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SUAPE Visitas

VISITA AO COMPLEXO DE SUAPE

Visita ao Complexo de Suape pelo mar e no seu entorno: que Santo Agostinho e São João nos ajudem!

Fonte: www.robertomoraes.com.br

Hoje (23/5/2013), este blogueiro deu um tempo no Encontro Nacional de Programas de Pós Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional, aqui em Recife, para ir conhecer de perto a realidade do Complexo Suape, seu entorno e alguns dos seus muitos impactos.

Um atividade de campo riquíssima e que foi propiciada por uma liderança comunitária local, pescador da 4ª geração de uma família de pescadores, nascido na praia de Calhetas, município de Cabo de Santo Agostinho, sede do Complexo de Suape.

Trata-se do Edinaldo Rodrigues de Freitas, o Nal de 42 anos que informa e discute sobre a realidade das comunidades atingidas pelo empreendimento do Suape de uma forma que impressiona e similar a que este blogueiro possui na comunidade do Açu, em São João da Barra.

Nal diz textualmente que não é contra o empreendimento, mas, que ele poderia e deveria ser feito de outra forma e com diálogo com a comunidade.

O complexo do Supae reúne um enorme porto e um complexo industrial, que incluir dois estaleiros, além de diversas outras indústrias, além de uma grande refinaria e uma Usina Termelétrica em construção.

É impressionante, a similaridade do Complexo de Logístico Industrial de Suape que é uma realidade em expansão e o projeto do Complexo do Açu.

Suape está no Cabo de Santo Agostinho, enquanto o Açu, está em São João da Barra. Um é Cabo o outro uma Barra e ambos são santos, embora, os problemas gerados sejam quase um Pecado.

O blog vai fazer questão de depois relatar aqui neste espaço uma série de questões que observou, junto com os professores Floriano Godinho de Oliveira do PPFH/UERJ e Luiz de Pinedo do IFF, durante boa parte do dia.

De barco, por cerca de 3 horas, nós percorremos todo o litoral onde se encontram as instalações do porto, quebra-mar, estaleiros (EAS e Promar), etc. navegando em mar aberto e nos estuário dos rios Ipojuca e Massangana, as ilhas do Tatuoca e Francês, vimos as comunidades afetadas e desapropriadas, os problemas das dragagens, dos impactos sobre a pesca e turismo, o adensamento populacional, o aumento da criminalidade, etc.

Como já comentamos em algumas postagens neste espaço (veja aqui e aqui e aqui) há muita similaridades, mas o Porto de Suape é público e, embora tenha sido implantado na década de 70, só na segunda metade da década de 2000 deslanchar com a decisão da implantação da refinaria da Petrobras e do Estaleiro Atlântico-Sul (EAS).

Acabo de confirmar no jornal Valor Econômico no noticiário que o presidente da Transpetro, Sérgio Machado autorizou que o EAS retome a construção de 12 navios. Com seu novo parceiro tecnológico, depois da saída da Samsung em março de 2012, a divisão de construção naval do grupo Ishikawajima (IHI) vai dar assistência técnica e fornecerá os projetos dos navios para o EAS. O acordo da Transpetro e Estaleiro EAS representa a volta de R$ 4,2 bilhões à carteira de encomendas do estaleiro. Os prazos de entrega foram renovados pelo atraso de 21 meses no primeiro petroleiro construído pelo EAS, o João Cândido. Agora, a entrega do último navio à Transpetro está prevista para dezembro de 2019, ante o prazo inicial de abril de 2016. Serão 22 navios ao todo.

Pois bem, depois postaremos aqui fotos e detalharemos o que vimos em Suape e que merece a reflexão não apenas do estado do Rio de Janeiro, mas, do governo federal que terá a responsabilidade de lidar com a nova realidade jurídica dos portos depois da aprovação da conhecida MP dos Portos.
Agora é possível compreender com clareza, porque o governador pernambucano lutou tanto na questão da MP dos portos para manter o domínio sobre o Porto e o Complexo do Suape.
Abaixo o blog reproduz algumas fotos, mas, adiante, com mais tempo farei novas postagens sobre o assunto. Impressiona que os problemas gerados sejam idênticos no porto público – como em Suape – quanto no empreendimento privado como no Açu, em São João da Barra.
Que os santos nos ajudem!

