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Fórum Suape

AINDA SOBRE A REUNIÃO DO FÓRUM SUAPE E MEMBROS COM A DIREÇÃO DA OAB-PE

Esta postagem é  um  texto enviado pela Dra. Conceição Lacerda, incansável advogada defensora dos legítimos interesses das comunidades do entorno de Suape e membro do Fórum Suape Espaço Socioambiental.
Transcrevo, na íntegra, a notícia publicada no site da OAB/PE:
“Motivados pela violação de direitos das comunidades do entorno do Complexo Industrial Portuário de Suape, integrantes do Fórum Suape – Espaço Socioambiental, procuraram a direção da OAB-PE em busca de apoio. Na tarde da terça-feira, dia 11, estiveram reunidos na sede da Ordem, com o presidente Pedro Henrique Reynaldo Alves; o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa, João Olímpio Mendonça; e a presidente da Subseccional OAB do Cabo de Santo Agostinho, Geny Lyra.
Na audiência informal, que contou com a expressiva participação de moradoras das áreas que formam hoje o Complexo de Suape, foram coletadas informações que irão subsidiar a atuação da OAB-PE no caso. Nos depoimentos dados pela população, relatos de violência nas expropriações e de indenizações irrisórias. Destacada, também, a atual situação das famílias, já desapropriadas, que não dispõem de condições financeira, nem psicológica, para conduzirem de forma digna suas vidas.
Dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apresentados na reunião, indicam que há um grande comprometimento da saúde física e mental – elevado índice de doenças, principalmente psicológicas, a exemplo da depressão – dos moradores, por conta da forma tida como arbitrária de desocupação da área, imposta pela direção do Complexo de Suape. “São dados que caracterizam a violação dos direitos mais elementares da pessoa humana”, destacou João Olímpio.
Ressaltando ser a OAB a casa da advocacia e da cidadania, o presidente da Seccional pernambucana, Pedro Henrique, disse não formar nenhum juízo, mas que todo desenvolvimento econômico é bem-vindo, só não pode ser a todo custo. “Ouvi depoimentos emocionantes e marcantes, que trouxeram elementos que demonstram o quão injusta está esta relação”, frisou. Ele se comprometeu, na ocasião, a estudar os casos e intermediar uma reunião com a direção de Suape. “Esperamos remeter essa questão para a mediação, no intuito de alcançarmos avanços através do diálogo, para que não precisemos recorrer às vias judiciais”, garantiu.
Acompanhando a audiência junto com os moradores, estiveram na sede da OAB-PE, a advogada militante, Conceição Lacerda Contijo; e representantes do Fórum Suape – Espaço Socioambiental, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), do Centro das Mulheres do Cabo e da Fiocruz, respectivamente, Mercedes Pérez, Mariana Vidal, Nivete Azevedo e Mariana Olivia. “
Impende, inicialmente, fazer uma observação em relação ao tema do encontro realizado em 11 de novembro na OAB/PE. Na verdade não se trata de pedido de apoio em “casos de desapropriação”. Os agricultores estão sistematicamente sendo expulsos de suas terras através de AÇÕES DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE ajuizadas pela SUAPE, empresa que nunca exerceu, anteriormente, a posse sobre as áreas objeto das demandas.
 Portanto, não tendo atendido, desde o início, os requisitos legais para o ajuizamento da ação possessória, se recebidas as iniciais todas as ações estavam fadadas a uma sentença de IMPROVIMENTO. Não foi o que ocorreu.
Ao contrário, o Tribunal de Justiça de Pernambuco concedeu a antecipação de tutela requerida pela estatal, mediante o depósito de irrisórias quantias, justificando que os valores estavam certos porque as avaliações foram feitas por técnicos indicados pela autora, uma empresa do Estado.  Portanto, nada de contraditório, nada de ampla defesa, nada de respeito à legislação constitucional e infra constitucional. NADA DE DEVIDO PROCESSO LEGAL!
Todas as tentativas de diálogo com a empresa SUAPE, até o encaminhamento da denúncia à OAB/PE, foram inúteis.  A empresa SUAPE desconhece movimentos sociais, associações de moradores, organizações não governamentais e mobilização da sociedade civil. A empresa SUAPE desconhece o que preceitua a Carta da República e se alinha a interesses que, sob o apanágio do “DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO”, estão expostos na mídia nacional e internacional comoum dos maiores veios da corrupção nesse país. Mas não os únicos!
            Nesse encontro foram relatados pelos representantes das comunidades os ABUSOS DE PODER e as VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS que vêm sendo praticados pela empresa SUAPE COMPLEXO INDUSTRIAL PORTUÁRIO, e foram entregues aos representantes da OAB/PE mais provas documentais dos fatos denunciados.
            Diante da documentação anteriormente apresentada ao Presidente da Comissão de Direitos Humanos e analisada pela OAB/PE, e dos fatos relatados pelos representantes das comunidades, o Dr. Pedro Henrique Reynaldo Alves  declarou que a OAB/PE não ficará inerte diante da gravidade dos problemas levados ao seu conhecimento, reafirmando o compromisso da Instituição com a defesa da cidadania, tendo sempre se destacado na luta pela defesa dos direitos fundamentais e pela criação e preservação de um Estado Democrático de Direito.
            A presença física dos representantes das comunidades atingidas pelos desmandos da empresa SUAPE COMPLEXO INDUSTRIAL PORTUÁRIO foi uma demonstração contundente de que não se trata de meros interesses individuais, mas da defesa de interesses coletivos, da defesa de direitos fundamentais (casa, moradia, dignidade da pessoa humana, preservação e proteção cultural e ambiental,  direito à privacidade e à inviolabilidade de seus domicílios, garantia de acesso à justiça, dentre outros) de milhares de cidadãos que estão sendo vilipendiados, o que LEGITIMA a Ordem dos Advogados do Brasil, no exercício de seu papel institucional e através da sua Seccional em Pernambuco, a adotar as medidas judiciais necessárias ao restabelecimento da legalidade e da justiça.
            A OAB/PE, depois de analisar os documentos que foram entregues ao Presidente da Comissão de Direitos Humanos, Dr. João Olímpio Mendonça, não deixou sem resposta o pedido de ajuda que lhe foi dirigido pelas comunidades atingidas por graves violações aos seus direitos fundamentais.
Dando continuidade ao diálogo estabelecido com a OAB/PE, e depois de ouvidos pela Instituição os  representantes das comunidades atingidas, será entregue ao Dr. Pedro Henrique Reynaldo Alves um documento formalizando o pedido para que a ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, através da sua Seccional em Pernambuco, cumprindo o seu papel institucional de defender interesses difusos e coletivos, eusando das atribuições que lhe são legalmente conferidas, ajuíze a competente AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DO TÍTULO DE PROPRIEDADE OUTORGADO SOB CONDIÇÃO RESOLUTIVA  pelo INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA – INCRA à COOPERATIVA AGRÍCOLA DO TIRIRI, medida de direito e de justiça que se impõe, em caráter de urgência.
Foi dito, ainda, pelo Dr. Pedro Henrique Reynaldo Alves, que nas ações de reintegração de posse que já se encontram em curso, a ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, através da sua Seccional em Pernambuco, poderá vir a integrar a lide na condição de AMICUS CURIAE, acompanhando os feitos já ajuizados.
“Amicuscuriae é alguém que, mesmo sem ser parte, em razão de sua representatividade, é chamado ou se oferece para intervir em processo relevante com o objetivo de apresentar ao Tribunal a sua opinião sobre o debate que está sendo travado nos autos, fazendo com que a discussão seja amplificada e o órgão julgador possa ter mais elementos para decidir de forma legítima. Admite-se a intervenção do amicuscuriae em qualquer tipo de processo, desde que: a) a causa tenha relevância; e b) a pessoa tenha capacidade de dar contribuição ao processo.”[1]
Milhares de ações de reintegração de posse indevidamente ajuizadas contra milhares de posseiros, individualmente, representam potencial para gerar efeito multiplicador, não envolvendo apenas direitos individuais, mas DIREITOS COLETIVOS E DIFUSOS DE MILHARES DE FAMÍLIAS. Portanto, absolutamente admissível a intervenção da Ordem dos Advogados do Brasil, na condição de AMICUS CURIAE, através da sua Seccional de Pernambuco, nas ações de reintegração de posse ajuizadas pelo Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros, em trâmite na Justiça Estadual.
O efetivo apoio da ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL na defesa dos direitos fundamentais das comunidades atingidas pelos desmandos da empresa SUAPE passa, necessariamente, pelo imediato ajuizamento de uma AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DO TÍTULO DE PROPRIEDADE OUTORGADO SOB CONDIÇÃO RESOLUTIVA à COOPERATIVA AGRÍCOLA DO TIRIRI, em 22 de julho de 1980, devolvendo ao INCRA – INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA  AS TERRAS DESAPROPRIADAS PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA, e que foram ILEGALMENTEadquiridas pela empresa SUAPE, em 24 de julho de 1980.
A questão da corrupção, hoje na ordem do dia, vem bem mais de longe no caso da empresa SUAPE. E a área dos agricultores, esbulhada pela SUAPE, é o palco onde se desenrolam, hoje, as cenas de um scriptem que corruptores e corruptos protagonizam um segundo grande escândalo em Pernambuco. O primeiro deles, com certeza, foi a TREDESTINAÇÃO das áreas desapropriadas para fins de reforma agrária, como comprova a robusta documentação entregue à OAB/PE.
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Ambiental

