Autor: Associacao Forum Suape
A denúncia abaixo foi apresentada a Ouvidoria da Agência de Meio Ambiente-CPRH/PE
Trabalhadores no porto de Suape, por telefone as 16 horas do dia 22 de setembro de 2013, comunicaram uma irregularidade com relação a uma operação de descarga do óleo (altamente poluente, segundo a Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico – FISPQ da BR Distribuidora) Bunker (MF-380) do navio Alpine Liberty, que esta atracado no PGL1-B, no Complexo Industrial de Suape, onde o mesmo esta descarregando este produto da Petrobrás para o Terminal Tecmar (privado).
Acontece que o correto nesta operação, segundo o procedimento da Petrobrás e da Transpetro é de o navio nesta condição, estar cercado com flutuantes (bóias), pois em um eventual vazamento, o produto no mar ficará contido no cerco. No caso desta denúncia não está ocorrendo a aplicação deste procedimento de instalação de barreiras, oferecendo assim sérios riscos ao meio ambiente, caso ocorra um vazamento.
Este fato é mais um desrespeito e descumprimento de procedimentos, além da precarização dos serviços que envolvem as empresas privadas que prestam serviço para a Petrobrás.
Não é primeira vez que o descumprimento de procedimentos de segurança estabelecidos ocorre no descarregamento de material da Transpetro, na movimentação e estocagem de material altamente poluente, no porto de Suape. Este não cumprimento de normas internas da Petrobrás, aliado a precarização dos serviços terceirizados pode trazer sérios danos, caso um vazamento de óleo ocorra.
NOTICIAS DO FORUM SUAPE DE 9 A 15 DE SETEMBRO DE 2013 (segunda-feira a domingo)
1) A denuncia prestada pelo Fórum Suape junto a ouvidoria Agência de Meio Ambiente – CPRH sobre os impactos ambientais de dragagem e derrocagem no porto de Suape teve enorme repercussão na imprensa local e nacional. Foi aplicado uma multa de 2,5 milhões de reais a empresa Suape, além de outras exigências constantes nos autos de infração aplicados pelos técnicos do CPRH. Agora o Forum vai requere ao Ministério Público que acompanhe esta ação.
2) O Fórum Suape se fez representar na reunião que ocorreu no dia 9 de setembro no Engenho Serraria, com a presença de mais de 30 pessoas. Nesta oportunidade foi dada a posse da nova diretoria da Associação dos Pequenos Agricultores do Engenho Serraria e Adjacências, cujo presidente para os próximos dois anos será o Sr. José Luiz dos Santos. (membro do Fórum Suape). Ao José Luiz e a toda diretoria nossos parabéns, e êxito na caminhada em defesas dos legítimos interesses dos associados que abrange os engenhos de Serraria, Jasmim, Tabatinga, Massangana, Rosário, a Vila Dois Irmãos e a propriedade de Serraria (comunidade urbana)
3) Na quinta-feira, dia 12, foi realizada na sede da Associação dos moradores e moradoras do Engenho Massangana, localizado no município do Cabo de Santo Agostinho/PE, reunião para tratar sobre a titulação das terras dos camponeses e camponesas que vivem em áreas hoje ocupadas por Suape, e sobre as violências praticadas pela Empresa. Participaram da reunião aproximadamente 200 pessoas das Associações de moradores e moradoras dos engenhos Massangana, Algodoais, Tiririca, Serraria, Boa Vista e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Também participaram a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Forum Suape, Vereador do Cabo de Santo Agostinho e o MST. Diante das denuncias dos moradores representantes do INCRA informaram que até no máximo 15 dias os técnicos do Incra realizarão trabalhos de campo. O Instituto abriu um processo administrativo e já tem informações, por parte de sua Procuradoria, que existem terras na região que estão sob o controle de Suape, mas que pertencem a União, ou seja, ao Incra. O trabalho do órgão neste primeiro momento, segundo seus representantes se concentrará em: a) Delimitar as glebas Leste e Oeste da região; b) identificar todos os moradores e moradoras; c) delimitar o perímetro das terras da União. O Incra vai oficializar um pedido para que Suape apresente o mapa das terras, que supostamente pertença a ela.
4) Conforme já anunciado as reuniões gerais para aprovação do estatuto e eleição e posse da coordenação, ocorrerão no Cabo de Santo Agostinho – dia 16 de setembro (segunda-feira), as 13:30 horas no Centro das Mulheres do Cabo, e no Recife dia 18 de setembro (quarta-feira), as 8:30 horas na FASE.
5) Para quem quiser conhecer e tornar membro do Fórum Suape-Espaço Socioambiental, veja o portal, www.forumsuape.ning.com
Em resposta às denúncias encaminhadas a ouvidoria da Agência Estadual de Meio Ambiente-CPRH (manifestações 34115/2013-GECOM e 56154/2013-GECOM), bem como veiculadas na mídia, sobre a morte de peixes Mero, boto-cinza e demais “danos ambientais decorrentes das obras de dragagem e explosões do leito marinho no Porto de Suape, visando aprofundar o canal de acesso ao porto e ocasionando prejuízos a fauna marinha e a toda a cadeia produtiva da pesca artesanal”, segue o relatório técnico emitido pelo CPRH UGC nº 28/2013, assim como os auto de infração nos 00767/2013 e 00768/2013 (documentos anexos neste portal em PUBLICAÇÕES).
De acordo com o relatório, as seguintes medidas foram tomadas:
- Emissão do Auto de infração nº 767/2013, nos seguintes termos: Descrição – Degradação ambiental, caracterizada por danos ao habitat do peixe Mero (Epinephelus itajara), Boto-Cinza (Sotalia guianensis) e outras espécies da fauna recifal, bem como ao território e ambientes tradicionalmente usados na pesca artesanal, através da atividade de derrocagem do canal de acesso e bacia de manobras do porto de Suape com uso de explosivos, e mediante a omissão/insuficiência na apresentação de informações sobre os citados danos no âmbito dos documentos relativos ao diagnóstico de impactos e proposição de medidas de mitigação/compensação. Penalidade: Multa no valor de R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais).
- Emissão do Auto de infração nº 768/2013, com a mesma descrição do anterior e com as seguintes penalidades e obrigações: Penalidade: Advertência por escrito. Obrigação por fazer: Apresentar à CPRH no prazo de 90 dias e executar após aprovação, estudo contendo medidas para o diagnóstico detalhado, mitigação e compensação para os danos ao habitat do peixe mero (Epinephelus itajara), Boto-Cinza (Sotalia guianensis) e outras espécies da fauna recifal, bem como ao território e ambientes tradicionalmente usados na pesca artesanal, e considerando, no mínimo, as medidas constantes no capítulo 4 do relatório técnico UGC nº 28/2013. As medidas devem ser organizadas em programas específicos, complementarmente àqueles em andamento.
Dentre as obrigações postas a Suape estão: 1) Mapeamento de detalhe dos habitats submarinos na área de influência direta e indireta de Suape; 2) Mapeamento do território tradicional da pesca artesanal, segundo informações dos pescadores que utilizam a área, incluindo os mestres de embarcações, em conjunto com pesquisadores com experiência em cartografia social; 3) Quantificação das áreas pertencentes ao território da pesca artesanal que foram apropriadas e/ou impactadas direta ou indiretamente pelo porto de SUAPE; 4) Adoção de medidas de proteção do Peixe Mero, Boto-Cinza e outras espécie da fauna impactadas, tanto nos locais de impacto direto quanto em áreas impactadas indiretamente; 5) Adoção de medidas de proteção do território tradicional da pesca artesanal (ex. reconhecimento oficial dos territórios pesqueiros e criação de mecanismos oficiais de consulta aos pescadores), diante dos riscos das atividades portuárias e outras ameaças; 6) Adoção de medidas de mitigação dos impactos potenciais, para futuras atividades de derrocagem.
Repercussão da decisão da Agência Ambiental de PE sobre denúncias e entrevista com pescador Nal de Gaibu em Cabo de Santo Agostinho.
No link abaixo do meu blog do Roberto Moraes, em campos dos Goytacazes, junto ao Porto do Açu, SJB, RJ, repercuti a decisão da Agência Ambiental publicada no Diário de Pernambuco e junto postei entrevista feita do barco, em 23 de maio de 2013 com o pescador Edinaldo Rodrigues de Freitas, o Nal de 42 anos que fala dos impactos ambientais e sociais da expansão e operação do Porto de Suape.
Confiram no link:
http://www.robertomoraes.com.br/2013/09/agencia-ambiental-de-pernam…
5ª SEMANA SOCIAL BRASILEIRA
1) Uma boa noticia foi que a empresa Suape requereu a suspensão dos processos nas ações de reintegração de posses contra os irmãos da família Minervino, posseiros no Engenho Algodoais. Isto foi possível em decorrência da gestão feita junto ao Governo do Estado, coordenada pelo MST, juntamente com representantes do Fórum Suape, e membros das Associações de Moradores. Foi agendada uma nova perícia nas áreas dos posseiros. O que aconteceu neste caso é inusitado, e continuaremos a agir no sentido que o mesmo tratamento dado para este caso seja dispensado aos demais posseiros, inclusive aqueles que já foram expulsos de suas terras.
3) A próxima reunião entre o MST, Fórum Suape e representantes das Associações de moradores dos engenhos do entorno do Complexo de Suape com os representantes do governo do Estado, da Secretaria de Agricultura e da empresa Suape, já esta agendada para a próxima semana. O assunto nesta reunião continuará sendo a discussão sobre o reassentaemnto dos posseiros, levando em conta seus direitos.
4) O Fórum Suape se fez representar na reunião ordinária da Associação dos Moradores do Engenho de Algodoais que acorre todo primeiro domingo do mês. Na sede da Associação com a presença de aproximadamente 20 pessoas, neste domingo dia 1º de setembro foram dadas várias informações sobre o Fórum Suape. Um dos assuntos tratados foi o anúncio aos presentes, da localização da sede do Fórum Suape, que ficará na área cedida pelo Centro das Mulheres do Cabo, na rua dezenove, no 100 na Charnequinha (ao lado da creche), no município do Cabo de Santo Agostinho.
5) Ainda não tivemos resposta do Grupo NAJUP (Núcleo de Assessoria Jurídica e Popular, do Centro de Ciências Jurídicas da UFPE) sobre a parceria para a realização da assessoria jurídica. Entramos em contato com a profa. Liana (coordenadora do Grupo) que nos informou que tão breve tenha uma decisão, a ser tomada pelos estudantes, nos comunicará. Lembramos da importância de efetuarmos esta parceria.
6) Nesta semana, na próxima sexta-feira (6/9) a partir das 8:30 horas da manhã, teremos uma reunião expandida da Comissão de Estatuto, na sede da FASE (atrás do Spettus – Derby em Recife. Discutiremos assuntos que tratam do estatuto do Fórum. Conforme já anunciado as reuniões gerais para aprovação do estatuto e eleição e posse da coordenação, ocorrerão no Cabo de Santo Agostinho – dia 16 de setembro (segunda-feira), as 13:30 horas no Centro das Mulheres do Cabo, e no Recife dia 18 de setembro (quarta-feira), as 8:30 horas na FASE.
7) Para quem quiser conhecer e tornar membro do Fórum Suape-Espaço Socioambiental, veja o portal, www.forumsuape.ning.com
NA CONTRAMÃO DA HISTÓRIA…
A possibilidade de ser atacado por um tubarão existe em qualquer ponto do litoral brasileiro. Em nenhum lugar, porém, esse risco é mais real do que nas praias da região metropolitana do Recife. Um problema que parecia estar ficando submerso nos últimos anos, mas voltou à tona de forma dramática na semana passada, com a morte da jovem Bruna Gobbi, de 18 anos.
Foi o segundo ataque de tubarão seguido de morte neste ano no litoral de Pernambuco, e o segundo em menos de um ano em Boa Viagem, que é a principal praia da capital. Desde 1992, foram registrados 59 ataques no Estado, 85% dos quais ocorreram numa faixa de 30 quilômetros da região metropolitana de Olinda, Recife e Jaboatão dos Guararapes, segundo dados do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit).
A média de ataques registrados em todo o resto da costa brasileira, comparativamente, é de quatro a cinco por ano, de acordo com o especialista Otto Gadig, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). “Recife é um negócio totalmente fora do normal, sem dúvida nenhuma”, diz o pesquisador, que passou vários anos estudando os ataques da região na década de 1990.
Ele acredita até mesmo que o número de casos pode ser maior do que indicam as estatísticas oficiais. Segundo ele, é possível que muitos corpos que são resgatados do mar com marcas de mordida e interpretados pelos legistas como casos de afogamento seguido de ataque sejam, na verdade, casos de ataques seguidos de morte. “É uma teoria que não tenho como provar, mas acredito seriamente nisso”, disse Gadig ao Estado.
“Não acho que tenham sido só 59 ataques, e não acredito que tenham sido 59 tubarões diferentes”, diz o pesquisador.
Ele acredita que o problema não é o número de tubarões na região do Recife – que não seria muito diferente do de outras capitais do Nordeste, onde há bem menos ataques -, mas o comportamento dos animais, que parece estar alterado por causa da degradação dos ecossistemas costeiros e outras alterações ambientais na região.
Responsabilidade. Essa, também, é a avaliação de pesquisadores locais. Para a oceanógrafa Rosangela Lessa, presidente do Cemit e pesquisadora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), não há dúvida de que o número excessivo de ataques resulta de interferências humanas no ambiente – a maioria delas ligada ao complexo portuário de Suape, ao sul do Recife, construído nas décadas de 1980 e 1990.
O porto teria causado uma série de impactos ambientais – incluindo mudanças na salinidade da água e destruição de ecossistemas recifais e estuarinos – que forçaram os tubarões da região a se deslocar para o norte. O resultado, somando-se ainda vários outros fatores, é que um número maior de tubarões de espécies agressivas – como o tigre e o cabeça-chata – agora vive próximo às praias de uma região metropolitana densamente povoada e em condições ecológicas pouco ideais, que favorecem os ataques.
A melhor solução, segundo Rosangela, é que as pessoas obedeçam às orientações de segurança. “Tubarões não podem ser educados, mas as pessoas podem”, diz. Todas as praias da região metropolitana são amplamente sinalizadas com placas alertando para a presença de tubarões, além das orientações que são dadas regularmente aos banhistas pelos guarda-vidas do Corpo de Bombeiros.
O Cemit é contra qualquer solução que implique em matar tubarões. “Fomos nós que causamos o problema; a responsabilidade é nossa, não dos tubarões”, diz o cientista Fabio Hazin, também da UFRPE. “Não queremos piorar ainda mais um problema ambiental que já é complexo”, diz Rosângela.