Vista do mar para o porto e Estaleiro Atlântico Sul (EAS)
O Porto Suape com os guindastes transcontêineres e retroárea ao fundo
O pescador de Calhetas, Suape-PE, Edinaldo Rodrigues de Freitas, Nal
A plataforma que realiza explosões dos recifes no mar, na direção do canal de atracação
do Porto Suape, PE

Área de diques do estaleiro Promar em construção, em área onde antes era mangue
Comunidade de Gaibu, localidade do município de Cabo de Santo Agostinho, onde se situa a maioria dos alojamentos das dezenas de milhares de trabalhadores do Complexo do Suape
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Fórum Suape

OFICINA DE PLANEJAMENTO DO FÓRUM SUAPE

Estamos oficialmente confirmando a Oficina de Planejamento do Fórum Suape para o dia 07 de junho de 2013, que iniciará as 09:00 horas, no salão de Formação Sinforosa Nunes (Anexo do CMC) que fica na Charnequinha, Cabo de Santo Agostinho, ao lado da creche da comunidade. Quem tiver dúvida vem para o Centro das Mulheres, as 08:30 h, e aqui recebe as orientações como chegar.
Quem for recebendo esta mensagem, já pode ir confirmando presença, para facilitar os encaminhamentos de logística.

Obs: Solicitamos àqueles(as) que puderem, trazer uma contribuição de R$ 10,00 para as despesas do Almoço.

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    SUAPE

    OCUPAÇÃO DA PETROBRAS EM SUAPE

    Já que temos a preocupação ambiental, gostaria que fosse solicitado a Petrobras, principalmente a área do Pool de Combustíveis um passivo ambiental da área do entorno e onde a empresa usava para limpar seus tanques de combustíveis.

    Já ouvi relatos que os lodos dos fundos dos tanques eram jogados no mangue, mas, independente disso, esse teste é obrigatório para todas as empresas que trabalham com combustíveis.

