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SUAPE

PROTESTO EM SUAPE

Funcionários de Suape fazem protesto nesta terça (13)

Trabalhadores do Coeg exigem direitos aos colegas demitidos

Divulgação/Sintepav

Estimativa é de que mais de 1500 homens se reúnam na manifestação em frente
à Refinaria | Divulgação/Sintepav
O início da terça-feira (13) promete ser de reivindicações e possíveis congestionamentos nas rodovias que levam ao Complexo de Suape. Às 7h, trabalhadores do consórcio Coeg (formado pelas empresas Conduto e Egesa) farão um ato de protesto em frente à portaria oeste (portão 02) da Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca. A manifestação é contra demissões que, segundo os trabalhadores, vêm sendo feitas de forma irregular. 
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Pernambuco (Sintepav), cerca de 500 funcionários já foram demitidos pelo consórcio; deste montante, 337 ainda não receberam a verba da rescisão do contrato. Em solidariedade aos colegas afastados, 1500 funcionários que ainda trabalham em Suape prometem paralisar as atividades até a resolução das pendências trabalhistas. 
Esta é a primeira manifestação de 2015, depois de 2014 ter sido marcado por diversos protestos dos trabalhadores da Refinaria. O Sintepav afirma que ainda há embates judiciais em prol dos demitidos das empresas Engevix e Alusa, que também estão com pagamentos atrasados.
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NOVAS DENÚNCIAS EM SUAPE

Em Suape, empresa compra área de posseiros mesmo com decisão judicial em contrário

Publicado em 10/05/2015

A advogada Conceição Lacerda, que defende diversos posseiros na região de Suape, denunciou ao Blog de Jamildo mais um caso de irregularidade envolvendo transações imobiliárias na comarca do Cabo, com áreas situadas no complexo do Porto de Suape. Uma empresa conseguiu comprar e averbar em cartório uma área de 12 hectares de um posseiro, mesmo havendo uma decisão judicial em contrário.
Na semana passada, a advogada já havia denunciado um suposto esquema de simulação de processos judiciais na comarca do Cabo de Santo Agostinho para desvio de recursos públicos da empresa Suape, tendo como instrumento recorrente acordos de reintegração com posseiros de terras na área do complexo. Depois, denunciou também que a empresa Suape beneficiou o fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal (Funcef) com a cessão de uma área de 117 hectares, de forma supostamente irregular, pelo prazo de 99 anos. Suape tem mantido silêncio sobre as denuncias, até aqui. A OAB também não se pronunciou até agora.
Tudo começou em janeiro de 1993, quando o posseiro Nicolau Francisco de Azevedo entrou com uma ação contra Suape, na 3ª Vara Civil do Cabo. Ele alegava que Suape estava perturbando a sua posse e usava de ameaças de violência, no lote 67 do engenho Algodoais. Suape alegou na Justiça que havia adquirido a propriedade do engenho Algodoais da Cooperativa Tiriri.
Não deu certo. O juiz concedeu a ele um interdito proibitório pelo qual Suape ficava proibido de molestar o autor em sua posse. Suape chegou a entrar com uma apelação no TJPE, mas não obteve sucesso.
De acordo com os autos do processo, em 1995 e depois em 2009, após obter o interdito proibitório, o posseiro pediu ao juiz do Cabo que registrasse o imóvel no nome dele. Ele pedia que o interdito proibitório fosse transformado em ação de manutenção de posse. O advogado na época já citava a urgência alegando a expectativa de valorização caso a “famigerada refinaria’ fosse instalada na comarca.
Em novembro de 2011, de forma muito clara, o juiz Arnóbio Amorim Araújo Júnior indeferiu o pedido, informando que não podia, não cabia.
“A ação foi de interdito possessório e não de adjudicação compulsória, de modo que é impossível anotação de eventual mandado de manutenção de posse no ofício imobiliário pertinente”, escreveu.
Na gestão de Frederico Amâncio como presidente de Suape, em 31 de julho de 2012, a administração do porto habilita novos advogados e pede vistas dos autos.
Ocorre que, em 23 de outubro de 2012, o juiz Rafael José de Menezes, mandou um despacho para o cartório mandando desmembrar a área, em favor de Nicolau Francisco de Azevedo. Uma certidão vitenária do imóvel mostra que ele foi vendido imediatamente a empresa ADX Empreendimentos LTDA, que opera em Suape em nome de grandes construtoras.
“Trata-se de uma ilegalidade. Isto é improbidade administrativa. Com esse ato, a Justiça acabou favorecendo a empresa ADX”, afirma a advogada Conceição Lacerda.
Em uma carta pública divulgada no dia 26 de fevereiro, no Recife, o Fórum Suape Sócio-Ambiental, fazendo referência reunião com posseiros em novembro do ano passado na OAB, reitera acusações de que Suape pratica abuso de poder econômico e fala em corrupção envolvendo a empresa e a existência de tráfico de influência no poder Judiciário de Pernambuco, segundo a instituição, usado para legitimar os atos supostamente ilícitos praticados pelos gestores da empresa Suape. No documento, reclamam ainda de omissão do Ministério Público de Pernambuco.
A polêmica envolvendo ações de reintegrações de posse ajuizadas pela empresa Suape é antiga e bastante complexa.
“Reconhecemos que o porto é um mal necessário. O que nos brigamos é para que haja o reconhecimento de que a escritura usada por Suape para repassar as terras dos posseiros para as empresas do complexo foi obtida de forma espúria. Todo o dinheiro que Suape recebeu tem que ir para os verdadeiros donos das terras, que é o Incra. Um dos problemas desta luta é que Suape não fez licitações para dar essas terras e não se conhece o valor”, afirma a advogada.
“O bem público é indisponível. Não se pode abrir mão dele. O porto de Suape contou, durante anos, com a cumplicidade do poder judiciário de Pernambuco, mas a Justiça Federal acabou de reconhecer que o Incra tem direito a ser discutido na causa. O TRF5 mandou o processo para a primeira instância e por distribuição o processo foi parar na 3ª Vara Federal julgar o caso. O juiz federal reconheceu a competência da Justiça Federal para julgar o feito, em razão do interesse do Incra. Se o nosso bom direito for confirmado, na Justiça Federal, isto significa que as mais de mil e duzentas reintegrações de posse feitas no plano estadual são nulas”, diz.
“Eles (Suape) e o Incra local mentem descaradamente. Quando são questionados, afirmam que os decretos de desapropriação do Incra perderam a validade com um decreto de Geisel de 1978 (82.899). Só que também este decreto foi revogado em 15 de fevereiro de 1991. Além disto, há documentos internos de Suape, com timbre oficial, reconhecendo a propriedade do Incra”, diz.
A base de toda polêmica é um título de propriedade expedido pelo Incra em 22 de julho de 1980, assinado pelo presidente da entidade e o agricultor Manoel Alves da Silva, então presidente da cooperativa Tiriri. Com o ato oficial, o governo Federal repassava para os posseiros o título de propriedade em uma época que a pressão no campo era bastante elevada. O projeto era ajudado pela Sudene, que fez o levantamento da área e dos beneficiários.
O documento do Incra previa que o domínio ou a posse dos imóveis seriam revertidos ao órgão, em caso de descumprimento do uso, previsto numa cláusula resolutiva. Em 24 de julho de 1980, curiosamente, já havia uma escritura pública assinada pela cooperativa Tiriri vendendo as terras dos agricultores para o porto de Suape, sem a interveniência do Incra. Na peça, o tabelionato do Cabo tem o cuidado de registrar que não foi apresentada certidões do Incra sobre a propriedade.
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ENTREVISTA COM SEBASTIÃO RAULINO – RBJA