MPA DISCUTE PESCA DE PEQUENA ESCALA NO PAÍS

Movimento de Pescadores Artesanais discute pesca de pequena escala 

Por , 19/11/2014 
Enviada para Combate Racismo Ambiental por Ruben Siqueira.
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Os participantes discutirão propostas de lei para regulamentar a prática pesqueira, especialmente a de baixa escala de produção
Arthur Paganini – Correio Braziliense
Brasília sedia, até hoje, quarta-feira (19/11), uma série de reuniões e atos que marcam a Campanha Nacional pela Regularização do Território das Comunidades Tradicionais Pesqueiras. O encontro, organizado pelo Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP), pretende ampliar as discussões que tratam da pesca de pequena escala pelas comunidades pesqueiras de todo país. Dezenas de representantes da pesca artesanal de todo país participam das atividades.
Os trabalhos foram abertos na segunda-feira (17). Entre as atividades, os participantes analisaram a conjuntura política da pesca e assistiram ao lançamento do vídeo documentário Vento Forte, que trata dos conflitos socioambientais em comunidades pesqueiras. Apoiado pelo Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), o vídeo relata os diversos desafios que envolvem a sobrevivência das comunidades pesqueiras, como a aquicultura empresarial, o turismo predatório, a pesca industrial, entre outros fatores.
Nesta terça-feira, o movimento se reúne para discutir propostas de lei para regulamentar a prática pesqueira, especialmente a de baixa escala de produção. Amanhã, os participantes serão recebidos pela secretaria-geral da Presidência da República. O evento ocorre no Retiro Assunção, na 611 Norte, em frente à via L2.
No Brasil, segundo dados do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), estima-se que a atividade envolva aproximadamente 2 milhões de pessoas e que o setor seja responsável por aproximadamente 45% da produção de pescado do país. Segundo dados do MPA, de setembro de 2011, de cerca de 970 mil pescadores registrados, 957 mil são pescadores e pescadoras artesanais e, atualmente, estão organizados em cerca de 760 associações, 137 sindicatos e 47 cooperativas.
No entanto, os maiores desafios da pesca artesanal estão relacionados à participação dos pescadores nas organizações sociais, ao alto grau de analfabetismo e baixa escolaridade, ao desconhecimento da legislação na base, aos mecanismos de gestão compartilhada e participativa da pesca. A participação no evento é gratuita e os resultados das discussões também poderão ser acessados pelos interessados. Para mais informações, acesse pelo territoriopesqueiro.blogspot.com.
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Denúncia Desenvolvimento Encontro

OCUPE ESTELITA

Aconteceu neste domingo16/11, durante o Ocupe Estelita a oficina “Mapeando conflitos em apoio à resistência popular na Região Metropolitana do Recife”. A atividade foi organizada por várias organizações,pesquisadores e militantes que compõem o Comitê Popular da Copa PE e contou também com a presença do Centro Popular de Direitos Humanos – CPDH e o Fórum Suape Espaço Socioambiental (www.forumsuape.ning.com).