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      Reunião

      MEMORIA DA REUNIÃO REALIZADA NO RJ – 10/5

      Memória da reunião sobre os impactos socioambientais
      Da 11ª rodada de leilões das bacias petrolíferas
       Parte da manhã
       Consensos fortes da reunião
       –   Não à 11 rodada!
      –    Petróleo como um bem comum muito valioso e com uma infinidade de finalidades. Estupidez queimá-lo nos trânsitos caóticos das grandes cidades, por exemplo, ao contrário de valorizar seus outros usos. Petróleo vale mais na terra do que quando retirado.
      –   Diminuir e limitar o ritmo atual da extração petroleira. Para garantir a segurança do trabalhador, a do meio ambiente, a viabilização dos percentuais legais de conteúdo local e a operação dos poços exclusivamente pela Petrobras.
      –  Controle público sobre o setor e garantia da nacionalização e operação exclusiva dos poços pela Petrobras.
      –   Definição de áreas de exclusão petroleira, onde não se pode instalar poços de petróleo.
      –   Segurança do Trabalhador como meio de assegurar o cumprimento de mecanismos de proteção ambiental.
      –   Petrobras como empresa de energia. Iniciar a transição energética. Repensas a estratégia de desenvolvimento baseada em uma matriz produtiva dependente da energia petroleira.
      –   Reivindicar mais espaços de participação da sociedade civil nas decisões de estratégica de política energética do Brasil.
      –   Denúncia dos impactos sociais e comunitários, direitos humanos, criminalização dos movimentos sociais e da criação de novos pobres a partir dos empreendimentos.
      –    Falta de transparência e conhecimento sobre a indústria e seus possíveis impactos. Falta de conhecimento sobre as áreas e as vulnerabilidades dos biomas e comunidades.
      –    Plano Nacional de Contingências e efetivação dos Planos APELL e a difusão de suas áreas de possível impacto.
      –    Necessidade de uma mudança de hábitos e construção de uma sociedade pós-petroleira e de baixo carbono.
      –    Conectar as diversas lutas, como, por exemplo, por mobilidade urbana, ao debate do petróleo.
      –    Revisão da Lei do Petróleo que permite os leilões.
      Parte da tarde
       –   Apresentação  da  ferramenta  elaborada pelo Nilo. Cruzamento de dados  entre os blocos, as áreas de preservação, terras indígenas e assentamentos de reforma agrária.
      –   Constatou-se que 76 assentamentos de reforma agrária estão dentro dos blocos em leilão.
      –    Apresentações revelaram problemas em comum: corrupção local, impactos ambientais, remoção de famílias, IDHs de municípios recebedores de royalties sofrem piora ao longo do tempo comparados com municípios mais pobres (Rosa Pizzol). Ver a possibilidade de fazermos uma conversa com ela.
      –    Muitos blocos sofreram recortes e estão colados em terras indígenas e áreas de preservação, certamente afetando essas áreas.  A terra indígena Araribóia está a cerca de 150 metros de um dos blocos.
      –   Combinamos de fazer uma gestão colaborativa para agregar novos dados ao mapa e publicá-lo em nossos sites e redes – criação de um GT com as diferentes representações regionais para alimentação e diálogo sobre o mapa.
      –   Vamos lançar uma matéria hoje denunciando a sobreposição e proximidade de blocos, assentamentos, quilombos, áreas de preservação e terras indígenas.
      –    rticulação dos movimentos locais que estejam ou não debatendo o tema, sofrendo seus impactos ou correndo o risco de sofrê-los.
      Encaminhamentos:
       Curto – lançar nota hoje para imprensa com mapa (Imagem e KML). Subir e divulgar os mapas em nossas redes e sites (Estes mapas eu peguei no meu pendrive posso tentar enviar pelo wetransfer).
      Médio – Após 15 de março, caso ocorra o leilão, fazer monitoramento das empresas vencedoras. Informes Regionalizados e por empresa. Construir uma articulação com organizações indígenas, quilombolas e do campo para um questionamento jurídico dos leilões sobre assentamentos e quilombos e próximos a terras indígenas. Articulação com as organizações da sociedade civil dos países que adquiriram blocos no leilão (Noruega e Angola). Articulação dos movimentos locais que estejam ou não debatendo o tema. Próxima reunião, ainda mais ampliada em uma das áreas afetadas.
      Longo – Ampliar o mapa a partir da agregação de novos dados construídos pelo GT e pelas organizações locais, possibilitando a constituição de um discurso alternativo. Monitoramento da Petrobrás na América Latina e África. Statoil no Brasil e África… Monitoramento da Petrobrás na América Latina e África.
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      Petróleo

      LEILÃO DO PETRÓLEO: MUITOS MOTIVOS PARA QUESTIONAR

      Lívia Duarte, jornalista da FASE – Solidariedade e Educação

      http://www.fase.org.br
      13/05/2013

      Diante da 11ª rodada dos leilões do petróleo, a sociedade tem elementos para questionar se há mais valor no que vai vivo sobre a terra ou na matéria orgânica morta há milhares de anos, depositada no subsolo. O tema foi parte do debate realizado nos dias 9 e 10 de maio em encontro sobre a exploração do petróleo no Brasil, que reuniu membros da sociedade civil – ONGs, sindicatos de petroleiros e suas duas federações, além de atingidos pelas atividades da indústria em diversas regiões do Brasil. Os relatos repetem cenários de expropriação da terra e da água e de territórios marítimos, já que os pescadores têm sido impedidos de trabalhar pelo aumento de plataformas e consequente área de exclusão, além dos impactos da poluição, seja por vazamentos ou dragagens. Já os petroleiros questionam a inequalidade de direitos entre trabalhadores da Petrobras, de empresas privadas e terceirizados, além do crescimento exponencial aos riscos de acidentes. A sobreposição – de empresas, cadeias logísticas e impactos – é outra constante.

      Apesar das distintas visões sobre a questão – que vão do nacionalismo da campanha O Petróleo Tem que ser Nosso! ao clamor por Nenhum poço a mais! – o debate entre estes setores da sociedade civil aponta para algum nível de compreensão comum. É preciso mudar o modo e a velocidade da indústria petrolífera estrangeira – e brasileira -, considerando o estratégico debate sobre fontes de energia no contexto dos motivos para o aumento da produção, a diversidade de tipos de fontes possíveis e quem são os reais beneficiados pelos investimentos feitos nesta área. Os grupos também concluíram que é preciso criar territórios livres da atividade petroleira, como afirma a carta Contra o 11º leilão e seus impactos socioambientais nos territórios.

      [“Todos somos afetados onde não há correlação entre o crescimento econômico e o bem da maioria”, leia entrevista com Sergio Calundungo, da Ajuda da Igreja Norueguesa, sobre o petróleo no país dele, que participou do encontro no Rio]

      Pernambuco – Na região metropolitana do Recife, o Fórum Suape – Espaço Socioambiental, fundado em março, não se organiza especificamente em relação à indústria do petróleo. Mas identifica os múltiplos impactos negativos impostos pelas 114 empresas já instaladas (e as 50 que serão em breve construídas) no Complexo Industrial Portuário de Suape.

      Por solicitação do governo daquele estado, foram incluídos no leilão dos dias 14 e 15 de maio mais três blocos para exploração de gás e petróleo na bacia Pernambuco-Paraíba. O ofício enviado ao governo federal lembra que os blocos “deverão atrair investimentos e trazer conhecimentos a essa nova área de fronteira exploratória”. A bacia a ser explorada no sul do estado ‘coincide’ com o projeto Suape Global – Pólo Provedor de Bens e Serviços para Indústria de Petróleo, Gás e Naval – que receberá, até o ano que vem, investimentos em obras de infraestrutura no valor de R$ 3 bilhões com a construção de refinaria, complexo petroquímico e estaleiros. Ou seja: mesmo se os poços não forem viáveis economicamente, já terão sido feitos grandes investimentos públicos e privados.

      Na região, formada por antigos engenhos, já foram expropriadas mais de 13 mil pessoas desde o início da obra, na década de 70. Outras 25 mil devem ser expulsas até 2020, quando o governo estadual, que administra a área, espera não haver mais moradores. O processo indenizatório, segundo nos conta Mercedes Solá Perez, do Fórum Suape, é realizado sem critérios claros, de maneiras muito diversas de acordo com a pessoa ou o poder de organização de cada comunidade. “Vemos famílias indenizadas com R$ 48 mil, sendo que no Cabo (município onde está Suape) uma casa pequena custa R$ 150 mil, no mínimo”, comenta, evidenciando os impactos do porto sobre a especulação imobiliária nas cidades ao redor. O trânsito virou um problema, assim como os altos índices de poluição, o crescimento da criminalidade, a dificuldade de acesso aos serviços públicos. Tudo isso também fica evidente no vídeo Suape – um caminho sinuoso, produzido pelo Fórum e disponível em sua página na internet, que mostra até os efeitos sobre o acesso a alimentos por parte dos pescadores (assista a seguir). Eles contabilizam que no período de uma semana, quando costumavam pescar cerca de uma tonelada, hoje não tiram do mar mais que 30kg de pescado. São quilômetros de manguezais já desmatados e aterrados, além de ameaças a enormes barreias de corais. As mudanças econômicas tiraram o trabalho da pesca, corroeram seus modos de vida e sobrevivência. Como sintetiza no vídeo um dos pescadores da região: “No passado, eu tinha futuro”.