“Falta de investimento transformou Baía da Guanabara num grande receptor de esgotos domésticos”, diz biólogo

Pescadores artesanais, marisqueiros e catadores de caranguejos são alguns dos grupos mais atingidos
16/04/2015
Por Rogério Daflon,
Do Rio de Janeiro (RJ)
Professor de biologia Sebastião Raulino é um dos membros mais atuantes do Fórum dosAtingidos pela Indústria de Petróleo e Petroquímica das Cercanias da Baía de Guanabara. Raulino aponta, nesta entrevista, sua preocupação quanto ao futuro da Baía. O professor fez alertas fundamentais sobre o nosso mais belo e desrespeitado tesouro ambiental, lugar de vida e memórias de populações que somadas são mais de 10 milhões de pessoas.

Qual é o quadro social da Baía de Guanabara hoje?

Sebastião Raulino – A Baía é um corpo hídrico que une diversos municípios do Rio de Janeiro. Nela, há praias, restingas, costões rochosos, muitos manguezais, Mata Atlântica, enfim, uma grande diversidade de ecossistemas. Esse cenário vem se degradando, especialmente, a partir da segunda metade do século XX, com a industrialização da região, sobretudo com a indústria do petróleo, petroquímica e química. A industrialização atraiu milhares de trabalhadores desde então. Assim, devido à falta de investimento em infraestrutura urbana para receber essa população migrante, surgiram loteamentos precários, sem água, sem esgoto e com coleta de ixo precária. Tudo isso transformou a Baía num grande receptor de esgotos domésticos sem tratamento e de efluentes industriais.

E o que isso causou?

Ao longo do tempo, nós percebemos a diminuição da qualidade dos rios que deságuam na Baía de Guanabara, causando sua degradação, o que veio a afetar progressivamente a qualidade da água da própria Baía e, consequentemente, da fauna e flora. Manguezais, praias, lagoas foram sendo paulatinamente destruídos. Acompanhando esse processo, assistimos um quadro desolador criado em relação às populações tradicionais da Baía de Guanabara.

Poderia ser mais específico em relação a essas populações?

Pescadores artesanais, marisqueiros e catadores de caranguejos são alguns dos grupos mais atingidos. Esses grupos que, historicamente, subsistem a partir da Baía se viram frequentemente ameaçados e impedidos de exercer seu trabalho, numa violação de direitos que vem sendo negligenciada pelo poder público. Esses grupos vêm decrescendo ano a ano frente ao cenário de violações que vivem. Vale ressaltar que a perda desses grupos significa a perda de um modo de vida secular e conhecimentos próprios em relação à própria Baía de Guanabara. Significa também a perda de sustento de várias famílias e o agravamento de problemas sociais na região. Repercute também no distanciamento que o modo de vida de nossa sociedade gera em relação à natureza, mesmo num cenário natural tão rico como o Rio de Janeiro e a Baía de Guanabara.