Um dos objetivos da Oficina foi apresentar e debater proposta para Monitoramento dos Conflitos Urbanos na Região Metropolitana do Recife.
O Forum esteve representado nesta Oficina e vai se integrar cada vez mais com outros movimentos que lutam por justiça social e ambiental em nosso Estado.
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Ambiental Comunidade Encontro

Reunião dos moradores do território de Suape com direção da OAB-PE

Reunião dos moradores do território de Suape com direção da OAB-PE
 A injustiça em qualquer lugar é uma
 ameaça à justiça em todo lugar
Martin Luther King
Em reunião ocorrida no final do mês de outubro, entre membros do Forum Suape Espaço Socioambiental e a direção da Ordem dos Advogados de Pernambuco, foram denunciados vários problemas decorrentes da violação de direitos das comunidades do entorno do Complexo de Suape (CIPS). Decidiu-se então nesta oportunidade a realização de uma nova reunião mais ampla, agora com a presença destes moradores.
 Ontem (dia 10 de novembro), aconteceu esta reunião com o presidente do conselho seccional Pernambuco da OAB, Pedro Henrique Reynaldo Alves.
Com a presença de mais de cem pessoas, moradoras dos engenhos do que hoje constitui o Complexo Industrial Portuário de Suape, o clima que se transcorreu a reunião foi muito emocionante. Foi formada uma mesa com o presidente da OAB do Cabo de Santo Agostinho Geni Lira;com a Dra. Conceição Lacerda Contijo advogada militante;  com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Dr. João Olímpio Valença de Mendonça; com a representante da Comissão Pastoral da Terra-CPT Mariana Vidal, representando o Fórum Suape – Espaço Socioambiental, Mercedes e Mariana Olivia (Focruz);  e a representante do do Centro das Mulheres do Cabo , Nivete Azevedo.
A audiência, segundo o presidente da OAB, foi para ouvir os camponeses e pescadores contarem o que é que está acontecendo nos seus territórios.
Os moradores mais antigos comentaram sobre a violência das expropriações, as indenizações irrisórias e a situação atual de muitos dos já desapropriados que não têm condições de reproduzir suas vidas nem material nem psicologicamente. Camponeses, camponesas e pescadores artesanais se pronunciaram.
Uma mulher de um dos engenhos comentou que nasceu e se criou, e teve os seus netos no engenho, hoje reivindicado pela empresa Suape. Mas agora ela teve de sair para morar com a filha, e ainda corre risco de ser novamente desapropriada. Ela é neta de escravos que viviam e trabalhavam na região e está sendo despejada do seu território de vida.
A foto é do momento no qual a advogada Dra. Conceição Lacerda perguntou quantas pessoas já tinham sofrido violência e assédio por parte da “milícia privada” da empresa Suape. O resultado foi  assustador.
O presidente da seccional da OAB e o presidente da Comissão de Direitos Humando se comprometeram a estudar os casos, estabelecer um diálogo com a empresa Suape, e caso necessário, agir judicialmente.
O saldo foi positivo, mas ainda precisamos mostrar permanente apoio social às ações que decorreram da reunião. O Fórum Suape – Espaço Socioambiental continuará  trabalhando no sentido de unir e fortalecer os afetados  pelo megaprojeto do Complexo Industrial Portuário de Suape. Garantindo assim que os direitos destas populações sejam preservados. O que não vem ocorrendo nos últimos anos.
Esperamos, portanto, que em função de ampla documentação entregue a OAB – Pernambuco ela haja mais incisivamente no sentido de que a lei seja cumprida naquele território
Vale a pena mencionar a reunião emocionou  a todos presentes, particularmente pelos depoimentos prestados.
Comunicação – Fórum Suape Espaço Socioambuiental
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Fórum Suape

LIMINAR SUSPENDE FINANCIAMENTOS DO BNDES

Vejam se não tem semelhança com o caso de Suape.

Justiça mantém liminar que suspende financiamentos do BNDES à Fibria Celulose

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Terça-Feira, Dia 04 de Novembro de 2014
Atendendo pedido do MPF, TRF2 negou pedidos da Fibria e do BNDES para cassar liminar proibindo qualquer financiamento destinado ao plantio de eucalipto ou à produção de celulose
O Ministério Público Federal conseguiu manter, na Justiça, a liminar que suspende o financiamento por parte do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à Fibria, maior empresa brasileira de celulose e papel, destinado ao plantio de eucalipto ou à produção de celulose em área de quilombolas no Norte do Espírito Santo.
 
Em ação civil movida pelo MPF/ES, a Fibria é acusada de fraude na obtenção da área destinada à plantação de eucaliptos usados na produção de celulose.
 
Segundo a ação, no início da década de 1970, antigos funcionários da empresa teriam se habilitado como se fossem pequenos agricultores junto ao governo estadual capixaba, a fim de conseguirem títulos de domínio de terras devolutas. Em seguida, os empregados transferiram os títulos das propriedades localizadas entre Conceição da Barra e São Mateus para a Fibria. Na maioria dos casos, o período em que as áreas permaneciam no patrimônio jurídico do funcionário da empresa não excedia nem mesmo uma semana.
 
No processo, o MPF pede, além da devolução ao patrimônio público das terras obtidas por grilagem, que seja feita a titulação em favor de comunidades quilombolas de São Mateus e Conceição da Barra, quando comprovada sua ocupação tradicional na área, conforme determina a Lei Estadual 5.623 de 1998. Requer também que a Fibria seja condenada a reparar os danos morais coletivos dessas comunidades no valor de R$ 1 milhão.
 
A Lei Estadual 5.623/98 obriga o governo do Espírito Santo a emitir os títulos de propriedade às comunidades dos quilombos que comprovarem a ocupação tradicional em terras devolutas, em cumprimento ao previsto no artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal.
 
Recurso – A manutenção da liminar foi decidida pela Quinta Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) em dois agravos de instrumento. Além da Fibria, o BNDES apresentou recurso no TRF2, alegando que a operação financeira incluiria a disponibilização de uma linha de crédito para a empresa de cerca de R$ 167,7 milhões, para restauração, até 2019, de 21 mil hectares de mata atlântica na Bahia, no Espírito Santo e em Minas Gerais. Já a Fibria alegou que a realização de benfeitorias ou a transferência da propriedade a terceiros em nada prejudicaria uma eventual titulação de terras em favor dos quilombolas.
 
