. O documento foi construído coletivamente pelas comunidades e apresenta propostas de modificação do Regimento Interno do Conselho Gestor do PMAHC, com efetiva representação dos moradores.
LANÇADA CARTILHA DE ORIENTAÇÕES JURÍDICAS
O lançamento da cartilha de Orientações Jurídicas em respostas as violações cometidas pelo CIPS movimentou a tarde do dia 21/07/2016, na sede do Centro das Mulheres do Cabo, onde também funciona a sede do Fórum Suape. Aproximadamente 40 pessoas de diversos engenhos do território de Suape participaram da reunião.
Inicialmente, o coordenador do Fórum, Heitor Costa ressaltou a importância da mobilização das comunidades em torno da luta pelos seus direitos e que a cartilha é um importante instrumento nas mãos dos moradores e das moradoras de Suape para enfrentar os desmandos do CIPS.
As advogadas do Fórum Suape, Mariana Maia e Luísa Belfort fizeram a apresentação comentada da cartilha, explicando o conteúdo de cada uma de suas partes e como utilizá-la no dia a dia, na defesa dos direitos das populações que vivem na região do CIPS e sofrem violações diárias dos direitos humanos.
FÓRUM LEVA CASO DO ENGENHO ILHA AO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
O Fórum Suape encaminhou denúncia à Procuradoria da República em Pernambuco e ao Ministério Público Federal sobre a situação dos posseiros da área conhecida como “João Grande”, localizada no Engenho Ilha. Trata-se de uma área de mata nativa historicamente preservada e utilizada pela comunidade de forma coletiva, na coleta de frutos como o caju e o araçá, assim como a coleta de mariscos e a pesca. Consolidou-se no local, portanto, o extrativismo e o uso sustentável dos recursos naturais.
Há gerações a própria comunidade tem sido a responsável pela sua preservação do meio ambiente. Exemplo disso foi a ação promovida pelas mulheres, no ano de 1994, com o plantio de vários cajueiros. Os próprios moradores do Engenho Ilha exerciam a fiscalização ambiental, repreendendo aqueles que depredavam a área.
A região também está dentro do polígono em relação ao qual se estuda a criação de uma Unidade de Conservação do tipo ARIE – Área de Relevante Interesse Ecológico, como parte da política de compensação ambiental imposta em face dos graves e irreversíveis danos ambientais causados pelo CIPS. Um dos objetivos da escolha da referida modalidade UC foi garantir a continuidade do uso direto dos recursos naturais de forma sustentável pela comunidade tradicional do entorno.
No entanto, há cerca de três anos Suape vem proibindo os posseiros do Engenho Ilha de adentrarem a área, impedindo-os de exercerem suas atividades extrativistas. Tendo em vista que é a própria comunidade a principal responsável pela preservação da área, o resultado dessa proibição tem sido o total abandono da região, que hoje serve de ponto de tráfico de drogas, desova de corpos e de carros roubados.
Durante as várias décadas de uso sustentável, a região permaneceu preservada. A proposta de criação de uma Unidade de Conservação não teria sido feita para a área se ela estivesse completamente degradada. E só não está graças aos esforços da comunidade.
Agora, o Fórum Suape pede que o Ministério Público Federal que intervenha e requisite do CIPS explicações acerca da restrição de acesso à área de “João Grande”. Essa injustificada proibição faz parte das violações praticadas pela empresa contra a comunidade do Engenho Ilha, que também está proibida por Suape, não se sabe com que base legal, de plantar, de cercar o terreno, reformar a casa etc. tornando o clima cada dia mais tenso.
#SUAPEINSUSTENTÁVEL
VIOLÊNCIA SE ESPALHA PELOS ENGENHOS DE SUAPE
A assessoria jurídica do Fórum Suape encaminhou ofício dos moradores de Nova Tatuoca ao Ministério Público Federal em face de uma notícia de que o funcionário do CIPS, Romero Fonseca teria informado que os moradores de Nova Tatuoca, já removidos da Ilha de Tatuoca (seu território tradicional), iriam passar novamente por um processo de realocação, dessa vez para a Nova Vila Claudete, onde os demais posseiros desterritorializados serão reassentados.
Essa medida prejudicaria, ainda mais do que já prejudicou, essas famílias de pescadores artesanais, já que as deslocaria para um lugar muito mais distante do seu trabalho, inviabilizando a manutenção do ofício e os seus modos de vida. A questão é que, no processo em que se deram as negociações para a saída das famílias de Tatuoca, foi expressamente estipulado que as casas de Nova Tatuoca seriam transferidas para as famílias que estavam sendo removidas, a despeito de até agora essa
transferência não ter sido formalizada. Por esse motivo, os moradores não possuem o título das casas, o que os deixa em constante estado de insegurança.
Suape continua espalhando o terror pelos engenhos, como aconteceu recentemente com as famílias dos engenhos Porto do Açucar e Boa Vista. Famílias foram expulsas de Porto do Açúcar e em Boa Vista duas equipes do CIPS, uma de motocicletas e outra de carro, comandadas pelo funcionário Romero Fonseca fizeram novas ameaças de derrubada de casas.
VOCÊ SABIA?
PLANTÃO JURÍDICO SEMANAL
O Fórum Suape – Espaço Socioambiental oferece orientações jurídicas, através de um Plantão Advocatício, que acontece todas as terças-feiras, no horário das 9 às 12h e das 13 às 16h. A sede do Fórum Suape está situada na Rua Padre Antonio Alves de Souza, 20, Centro – Cabo de Santo Agostinho (ao lado do Centro das Mulheres do Cabo).
Os serviços oferecidos são: orientação aos moradores sobre como agir diante violências cometidas pela empresa Suape; orientação sobre a importância de regularização das associações (verificar o estatuto, datas, mandatos, realização de assembleias, etc); realização do cadastramento das comunidades; e atendimento a outros assuntos e situações semelhantes.
ASSOCIAÇÕES DE MORADORES DE SUAPE ENCAMINHAM DENÚNCIA À PROMOTORIA
Por meio de um ofício assinado por oito entidades representativas de moradores do Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti – PMAHC foi encaminhada denúncia à 3.a Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania do Cabo de Santo Agostinho/PE sobre as irregularidades no funcionamento do Conselho Gestor do Parque.
Primeiramente, elas denunciam a grave violação ao princípio democrático, jáque orepresentantedascomunidades doPMAHC no Conselho Gestor tem sido impedido deexercer o seu direito de voto. O Regimento Interno do Conselho assegura o direito de voto a todos os seus integrantes, incluindo o representante das comunidades. Assim sendo, não tem porque o CIPS continuar negando esse direito àpopulação de Suape.
Há muito tempo ele vem sendo desrespeitado, conforme constatou o atual representante das comunidades no Conselho Gestor, Gilvan Tenório. Desde que assumiu o assento, em 2014, pôde apenas fazer uso do direito de voz, mas não do de voto. Ele chegou a acreditar que o regimento interno não previa esse direito ao membro representante das comunidades. Ficou surpreso quando finalmente teve acesso ao regimento interno, o qual também lhe era negado e assim pôde constatar que ele tinha esse direito. Durante esses anos as resoluções do Conselho que têm sido aprovadas sem o voto do representante das comunidades, em clara afronta ao que dispõe o próprio regimento, o que as torna nulas.
Na denúncia enviada à Promotoria, as associações também chamam atenção para a ausência de paridade no Conselho, pois apenas 1 (um) membro representa todas as comunidades do Parque. Há, portanto, uma sub-representação dos moradores em face da
sobre-representação de um bloco de entidades que convergem nos interesses, formado por Suape, Município
do Cabo de Santo Agostinho, FUNDARPE, FUNCEF, CONDEPE-FIDEM e CPRH, e que em suas decisões dificilmente vão levar em conta o que é melhor para os moradores do Parque.
As associações alertam ainda para a falta de transparência e comunicação entre o Conselho Gestor do Parque e os seus moradores, tanto sobre o que vem sendo tratado e decidido, quanto no sentido de não proporcionar a essa população uma participação mais ativa nos processosdecisórios. Afaltadeinterlocuçãoentreaadministraçãodo Parque e os moradores gera insatisfações nas comunidades, tendo em vista que qualquer ação posta em prática pelo Conselho terá implicações diretas no contexto econômico e socioambiental de toda a região.
Fica evidente, portanto, a necessidade de aproximação da Gestão com a população, para que se passe a levar em consideração a realidade local a partir da adoção de mecanismos de participação que envolvam moradores no processo de gestão da área. Uma gestão mais participativa, inclusive, foi traçada como meta por ocasião da celebração do TAC que instituiu o Conselho Gestor do PMAHC, firmado em 26 de julho de 2006, na 3.a Promotoria de Justiça. A cláusula sétima do referido TAC, por exemplo, estabelece que, dentre outras coisas, cabe à Prefeitura Municipal do Cabo de Santo Agostinho “participar ativamente do Conselho Gestor, apoiando a equipe administrativa no contato, organização, capacitação da comunidade local, visando ao estabelecimento de uma gestão compartilhada”.
Conscientes e informados de que está sendo elaborado um novo TAC sobre o PMAHC, as comunidades querem a garantida da participação na construção desse instrumento. Elas solicitaram também uma reunião com a promotora do município do Cabo, com lideranças das comunidades, representantes do Conselho Municipal de Igualdade Racial e do Conselho Municipal de Cultura, para que possam expor pessoalmente essas e outras questões sobre o funcionamento do Conselho Gestor do PMAHC.
Veja como alguns direitos estão garantidos no Regimento Interno do Conselho Gestor do PMAHC:
Art. 2.o – O Conselho Gestor é um órgão colegiado de caráter deliberativo, consultivo e fiscalizador, e tem funções específicas no sistema de Gestão do PMAHC. Assegura a participação da população no âmbito de suas atribuições.
Art. 7.o – O Conselho Gestor fica constituído pelos representantes titulares e suplentes indicados pelos signatários previstos no TAC, os quais deverão ocupar cargo de diretoria ou superior, um representante das comunidades e seu suplente.
Art. 8.o – O Conselho Gestor é composto por 7 membros titulares e 7 membros suplentes.
Parágrafo 2.o – Terão direito a voto os membros titulares e, na ausência destes, os seus respectivos suplentes, perfazendo um total de 07 (sete) votos.
Art. 4.o – O Conselho Gestor deverá ter área própria para divulgação de suas atividades nos murais, internet, correio eletrônico e outros meios de comunicação com a comunidade.
Art. 9.o – O Conselho Gestor tem por competência:
XX – propor estratégias para divulgar o PMAHC, mantendo a comunidade informada sobre os problemas identificados e as ações para a solução destes.
Art. 10 – As reuniões do Conselho Gestor serão públicas e suas decisões disponibilizadas a quem tiver interesse. Art. 15 – Ao NAD, como Secretaria Executiva, cabem as seguintes atribuições: VI – dar publicidades às decisões do Conselho Gestor.
PROJETO “GUARDIÕES DO MUNDO VERDE”
Guardiões do Mundo Verde é o nome dado a um projeto socioambiental que tem como objetivo principal fomentar o afeto pelas árvores em 20 jovens do município do Cabo de Santo Agostinho. A ação coordenada pela ambientalista Goretti Sá, integrante da coordenação do Fórum Suape visa também a geração de renda e a elevação da auto-estima desses jovens.
No contexto atual é preocupante a situação em que se encontra a juventude, especialmente jovens da periferia que por não enxergarem perspectivas de vida, na maioria das vezes sem emprego e desestimulados terminam se envolvendo no mundo das drogas e da criminalidade. Não é a toa que dados recentes comprovam um verdadeiro genocídio da juventude negra e pobre.
Para sensibilizar os jovens despertando o respeito pela natureza o projeto promove a vivência de dinâmicas de re- conexão com a natureza e a realização de pesquisa de campo sobre a importância das árvores e plantas medicinais. O segundo passo está relacionado com o objetivo secundário que também serve de atrativo aos/as participantes, que é a geração de renda.
Para viabilizar e manter essa importante ação socioambiental o projeto busca, através da divulgação, sensibilizar pessoas para a questão social e ambiental em pauta, no sentido de que venham a adotar e comprar árvores e mudas produzidas pelos jovens guardiões da natureza. “O projeto prevê ainda a continuidade à pesquisa iniciada pelos jovens sobre as plantas medicinais. Por isso estamos solicitando a quem possa doar computadores, internet e ajudar no custeio de monitores e instrutores, assim como lanches para os jovens participantes do projeto. Acreditamos que essa boa mistura entre consciência socioambiental, cuidado e amor pelas árvores, com a possibilidade de gerar renda vai elevar a auto-estima dos jovens”, afirmou a coordenadora Goretti Sá.
OFICINA TERRAS PÚBLICAS E TERRITÓRIOS TRADICIONAIS
Nos dias 20 a 22/07/2016 a equipe jurídica do Fórum Suape participou da Oficina Terras Públicas e Territórios Tradicionais, atividade organizada pela CPP e AATR (Associação de Advogados Trabalhistas Rurais da Bahia). A oficina foi voltada para pescadoras e pescadores artesanais de Pernambuco e tinha como objetivo discutir temas ligados ao território, procedimentos regularizatórios, conflitos. Foi uma oportunidade de discutir estratégias para garantia do território, muitas delas aplicáveis aos casos vivenciados no CIPS. A oficina também despertou muitas ideias relacionadas à educação popular com as comunidades em conflito com Suape.
EXPEDIENTE – Editado pela Assessoria de Comunicação do Fórum Suape – Espaço Socioambiental. Endereços: Rua Padre Antonio Alves de Souza, 20, Centro – Cabo de Santo Agostinho/PE (ao lado do Centro das Mulheres do Cabo). Escritório Recife: Rua do Espinheiro, 812 – sala 101 (1o andar) – Galeria Francisco Accioly, bairro do Espinheiro, Recife/PE. Acesse a nossa página na internet: www.forumsuape.ning.com / Telefones: (81) 99102.3883 (Claro) e 98536.2204 (Oi). E-mail: forumsuape@gmail.com
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SUAPE Violações

SUAPE NÃO RIMA COM VIDA

Aos 85 anos, morre, nesta quinta-feira (20), Luis Abílio da Silva, pescador e agricultor expulso de seu território por Suape.
Os laudos médicos não acusarão, mas o que matou Luís Abílio da Silva, 85 anos, foi o desgosto e o sofrimento de ter sido arrancado de sua terra, uma peleja que durou quase 05 anos. Esse mal, que vem acometendo inúmeras famílias moradoras das terras que Suape hoje reivindica, fez de seu Abílio uma vítima fatal.
Seu Abílio era pescador. Além da pesca que praticava no mangue, vivia da agricultura de subsistência e da coleta de frutas no seu sítio de 10 hectares, localizado no Engenho Tiriri, Cabo de Santo Agostinho. Com seu Abílio, moravam sua esposa (Maria Luiza da Silva), seus filhos e 18 netos – todos nascidos no sítio -, que, igualmente, viviam do que a terra e o rio generosamente lhes davam. Nessa “terra de barriga cheia”, seu Abílio fazia a morada e a vida desde 1964.
A partir do ano de 2011, no entanto, ele viu a sua paz ser fatalmente golpeada pelos interesses econômicos do Complexo Industrial Portuário de Suape. Naquele ano, a empresa ingressou com uma ação de reintegração de posse para expulsar a sua família da terra. Situação parecida enfrentava toda a comunidade do Engenho Tiriri.
Mesmo a posse sendo justa, de boa fé e muito, muito antiga, a influência política e econômica de Suape foi suficiente para fazer com que a expulsão se desse em forma de liminar, sem que sequer fosse ouvido.Decisões do tipo, diga-se de passagem, foram bastante recorrentes à época, ao ponto de o Juiz responsável por elas ser conhecido pelos moradores e, até hoje, lembrado como aquele que foi colocado de forma repentina e suspeita na Vara da Fazenda Pública da Comarca do Cabo de Santo Agostinho para conceder decisões favoráveis, em série e parcamente fundamentadas em favor de Suape e, assim, acelerar as expulsões.
Além disso, o sítio de seu Abílio, assim como todos os localizados no Engenho Tiriri, situava-se em terras sobre as quais recaem sérios questionamentos a respeito da legalidade da aquisição por Suape. As terras foram inicialmente adquiridas pelo INCRA para fins de regularização da posse, em sede de Reforma Agrária, das famílias de camponeses que lá já residiam, como a do seu Abílio. O INCRA repassou as terras adquiridas à Cooperativa Tiriri, organização que supostamente representava os moradores da área, incumbindo-a de promover o assentamento das referidas famílias. A Cooperativa Tiriri, no entanto, apenas dois dias após adquirir tais terras do INCRA, descumpriu o seu dever de assentar as famílias e as vendeu para Suape, que passou então a promover um intenso processo de limpeza étnica naquele território, com a massiva expulsão das famílias, tachadas de “invasoras” pela empresa.
A decisão liminar que sequer permitir ao seu Abílio o direito de defesa, pegou toda a família de surpresa no ano de 2011. Policiais militares e milicianos de Suape chegaram inesperadamente ao sítio e passaram a destruir o que gerações de sua família haviam erguido: casas, plantações, sonhos. A família, que à época contava com um bebê de apenas 15 dias, ficou desabrigada, sem ter para onde ir. Desde então, extremamente impactado e deprimido pela violência sofrida, seu Abílio, que não tinha sequer mais vontade de se alimentar, teve sua saúde física e emocional acometida por recorrentes enfermidades.
Ontem, 20 de outubro de 2016, após um período em coma, fruto de um quadro de depressão profunda, ele partiu, deixando esposa, filhos e netos desolados pela perda. Em seu velório, uma multidão de parentes, amigos e amigas, se despediram dessa figura símbolo da luta contra os desmandos e ações truculentas praticadas pelo Complexo Industrial Portuário de Suape.
Com dor e luto, a morte de seu Abílio ilustra o impacto que o desenraizamento violento e predatório vem provocando na vida de inúmeras famílias da região. Por trás da propaganda de desenvolvimento e de responsabilidade socioambiental ostentada pela empresa Suape, agonizam milhares de vidas que experimentam sistemáticas violações de direitos. Conivente com toda essa situação, encontra-se um Estado inerte e incapaz de reconhecer as atrocidades cometidas pela empresa e de promover as devidas reparações.
Continuaremos, contudo, na luta incansável por justiça.
Que toda a dor se converta em força para seguir (r)existindo.
Luís Abílio da Silva: PRESENTE, PRESENTE, PRESENTE!
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