      Rumo ao Norte – Os impactos de um polo econômico como Suape, que está conectado a 160 outros portos no mundo, não podem ser medidos apenas pela região próxima. O complexo inclui uma ampla rede de dutos, ferrovias e estradas, que agora vai sendo ampliada para conectar-se aos portos de Pecém, no Ceará, e Itaqui, no Maranhão, e a empreendimentos no interior do Piauí, por exemplo. O mapa dos blocos de petróleo a serem leiloados no nordeste nesta rodada ajuda a enxergar as proximidades: serão pesquisadas áreas no mar no Maranhão, no Ceará-Rio Grande do Norte, em Pernambuco-Paraíba. E áreas mais ao norte, como a bacia Pará-Maranhão e a região da Foz do Amazonas. Em terra, Alagoas, Recôncavo Baiano, Maranhão e Rio Grande do Norte estão na mira da exploração.

      O mapa dos blocos, como destacou Nilo D´Ávila, do Greenpeace, não revela o que está na superfície: terras indígenas e quilombolas muito próximas, assentamentos e outras propriedades camponesas, cidades, importantes barreiras de corais, manguezais e estuários fundamentais à reprodução da vida marinha e dos pescadores. “Falamos de uma ampliação da área de exploração para mais 150 mil km² de território brasileiro e temos mais informação sobre o que vai abaixo do solo – as sísmicas, etc – do que o que está acima, como os modos de vida”, calcula. O desenho dos blocos “evita” claramente áreas de preservação ambiental – como é o caso dos Lençóis Maranhenses, para ficarmos em apenas um caso – e reservas indígenas. Mas a proximidade impressionante deve nos fazer questionar sobre os riscos socioambientais – inclusive porque 14 anos depois da primeira rodada, o Brasil ainda não tem plano de contingência para o caso de acidentes.

      Enquanto o debate nacional se limita a distribuição dos royalties, o exemplo do Rio Grande do Norte, que já reveza com o Amazonas o posto de maior produtor de petróleo em terra no Brasil, pareceu emblemático. Leandro Freitas, da Diaconia, lembrou que desde a década de 1970 foram furados mais de 11 mil poços no estado e que estes poços – assim como a infraestrutura necessária ao funcionamento da indústria – estão agora em crise de produção, gerando problemas como desemprego. A perfuração de novos poços está no horizonte com o leilão. Sua localização coincide com as duas bacias hidrográficas mais importantes do estado e a região da Chapada do Apodi, maior polo de produção da agricultura agroecológica do estado, que abastece a região com alimentos. Seguindo a lógica de que um projeto não chega sozinho, a agricultura familiar também está ameaçada por um enorme projeto de perímetro irrigado voltado ao agronegócio. “A base da economia aqui é a agricultura. E vemos que em períodos como o atual, com os problemas causados pela seca, os royalties não são usados para aquilo que deveria – usados em serviços”, destaca, lembrando que cidades como Macau e Mamoré, recordistas no recebimento de royalties do petróleo, têm baixos Índices de Desenvolvimento Humano. Aliás, o Ministério Público denunciou desvio de mais de R$ 13 milhões da receita dos royalties nestas localidades no período entre 2008 e 2012, ação que flagrou também a falta de transparência, debate e participação públicos no que diz respeito à divisão das receitas provenientes da exploração de recursos naturais.

      Seguindo ao sul – No debate sobre royalties, Marcelo Calazans, da FASE Espírito Santo, lembrou que os “lucros” do petróleo não têm se convertido em melhorias na qualidade de vida da população na maioria dos casos. Presidente Kannedy, no Espírito Santo, é um caso emblemático visto que ter o segundo maior PIB per capta do estado (mais de R$ 97 mil por habitante) não garante melhoria da qualidade de vida ou diminuição da desigualdade. Quem visita o pequeno município de 11 mil habitantes encontra um verdadeiro caos ao invés de serviços públicos de qualidade, como a Saúde. Marcelo defende que o debate não se concentre nas compensações – que são sim muito importantes já que os impactos afetam a vida de milhares de pessoas –, mas abarque também o uso que “esta sociedade petroleira” dá ao petróleo. “Precisamos barrar a expansão deste modelo. Considerando o petróleo como um bem tão valioso, é fundamental que seja usado com parcimônia ao invés de ser queimado, irracionalmente, nos congestionamentos das nossas metrópoles. Não podemos perder o horizonte de alguma transição para outro uso da energia”, destacou, argumentando que o petróleo pode ser mais valioso (e nosso) sob a terra, já que depois da extração, diante do capital, não controlamos mais esta riqueza.