O parecer da Procuradoria Regional da República (PRR2) frisou que a manutenção dos financiamentos destinados ao plantio de eucalipto nas áreas discutidas não terá por consequência a melhoria ou a valorização das terras de ocupação tradicional quilombola, mas a continuidade da degradação do solo pelo cultivo de eucalipto e utilização de produtos químicos. Além disso, para a PRR, a clareza da fraude na obtenção das terras objeto de parte do financiamento leva à impossibilidade de que instituição financeira oficial, cujos investimentos são realizados com recursos públicos, financie atividade econômica explorada em área irregular e com reflexos graves nos direitos de comunidades tradicionais.
 
Decisão – Em seu voto, o relator dos agravos afirma que, pela transcrição de trechos de depoimentos prestados à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI da Aracruz), constantes da petição inicial da ação originária, é possível verificar o modus operandi da fraude: “Os funcionários declaravam-se agricultores e, tão logo legitimada a posse, repassavam-na à empresa”. A decisão rebate o argumento da Fibria de que não haveria estudos conclusivos sobre o seu projeto envolver áreas ocupadas por quilombolas, uma vez que as informações prestadas pelo Incra já permitem identificar a sobreposição das áreas quilombolas e exploradas pela agravante.
 
Esclarece o magistrado que “o tempo transcorrido desde a legitimação da posse pela empresa não pode servir de fundamento para permitir que a Fibria S.A. continue a dispor e explorar uma terra cuja ocupação, em princípio, deu-se de forma fraudulenta”. Para ele, a urgência da liminar se justifica, entre outros motivos, com o fato de que não há prova de que a empresa teria condições de devolver aos cofres públicos o total do empréstimo, caso o julgamento de mérito seja favorável ao Ministério Público Federal.
 
Por fim, a decisão destaca que a liminar expressamente suspendeu apenas o financiamento destinado ao plantio de eucalipto e à produção de celulose, não atingindo os recursos voltados para a restauração florestal e o cumprimento da legislação florestal.
 
O número do processo (primeira instância) para acompanhamento no site Justiça Federal (www.jfes.jus.br) é 0000693-61.2013.4.02.5003.
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Ambiental Artigo Desenvolvimento Desigualdade

PIB, CONCEITO ULTRAPASSADO

Ladislau Dowbor

Por Ladislau Dowbor
A divulgação da pesquisa sobre Indicadores de Progresso Social 2014 (IPS) [leia o relatório principal, o resumo e a metodologia] vem agregar peso à transformação de como calculamos os resultados econômicos e o desenvolvimento. Sem ser economistas ou entender de contas nacionais, muitos já se perguntam há tempos como casam no Brasil os imensos avanços sociais e econômicos que vivemos, além um desemprego que é o menor da história, com taxas modestas de crescimento PIB, tão atacado como “pibinho”. É que a cifra que tanto encanta a mídia, o PIB, simplesmente não mede o que queremos medir, que é o progresso, ou em todo caso o reflete de maneira muito parcial.
A iniciativa da ONG Social Progress Imperative é um refresco, ao medir o que importa, ao fazê-lo de maneira sistemática, com metodologia clara e que permite comparabilidade. Depois da edição experimental e limitada de 2013, a de 2014 cobre 132 países, com correções e ajustes. Publicada em dois volumes, um de resultados e análises por país, e outro de metodologia, a pesquisa constitui um aporte significativo para a compreensão das transformações que vivemos.
É verdade que esta iniciava vem apenas reforçar metodologias como o Happy Planet Index, o Genuine Savings Indicators, o FIB (Felicidade Interna Bruta) e sobretudo o movimento Beyond GDP na União Européia. Mas a contribuição de nomes como Michael Porter, da Universidade de Harvard e de outras instituições de peso, vai materializando a nossa lenta evolução para medidas que façam sentido. O apelo mundial para irmos além do PIB, lançado neste sentido há alguns anos por Joseph Stiglitz, Amartya Sen e Jean-Paul Fitoussi, dos quais os autores do IPS se declaram devedores, está dando frutos.
O teórico da iniciativa, Patrick O’Sullivan, vai direto ao assunto: “É realmente indefensável continuar a usar o PIB como se de alguma forma medisse o bem estar, e é confortante se dar conta que o próprio Kuznets, o pai fundador da medição sistemática do PIB, já nos tenha alertado que “o bem-estar de uma nação dificilmente pode ser inferido da medida da renda nacional” (Met.26) Este ponto de partida define a filosofia do esforço empreendido.
“Tornou-se cada vez mais evidente que um modelo de desenvolvimento baseado apenas no desenvolvimento econômico é incompleto. Uma sociedade que deixa de assegurar as necessidades básicas, de equipar os cidadãos para que possam melhorar a sua qualidade de vida, que gera a erosão do meio ambiente, e limita as oportunidades dos seus cidadãos não é um caso de sucesso. O crescimento econômico sem progresso social resulta na falta de inclusão, descontentamento, e instabilidade social. Um modelo mais amplo e mais inclusivo de desenvolvimento requer novas medições, com as quais os que gerem as políticas e os cidadãos possam avaliar a performance nacional. Temos de ir além de simplesmente medir o Produto Interno Bruto per capita, e tornar a medição social e ambiental parte integrante de como medimos os resultados”.(11)
Este enfoque permite organizar os indicadores em torno aos interesses reais das pessoas. O índice, no seu conjunto, busca responder a três questões: (26)
  1. O país assegura as necessidades mais essenciais da sua população?
  2. Os fundamentos básicos que permitam aos indivíduos e às comunidades alcançar e sustentar o seu bem estar estão assegurados?
  3. Há oportunidades para todos os indivíduos alcançarem os seus plenos potenciais?
Para nós no Brasil este enfoque menos centrado no crescimento econômico e diretamente dirigido ao bem estar da população é de uma grande ajuda. Em torno a estes três grandes eixos, o IPS apresenta indicadores básicos, quatro por eixo, que são por sua vez desdobrados em 54 indicadores mais detalhados. Conseguiram cifras razoavelmente confiáveis para 132 países, o que torna o IPS um complemento útil inclusive para o sistema básico das Nações Unidas, os Indicadores do Desenvolvimento Humano (IDH), que acrescenta aos dados tradicionais da renda indicadores de educação e de saúde.
Um outro elemento metodológico importante é que o IPS busca indicadores de resultados, não de insumos (outcome index, not inputs). Ou seja, um país que investe muito em saúde construindo hospitais de luxo e priorizando a saúde curativa, em termos de investimentos está realizando um grande esforço (inputs), mas os resultados (outcomes) serão pífios em termos de população saudável. E se trata de medir este último objetivo.(Met.5) A cidade de São Paulo gastou rios de dinheiro em viadutos, túneis, elevados e automóveis particulares com o resultado de paralisar a cidade. Esta paralisia, ao gerar mais custos para todos (inputs), aumenta o nosso PIB. Seguramente não o outcome queremos, que é a mobilidade urbana. Medir pelo enfoque dos resultados é muito importante.
Em termos metodológicos ainda, é natural que haja discussões sobre a objetividade na escolha dos indicadores. Patrick O’Sullivan (Universidade de Grenoble e de Varsóvia) apresenta aqui, no volume de Metodologia, um excelente artigo teórico sobre os indicadores e os seus limites. Os vieses são honestamente assumidos: “Vamos assumir abertamente que esta posição (do relatório) apoia-se em fundamentos que constituem certos juízos de valor normativos, que deixaremos explícitos e transparentes, e mostraremos, por mais chocante que este uso explícito de um discurso normativo possa parecer, a pesquisadores de ciências humanas orientados para o positivismo, que na realidade toda ciência humana é irremediavelmente carregada de valores de qualquer modo.” (Met. 25)
No Brasil, este realismo quanto aos valores implícitos, apoiado nas visões de Gunnar Myrdal, nos ajudaria bastante, frente à deformação sistemática das análises sobre os avanços do país na mídia comercial. Mas este alerta deve ser observado inclusive para os dados do IPS: por exemplo, os dados relativos à propriedade privada são, neste relatório baseados na fonte da Heritage Foundation, um Think Tank da velha direita norte-americana, que seguramente consideraria a nosso Constituição, com a sua visão da função social da propriedade, como subversiva. O enfoque adotado, por exemplo, permite jogar para baixo o IPS da China, que é o país que de longe tirou mais pessoas da pobreza no planeta – cerca de dois terços da redução mundial. Aqui a carga de valores é realmente explícita.(106)
Os resultados da pesquisa
Na parte da análise dos resultados, uma das tendências mais interessantes mostra uma forte correlação entre o aumento do PIB e a melhoria na área das necessidades básicas, (no caso nutrição, água e saneamento, habitação e segurança) mas apenas para os mais pobres: “As necessidades humanas básicas melhoram rapidamente quando o PIB per capita aumenta, nos níveis baixos de renda, mas depois (a tendência) se torna mais horizontal (flattens out) à medida que a renda continua a aumentar”. (54)
Para nós isto é muito importante, pois mostra que o aumento de renda nos extratos mais pobres melhora radicalmente o progresso social em geral. Em outros termos, o dinheiro que vai para a base da sociedade é muito mais produtivo em termos de resultados para a sociedade, o que bate plenamente com as pesquisas do IPEA sobre a produtividade dos recursos. As pesquisas da ONU sobre o IDH chegam à mesma conclusão: “Rendimentos mais elevados têm uma contribuição declinante para o desenvolvimento humano”. O New Economics Foundation (NEF) de Londres chega à mesma conclusão, ao analisar o “retorno social sobre o investimento” (SROI – Social Return On Investment), e considera que a adoção desta metodologia “é particularmente oportuna quando as organizações estão buscando tornar cada libra render o máximo possível”. (NEF, 2009) Estamos aqui no centro do problema da baixa produtividade econômica gerada pela concentração de renda, confirmando os efeitos multiplicadores que gera a redistribuição, inclusive para o próprio PIB.
Centrar-se no progresso social, ou seja, no resultado que queremos efetivamente para a nossa vida, e não no PIB, permite por sua vez evitar deformações flagrantes que o IDH atenua apenas em parte. Assim países exportadores de petróleo, como a Arábia Saudita, o Kuait e Angola, que pela exportação de recursos naturais aparecem com uma renda per capita elevada, mas não asseguram o bem estar que estes recursos deveriam gerar para a população, são aqui avaliados de maneira diferenciada, como under-performers, ou seja, países com um crescimento distorcido. Por outro lado, constata-se a alta correlação entre o PIB e o indicador de acesso à informação e comunicação, “amplamente baseado no fato que o acesso à telefonia móvel e à internet está ligada à capacidade aquisitiva do consumidor”.(59)
Para nós esta dimensão é importante para pensar e contabilizar a contribuição das exportações primárias: qual é a sua produtividade social real, em termos de geração de empregos, de impactos ambientais, de retenção ou expulsão de mão de obra para as cidades como por exemplo no caso da pecuária extensiva? A visão geral do relatório é que “de modo geral, países ricos em recursos têm mais propensão a ter uma baixa performance em termos de progresso social, relativamente ao seu PIB per capita”.(53)
Na análise igualmente, o texto apresenta uma forte correlação entre os indicadores IPS e outras pesquisas baseadas em avaliações de percepção de qualidade de vida pelas pessoas: “Há uma relação altamente positiva e significativa entre a satisfação com a vida e o progresso social, e em particular na dimensão de Oportunidades.” (69) Outro dado significativo é que “o indicador de sustentabilidade ambiental é o que menos está relacionado com o PIB.” Os indicadores médios indicam uma forma de “U”, sugerindo que os pobres ainda não afetam o meio ambiente, enquanto os países na fase média de avanço econômico tendem a deteriorá-lo, passando a buscar a sua recuperação ao alcançar níveis de renda mais elevados. (59)
O Brasil na pesquisa
O Brasil aparece bem na foto. Importante lembrar que se trata apenas de uma foto, pois o índice é novo e não permite comparação no tempo, ou seja, a dinâmica da mudança. De qualquer forma, vale a pena dar uma olhada nos dados.
O Brasil ocupa o 46º lugar entre 132 países, com um índice médio geral de 69,957. A Colômbia ocupa o 52º lugar, México 54º. O PIB per capita brasileiro utilizado na pesquisa é de 10.264 dólares em valores de 2012. Os dados sintéticos para o Brasil são os seguintes:
Dados Sintéticos
Brasil (46º)
EUA (16º)
Argentina (42º)
PIB per capita (US$)
10.264
45.336
11.658
Score médio geral
69,957
82,77
70,59
Necessidades básicas
71,09
89,82
77,77
Fundamentos do Bem-estar
75,78
75,96
70,62
Oportunidades
63,03
85,54
63,38
Para ter uma referência, os Estados Unidos ocupam o 16º lugar, com um PIB de 45.336 dólares, e um índice médio geral de 82,77. Os dados sintéticos norte-americanos são muito desiguais, com respectivamente 89,82 para necessidades básicas, 75,96 para fundamentos de bem estar (praticamente iguais ao Brasil), fruto dos últimos trinta anos de neoliberalismo naquele país, e 85,54 em termos de oportunidades – índice puxado em particular pela expansão do acesso à educação superior, onde o Brasil é, pelo contrário, muito fraco. A Argentina, por sua vez, que ocupa o 42º lugar, tem um score geral de 70,59, um PIB per capita de 11.658 dólares, e apresenta no geral índices parecidos com os do Brasil. Detalhando um pouco para os 12 principais grupos de indicadores, temos a situação seguinte:
Nível dos 12 principais indicadores
Nível dos 12 principais indicadores
Brasil
EUA
Argentina
Nutrição e cuidados básicos de saúde
92,02
97,82
94,62
Água e saneamento básico
81,64
95,77
95,65
Habitação
73,20
87,99
60,75
Segurança pessoal
37,50
77,70
60,07
Acesso ao conhecimento
95,43
95,10
94,53
Acesso à informação e comunicação
67,69
81,33
69,54
Saúde e bem estar
76,05
73,61
70,56
Sustentabilidade
63,94
53,78
47,83
Direitos da pessoa
74,94
82,28
66,55
Liberdade pessoal
69,38
84,29
73,61
Tolerância e inclusão
61,77
74,22
64,53
Acesso à educação superior
38,09
89,37
48,83
Impressionante os Estados Unidos, com um PIB quatro vezes e meia maior do que o Brasil, terem um indicador de saúde e de bem estar (esperança de vida, morte por doenças entre 30 e 70, taxas de obesidade, mortes por poluição do ar, taxa de suicídios) significativamente pior do que o Brasil. Situação pior ainda em sustentabilidade, devido em particular à massa de emissões de gazes de efeito de estufa, uso da água além das reservas e redução de biodiversidade e habitat natural. A Argentina, aliás, fica pior ainda neste quesito. Os itens críticos para o Brasil, naturalmente, são os de segurança, com 37,50 pontos, e de acesso à educação superior, com 38,09 pontos.
Na análise dos autores, “entre os países dos BRICS, o Brasil apresenta o perfil de progresso social mais forte e mais “equilibrado” (the strongest and most “balanced”). Apresenta alguma fraqueza em Necessidades Humanas Básicas (puxada pelo score muito baixo de 37,50 para Segurança Pessoal), mas apresenta uma performance consistentemente boa em todos os componentes tanto dos Fundamentos de Bem Estar como de Oportunidades, com exceção de Educação Superior (38,09, 76º).”(50)
Comparando com o conjunto dos BRICS, o relatório considera que “quatro dos cinco BRICS fazem parte do quarto nível, inclusive Brasil (46º) com um score de 69,97, África do Sul (69º) com 62,96, Rússia (80º) com 60,79, e China (90º) com 58,67. A Índia fica fora dos 100 primeiros em termos de progresso social, com um score mal superando 50. Os países da América latina estão bem representados no quarto grupo. Argentina 42º, Brasil 46º, e Colômbia, México e Peru colocados nos lugares 52º, 54º e 55º respectivamente”.(45)
No plano propositivo, ao comentar o Brasil, a análise sugere que “apesar do Brasil apresentar uma performance relativamente boa no componente Sustentabilidade do Ecossistema, precisa enfrentar questões ambientais urgentes, tais como a redução do desmatamento essencialmente frutos da especulação sobre o solo, da pecuária irregular, e de projetos de infraestruturas; o controle dos gases das emissões de gases de efeito estufa pelo setor industrial; e o acesso à eletricidade com tecnologias eficientes em termos de custos e ambientalmente amigáveis. |O Brasil tem cerca de um terço das florestas tropicais do planeta e pelo menos 20 por cento da biodiversidade do planeta. #Progresso Social Brasil tem focado os seus esforços iniciais na região amazônica.”(36)
Os dados completos por país estão nas páginas 85 e seguintes do relatório principal. Vejam a tabela geral dos indicadores utilizados, disponível na p. 28 do relatório principal:


Notas: No texto acima, colocamos entre parênteses as páginas do relatório principal, e quando se trata do volume sobre metodologia, colocamos o número da página com a menção “Met.” Os links dos documentos originais estão abaixo. Para se documentar quanto às novas metodologias veja no blog http://dowbor.org o artigo O Debate sobre o PIB.
NEF – New Economic Foundation, “Social Return on Investment”
http://www.neweconomics.org/blog/entry/a-turning-point-for-new-indicators-of-progress
Ladislau Dowbor, é doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, professor titular da PUC de São Paulo e da UMESP, e consultor de diversas agências das Nações Unidas. É autor de “Democracia Econômica”, “A Reprodução Social”, “O Mosaico Partido”, pela editora Vozes, além de “O que Acontece com o Trabalho?” (Ed. Senac) e co-organizador da coletânea “Economia Social no Brasil“ (ed. Senac) Seus numerosos trabalhos sobre planejamento econômico e social estão disponíveis no site http://dowbor.org
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Fórum Suape Informe

Morreu Dr. Miguel Sales – incentivador do Forum Suape

Um dia muito triste. Morreu Dr, Miguel Sales. Conheci há pouco tempo na sua incansável luta contra as violências cometidas pela empresa Suape contra os moradores do entorno do Complexo de Suape. Várias vezes acompanhei Dr. Miguel em suas andanças pelos engenhos de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho. Ele foi um incentivador do Fórum Suape Espaço Socioambiental (www.forumsuape.ning,com). Estava acompanhando seu drama, mas acreditava que tudo sairia bem. Infelizmente não foi assim que aconteceu. Perdemos uma pessoa muito importante na luta contra as injustiças e um defensor dos direitos humanos.
 A sua família as sinceras condolências de tod@s que fazem o Forum Suape.
Heitor Scalambrini Costa – Coordenador do Forum Suape
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Ambiental

CARTA POLÍTICA DO 2º SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SAÚDE E AMBIENTE DA ABRASCO

sibsasibsaO 2º Simpósio Brasileiro de Saúde e Ambiente, reunido em Belo Horizonte, Minas Gerais, entre 19 e 22 de outubro de 2014, teve como tema central “Desenvolvimento, conflitos territoriais e saúde: ciência e movimentos sociais para a justiça ambiental nas políticas públicas”. Foram cerca de 600 participantes, com a apresentação de 500 trabalhos entre relatos de experiências e estudos científicos. Reconhecendo a importância do diálogo entre diferentes saberes, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco, convidou importantes movimentos sociais, inseridos na luta pela justiça ambiental, como parceiros dessa construção.
Avaliamos que a violação dos direitos à vida digna tem sido acelerada e aprofundada pela inserção subordinada do Brasil na ordem capitalista internacional, na medida em que ecossistemas e territórios de vida das populações são abertos para a espoliação dos bens comuns, da biodiversidade e do trabalho por grandes corporações nacionais e transnacionais, produtoras de commodities agrícolas e minerais. O Estado se volta para disponibilizar financiamentos e infra-estrutura para o lucro destes empreendimentos, além da modificação e flexibilização de legislações ambientais e territoriais como o Código Florestal, a demarcação de terras indígenas (PEC 215), o marco regulatório da mineração e o licenciamento ambiental. Mais ainda, o Estado assegura a legitimação simbólica deste modelo de desenvolvimento, pretensamente justificado pelo “progresso” e pela geração de empregos.
Nesse contexto, expande-se a produção de soja, agrocombustíveis, carnes, celulose, frutas, minério de ferro e aço, entre outros produtos de baixo valor agregado, que demanda energia de várias fontes, tais como hidro e termoelétrica, nuclear, eólica e de petróleo. Estes processos produtivos geram grandes impactos que atingem especialmente comunidades tradicionais e etnias, como também grupo urbanos, produzindo numerosos e violentos conflitos territoriais em torno do acesso, do uso e apropriação da terra e bens da natureza, ameaçando suas diversas formas de reprodução da vida.
Como agravante, o privilégio atribuído aos direitos de propriedade em detrimento da vida e dos direitos humanos, ao invisibilizar comunidades, territórios, culturas e valores que se contrapõem aos interesses do mercado, compromete as possibilidades de soberania dos povos e de emancipação social.
Estas desigualdades e injustiças ambientais compõem a determinação social do processo saúde-doença que se manifesta em perda da soberania e segurança alimentar e hídrica, contaminação da água, do ar e do solo, além de produzir doenças como câncer, malformações congênitas, intoxicações, agravos pulmonares e neurológicos, tristeza, depressão, suicídio e assassinatos.
Estas questões trazem elementos para a crítica aos paradigmas e racionalidades hegemônicos da biomedicina, da biotecnologia e da epidemiologia clássica, e o resgate e atualização do debate teórico e político que fundou a Medicina Social Latino Americana e a Saúde Coletiva. Neste sentido, a Saúde & Ambiente vem tendo um rico diálogo com vários campos de conhecimentos e práticas, e avança tanto na compreensão do modelo hegemônico de desenvolvimento econômico como de alternativas de produção de conhecimentos que incorporem as populações e movimentos sociais como sujeitos coletivos, com seus saberes e projetos de sociedade.
O 2º SIBSA constituiu-se num espaço importante de experimentação do diálogo entre os saberes de pesquisadores e profissionais da Saúde & Ambiente com sujeitos dos territórios afetados por conflitos ambientais e movimentos sociais. Essa pedagogia, alimentada também por experiências como o III Encontro Nacional de Agroecologia, está ancorada numa práxis que articula representantes de movimentos sociais na comissão científica e na comissão organizadora, e no instigante Fórum de Diálogos de Saberes. Lógica que passou também pela programação cultural e por parcerias com movimentos como a justiça ambiental, a agroecologia, a economia solidária, soberania alimentar, os direitos humanos e o feminismo.
Esse processo possibilita instigar pesquisadores, professores, militantes sociais e profissionais de saúde a adotarem novas práticas de produção de conhecimento e de vigilância em saúde, fortalecendo as lutas associadas aos conflitos ambientais.
O Estado brasileiro não tem formulado politicas públicas que respondam às necessidades decorrentes desse cenário. Deste modo, podemos identificar os seguintes problemas: insuficiência dos investimentos que garantam serviços públicos de qualidade; baixa qualidade da oferta e falta de acesso aos serviços públicos básicos de forma universal e intersetorial; serviços prestados por trabalhadores em sistema de vínculos precários e alianças com a iniciativa privada expressa nos diversos modos da privatização dos serviços públicos.
O contexto da acumulação por espoliação e seus impactos, ocultado sob o manto do mito do desenvolvimento, se caracteriza pela desigualdade na distribuição do bônus e ônus do progresso.
O 2° SIBSA reafirma que a ciência emancipatória exige uma estreita articulação entre os saberes produzidos na academia e aqueles oriundos nos diversos grupos e movimentos sociais. Convocamos todos a se organizarem em resistência a este modelo e em defesa de políticas públicas que garantam direitos humanos e a vida.
Belo Horizonte, 22 de outubro de 2014.
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Segurança

NOTA DE DESAGRAVO

NOTA DE DESAGRAVO
 
Nós entidades de direitos humanos, fóruns, comitês, entidades e defensores de direitos humanos de Pernambuco vem a público apresentar NOTA DE DESAGRAVO em solidariedade ao Promotor de Justiça, Dr. Westei Conde y Martin Júnior, que passamos a pontuar:
 
É por parte de toda sociedade pernambucana o esforço em pactuar com o Estado um modelo de Política de segurança pública onde estejam inseridas e incorporadas as diretrizes Direitos Humanos como valor fundamental.
 
Diante desse desafio, ao longo dos anos, consolidamos várias iniciativas de diálogo e incidimos na formação dos profissionais de segurança pública para que as abordagens fossem sintonizadas ao desejo da efetivação de um Estado Democrático e de Direitos.
 
Diante desses pressupostos ficamos todas e todos chocados com a violência como os fatos envolvendo Dr. Westei e a polícia militar ocorreram e sua repercussão numa clara tentativa de incriminar o Promotor diante de sua conduta de controle social.
 
No dia 22/10/2014, Dr. Westei, agindo conforme sua função pública de fiscal da lei, identificou uma viatura policial estacionada em local proibido, na Av. Boa Viagem, em Recife, e fotografou a viatura no momento da infração. O que ocorreu no momento posterior, entretanto, é que o Promotor foi abordado por policiais militares de forma agressiva e desmedida.
 
Afirmamos isso porque o simples fato de se identificar e registrar uma viatura em conduta irregular causa aos policiais uma reação tão desproporcional (chegou-se a ser mobilizado 6 viaturas da polícia). O que pensar da reação dos mesmos se um cidadão comum, se desejasse registrar a imprudência dos policiais.
 
Ficou patente o despreparo dos agentes e da forma como foram conduzidas as diversas viaturas e policiais para o local dos fatos, criando um clima de terror e medo por parte de qualquer um que neste momento queira registrar fatos e evidências contra a ação de quaisquer policiais.
 
Estamos vivendo em uma sociedade onde o controle social passou a ser um componente das atividades da vida pública, negá-la seria retornarmos ao universo das ações pirotécnicas que por muitos anos nada resultou.
 
O Ministério Público de Pernambuco tem se notabilizado pela defesa das causas coletivas e de direitos difusos. E identificamos o Promotor de Justiça Dr. Westei Conde como uma das pessoas que melhor encarna o espírito público e compromisso com os direitos humanos que nosso Estado tão bem é protagonista.
 
Por fim, os signatários desta nota apresentam a necessidade que sejam apurados os fatos e restabelecida a verdade na medida que sejam respeitadas as prerrogativas funcionais de um membro do Ministério Público assim como da necessidade de aprofundarmos a formação dos policiais com o objetivo que sejam assimilados protocolos que incorporem o respeito a cidadania e os direitos humanos. 
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Cabo de Santo Agostinho SUAPE

ESPECULAÇÃO IMOBILIARIA NO CABO DE SANTO AGOSTINHO (SUAPE)

Infraestrutura planejada no Cabo Para suprir as necessidades da nova demanda na região, construtoras investem cada vez mais em grandes loteamentos
Fonte: diariodepernambuco.lugarcerto.com.br/
Publicação: 22/05/2014 
Grupo Cap investiu R$ 30 milhões no Dharma Ville para cinco mil famílias (Grupo Cap investiu R$ 30 milhões no Dharma Ville para cinco mil famílias (GRUPO CAP/DIVULGAÇÃO) )
Grupo Cap investiu R$ 30 milhões no Dharma Ville para cinco mil famílias

Seja por estar na reta do litoral ou pela proximidade com o Complexo Industrial e Portuário de Suape, o crescimento imobiliário do Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife, já é uma realidade. Longe dos longos congestionamentos da capital pernambucana, a região é alvo de construções de diversos estilos de empreendimentos. No entanto, ainda falta infraestrutura e, para suprir essa carência, empresas investem em bairros planejados.
Para o presidente do Sindicato das Habitação de Pernambuco (Secovi-PE), Elísio da Cruz, o local tem deixado de ser opção apenas de interesse para segunda moradia e tem se tornado um lugar de residência fixa. “Essa forte demanda de pessoas procurando terrenos e empreendimentos para morar no Cabo deve-se muito à instalação do Complexo de Suape que tem trazido desenvolvimento”, afirma. Em decorrência disso, o perfil de público que mais tem adquirido imóveis é de trabalhadores da região e de moradores do local. “Há ainda aqueles que vão trabalhar nos estabelecimentos comerciais que estão sendo construídos na localidade”, destaca o presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), André Callou.

Callou destaca a grande procura de empresas para a construção de bairros planejados que vão suprir a falta de infraestrutura de alguns pontos da cidade. “A região ainda é carente em infraestrutura básica e esses projetos oferecem o que o poder público não tem dado”, explica.

O Grupo Cap e a parceria das empresas Moura Dubeux Engenharia e Cone S/A, com os projetos Dharma Ville e o Convida Suape, respectivamente, visam, além do desenvolvimento local, suprir a demanda que pede por moradias com infraestrutura e qualidade de vida. “A cidade está em crescimento. Os empreendimentos que estão sendo construídos no Cabo serão alvo de investidores, pela rentabilidade e valorização”, diz o diretor comercial do Grupo Cap, Carlos Paes Leme.

A empresa investiu R$ 30 milhões na construção do Dharma Ville, que visa ser local de moradia para cinco mil famílias. “No ano passado, abrimos as vendas da primeira fase e vendemos todos os 500 lotes para moradores do Cabo, o que comprova o interesse do público local”, conta Paes Leme.

Projeto

De olho no crescimento do Cabo de Santo Agostinho, o Grupo Cap, empresa mineira presente em mais de dez estados do país, apresenta ao público interessado em morar e investir na região o bairro planejado Dharma Ville, às margens da PE-60. Com as obras já iniciadas, o empreendimento tem 165 hectares e terá cerca de 2,6 mil lotes a partir de 200 metros quadrados e sete condomínios clube. Além disso, a “minicidade” terá um centro comercial de mais de seis mil metros quadrados, praças e mirantes.
 ((GRUPO CAP/DIVULGAÇÃO))
 De acordo com o diretor comercial do grupo, Carlos Paes Leme, a ideia é construir um projeto que ofereça moradias com infraestrutura de qualidade. No ano passado, a empresa abriu as vendas de cerca de 450 lotes com preços a partir de R$ 65 mil que serão entregues aos futuros moradores no final deste ano. No entanto, investidores e trabalhadores de Suape e das indústrias instaladas na BR também são esperados como possíveis clientes. “A ideia é combater os grandes congestionamentos do percurso Recife-Cabo. A cidade já dispõe de shoppings, boas escolas, hospitais e empresariais”.
Cada condomínio clube será composto por 16 torres com 32 unidades cada. Na primeira fase, que será entregue em agosto de 2016, serão 14 torres com oito pavimentos e quatro apartamentos por andar com áreas privativas de 50 metro quadrado, com dois quartos, comercializados a partir de R$ 165 mil. Nas próximas etapas a metragem dos imóveis irá variar de 40 metros quadrados a 90 metros quadrados. Algumas unidades poderão ser financiadas pelo Minha Casa Minha Vida, do governo federal.
Todo o empreendimento será entregue em cerca de cinco anos (Todo o empreendimento será entregue em cerca de cinco anos (GRUPO CAP/DIVULGAÇÃO) )
Todo o empreendimento será entregue em cerca de cinco anos
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