O senhor poderia destacar a indústria do petróleo e petroquímica nesse processo de degradação?
Nesse processo, a inauguração da Refinaria Duque de Caxias (REDUC) em 1961 e o polo petroquímico que se formou ao seu redor são marcos mais importantes. O vazamento de óleo de 2000, que despejou mais de um milhão de litros na Baía de Guanabara, também merece ser lembrado, dado ao cenário de degradação e perda de produção pesqueira que se observou a partir desse episódio. A intensificação do modelo petróleo dependente no estado do Rio de Janeiro, com o anúncio do pré-sal e a implantação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) prenuncia um cenário de maior pressão ambiental sobre a Baía de Guanabara, retirando da população a sua possibilidade de escolha sobre qual Baía de Guanabara deseja. A sociedade precisa escolher se quer uma Baía transformada em planta fabril, ocupada por oleodutos, gasodutos, terminais de gás, portos e uma sobrecarga de navios ligados à cadeia de petróleo ancorada em seu espelho d’água ou se deseja uma Baía de Guanabara despoluída, com paisagens que sempre foram símbolos do país, onde diferentes formas de uso sustentável possam conviver nesse espelho d’água.
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SUAPE Violações

EMPRESA SUAPE ATOLADA EM DENÚNCIAS

Suape deu área pública de mão beijada para Funcef, denuncia advogada de posseiros

Blog do Jamildo
Publicado em 02/05/2015
nazaré
Depois de denunciar um suposto esquema de simulação de processos judiciais na comarca do Cabo de Santo Agostinho para desvio de recursos públicos da empresa Suape, tendo como instrumento recorrente acordos de reintegração com posseiros de terras na área do complexo, a advogada Conceição Lacerda, que defende diversos posseiros na região de Suape, em sua saga para chamar atenção para problemas fundiários no Cabo e em Ipojuca, denunciou, ao Blog de Jamildo, que a empresa Suape beneficiou o fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal (Funcef) com a cessão de uma área de 117 hectares, de forma irregular.  Pelo prazo de 99 anos.
“Suape deu uma área de 117 hectares de mão beijada à Funcef. A contrapartida era a empresa chamada Prefasa restaurar os monumentos históricos e fazer a manutenção e conservação dos prédios públicos existentes no parque Armando Holanda Cavalcanti e isto nunca foi feito. A gestão de Suape não podia ter dado a área. Não há interesse público. O que há é interesse imobiliário. O objetivo era enriquecer a Funcef? O favorecimento da empresa não podia ocorrer, além do mais, porque a área foi repassada para a Cooperativa Agrícola do Tiriri, pelo Incra, na década de 80, depois de haver sido desapropriada para fins de para reforma agrária”, declara a advogada..
De acordo com as informações levantadas pela advogada, nos autos dos processos, por meio de uma empresa denominada Prefasa, depois sucedida por outra Caribe Empreendimentos, e, posteriormente, pela Ipojuca Empreendimentos e Participações Ltda, o objetivo da cessão das terras seria a construção de um campo de golfe e bangalôs e outros equipamentos turísticos, ao lado de onde o grupo previdenciário Funcef já havia construído, anos antes, o hotel Caesar Park. Na empreitada inicial do hotel, a Funcef contou com a consultoria do falecido empresário Wilson Campos Júnior, irmão do ex-senador Carlos Wilson Campos, ex- presidente da Infraero no primeiro governo do presidente Lula.
A querela judicial começou quando a Funcef entrou com uma ação de reintegração de posse contra o posseiro Marciano Justo da Silva, hoje com 94 anos, que ocupava uma área de 20 hectares adjacente ao hotel resort, correspondente aos dois lotes de 10 ha que foram destinados a ele e à família de sua esposa, desde a década de 60.  Marciano Justo é um dos diversos agricultores beneficiados com as ações do Incra da década de 60, antes mesmo da época que Suape foi criado pelo governo do Estado (78).
A disputa em questão começou em 2007, primeiro ano da gestão Eduardo Campos. Sem solução na primeira instância, no Cabo, Suape e Funcef recorreram e o caso subiu para a segunda instância, no TJPE.
O magistrado Fernando Cerqueira, relator em uma das turmas do TJPE, votou pela incompetência da Justiça estadual, mas foi voto vencido (os outros dois desembargadores votaram contra). No final do julgamento, um acordão determinava que o processo voltasse para a vara de origem. no Cabo. O caso está agora na 3ª Vara da Justiça Federal.
No final do ano passado, mais precisamente 10 de novembro de 2014,  os autos do processo foram encaminhados para o TRF5. O desembargador Rogério Fialho mandou que os autos fossem distribuídos para uma das varas federais. No dia 17 de dezembro de 2014, o juiz Frederico José Pinto de Azevedo, da 3ª Vara Federal, concluiu pela competência da Justiça Federal, ao reconhecer o direito do Incra sobre as terras na ação.
Vai começar tudo de novo.
Caso o entendimento prospere, por analogia, as mais de mil ações de reintegração de posse promovidas por Suape podem ser declaradas nulas, já que em todas elas em tese sido ignorado o interesse do INCRA, o que deslocaria a competência para a Justiça Federal.
“O Incra foi passado para trás pela venda dos imóveis para o porto de Suape, por meio de uma venda realizada pela Cooperativa Tiriri. Suape comprou de quem não podia vender. As terras são do Incra”, sustenta a advogada.
Em uma carta pública divulgada no dia 26 de fevereiro, no Recife, o Fórum Suape Sócio-Ambiental, fazendo referência reunião com posseiros em novembro do ano passado na OAB, reitera acusações de que Suape pratica abuso de poder econômico e fala em corrupção envolvendo a empresa e a existência de tráfico de influência no poder Judiciário de Pernambuco, segundo a instituição, usado para legitimar os atos supostamente ilícitos praticados pelos gestores da empresa Suape. No documento, reclamam ainda de omissão do Ministério Público de Pernambuco.
A polêmica envolvendo ações de reintegrações de posse ajuizadas pela empresa Suape é antiga e bastante complexa.
“Reconhecemos que o porto é um mal necessário. O que nos brigamos é para que haja o reconhecimento de que a escritura usada por Suape para repassar as terras dos posseiros para as empresas do complexo foi obtida de forma espúria. Todo o dinheiro que Suape recebeu tem que ir para os verdadeiros donos das terras, que é o Incra. Um dos problemas desta luta é que Suape não fez licitações para dar essas terras e não se conhece o valor”, afirma a advogada.
“O bem público é indisponível. Não se pode abrir mão dele. O porto de Suape contou, durante anos, com a cumplicidade do poder judiciário de Pernambuco, mas a Justiça Federal acabou de reconhecer que o Incra tem direito a ser discutido na causa. O TRF5 mandou o processo para a primeira instância e por distribuição o processo foi parar na 3ª Vara Federal julgar o caso. O juiz federal reconheceu a competência da Justiça Federal para julgar o feito, em razão do interesse do Incra. Se o nosso bom direito for confirmado, na Justiça Federal, isto significa que as mais de mil e duzentas reintegrações de posse feitas no plano estadual são nulas”, diz.
“Eles (Suape) e o Incra local mentem descaradamente. Quando são questionados, afirmam que os decretos de desapropriação do Incra perderam a validade com um decreto de Geisel de 1978 (82.899). Só que também este decreto foi revogado em 15 de fevereiro de 1991. Além disto, há documentos internos de Suape, com timbre oficial, reconhecendo a propriedade do Incra”, diz.
A base de toda polêmica é um título de propriedade expedido pelo Incra em 22 de julho de 1980, assinado pelo presidente da entidade e o agricultor Manoel Alves da Silva, então presidente da cooperativa Tiriri. Com o ato oficial, o governo Federal repassava para os posseiros o título de propriedade em uma época que a pressão no campo era bastante elevada. O projeto era ajudado pela Sudene, que fez o levantamento da área e dos beneficiários. O documento do Incra previa que o domínio ou a posse dos imóveis seriam revertidos ao órgão, em caso de descumprimento do uso, previsto numa cláusula resolutiva. Em 24 de julho de 1980, curiosamente, já havia uma escritura pública assinada pela cooperativa Tiriri vendendo as terras dos agricultores para o porto de Suape, sem a interveniência do Incra. Na peça, o tabelionato do Cabo tem o cuidado de registrar que não foi apresentada certidões do Incra sobre a propriedade.
Pressão na OAB
Em novembro do ano passado, a OAB chegou a realizar uma audiência pública com os moradores das áreas de Suape, que foram justamente pedir apoio da OAB-PE para os casos de desapropriação suspeitos de irregularidade. No evento, um dos conselheiros da OAB, ; o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa, João Olímpio Mendonça, chegou a afirmar publicamente que estaria ocorrendo violações dos direitos humanos. Veja aqui.
Em 26 de fevereiro deste ano, quatro entidades, capitaneadas pelo Fórum Suape Sócio-Ambiental, Comissão Pastoral da Terra e MST, divulgaram uma carta aberta cobrando uma posição oficial do presidente da Ordem, Pedro Henrique Reynaldo Alves, depois da audiência pública.
“No caso da OAB, o problema de Pedro Henrique é que ele está agindo mais como procurador do Estado e menos como presidente da entidade, que tem como uma de suas missões defender os interesses difusos, defender o interesse público”, acredita.
O principal pleito do grupo de militantes é pedir que a OAB entre, em Brasília, com uma ação declaratória de nulidade, considerando que, apesar de passado tanto tempo desde os primeiros atos de desapropriação, o caso não prescreve.
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SUAPE

SUSPEIÇÃO NOS ACORDOS DE REINTEGRAÇÕES DE POSSE EM SUAPE

Advogada põe sob suspeita acordos milionários de Suape para reintegrações de posse no Cabo

Blog do Jamildo (Publicado em 01/05/2015)

A advogada Conceição Lacerda, que defende diversos posseiros na região de Suape, denunciou, nesta quinta-feira, em visita ao Blog de Jamildo, um suposto esquema de simulação de processos judiciais na comarca do Cabo de Santo Agostinho para desvio de recursos públicos da empresa Suape, tendo como instrumento recorrente acordos de reintegração com posseiros de terras na área do complexo.
Em uma situação das mais inusitadas, a advogada cita o caso de quatro processos em que um único posseiro e sua esposa foram contemplados com a significativa quantia de R$ 2.152.000,00 (dois milhões cento e cinquenta e dois mil reais). Os processos foram autuados sob os números 0005737-78.2009.8.17.03701, 0006912-73.2010.8.17.0370, 0003507-92.2011.8.17.0370, e 0010029-38.2011.17.0370, todos na comarca do Cabo de Santo Agostinho.
“Nas petições iniciais de Suape nessas ações de reintegração de posse, as áreas não estão sequer identificadas, não há laudos periciais, não há intimação, não há identificação dos imóveis. Como saber de que benfeitorias estamos falando? É uma sangria só”, avalia a advogada.
O primeiro acordo foi homologado em 31 de agosto de 2009, no nome da mulher do agricultor, sem advogado na assistência, no valor de R$ 42 mil. Não há identificação do imóvel na petição.
No segundo acordo, já em 20 de dezembro de 2010, o valor do acordo soma R$ 170 mil. A petição cita o nome do mesmo agricultor, mas  ele  foi substituído no polo passivo pela mesma senhora que recebe os primeiros pagamentos.
No terceiro acordo, por 100 hectares, sequer devidamente localizados, o mesmo agricultor recebeu R$ 1,3 milhão, em acordo fechado no dia 09 de junho de 2011. Mais uma vez a senhora recebe o cheque milionário.
Em um quarto acordo, somente três meses depois, realizado em 26 de outubro de 2011, o mesmo produtor rural recebe ainda uma indenização de R$ 640 mil, por 26 hectares no Engenho Setúbal, mas a área específica não está identificada, de acordo com os autos do processo.
Em uma carta pública divulgada no dia 26 de fevereiro, no Recife, o Fórum Suape Sócio-Ambiental, fazendo referência reunião com posseiros em novembro do ano passado na OAB, reitera acusações de que Suape pratica abuso de poder econômico e fala em corrupção envolvendo a empresa e a existência de tráfico de influência no poder Judiciário de Pernambuco, segundo a instituição, usado para legitimar os atos supostamente ilícitos praticados pelos gestores da empresa Suape. No documento, reclamam ainda de omissão do Ministério Público de Pernambuco.
A polêmica envolvendo ações de reintegrações de posse ajuizadas pela empresa Suape é antiga e bastante complexa.
“Reconhecemos que o porto é um mal necessário. O que nos brigamos é para que haja o reconhecimento de que a escritura usada por Suape para repassar as terras dos posseiros para as empresas do complexo foi obtida de forma espúria. Todo o dinheiro que Suape recebeu tem que ir para os verdadeiros donos das terras, que é o Incra. Um dos problemas desta luta é que Suape não fez licitações para dar essas terras e não se conhece o valor”, afirma a advogada.
“O bem público é indisponível. Não se pode abrir mão dele. O porto de Suape contou, durante anos, com a cumplicidade do poder judiciário de Pernambuco, mas a Justiça Federal acabou de reconhecer que o Incra tem direito a ser discutido na causa. O TRF5 mandou o processo para a primeira instância e por distribuição o processo foi parar na 3ª Vara Federal julgar o caso. O juiz federal reconheceu a competência da Justiça Federal para julgar o feito, em razão do interesse do Incra. Se o nosso bom direito for confirmado, na Justiça Federal, isto significa que as mais de mil e duzentas reintegrações de posse feitas no plano estadual são nulas”, diz.
“Eles (Suape) e o Incra local mentem descaradamente. Quando são questionados, afirmam que os decretos de desapropriação do Incra perderam a validade com um decreto de Geisel de 1978 (82.899). Só que também este decreto foi revogado em 15 de fevereiro de 1991. Além disto, há documentos internos de Suape, com timbre oficial, reconhecendo a propriedade do Incra”, diz.
A base de toda polêmica é um título de propriedade expedido pelo Incra em 22 de julho de 1980, assinado pelo presidente da entidade e o agricultor Manoel Alves da Silva, então presidente da cooperativa Tiriri. Com o ato oficial, o governo Federal repassava para os posseiros o título de propriedade em uma época que a pressão no campo era bastante elevada. O projeto era ajudado pela Sudene, que fez o levantamento da área e dos beneficiários. O documento do Incra previa que o domínio ou a posse dos imóveis seriam revertidos ao órgão, em caso de descumprimento do uso, previsto numa cláusula resolutiva. Em 24 de julho de 1980, curiosamente, já havia uma escritura pública assinada pela cooperativa Tiriri vendendo as terras dos agricultores para o porto de Suape, sem a interveniência do Incra. Na peça, o tabelionato do Cabo tem o cuidado de registrar que não foi apresentada certidões do Incra sobre a propriedade.
Pressão na OAB
Em novembro do ano passado, a OAB chegou a realizar uma audiência pública com os moradores das áreas de Suape, que foram justamente pedir apoio da OAB-PE para os casos de desapropriação suspeitos de irregularidade. No evento, um dos conselheiros da OAB, ; o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa, João Olímpio Mendonça, chegou a afirmar publicamente que estaria ocorrendo violações dos direitos humanos. Veja aqui.
Em 26 de fevereiro deste ano, quatro entidades, capitaneadas pelo Fórum Suape Sócio-Ambiental, Comissão Pastoral da Terra e MST, divulgaram uma carta aberta cobrando uma posição oficial do presidente da Ordem, Pedro Henrique Reynaldo Alves, depois da audiência pública.
“No caso da OAB, o problema de Pedro Henrique é que ele está agindo mais como procurador do Estado e menos como presidente da entidade, que tem como uma de suas missões defender os interesses difusos, defender o interesse público”, acredita.
O principal pleito do grupo de militantes é pedir que a OAB entre, em Brasília, com uma ação declaratória de nulidade, considerando que, apesar de passado tanto tempo desde os primeiros atos de desapropriação, o caso não prescreve.
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Petróleo SUAPE

ADVOGADA DE POSSEIROS EM SUAPE COBRA POSIÇÃO DA OAB

Advogada de posseiros em Suape cobra posição da OAB sobre supostas irregularidades com reintegrações de posse

BLOG DO JAMILDO
Publicado em 30/04/2015
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
A advogada Conceição Lacerda, que defende um grupo de mais de 100 posseiros na região de Suape, cobrou, nesta quinta-feira, em visita ao Blog de Jamildo, uma posição oficial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Pernambuco sobre a polêmica envolvendo ações de reintegrações de posse ajuizadas pela empresa Suape.
A confusão é antiga e bastante complexa.
Em novembro do ano passado, a OAB chegou a realizar uma audiência pública com os moradores das áreas de Suape, que foram justamente pedir apoio da OAB-PE para os casos de desapropriação suspeitos de irregularidade. No evento, um dos conselheiros da OAB, ; o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa, João Olímpio Mendonça, chegou a afirmar publicamente que estaria ocorrendo violações dos direitos humanos. Veja aqui.
Em 26 de fevereiro deste ano, quatro entidades, capitaneadas pelo Fórum Suape Sócio-Ambiental, Comissão Pastoral da Terra e MST, divulgaram uma carta aberta cobrando uma posição oficial do presidente da Ordem, Pedro Henrique Reynaldo Alves, depois da audiência pública.
“Reconhecemos que o porto é um mal necessário. O que nos brigamos é para que haja o reconhecimento de que a escritura usada por Suape para repassar as terras dos posseiros para as empresas do complexo foi obtida de forma espúria. Todo o dinheiro que Suape recebeu tem que ir para os verdadeiros donos das terras, que é o Incra. Um dos problemas desta luta é que Suape não fez licitações para dar essas terras e não se conhece o valor”, afirma a advogada. “No caso da OAB, o problema de Pedro Henrique é que ele está agindo mais como procurador do Estado e menos como presidente da entidade, que tem como uma de suas missões defender os interesses difusos, defender o interesse público”, acredita.
O principal pleito do grupo de militantes é pedir que a OAB entre, em Brasília, com uma ação declaratória de nulidade, considerando que, apesar de passado tanto tempo desde os primeiros atos de desapropriação, o caso não prescreve.
“O bem público é indisponível. Não se pode abrir mão dele. O porto de Suape contou, durante anos, com a cumplicidade do poder judiciário de Pernambuco, mas a Justiça Federal acabou de reconhecer que o Incra tem direito a ser discutido na causa. O TRF5 mandou o processo para a primeira instância e por distribuição o processo foi parar na 3ª Vara Federal julgar o caso. O juiz federal reconheceu a competência da Justiça Federal para julgar o feito, em razão do interesse do Incra. Se o nosso bom direito for confirmado, na Justiça Federal, isto significa que as mais de mil e duzentas reintegrações de posse feitas no plano estadual são nulas”, diz.
“Eles (Suape) e o Incra local mentem descaradamente. Quando são questionados, afirmam que os decretos de desapropriação do Incra perderam a validade com um decreto de Geisel de 1978 (82.899). Só que também este decreto foi revogado em 15 de fevereiro de 1991. Além disto, há documentos internos de Suape, com timbre oficial, reconhecendo a propriedade do Incra”, diz.
A base de toda polêmica é um título de propriedade expedido pelo Incra em 22 de julho de 1980, assinado pelo presidente da entidade e o agricultor Manoel Alves da Silva, então presidente da cooperativa Tiriri. Com o ato oficial, o governo Federal repassava para os posseiros o título de propriedade em uma época que a pressão no campo era bastante elevada. O projeto era ajudado pela Sudene, que fez o levantamento da área e dos beneficiários. O documento do Incra previa que o domínio ou a posse dos imóveis seriam revertidos ao órgão, em caso de descumprimento do uso, previsto numa clásula resolutiva. Em 24 de julho de 1980, curiosamente, já havia uma escritura pública assinada pela cooperativa Tiriri vendendo as terras dos agricultores para o porto de Suape, sem a interveniência do Incra. Na peça, o tabelionato do Cabo tem o cuidado de registrar que não foi apresentada certidões do Incra sobre a propriedade.
Na avaliação da advogada dos posseiros, a cláusula buscou livrar o cartório de responsabilidade, uma vez que o titulo original que outorgava a propriedade das terras dizia claramente que, sem o uso previsto para reforma agrária, seria anulado e a propriedade voltaria ao Incra.
Manoel Alves da Silva já morreu. A cooperativa ainda existe e funciona legalmente. Padre Melo, um dos agentes com ascendência sobre a entidade na época da ditadura e era tido como um dos mentores de Manoel Alves da Silva, também já morreu, mas já não morava nem mais no Estado de Pernambuco. A depender das marchas e contramarchas, netos e bisnetos dos posseiros podem receber alguma indenização pela posse da terra no passado.
Com a palavra, a OAB, Incra e Suape.
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DENÚNCIA DA COVARDIA COMETIDA PELA EMPRESA SUAPE

Um grupo de pessoas representando o Forum Suape, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Centro das Mulheres do Cabo (CMC) estiveram nesta manhã de domingo (5/4/) participando da Reunião da Associação de Moradores do Engenho Tabatinga, no Território onde está instalado o Complexo Industrial Portuário de Suape (CIPS).O convite feito tinha o objetivo de discutir as ações de violência e truculência praticada pela Diretoria de Gestão Fundiária e Patrimônio de Suape contra os moradores deste Engenho.
A expulsão de quem já vive naquelas terras mesmo antes do CIPS se instalar é “tarefa” desta Diretoria que tem como diretor o ex coronel da Policia Militar Sebastião Pereira Lima.
A violência como são tratados os moradores não é novidade, pois o “modus operandi” faz parte da rotina de terror que são submetidos os trabalhadores agricultores familiares, pescadores  instalados em uma área, que a empresa Suape insiste em afirmar que é proprietária. E quem está ali morando a dezenas de anos são “invasores”.
As violência são praticadas pelas “milícias”, como são chamados pelos moradores. São constituídas por segurança contratada (terceirizada) e por funcionários da Diretoria de Gestão (ex policiais, ex delegados). Nesta território fora da lei, a empresa Suape aterroriza os moradoras. Usando de patentes da policia militar e civil os funcionários de Suape ameaçam diuturnamente. Fazem com que a vida dos moradores se torne um “inferno”. Andam armados e ameaçam a integridade física das pessoas.
Inúmeros boletins de ocorrência já foram lavrados em Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho apontando as violências cometidas pelas “milícias” de Suape. Denuncias ao Ministério Publico, a Comissão de Direitos Humanos e a Presidência da OAB-PE já foram encaminhadas. Mas nada é feito para que seja cumprida a lei naquele território, cuja lei é exercida pela empresa Suape.
A covardia é tanta que viaturas e motos chegam em determinado sítio (geralmente com área de 10 ha) com pessoas armadas e arrancam cercas, destroem plantações, ameaçam as pessoas.
As autoridades eclesiásticas, da justiça, e políticos sabem o acontecem e se calam. Se omitem frente a selvageria da empresa Suape.  Infelizmente não existe diálogo, e a responsabilidade do que acontece ali é do governo do Estado. É o governador quem indica o presidente da empresa CIPS, que é o atual secretario estadual de Desenvolvimento Econômico Thiago Arraes de Alencar Norões.
A indignação toma conta de quem convive com esta ação de barbárie, de um Estado “fora da Lei”, e exige que medidas sejam tomadas para dar um basta na violência cometida pelo próprio Estado contra seus cidadãos.
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Ambiental Violações

DENUNCIA DE CRIME AMBIENTAL NÃO SÃO APURADOS EM PERNAMBUCO.

Em Pernambuco, pescadores e pescadoras da comunidade de Baldo do Rio, no município de Goiana, vêm denunciando aos órgão estaduais de meio ambiente poluição causada pela indústria KABLIN, mas nenhum providência foi tomada.
Leia-se CPRH – uma organização responsável pela gestão ambiental no Estado de Pernambuco, responsável pela execução da política de meio ambiente, com atuação na conservação e na pesquisa aplicada às atividades de controle ambiental. É detentora, ainda, do poder de polícia administrativa, atuando através da gestão dos recursos ambientais e sobre as atividades e os empreendimentos utilizadores dos recursos naturais considerados poluidores ou que possam causar a degradação ambiental.
A CPRH fecha os olhos para os crimes ambientais por orientação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. E a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade: serve para que? Se não for assim que prove o contrário e coíba os crimes.
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AS DEMISSÕES CONTINUAM EM SUAPE

Galvão Engenharia demite 40 trabalhadores

Publicado em 25/03/2015
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As demissões aconteceram nos dias 27 de fevereiro, 2,5 e 16 de março de 2015, por encerramentos e paralisação de contratos.
A empresa presta serviços à Petrobras nas obras de construção da Refinaria Abreu e Lima (RNEST) e também nas obras da ferrovia Transnordestina (Acesso Suape) e alegou que atravessa dificuldades econômicas e financeiras. Os trabalhadores ainda não receberam as verbas rescisórias.
Cerca de 40 trabalhadores demitidos da empresa Galvão Engenharia conseguiram na tarde de ontem a autorização de homologações das demissões através de uma audiência administrativa, realizada pelo do Ministério do Trabalho, solicitada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral no Estado de Pernambuco (Sintepav-PE).
A audiência administrativa concedeu aos trabalhadores a liberação das recisões contratuais para o uso exclusivo do saque do FGTS e Seguro Desemprego. As homologações aconteceram nesta quarta (25), a partir das 14h, na sede do Sintepav.
O sindicato informou aos trabalhadores presentes na audiência que irá promover os demais atos pertinentes juntos aos outros orgãos competentes. A empresa não forneceu o prazo para o pagamento das verbas rescisórias.
De acordo com o presidente do Sintepav, Aldo Amaral, o sindicato é a peça de garantia dos direitos dos trabalhadores.
“A gente vem lutando para que os trabalhores recebam seus direitos, as verbas rescisórias, o que eles trabalharam, que eles recebam. O direito dos trabalhores tem que ser garantido, eles têm contas para pagar, ressalta Aldo.
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DEMISSÕES EM SUAPE

Demissões em Suape afetam ritmo do comércio varejista no Grande Recife

Constatação foi feita em pesquisa que avaliou expectativas para fim do ano.
No pico das obras, Refinaria teve 47 mil operários; atualmente são 22,5 mil.

Renan Holanda Do G1 PE 11/12/2014 

Comércio no Centro do Recife na véspera do Dia dos Pais (Foto: Reprodução/ TV Globo)

Consumidor da RMR deve gastar, em média, R$ 784 com
as compras de fim de ano (Foto: Reprodução/ TV Globo)
Protestos e seguidas audiências na Justiça trouxeram à tona o impasse envolvendo as demissões em massa de operários que atuaram em grandes empreendimentos no estado, sobretudo no Complexo de Suape, no Grande Recife. Esse processo de desmobilização de mão de obra, no entanto, tem gerado repercussão negativa não só entre os milhares de trabalhadores afetados: o mercado consumidor da Região Metropolitana também sentiu o baque. Pelo menos é o que aponta uma sondagem do Instituto Fecomércio com as expectativas do comércio varejista para este fim de ano. Nesta quinta (11), operários que atuaram na construção da Refinaria Abreu e Lima começaram a acertar as rescisões dos contratos de trabalho.
De acordo com o estudo, a própria conjuntura econômica nacional, com crescimento da inflação e queda no ritmo de crescimento da renda, tem afetado o ritmo no varejo. Em Pernambuco, a conclusão da fase de implantação de empreendimentos estruturadores em vários municípios se soma a esses fatores, já tendo afetado o ritmo de vendas no meio do ano. Um levantamento feito pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral (Sintepav-PE) a pedido do G1 constatou que, apenas no segundo semestre de 2014, cerca de 5 mil demissões, a maioria de Suape, foram homologadas na sede da entidade, na Zona Oeste do Recife.
Segundo o sindicato, esse quantitativo é ainda maior, já que o levantamento não incluiu as demissões homologadas em subsedes como Ipojuca e Salgueiro, por exemplo. “A Alusa [terceirizada que presta serviço a Petrobras] mesmo não vem recebendo os créditos e por conta disso são quase 5 mil trabalhadores sem receber. Tudo isso causa um grande impacto, atrasa as contas, não tem como gastar no comércio em pleno final de ano”, lamenta o presidente do Sintepav-PE, Aldo Amaral. Entre setembro e outubro, foram 4,7 mil desligamentos na Alusa.
O estudo da Fecomércio revelou que o valor médio que o consumidor pernambucano deve gastar com as comemorações de fim de ano é de R$ 922,80. Na Região Metropolitana do Recife, contudo, esse valor cai para R$ 784. Em Salgueiro, onde também há grandes empreendimentos sendo tocados, a quantia é ainda menor: R$ 718,33. Na cidade, as obras da Transposição já cortaram algo em torno de 400 trabalhadores desde outubro. Diariamente, entre dez e 15 operários são demitidos. No quesito expectativas de compra, os municípios do Agreste ficaram nas melhores posições. Em Garanhuns, o valor médio que o consumidor pretende gastar é de R$ 1.405,77. Santa Cruz do Capibaribe vem logo em seguida, com R$ 1.057,48.
Gráfico descreve o valor médio que os consumidores pretendem gastar com as compras de fim de ano (Foto: Reprodução)Gráfico descreve o valor médio que os consumidores pretendem gastar com as compras de fim de ano (Foto: Reprodução)
Para o coordenador da pesquisa, o economista e consultor da Ceplan, Osmil Galindo, outro fator importante envolvendo a desmobilização de mão de obra precisa ser levado em conta. “A maioria desses trabalhadores veio de fora, e muita gente voltou de onde veio. Muita gente da Refinaria veio da Bahia, tem muita mão de obra que veio do interior. Eles voltam para as terras deles. Talvez o comércio estivesse um pouco despreparado para isso”, explica. Galindo também lembra que, embora as atenções estejam muito voltadas para Suape, o município de Goiana também deve passar pelo mesmo problema. Segundo ele, a indústria de vidros Vivix já concluiu a sua fábrica e o mesmo aconteceu com as primeiras etapas da instalação da Hemobrás.
Mesmo com todos esses problemas, os empresários do varejo pernambucano tentam manter o otimismo. No primeiro fim de semana de dezembro, que caiu exatamente junto a um feriado na segunda-feira no Recife (Dia de Nossa Senhora da Conceição), as vendas foram satisfatórias. “O mês começou bem. A gente sabe que só dá para tirar uma média quando o mês acaba, mas esse início positivo já é um termômetro do que deve vir pela frente”, comemora o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do Recife, Eduardo Catão.
A pesquisa encomendada pela Fecomércio, por outro lado, revela um certo ceticismo do empresariado no que diz respeito à expectativa de vendas para este fim de ano com relação a 2013. A maioria acredita que as vendas serão menores ou, no melhor cenário, iguais ao ano passado. Em média, a expectativa de alta para dezembro é de somente 3,2%. Com relação ao balanço total do ano, os empresários acreditam que o resultado deve ficar 1,5% inferior ao alcançado em 2013.
Futuro
Com a conclusão desses grandes empreendimentos, não só há a desmobilização da mão de obra como também uma mudança no perfil dos novos trabalhadores, mais qualificados e especializados. Na Refinaria Abreu e Lima, as obras já atingiram 90,66%, segundo dados de outubro. De acordo a Petrobras, 22,5 mil trabalhadores atuam na obra. O pico máximo de ocupação, em 2012, foi de 47 mil operários.
No início do mês, o governador João Lyra Neto (PSB) se comprometeu a tentar interceder pelos funcionários que prestaram serviço na construção da Refinaria, ainda que o poder público estadual não seja responsável diretamente pela questão. O governo mostrou disposição também em acionar a Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos para ver o que pode ser feito pelos trabalhadores que estão sem ter onde morar.
“Nós vamos ver os caminhos que podemos trilhar para poder ajudar a construir uma estratégia junto ao Tribunal Regional do Trabalho e ao Ministério Público do Trabalho. É preciso encontrar uma solução, vamos percorrer todas essas instâncias”, disse o governador na ocasião.
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