      Paulo Henrique de Oliveira, da FASE e do Fórum de Afetados por Petróleo e Gás no Espírito Santo, ironizou: “se o petróleo é nosso, decidi que não vou explorar minha parte”. Ele refletiu sobre os impactos que mapeou com um grupo de cicloativistas no Pedal Contra o Pré-sal, que seguiu por quase 400km entre Vitória e a fronteira com a Bahia. Na região, há áreas exploradas em terra desde a década de 70, onde os cicloativistas presenciaram contaminação e “uma compensação que não compensa”, na fala de pessoas e comunidades afetadas. A área tende a aumentar com os novos blocos exploratórios que serão leiloados pela ANP.

      Também no sul do Espírito Santo serão vendidos novos blocos, que se aproximam de cidades como Anchieta, já pressionada pela antiga presença de empreendimentos no ramo da mineração. Adilson Ramos, o Russo, pescador de uma associação local, teme o aumento do número de plataformas: seja pela diminuição das áreas de pesca, consequência das áreas de exclusão ao redor das embarcações, seja pela poluição que mata cardumes. “Dizem que compensação é aula de preservação ambiental. Olha, pescador não precisa de aula de preservação ambiental. Os royalties são pagos, mas não para o pescador que tomou prejuízo. Não vemos isso em nada, não sabemos pra onde vai. De que forma alimentamos nossos filhos?”, questionou.

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      Ambiental Informe

      CONTRA O 11º LEILÃO E SEUS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NOS TERRITÓRIOS

      Informe repassado por, Mercedes Solá Pérez (por email)

      Contra o 11º leilão e seus impactos socioambientais nos territórios

      Nos dias 9 e 10 de maio, organizações da sociedade civil de diferentes campos (movimentos sociais, sindicatos, ONGs, ambientalistas, ecumênicas e fóruns de atingidos) estiveram reunidas no Rio de Janeiro para estudar os impactos e conflitos socioambientais da expansão petrolífera no Brasil, com foco nos blocos oferecidos na 11ª rodada de leilões de petróleo.

      Ficou evidente que, a partir do histórico da exploração petroleira no Brasil, a exploração desses blocos implica em um conjunto de riscos e impactos socioambientais graves e, em alguns casos, irreversíveis.

      Os blocos marítimos se encontram muito próximos da costa. Alguns deles, como na foz do Amazonas, se situam sobre regiões pouco estudadas, em ecossistemas e t erritórios de alta complexidade. No Nordeste, situam-se próximos à foz de importantes bacias hidrográficas. A extração de petróleo em ritmo acelerado e sem fiscalização eficiente representa um risco inaceitável de dano a esses ambientes marítimos e às populações que ali vivem.

      A perspectiva de exploração desses blocos, aliada às refinarias, dutos, portos e instalações existentes ou planejadas, agrava os impactos socioambientais fundiários e aos modos de vida das populações locais, especialmente pescadores/as tradicionais, provocados por complexos industriais portuários como os de Itaqui (MA), Suape (PE), COMPERJ (RJ) e Pecém (CE).

      Por outro lado, os blocos em terra representam outros tipos de riscos para os territórios. As áreas a serem leiloadas sobrepõem-se a ma is de 76 assentamentos de reforma agrária e territórios de quilombos, protegidos pela Constituição Federal. Isso representa um risco para os modos de vida dessas populações, que em alguns casos podem vir a ser removidas, além de uma irracionalidade do ponto de vista dos recursos públicos investidos naqueles territórios. Além disso, blocos estão sobrepostos a inúmeras áreas consideradas pelo governo como prioritárias para a conservação da biodiversidade.

      Blocos foram desenhados de forma a evitar sobreposição direta com terras indígenas e unidades de conservação, driblando a legislação e excluindo a atuação da Funai e ICMBio. Ainda assim, diversos blocos fazem limite ou estão no entorno dessas terras e causarão impactos sobre essas áreas. No caso de terras indígena s e quilombolas é necessário o cumprimento da Convenção 169 da OIT, da qual o Brasil é signatário (Decreto-Lei 5051/04), que exige a consulta prévia, livre e informada para empreendimentos que afetem os territórios dessas comunidades. Um exemplo disso é a proximidade de cerca de 150 metros entre o bloco PN-T-65 e a Terra Indígena Araribóia, no Maranhão, com presença de índios isolados.

      Além disso, não existem condições regulatórias mínimas para justificar a instalação de novos blocos. O Plano Nacional de Contingência previsto na Lei do Petróleo (Lei 9478/97), fundamental para garantir a segurança nessa indústria, sequer foi elaborado.

      O desconhecimento total das populacões locais sobre o leilão demonstra a falta de transparência em torno da polí tica energética brasileira. Não há informação nem debate público sobre os limites da expansão petroleira e a transição energética para outras fontes renováveis.

      Somamo-nos às vozes que denunciam os leilões como um amplo processo de privatização dos territórios e dos bens comuns, sob a justificativa de se gerar riqueza e “desenvolvimento”.

      Por esses motivos, SOMOS CONTRA a 11ª rodada de leilões e pela criação de territórios LIVRES de atividade petroleira.

      Forum dos Atingidos pela Indústria do Petróleo e Petroquímica nas Cercanias da Baía de Guanabara (FAPP-BG)
      Forum dos Afetados por Petróleo e Gás do Espirito Santo
      Forum Suape Espaço Socioambiental
      Forum em Defesa do Baixo Parnaíba e Lençóis Maranhenses Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA)
      Movimento Pró-Saneamento e Meio Ambiente da Região do Parque Araruama – São João de Meriti/RJ
      Ibase
      Fase
      Greenpeace
      Ajuda da Igreja Norueguesa (AIN)
      Fundação Luterana de Diaconia (FLD)
      Centro de Direitos Humanos de Barreirinhas/MA (CDHB)

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      Uncategorized

      PROJETOS SOCIOAMBIENTAIS GANHAM PORTAL DE FINANCIAMENTO COLETIVO

      Como bem afirma Ricardo Abramovay, professor titular da FEA e do IRI-USP, “aumentar a eficiência e reduzir a desigualdade no uso dos recursos: esses são os objetivos estratégicos de uma nova economia que tenha a ética no centro da tomada de decisões e que se apoie em um metabolismo social capaz de garantir a reprodução saudável das sociedades humanas”.

      Foi baseado nessa premissa que Fernando Beltrame, consultor em sustentabilidade, idealizou um portal de financiamento coletivo focado exclusivamente em projetos socioambientais. Trata-se do Causa Coletiva (www.causacoletiva.com.br – endereço ainda não ativo), que será lançado hoje (14), às 19h, em um evento realizado no CEU (Centro de Educação Unificado) da favela Paraisópolis, na zona sul de São Paulo.

      Beltrame diz que há uma grande oferta e, ao mesmo tempo, necessidade de se viabilizar projetos de cunho socioambientais no Brasil. Nesse sentido, o portal oferece um ambiente onde eles sejam divulgados e, ao mesmo tempo, possam captar recursos para viabilizar sua implementação. “Porém a relação entre o portal-projeto-financiador não será apenas transacional. O Causa Coletiva possibilitará a conexão entre esses atores, de modo que os projetos sejam fontes de inspiração para outros, que gerem conteúdo relevante de fácil acesso e entendimento, além de estimular uma participação ativa”, explica ele.

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        RELATÓRIO SINTÉTICO DA JORNADA ACADÊMICA MULTIDISCIPLINAR SOBRE SUAPE

        RELATÓRIO SINTÉTICO DA JORNADA ACADÊMICA MULTIDISCIPLINAR SOBRE SUAPE 

        Dia: 13 de maio (segunda-feira)
        Hora: 8 as 12 horas
        Local: Departamento de Saúde Coletiva
        NESC/CPqAM/FIOCRUZ

        Objetivo
        Tipificar as injustiças sociais e ambientais no entorno do Complexo de Suape.

        Justificativa
        Com a aceleração da implantação do Complexo Industrial Portuário de Suape em Pernambuco, vivencia-se uma situação análoga a tantas outras que ocorrem no País e diz respeito ao modelo de desenvolvimento predatório adotado. Quem paga pelo “progresso” a nível local são as populações nativas, obrigadas a saírem de suas moradias, mudar seu modo de vida, criando grandes problemas sociais. E também é afetado o meio ambiente, onde são despejados produtos tóxicos e suprimida a vegetação, com reflexos na vida animal, nos rios e riachos. Esta ação local acaba se somando negativamente a tantas outras que estão sendo realizadas em todo o território nacional, e em todo o planeta.

        Logo, Suape e seus municípios estratégicos constituem um território de conflitos, que se espera identificar, tipificar e assim construir uma mapa de injustiças sócio-ambientais naquele território.

        Metodologia
        Reunir diferentes pesquisadores interessados, ou que já trabalham naquele contexto em diferentes áreas do conhecimento.

        Haverá em um primeiro momento (2 horas) uma breve apresentação dos trabalhos (10 minutos) já em desenvolvimento, ou que serão desenvolvidos no território abrangido pelo Complexo de Suape.

        Em seguida a discussão sobre o objetivo do encontro, a tipificação e construção de um mapa de injustiça social no território de Suape (1 hora)


        Relação dos participantes


        Nome
        Telefone
        Email
        Instituição
        1. 1     
        Aline do Monte Gurge
        8627800
        CPqAM
             1. 2.
        Clenio Azevedo Guede
        9237254
        CIST/CES PE
             1. 3
        Daniel Rodrigues
        92051879
        danielrodrigues7@yahoo.com.br
        CE/UFPE
        1. 4          
        Lia Giraldo
        34596316
        Cpqam/UPE
        1. 5        
        Mariana Barros de Araújo
        88851022
        mariana_barros09@hotmail.com
        UPE
        1. 6           
        Erika Cordeiro de Rego Barros
        96208762
        CSA/UFPE
        1. 7    
        Clívia Alves de Moraes Lira
        94260442
        CSA/UFPE
        1. 8            
        Rafaela Miranda da Silva
        97216247
        CSA/UFPE
        1. 9            
        Suzana de Carvalho Ferreira
        32417497
        suzana.decarvalhoferreira@gmail.com
        UFPE
             1. 10
        Manoel Pedro Vieira Filho
        87254508
        UFPE
        1. 11        
        Ana Cristina de Santana
        87408444
        ana.cristina.666@hotmail.com
        Faculdade Estacio/FIR
        1. 12  
        Heitor Scalambrini Costa
        99644366
        heitorscalambrini@gmail.com
        Forum Suape
        1. 13   
        Idê Gomes Gurgel
        99605455
        CPqAM
        1. 14
        Mariana Olívia
        87298359
        CPqAM
        1. 15
        José Marcos da Silva
        92051725
        kinhoventuras@hotmail.com
        CPqAM
        1. 16
        Elizabete Braga
        83257625
        1. 17
        Frederico T. Almeida
        83257625
        1. 18   
        Paul Nobre
        21237807
        paulnobre@cpqam.fiocruz.br
        CPqAM

        Abertura – boas vindas

        Apresentação dos participantes

        Apresentação das pesquisas desenvolvidas no Aggeu Magalhães por Lia Giraldo

        Apresentação de problemáticas discutidas no Fórum Suape por Heitor Scalambrini

        Apresentação do site Mapa da injustiça ambiental

        Discussão dos conflitos que poderiam ser incluídos no Mapa da Injustiça Ambiental: existe apenas um conflito identificado no Mapa de injustiça Ambiental. A Sugestão seria organizar os conflitos a partir das temáticas propostas pelo Fórum Suape:

        a) Questões agrárias
        b) