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SUAPE

LINHA DURA DE SUAPE PREVALECE

O longo período de mobilização, de várias reuniões e elaboração de uma proposta de regimento interno para o Conselho Gestor do Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti encaminhada no início de julho para a diretoria do NAD – Núcleo Administrativo do Parque, de nada adiantou. O CIPS mais uma vez mostra a sua cara e desrespeita a vontade das associações de moradores de construir uma gestão democrática no PMAHC.
O ofício datado de 04/07/2016 foi assinado pela Associação de Moradores de Águas Compridas, Conselho de Moradores de Cepovo, Associação de Moradores de Nazaré, Associação Comunitária do PMAHC (FUNDEC), Associação de Moradores da Praia de Suape, Associação de Moradores de Gaibu, Associação dos Assentados da Vila Tomás, Associação de Moradores e Pescadores da Praia do Paraíso, Associação de Moradores de Nova Tatuoca, Associação dos Agricultores Rurais de Sitio Lagoa, Associação de Moradores da Vila do Caju e Associação de Pescadores e Pescadoras em Atividade no Cabo de Santo Agostinho, entidades representativas de moradores do Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti. O documento foi construído coletivamente pelas comunidades e apresenta propostas de modificação do Regimento Interno do Conselho Gestor do PMAHC.
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Ambiental Ipojuca

PESCA PREDATÓRIA DA LAGOSTA MATA TARTARUGA EM IPOJUCA

Recife, 23 de Agosto de 2016

Pesca predatória da lagosta mata tartarugas em Ipojuca

Animais morrem por afogamento ao ficarem presos em redes de pesca inapropriadas

Priscilla Costa, da Folha de Pernambuco

Gabriel Melgar/Cortesia

ONG Ecoassociados denuncia que a pesca predatória da lagosta está matando os animais
A pesca predatória da lagosta no litoral de Ipojuca, no Grande Recife, comum nesta época por ser o período reprodutivo do animal, tem preocupado ambientalistas. A região, considerada berço para muitas tartarugas que vêm à costa pernambucana para desovarem e buscar alimento, vem registrando uma grande quantidade de tartarugas nas últimas semanas.
A estatística assusta: já chega a 23 o número de espécimes mortos, do início de agosto até o momento. Só no último fim de semana, quatro foram encontrados sem vida. São tartarugas das espécies verde (Chelonia mydas) e oliva (Lepidochelys olivacea) – criticamente ameaçadas de extinção. O quantitativo, considerado alarmante, faz parte do monitoramento dos 12 km de faixa de areia que ligam o Pontal de Maracaípe a Muro Alto, feito por biólogos marinhos da ONG Ecoassociados.
Trabalhando há cinco anos na ONG, a bióloga Audenise Cavalcante relatou que basta andar alguns quilômetros entre o Pontal de Maracaípe e Merepe para se deparar com o cemitério de tartarugas. São nesses trechos que a instituição tem percebido uma maior incidência de mortes. O uso de redes inapropriadas para esse tipo de pesca, segundo Audenise, estaria prendendo as tartarugas no fundo do mar, matando-as por afogamento. “Elas (as tartarugas) se enroscam na rede e acabam passando do tempo de respirar”, explica. Isso ocorre porque as espécies verde e oliva se alimentam próximo aos recifes de corais, onde as lagostas normalmente são encontradas. E é justamente nessa área onde as redes estão sendo instaladas.
Entretanto, o problema tem sido causado por pescadores de fora da região. É o que denuncia o diretor da Ecoassociados, Arley Cândido. “Os pescadores do município colaboram com o trabalho de preservação e evitam a utilização de redes para a extração da lagosta. Infelizmente, são os que vêm de fora, de municípios vizinhos e até mesmo de outros estados”.
Tal cenário fez a ONG pedir reforço à gestão municipal e a fiscais do Ibama. “Na sexta passada, o Ibama apreendeu uma jangada, 300 metros de rede e autuou dois pescadores que disseram ser de São José da Coroa Grande. Isso é crime ambiental.” As denúncias podem ser feitas por meio do (81) 3552.2465.
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SUAPE Violações

COMPLEXO DE SUAPE VIRA MOEDA DE TROCA

SOB PAULO CÂMARA, COMPLEXO DE SUAPE VIRA MOEDA DE TROCA E VIVE FARRA DE DISPENSAS E INEXIGIBILIDADES DE LICITAÇÃO (23/8/2016)

Foto: COLUNA DA ROBERTA JUNGMANN
Não bastasse a polêmica nomeação de pessoas ligados aos deputados Pastor Cleiton Collins e Eduardo da Fonte, do PP, para a diretoria de SUAPE, como parte de uma negociação para que esse partido lançasse o primeiro como candidato à prefeitura de Jaboatão, como forma de minar a candidatura de outro evangélico, o candidato do PR, Anderson Ferreira, como forma de favorecer a candidatura do PSB, Heraldo Selva, que patina nos 3%, mesmo apoiada pelo atual prefeito de Jaboatão, eis que chegam ao conhecimento de nosso Blog sérias denúncias de que a atual gestão de SUAPE tem promovido um verdadeiro festival de dispensas e inexigibilidades de licitações, no mínimo questionáveis (Leia AQUI).
 
Para se ter uma ideia do caos que tomou conta do Complexo Portuário de SUAPE, no último dia 07 de junho, o vice-presidente da entidade, Bernardo Juarez, D’Almeida, ratificou uma Inexigibilidade de Licitação para contratação do Escritório de Advogacia Urbano Vitalino Advogados para Assessorar a Coordenadoria Jurídica de SUAPE. É impressionante que uma Coordenadoria Jurídica, que, por natureza e princípio compete justamente dar assessoria jurídica à entidade, precise de um escritório particular para sua própria assessoria. Há qualquer coisa contraditória nesse contrato. Então uma entidade como o Complexo Portuário de SUAPE não tem uma Coordenação Jurídica à altura de sua importância a ponto de ter que pagar quase meio milhão de reais a escritórios particulares para se auto assessorar?
 
Nosso Blog também foi informado sobre uma estranha dispensa de licitação ratificada pelo novo vice-presidente Evandro José Moreira de Avelar, para contratação de uma empresa chamada INFINITO ENGENHARIA, para elaboração de Projeto Executivo de Reconstrução do Molhe de Abrigo do Porto de Suape. Ocorre que, segundo nossas fontes, no endereço indicado como sendo da tal construtora, ou seja, Av. Bernardo Vieira de Melo, 428, sala 204, Jaboatão, funciona uma loja de venda de motos.
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Fórum Suape Informe

PLANTÃO JURÍDICO NA SEDE DO FÓRUM

Lembramos a tod@s que TODA TERÇA É DIA DE PLANTÃO JURÍDICO na sede do Fórum Suape – Espaço Socioambiental, no horário das 9 às 12h e das 13 às 16h. A sede do Fórum Suape está situada na Rua Padre Antonio Alves de Souza, 20  Centro – Cabo de Santo Agostinho (ao lado do Centro das Mulheres do Cabo).
Serviços oferecidos:
  • orientação aos moradores sobre como agir diante violências cometidas pela empresa Suape;
  • orientação sobre a importância de regularização das associações (verificar o estatuto, datas, mandatos, realização de assembleias, etc…);
  • realizar o cadastramento das comunidades;
  • e atendimento a outros assuntos e situações similares.
Se quiser saber mais informações ligue para o Fórum: (81) 991023883 e 985362204
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Fórum Suape Informe

FÓRUM EM AÇÃO – EDIÇÃO DE JULHO DE 2016

Edição de Julho de 2016 – nº 01
“O desenvolvimento sustentável deve ser fundamentado no princípio de equilíbrio entre as dimensõeseconômica, ambiental e social”.
VIOLÊNCIA DA MILÍCIA É UMA CONSTANTE EM SUAPE
O Fórum Suape encaminhou no último dia 28 de junho, um ofício à 3ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania do Cabo de Santo Agostinho, promotora Janaína do Sacramento Bezerra, informando sobre novos casos de violência praticada por funcionários do Complexo Industrial e Portuário de Suape (CIPS) contra posseiros da região. Apesar das denúncias e das audiências públicas realizadas para tratar da violência em Suape, a empresa continua promovendo o terror entre os posseiros e nativos da região.
Vários episódios de violência ocorreram mesmo depois da última Audiência Pública, realizada no dia 1º de dezembro de 2015 pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da ALEPE, na Câmara de Vereadores do Cabo, para discutir a ação de milícias patrocinadas pelo CIPS. São inúmeras as notícias de que Suape continua cometendo tais arbitrariedades contra os posseiros, mas estes, por medo, não denunciam. O que se pode constatar na região é a atuação criminosa das milícias, tanto no que se refere às ameaças, quanto em relação ao roubo e destruição de bens. Tudo tem sido objeto de boletins de ocorrência na delegacia policial, matérias na imprensa, como também de registros fotográficos e até mesmo em vídeos. Em momento algum a empresa Suape informou o porquê de estar recolhendo os materiais dos posseiros, nem o local para onde são levados.
Outro tipo de crime que vem sendo cometido por Suape é ambiental, com o absurdo envenenamento de dezenas de pés de frutas nas áreas onde vivem posseiros antigos e nativos da região, várias delas muito anteriores à criação de Suape, como uma das formas usadas para pressioná-los a sair de suas terras. Dessa maneira, a empresa vem proibindo, não se sabe com que base legal, as famílias de plantarem e de reformarem as suas casas, interferindo nos seus modos de vida e de subsistência de forma clandestina e violenta.
Quando os posseiros plantam, reformam a casa ou constroem uma nova dentro do terreno cuja posse é da família há gerações, a milícia de Suape destrói as plantações e construções e recolhe os materiais sem qualquer título judicial que a autorize a praticar tais arbitrariedades, que são, portanto, ilegítimas e eivadas de ilegalidade. As apreensões de materiais se configuram como verdadeiros crimes de roubo, em que há subtração de coisa móvel alheia mediante grave ameaça ou violência à pessoa. “Ameaças (art. 147, CP), danos ao patrimônio particular (art. 163, CP) e roubo (art. 157, CP) são os principais crimes praticados contra os moradores daquele território tradicional”, diz o ofício encaminhado pela assessoria jurídica do Fórum Suape à Promotoria.
“O direito de posse implica os poderes de uso, gozo e disponibilidade sobre o bem a quem o possui. Nesse sentido, plantar, reformar casa inscrita na posse ou promover outras edificações representa o pleno exercício desse direito, o qual só poderá ser restringido pelos princípios que o regem ou por meio dos instrumentos competentes”, diz o ofício. Portanto, a maneira como Suape vem tolhendo o direito de posse dos posseiros antigos não encontra qualquer respaldo legal. Tanto as investidas violentas de destruição, ameaças e roubos de materiais como até mesmo as autorizações exigidas por Suape, que, quando muito, permitem apenas edificações minúsculas, mostram-se como abusos e turbações à posse, promovidos pela empresa contra posseiros que estão na terra há gerações.
FÓRUM SE REÚNE COM REPRESENTANTE DA UNESCO EM SUAPE
 No dia 06 de maio, o Fórum Suape esteve em reunião com a consultora da UNESCO, Milena Rego, responsável pela implementação do acordo de cooperação técnica no PMAHC. Na ocasião foi solicitada a cópia do referido projeto de cooperação e uma apresentação pública explicativa para os moradores, realizada no início do mês de junho, na Câmara de Vereadores do Cabo de Santo Agostinho (foto).
O Fórum Suape demonstrou para a consultora da UNESCO sua posição em relação a falta de transparência e 
estranheza em unir o nome da UNESCO ao CIPS, conglomerado que viola constantemente os Direitos Humanos, e não respeita a natureza. Também foram entregues as atas das audiências públicas acontecidas em setembro e dezembro/2015 com o apoio da ALEPE, através da Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular.
FÓRUM FAZ REUNIÃO COM SECRETÁRIO DE PLANEJAMENTO DO CABO
Representantes do Fórum Suape estiveram reunidos, no dia 14/06/2016, na Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, com o secretário municipal de Planejamento e Meio Ambiente, Arthur Albuquerque. Na pauta da reunião o regimento Interno do Comitê Gestor do PMAHC, a situação atual e delimitação do PMAHC, como também o convênio com a UNESCO para o PMAHC.
O Secretário lembrou que o CG foi instituído há quase 10 anos, criado para regular e gerir as áreas históricas, culturais e ambientais do PMAHC, pois havia muitos conflitos internos. O Ministério Público participou da criação do CG e de seu Regimento Interno que foi implementado por um Termo de Ajuste de Conduta – TAC.
O coordenador do Fórum, Heitor Scalambrini Costa expôs a fragilidade do regimento, que somente atende aos interesses do CIPS, que continua violando os Direitos Humanos, e é o único protagonista. Não existem critérios claros para a participação da sociedade civil, e nada se sabe do acordo do governo do Estado com a UNESCO para a implementação do projeto no Parque. A população pleiteia mais espaço no CG com direito a voz e voto.
Rafaela Nicola, integrante do Fórum Suape, também indagou sobre as recorrentes ações arbitrárias do CIPS contra os moradores da área, agindo com violência e truculência, envolvendo a policia militar e a prefeitura, assim como as constantes mudanças a nível quantitativo da população a ser afetada, a falta de transparência das ações e o desrespeito aos modos de vida e saberes tradicionais e culturais das comunidades.
O secretário se comprometeu a dialogar com as demais instituições integrantes do CG e afirmou que é preciso mapear o conjunto das instituições existentes no Parque, pois a integrante no Comitê Gestor precisa estar legalmente estabelecida. “A perspectiva de torná-lo paritário é uma ação de sensibilização e convencimento dos demais integrantes”, disse o secretário.
Arthur Albuquerque solicitou que as comunidades enviassem o mais rapidamente uma minuta sobre o que querem de mudança no Regimento Interno do CG, já que qualquer proposta de mudança precisa ser apresentada com trinta dias de antecedência da próxima reunião ordinária, prevista para este mês de julho.
Questionado sobre porque a Prefeitura não promove um trabalho preventivo e de atenção às comunidades, ao invés da truculência em ações coercitivas, ele alegou que a gestão municipal comete falhas e busca usar a sensibilidade para poder revertê-las, e que não tem efetivo suficiente para fiscalização das áreas.
Ao final da reunião, o secretário se comprometeu em enviar o mapa de delimitação do PMAHC, pois não houve tempo hábil na reunião para apresentá-lo, bem como a socializar o Acordo com a UNESCO, o TAC que instituiu o Comitê Gestor e o regimento interno do mesmo, visto que em reuniões anteriores com as comunidades foi levantada a hipótese de haverem dois diferentes regimentos.
Os representantes do Fórum Suape reafirmaram que as organizações sociais existentes na região foram desestruturadas pela ação do CIPS em cooptar e comprar alguns moradores para dividir a comunidade e poder atingir seus objetivos. O CIPS nunca fez uso do diálogo e da não violência, ao contrário, viola os Direitos Humanos, destrói o meio ambiente, faz uso da força, da imposição e da falta de transparência. A função do Fórum Suape é articular as pessoas e suas organizações, estar junto delas e facilitar processos de integração, diálogo e estabelecimento da paz, porque acredita que “o povo unido tem a força” e é quem protagoniza suas próprias conquistas.
RODA DE DIÁLOGO SOBRE CAMPANHAS, ATIVISMO PACÍFICO E MOBILIZAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
O Fórum Suape promoveu no dia 13 de junho, na sede da FASE, uma roda de conversa com Marcelo Marquesini, um dos coordenadores da Escola de Ativismo, sobre Campanhas, Ativismo Pacifico e Mobilização para Sustentabilidade. Além de integrantes do Fórum, participaram da roda representantes da FASE, FERU, GAJOP e da organização Ame a Mãe Terra.
Os objetivos, estratégias e táticas de uma campanha, suas engrenagens, o estabelecimento de agendas e o planejamento em um determinado contexto foram pontos abordados durante a conversa. “A paixão para defender uma causa, por si só, não é suficiente. É preciso equilibrá-la com técnicas e estratégias e esperar por resultados que, às vezes, só são visíveis no longo prazo”, disse Marquesini durante a sua exposição.
As rodas de conversas tem sido promovidas pelo Fórum Suape visando a formação de seus ativistas. No final do mês de abril foi realizada uma apresentação dialogada da tese de doutorado em Geografia, com o tema “Re-existências dos Camponeses/as do que hoje é Suape: frente à Violência”, de autoria da companheira Mercedes Solá Pérez.  Ela identificou 14 tipos diferentes de violências praticadas contra camponeses/as que vivem e resistem há mais de 30 anos na região.
“BOTA O PÉ” APOSTA NO FORTALECIMENTO DA ARTICULAÇÃO ENTRE AS ORGANIZAÇÕES E A MOBILIZAÇÃO DAS COMUNIDADES
“Bota o Pé” é o nome escolhido para a articulação entre as organizações parceiras de OAK Foundation, no Recife e Região Metropolitana, visando o intercâmbio de experiências entre os cinco projetos apoiados. Juntas elas querem encontrar as sinergias e semelhanças entre os projetos impulsionando apoio mútuo, potencializando recursos, e fortalecendo a ação conjunta no combate a violações dos Direitos Humanos e melhoria das condições de vida da população mais vulnerável. Nos últimos meses se reuniram três vezes para conhecer de perto as realidades onde atua cada organização que faz parte desse coletivo. São elas: Cendhec, Gajop, Rede Meu Recife, Sétima Arte Cinema, Caranguejo Uçá, Instituto Papai e Fórum Suape.
Primeiro encontro de parceiros da Foundation OAK, na sede da Caranguejo Uçá
No dia 28 de março, 25 integrantes das organizações visitaram a Comunidade Ilha de Deus organizada pelos integrantes do Movimento Ação Comunitária Caranguejo Uçá, para conhecer o trabalho desenvolvido pela entidade no campo da comunicação, formação, politização e inclusão socioeconômica e cultural dos que ali habitam. Na comunidade, em média 2000 moradores vivem basicamente da pesca, produção artesanal e reciclagem de lixo sólido. O Caranguejo Uçá tem uma ação centrada na comunicação através de Rádio Comunitária e de Plataformas Digitais (web jornais) trazendo notícias e informações sobre direitos, cultura, ações sustentáveis, laser, direcionadas especialmente para mulheres e crianças, por considerá-las as mais vulneráveis em seus direitos, tanto na comunidade, como na sociedade em geral.
No dia 7 de maio foi a vez das organizações conhecerem a realidade onde atua o Fórum Suape, com uma visita realizada na Ilha de Tatuoca, Suape e Gaibu (Colônia de Pescadores Z8). Integram o Fórum mais de 15 organizações e pessoas físicas, que se uniram para preservar os direitos da população, em função de muitas reclamações e denúncias que surgiram em 2011, com os desmandos e atrocidades cometidos pelo Complexo Industrial e Portuário de SUAPE (CIPS) no Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca e municípios do entorno. Na área existiam 28 engenhos que ocupavam 13.500 hectares, e que com a área valorizada pelo atrativo das indústrias para região do Porto de Suape se tornaram muito valiosas, “a joia da coroa” do falecido Eduardo Campos, levando a expulsão dos posseiros de suas terras. Os desmandos do CIPS provocaram o desequilíbrio ambiental, a expulsão das famílias agricultoras e pesqueiras, bem como das comunidades tradicionais de suas terras, o caos urbano, a desarticulação comunitária, o aumento da violência contra as mulheres, a proliferação das drogas, o abuso sexual contra crianças e adolescentes, dentre outras calamidades socioambientais.
No dia 28 de junho, as organizações do Bota o Pé visitaram e se reuniram com a Comunidade do Sancho (Curado / Recife), ao lado do Presídio Anibal Bruno, área de atuação do Gajop e da Rede Meu Recife. A comunidade enfrenta uma luta contra a ampliação do Complexo Prisional do Curado e em defesa das moradias e dos moradores que estão sendo ameaçados de remoção por conta desta ampliação. A ampliação do presídio é uma obra do governo estadual que exigirá a demolição de dezenas de casas de moradores, que vivem ali desde a década de 1960. A luta das moradoras e moradores da comunidade do Sancho já angariou o apoio de mais de 100 entidades, entre movimentos, ONGs, parlamentares e outras personalidades. Durante a reunião do “Bota o Pé” surgiu a proposta de uma grande manifestação a ser organizada pelo coletivo de entidades visando levar até o Governo do Estado as principais reivindicações das lutas enfrentadas em cada território: luta contra a violação dos direitos humanos, luta pela terra, pela moradia, pela conclusão de obras inacabadas e regularização das condições de trabalho nas comunidades.
FÓRUM DENUNCIA ENVENENAMENTO DE ÁRVORES FRUTÍFERAS
Uma das denúncias feitas pelo Fórum Suape à Secretaria Estadual de Meio Ambiente, através do CPRH foi sobre o envenenamento de árvores frutíferas no território de Suape. Essa prática é uma maneira de forçar os moradores a abandonarem suas terras. Coloca em risco várias espécies nativas, a própria população local, os mananciais de água, numa clara demonstração da falta de transparência e comunicação da empresa com as comunidades locais. 
As árvores frutíferas contaminadas encontram-se dentro de propriedades onde vivem famílias de moradores nativos, portanto, Suape não tinha o direito de usar veneno ou qualquer outra medida. Existe também o risco para quem consome as frutas, como a água de coco, mangas e outras, tornando-se um problema de saúde pública e segurança alimentar.
O mais lamentável foi a resposta da Ouvidoria Ambiental, assinada pelo ouvidor João Paulo Reis, afirmando que o corte de espécies exóticas fora de APP ou reserva legal não constitui infração ambiental, como também seu anelamento ou envenenamento. O parecer técnico elaborado pelo analista ambiental Thiago Costa Lima, em 19/05/2016, diz que como as árvores exóticas encontram-se dentro dos limites do complexo de Suape, o mesmo tem autonomia para retirá-las da forma que achar adequada.
O coordenador do Fórum Suape, Heitor Scalambrini Costa contestou a resposta da SEMAS: “Estamos falando de árvores frutíferas e não de árvores exóticas. O parecer da Ouvidoria Ambiental é completamente inapropriado e descabido. Reafirmamos nossa denúncia e esperamos que providências sejam tomadas”. A assessoria jurídica do Fórum vai continuar procurando subsídios legais para embasar uma responsabilização de Suape. É preciso continuar denunciando esse fato que, mesmo que legal, é imoral e absurdo. O Fórum pretende também acionar outros órgãos públicos, como a Promotoria Agrária e Ouvidoria Agrária Nacional.
COMUNIDADES APRESENTAM PROPOSTA PARA DEMOCRATIZAR A GESTÃO DO PMAHC
Há três meses as comunidades do território do complexo de Suape vem se reunindo para debater e elaborar uma proposta visando favorecer a participação da representação dos moradores no Comitê Gestor (CG) do Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti (PMAHC). Até agora as associações comunitárias tinham direito a um representante no CG, assim mesmo sem direito a voto. No dia 30/06/2016, representantes das associações reunidos na Vila de Nazaré aprovaram o texto final da proposta a ser entregue ao Núcleo Administrativo do Parque (NAD) reivindicando uma nova composição para o Conselho, para que a partir de seu novo mandato ele possa ser paritário e que de fato possibilidade a participação das comunidades nos rumos do PMAHC.
Histórico do PMAHCEssa história começa lá atrás, com o projeto assinado pelo arquiteto Armando Holanda (1940-1979) que morreu antes de concluí-lo. O Parque não foi executado como proposto pelo autor. Em 1979, ocorreu o tombamento dos 270 hectares (Zona de Preservação Cultural – ZPC) pelo Governo do Estado, via FUNDARPE e foi delegada a sua administração à FIDEM.
Em 1983 o governo transfere para o Complexo Industrial Portuário de Suape (CIPS) a responsabilidade de preservação do Parque (praias de Calhetas, Cabo de Santo Agostinho e Paraíso, os mirantes e todo o patrimônio do sítio histórico – Vila de Nazaré e sua igreja, o Forte Castelo do Mar, as Baterias de São Jorge e Calhetas, o Forte de Gaibu e a antiga casa do faroleiro), com os seguintes objetivos: “Preservação dos valores culturais, incluindo-se os da comunidade que reside no local, restauração do Patrimônio Histórico e adaptação da área para visitação turística, preservando os valores ambientais existentes”.
Em 1989, o Complexo Portuário transferiu a administração do Parque para um grupo privado – PREFASA – em troca do uso, por 99 anos, de uma área de 117 hectares de sua propriedade, fora do perímetro do Parque, para implantação de um empreendimento imobiliário, através de uma Permissão de Uso de Bem Imóvel a Título Oneroso. Em 1995, o grupo PREFASA vendeu
à Fundação dos Economiários Federais (FUNCEF) esse empreendimento. Em 1999, a FIDEM, elaborou o Plano com quatro linhas de ação e dezoito projetos prioritários, indicando os custos e prazos necessários à implantação e o apresentou à FUNCEF.
Em 2006 foi instituído o Plano Diretor do Município do Cabo e o Parque foi considerado como zona de preservação histórica, cultural e ambiental. Através de uma concessão pública do Estado foi concedida à FUNCEF uma área para construção do Hotel Vila Galé, que é o proprietário da Holding e que em contrapartida se comprometeu a implementar e desenvolver o Parque, mas ao longo dos anos desistiu do acordo, alegando o custo de sua manutenção.
A intenção foi de dinamizar a área a partir do turismo sustentável. A FUNCEF instalou o Núcleo Administrativo (NAD) e também criou o Conselho Gestor do Parque, que apoia as atividades do NAD, e é formado por representantes da Prefeitura do Cabo, do CIPS, da Agência CONDEPE – FIDEM, da FUNDARPE, do CPRH e da FUNCEF. Os moradores do Parque somente começam a participar do CG, a partir de 2010, sendo que o representante da Comunidade do PMAHC tem que fazer parte de uma organização e as plenárias são abertas à população, que pode participar apenas como ouvinte.
Em 2011 foi criado o “Pacto por Suape Sustentável”, e em 2016 o acordo de cooperação técnica entre o Governo do Estado, a UNESCO e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das Relações Exteriores, visando desenvolver projetos socioambientais para ampliar a capacidade de gestão das iniciativas na área. Na primeira etapa contemplará a requalificação do Parque, sendo destinados R$ 1,2 milhão para a execução do projeto de 24 meses.
O Pacto prevê o desenvolvimento de planos estratégicos nas áreas cultural, social, ambiental e educacional para atendimento das populações que residem no território. Antes de iniciar as atividades, as equipes envolvidas realizarão um diagnóstico completo do Complexo e seu entorno.
O PMAHC integra o patrimônio da empresa estatal SUAPE (51% pertence ao Estado de PE e 49% a diversas empresas), porém a regularização do território é de responsabilidade da Prefeitura. Apesar de ser considerado um parque metropolitano os seus limites não extrapolam o município do Cabo de Santo Agostinho. A terra do Parque pertence ao governo do Estado, mas existem áreas com registro cartorial da Arquidiocese, Exército e outras pequenas glebas rurais privadas com registros de mais de 100 anos. O complexo de Suape engloba 15 engenhos e diversas glebas rurais.
Situação atual e a expectativa das comunidades
Existe uma tensão entre as comunidades do entorno do PMAHC, e forte tensão social entre os moradores do Parque e os Órgãos Públicos. Situação difícil de ser tratada, considerando o papel solitário e débil do representante das comunidades no Conselho Gestor, visto que atualmente ele é composto por seis instituições governamentais e apenas um membro da sociedade civil. Por isso, as associações comunitárias se uniram para defender a paridade no CG e a presença de integrantes da comunidade nas câmaras técnicas (GTs).
Vale salientar que a política de desenvolvimento do território e a legislação ambiental que implicou na política de desapropriação se deram a partir do governo militar, que por questões de segurança ocupou parte da área. O parque tem em torno de 20 anos de implantação e o CG foi instituído há 10 anos. Durante os últimos meses, o Fórum Suape esteve presente acompanhando as reuniões e assessorando as associações comunitárias no transcorrer dos debates em torno da reformulação do Regimento Interno do PMAHC. As comunidades estão unidas e é grande a expectativa quanto ao resultado desse processo, que visa democratizar e favorecer a participação das organizações da sociedade civil no Comitê Gestor. É o que todos esperam!
VOCÊ SABIA?
Que a partir deste mês de julho o Fórum Suape – Espaço Socioambiental está oferecendo em sua sede orientações jurídicas, através de um Plantão Advocatício, que acontecerá todas as terças-feiras, no horário das 9 às 12h e das 13 às 16h. A sede do Fórum Suape está situada na Rua Padre Antonio Alves de Souza, 20, Centro – Cabo de Santo Agostinho (ao lado do Centro das Mulheres do Cabo). Os serviços oferecidos são: orientação aos moradores sobre como agir diante violências cometidas pela empresa Suape; orientação sobre a importância de regularização das associações (verificar o estatuto, datas, mandatos, realização de assembleias, etc); realização do cadastramento das comunidades; e atendimento a outros assuntos e situações similares. Brevemente também estaremos oferecendo curso de informática básica para iniciantes, que acontecerá na sede do Fórum. Os dias e horários serão divulgados nos próximos dias.
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DO FÓRUM SUAPE
No dias 08 e 09 de junho, no Hotel Campestre de Aldeia, integrantes da coordenação e assessoria do Fórum Suape estiveram em reunião para elaboração do Planejamento Estratégico do período de 2016-2020. Foram dois dias de imersão, nos quais participantes direcionaram totalmente suas energiasnessa construção coletiva em busca de resultados consistentes e fidedignos. Para facilitar a oficina o Fórum contou com a experiência e a habilidade da consultora Maria Fernanda Costa. Em agosto, o grupo se reúne de novo para concluir esse processo de trabalho.   
EXPEDIENTE – Editado pela Assessoria de Comunicação do Fórum Suape – Espaço Socioambiental. Endereço: Rua Padre Antonio Alves de Souza, 20, Centro – Cabo de Santo Agostinho (ao lado do Centro das Mulheres do Cabo). Telefones: (81) 99102.3883 (Claro) e 98536.2204 (Oi). E-mail: forumsuape@gmail.com / Acesse a nossa página na internet: www.forumsuape.ning.com
Coordenador: Heitor Scalambrini Costa.
Assessor de Comunicação: Gerson Flávio da Silva (DRT/PE 1.659).
Contato: (81) 99509.3043 (TIM).
Colaboração: André Raboni.
Assessoria Jurídica: Luísa Duque e Mariana Maia.
Assessoria em Políticas e Relações Externas: Rafaela Nicola.  
Secretaria Executiva: Betânia Araújo. 
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SUAPE Violações

LAVA JATO CHEGA MAIS UMA VEZ AO COMPLEXO DE SUAPE

PF cumpre mais uma etapa da Lava Jato no Grande Recife. Estão sendo cumpridos três mandados de busca e apreensão. São dois mandados para residências e um para uma empresa.

Do G1 PE – 01/07/2016 
Operação Lava Jato no Grande Recife (Foto: Bruno Lafaiete)

Operação Lava Jato no Grande Recife recolheu documentos em imóveis de luxo da Zona Sul                                                                               (Foto: Bruno Lafaiete)
A Polícia Federal em Pernambuco (PF) realiza mais uma etapa da Operação Lava Jato. Os agentes cumprem na manhã desta sexta-feira (1º), ao todo, três mandados de busca e apreensão no Grande Recife.
De acordo com a PF, são dois mandados no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.  As ações ocorrem em duas residências, em prédios de luxo. No Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, está sendo cumprido um mandado na empresa Cone S/A.
São alvo das buscas os imóveis de Marcos José Roberto Moura Dubeux  e de Marcos Roberto Bezerra de Melo Moura Dubeux. Pai e filho, eles são integrantes da família de proprietários da Construtora Moura Dubeux, uma das maiores de Pernambuco.
Resposta
Em nota, a Cone S/A informou que a Moura Dubeux já foi uma das investidoras da empresa, localizada no Compexo Industrial e Portuário de Suape. Hoje, não faz mais parte da sociedade. Atualmente, a companhia possui capital próprio e tem como investidor o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço (FGTS).
A nota também foi enviada em nome dos empresários e da Moura Dubeux. A Cone esclarece que Marcos José Dubeux não é sócio na empresa. Atua apenas na Moura Dubeux. Marcos Roberto Bezerra de Melo Dubeux tem ligação apenas com a Cone. Ele é o presidente da empresa.
A empresa também informou que só vai se manifestar quando tiver conhecimento de todo o conteúdo da denúncia. A companhia está à disposição das autoridades e colaborando para que todas as questões sejam esclarecidas o mais breve possível.
Operação
A ação conta com 25 policiais federais, distribuídos em três equipes. Eles  estão acompanhados por três procuradores da República, que também atuarão nas buscas.
Lava Jato no Recife (Foto: Marjoyre Cavalcanti/ Rede Globo)
Lava Jato no Recife
(Foto: Marjoyre Cavalcanti/ Rede Globo)
O alvo das buscas são documentos, aparelhos de informática e valores em dinheiro. Todo o material será levado para Curitiba (PR), onde se concetram as operações da Lava Jato.
Na casa de Marcos José Moura Dubeux, os agentes federais encontraram 30 mil euros e US$ 53 mil. Também foi recolhido um notebook. O resto do material apreendido ainda não chegou à sede da PF, no Centro do Recife.
A nova fase chama-se Sepsis, que significa uma infecção geral grave do organismo causado por germes. Trata-se, segundo a PF em Pernambuco, de uma referência aos casos de corrupção descobertos no Brasil. Também estão ocorrendo ações em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Segundo o chefe de Comunicação Social da PF em Pernambuco, Giovani Santoro, tudo que for apreendido no estado será encaminhado para Brasília. “Posteriormente, nós acreditamos que vá para o Paraná, onde vai passar por uma perícia técnica, que vai subsidiar as investigações naquele estado”, informou.
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Milícia SUAPE

VIOLÊNCIA DA MILÍCIA É UMA CONSTANTE EM SUAPE














O Fórum Suape encaminhou no último dia 28 de junho, um ofício à 3.ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania do Cabo de Santo Agostinho, promotora Janaína do Sacramento Bezerra, informando sobre novos casos de violência praticada por funcionários do Complexo Industrial e Portuário de Suape contra  posseiros da região. Apesar das denúncias e das audiências públicas realizadas para tratar da violência em Suape, a empresa continua promovendo o terror entre os posseiros e nativos da região, como demonstram os casos relatados a seguir.
No dia 22 de janeiro, a casa que Adriana Gilmara França do Nascimento estava construindo no sítio sobre o qual a sua família exerce posse há muitos anos, e que era de sua avó, no Engenho Massangana, foi demolida pelos funcionários de Suape, conhecidos como Salatiel e Cláudio, sem qualquer mandado judicial, a mando, segundo eles, do Diretor.
No dia 16 de maio, cerca de 15 homens, funcionários de Suape, em motos e em dois carros, comandados pelo também funcionário Romero Correia da Fonseca, compareceram ao terreno de Moisés José da Silva e Maria José de Santana Silva, no Engenho Serraria, e lá roubaram as estacas de uma cerca, 10 rolos de arame e mais de 100 pés de coco. O casal havia cercado sua terra no dia anterior para proteger suas bananeiras, que vinham sendo furtadas. No momento em que perceberam a presença dos milicianos, os dois e as demais pessoas que se encontravam no interior do restaurante localizado no terreno, vieram ver o que se passava e constataram os abusos cometidos por Suape. Quando tentou impedir que continuassem, Moisés foi ameaçado por Romero, que lhe apontou uma arma de fogo na direção do peito, ordenando-lhe que ficasse parado, se não atiraria. A violência praticada pelo referido funcionário de Suape se deu sem qualquer pudor, em plena luz do dia e na frente de outras pessoas que tomavam o café da manhã no restaurante do casal e que presenciaram a cena. Poucos dias depois os milicianos retornaram ao local e atearam fogo nas bananeiras de Maria José, comandados por Romero, que estava novamente armado e fazia questão de deixar a arma visível em tom ameaçador. Quando percebeu que estava sendo fotografado, ameaçou Maria José dizendo que, se alguma foto fosse postada na internet, ele destruiria a sua casa. Moisés e Maria José estão na posse do terreno há quase dez anos, sendo adquirida de um nativo.
No dia 19 de maio, o posseiro Erick de Melo Amorim, que estava refazendo a cerca do seu sítio localizado no Engenho Ilha, foi surpreendido por milicianos motorizados, que o abordaram e disseram que ele deveria pedir autorização para realizar tal construção em sua própria posse, ameaçando-o de que, caso ele persistisse na construção, eles voltariam para derrubar e levar a cerca. O posseiro está há mais de 20 anos na terra, a qual lhe foi repassada pela tia, Maria Lúcia Miranda.
Esses não são os únicos episódios de violência que se deram desde a última Audiência Pública, realizada no dia 1.º de dezembro de 2015 pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da ALEPE, na Câmara de Vereadores do Cabo. São inúmeras as notícias de que Suape continua cometendo tais arbitrariedades contra os posseiros, mas estes, por medo, não denunciam. O que se pode constatar em Suape é a atuação criminosa das milícias, tanto no que se refere às ameaças, quanto em relação ao roubo e destruição de bens. Tudo tem sido objeto de boletins de ocorrência na delegacia policial, matérias na imprensa, como também de registros fotográficos e até mesmo em vídeos. Em momento algum a empresa Suape informou o porquê de estar recolhendo os materiais dos posseiros, nem o local para onde são levados.
Outro tipo de crime que vem sendo cometido por Suape é ambiental, com o absurdo envenenamento de dezenas de pés de frutas nas áreas onde vivem posseiros antigos e nativos da região, várias delas muito anteriores à criação de Suape, como uma das formas usadas para pressioná-los a sair de suas terras. Dessa maneira, a empresa vem proibindo, não se sabe com que base legal, as famílias de plantarem e de reformarem as suas casas, interferindo nos seus modos de vida e de subsistência de forma clandestina e violenta.
Quando os posseiros plantam, reformam a casa ou constroem uma nova dentro do terreno cuja posse é da família há gerações, a milícia de Suape destrói as plantações e construções e recolhe os materiais sem qualquer título judicial que a autorize a praticar tais arbitrariedades, que são, portanto, ilegítimas e eivadas de ilegalidade. As apreensões de materiais se configuram como verdadeiros crimes de roubo, em que há subtração de coisa móvel alheia mediante grave ameaça ou violência à pessoa.
O que Suape vem fazendo, portanto, é uma série de ações criminosas contra antigos moradores da região. “Ameaças (art. 147, CP), danos ao patrimônio particular (art. 163, CP) e roubo (art. 157, CP) são os principais crimes praticados contra os moradores daquele território tradicional”, diz o ofício encaminhado pela assessoria jurídica do Fórum Suape à Promotoria.
“O direito de posse implica os poderes de uso, gozo e disponibilidade sobre o bem a quem o possui. Nesse sentido, plantar, reformar casa inscrita na posse ou promover outras edificações representam o pleno exercício desse direito, o qual só poderá ser restringido pelos princípios que o regem ou por meio dos instrumentos competentes”, afirma o ofício. Portanto, a maneira como Suape vem tolhendo o direito de posse dos posseiros antigos não encontra qualquer respaldo legal. Tanto as investidas violentas de destruição, ameaças e roubos de materiais como até mesmo as autorizações exigidas por Suape, que, quando muito, permitem apenas edificações minúsculas, mostram-se como abusos e turbações à posse promovidos pela empresa contra posseiros que estão na terra há gerações.
Assessoria de Comunicação do Fórum Suape Espaço Socioambiental
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Direitos humanos SUAPE Violações

O ESTADO É O MAIOR VIOLADOR DE DIREITOS DA POPULAÇÃO. MORADIA É DIREITO.

Vinte mil famílias estão na incerteza Estado entregou 300 escrituras à comunidade do Passarinho

 Marcílio Albuquerque, da Folha de Pernambuco – 29 de junho de 2016


Comunidade ocupa área equivalente a 33 campos de futebol e sofre com a falta de saúde, educação e segurança.

A espera continua para as mais de 20 mil famílias que vivem na comunidade do Passarinho, na Zona Norte do Recife. Ocupando uma área equivalente a 33 campos de futebol e amargando a falta de serviços como saúde, educação e segurança, os moradores vivem a indefinição sobre o futuro. O documento que comprova a propriedade da terra chegou para apenas 300 endereços, beneficiados com a concessão de escrituras. O número representa menos de 2% daquela população, que afirma ter chegado ao local há mais de 30 anos.

A batalha judicial já se estende desde 2007, tendo a iniciativa privada como principal interessada em reaver o espaço. De acordo com o Estado, não há prazo para resolver a situação.

“A sensação é de que toda a nossa luta foi empurrada para debaixo do tapete”, criticou o líder comunitário Edvaldo Luiz. Segundo ele, a promessa estabelecida aos habitantes incluía a implantação de projetos de urbanização e regularização fundiária para todas as unidades. Ao contrário do previsto, afirma Edvaldo, a entrega feita agora não representa uma primeira etapa. “As áreas têm diferentes titularidades e não existe qualquer calendário para as demais.” O prazo para que uma proposta consiga sair do papel expira em novembro deste ano.

A queda de braço na área, batizada de Granja Esperança, foi ampliada quando a Justiça expediu um mandado de reintegração do terreno, em nome da Indústria Pré-moldados do Nordeste, que mantém atividade no terreno de 33 hectares. O valor estimado pelo espaço jamais foi esclarecido. O Ministério Público pediu mais tempo para decidir o destino dos moradores. A decisão então foi suspensa pelo juiz José Florentino Mendonça, à época à frente do caso. Diante da repercussão, um decreto, assinado pelo então governador João Lyra Neto, transformou a área em uma Zona Especial de Interesse Social (Zeis), definindo que um projeto fosse construído em até dois anos. O cenário não se concretizou.

Dificuldades
Para quem caminha nas ladeiras e vielas de terra batida da Vila Esperança, o termo invasão parece incomodar. A ideia é de um bairro desassistido. “Não temos outro lugar para morar. Somos vítimas de um jogo de empurra, faltando vontade de resolver o problema”, disse a dona de casa Iara Silvestre, 47 anos. Por lá, o esgoto corre a céu aberto, falta transporte satisfatório e também postos de saúde para suprir a demanda. Para assistir às aulas na única escola da região, as crianças enfrentam um longo caminho. A insegurança também é um dos fatores que preocupam.

Paliativos
A entrega das escrituras definitivas, promovida na noite de ontem, faz parte do programa Meu Imóvel Legal, dirigido pela Pernambuco Participações e Investimentos S/A (Perpart), que responde pela área. O encontro contou com a presença do governador Paulo Câmara. De acordo com o gerente de Regularização Imobiliária, Celso Severo, não existe posição sobre as demais famílias da área. A Cehab e a Secretaria Estadual de Habitação não se manifestaram sobre o caso.

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Informe

COTIDIANO DE VIOLÊNCIA E TRUCULÊNCIA NA REMOÇÃO DE FAMILIAS DE SUAS HABITAÇÕES

Rio de Janeiro ‘Cidade Olímpica’: Vida removida, a luta pela permanência na Vila Autódromo

Por Akemi Nitahara, da Agência Brasil, in EcoDebate, 29/06/2016
 Rio de Janeiro - Escombros da Vila Autódromo e o Parque Olímpico no fundo (Akemi Nitahara/Agência Brasil)Rio de Janeiro – Escombros da Vila Autódromo e o Parque Olímpico ao fundo. Foto: Akemi Nitahara/Agência Brasil
A transformação do Rio de Janeiro em cidade olímpica levou a prefeitura a ir além das obras de instalações esportivas e da ampliação das vias de acesso necessárias à mobilidade de atletas e do público. Para a construção do Parque Olímpico, o poder municipal removeu os moradores da Vila Autódromo, comunidade que reunia cerca de 500 famílias e tinha mais de 40 anos.
Do total de famílias que vivia ao lado do antigo Autódromo de Jacarepaguá, apenas 30 permanecerão no local depois da urbanização prometida pela prefeitura para ser concluída até 22 de julho. Apesar do número pequeno de moradores contemplados, a comunidade e a Defensoria Pública acreditam em “vitória da resistência”.
Rio de Janeiro - Conjunto habitacional Parque Carioca, na Taquara, zona oeste da capital fluminense, onde ex-moradores da Vila Autódromo foram realocados (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Rio de Janeiro – Conjunto habitacional Parque Carioca, na Taquara, zona oeste da capital fluminense, onde ex-moradores da Vila Autódromo foram realocados. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Cerca de 400 famílias foram alocadas em apartamentos no condomínio Parque Carioca, na Estrada dos Bandeirantes, zona oeste da cidade. Moradores entrevistados pelaAgência Brasil reclamam do processo conduzido pela prefeitura, dizem que as promes… e que os apartamentos são pequenos para o tamanho das famílias. Eles consideram a negociação injusta e dizem que sofreram pressão psicológica para aceitar qualquer tipo de acordo. Há ainda moradores que receberam indenização e se mudaram para outros locais.
O poder municipal diz que essa é a única remoção diretamente ligada aos Jogos Rio 2016. O Comitê Organizador, entretanto, afirma que não exigiu a retirada da comunidade. Organizações de direitos humanos criticam a remoção de moradores e denunciam o que chamam de “limpeza social”.
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Ambiental

MMA DEFENDE CRIAÇÃO DE LEI GERAL PARA O LICENCIAMENTO AMBIENTAL

A proposta foi apresentada e debatida durante audiência pública promovida pelo MPF em Brasília, sobre projetos em curso no Legislativo e no Conama que enfraquecem o licenciamento
O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, defendeu a aprovação de uma lei geral do licenciamento ambiental durante audiência pública promovida, nesta quinta-feira (2/6), pelo Ministério Público Federal (MPF), em Brasília, para debater propostas em curso no Congresso Nacional e no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que enfraquecem o licenciamento (saiba mais no quadro abaixo). A audiência contou com a participação de procuradores da República, representantes do Ministério do Meio Ambiente e de organizações da sociedade civil.

De acordo com o ministro, o plano é utilizar como base para a lei geral o substitutivo da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados (CMADS) ao Projeto de Lei nº 3729/2004. “Destaco que não se trata do projeto de lei original nem do substitutivo da Comissão de Agricultura, é o substitutivo da Comissão de Meio Ambiente”. Para ele, mesmo o texto da Comissão de Meio Ambiente necessita de ajustes. “Mas ele é, na minha avaliação, o mais consistente que surgiu no legislativo até agora”. E acrescentou que a construção da lei vai ser um processo democrático e que as regras irão valer para os licenciamentos federais, estaduais e municipais. O relator do substitutivo da CMADS é o deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP).
“A nossa leitura é que o Ministério do Meio Ambiente tem se mantido omisso nesse processo [de construção de proposta legislativa sobre o licenciamento] e que se ele não tiver uma posição forte de que lei ele quer, vai ser aprovada uma lei que nós não vamos gostar”, disse Suely Araújo, recém-empossada presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “A gente não quer que aconteça o que aconteceu na lei florestal, a gente não quer perder o timing desse processo”, afirmou Suely, fazendo referência ao processo de elaboração do Código Florestal, alvo de intensas críticas.

Propostas em discussão no Congresso e no Conama

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 65/2012 e o Projeto de Lei do Senado (PLS) 654/2015 foram temas centrais da audiência. “Na prática, [a PEC 65] acaba com o licenciamento ambiental. A aprovação dessa PEC na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) foi obra de uma articulação regimental, de uma manobra parlamentar feita às escondidas”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Sua aprovação no Senado aconteceu no momento em que a Comissão Especial do Senado votava o impeachment de Dilma Rousseff. No mês 
passado, um requerimento do senador Randolfe fez com que a PEC voltasse à CCJ.
Já o PLS 654 elimina boa parte das fases imprescindíveis do licenciamento ambiental, avalia o advogado e assessor do Programa de Política e Direito socioambiental, Mauricio Guetta. “Ele amplia sobremaneira os riscos de ocorrência de novos desastres ambientais”, alertou. Guetta apontou semelhanças entre as propostas debatidas na audiência: “Se você analisar os projetos de lei todos que estão tramitando, nenhum segue a direção do fortalecimento do licenciamento, nenhum segue a direção de tentar resolver os principais problemas que têm hoje o licenciamento”. Para ele, outro ponto em comum é a falta de consulta pública para a construção das propostas.
“Acho que nós temos um vício de origem na perspectiva do licenciamento ambiental, que sempre foi concebido na perspectiva do empreendimento e não do impacto”, ressaltou Deborah Duprat, Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão. “Isso é outra coisa que precisamos rever, porque a grande preocupação do texto constitucional foi com o impacto, e não com a viabilidade do empreendimento”, afirmou.
Para Sandra Cureau, coordenadora da 4ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, tudo isso fragiliza o meio ambiente brasileiro, expõe o meio ambiente aos maiores desastres e às maiores tragédias. “O licenciamento, além de ser o momento em que a sociedade toma conhecimento do que vai ocorrer naquele local onde ela vive, também implica uma série de procedimentos no sentido de que aquela obra ao ser finalmente executada trará o mínimo de impactos ao meio ambiente”.

Conheça as principais propostas que pretendem enfraquecer o licenciamento ambiental

Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 65/2012
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 65/2012 acaba com o licenciamento ambiental. Ela prevê que a mera apresentação dos Estudos de Impacto Ambiental (EIA-Rima) de um empreendimento implicará sua autorização e que, daí em diante, ele não poderá ser suspenso ou cancelado. Populações e ecossistemas afetados ficariam à mercê da boa vontade dos empresários. A proposta voltou à CCJ do Senado.
Projeto de Lei do Senado (PLS) 654/2015
De autoria do senador Romero Jucá (PMDB-RR), o projeto define um prazo curtíssimo, de cerca de no máximo oito meses, para o licenciamento de grandes obras consideradas estratégicas pelo governo, como grandes hidrelétricas e estradas – um “Licenciamento a Jato”. A proposta não prevê a realização de audiências públicas e elimina uma série de fases essenciais do licenciamento, inclusive o sistema trifásico (licenças prévia, de instalação e de operação). Pelo projeto, se um órgão governamental envolvido descumprir os prazos, automaticamente será considerado que ele está de acordo com o licenciamento. É o “quem cala consente”. PLS pode ser votado a qualquer momento no plenário do Senado.
Projeto de Lei (PL) 3.729/2004
Relatório preliminar sobre o Projeto de Lei nº 3729 também acaba com grande parte do sistema de licenciamento ambiental. Dispensa o licenciamento para várias atividades econômicas, como fazendas e o plantio de eucalipto. Prevê ainda um licenciamento autodeclaratório, por cadastro eletrônico, sem nenhum tipo de checagem dos órgãos ambientais. Segundo a proposta, órgãos que defendem os direitos de comunidades indígenas e tradicionais não teriam praticamente nenhum poder de intervenção no licenciamento. O parecer pode ser votado a qualquer momento no plenário da Câmara. Se aprovado, segue para o Senado.
Alteração nas resoluções do Conama 01/86 e 237/97
Hoje, a maioria dos empreendimentos com impactos socioambientais importantes precisa passar por um sistema de licenciamento com três fases: a prévia, de instalação e de operação. A proposta elaborada pela Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema) em tramitação no Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) prevê a criação de mais três novas modalidades de licenciamento, todas com o objetivo de simplificar processos: o licenciamento “unificado”; por “adesão e compromisso”; e por “registro”. A discussão do assunto no Conama foi prorrogada até o fim de julho.
(ISA/Envolverde – 8/6/2015)
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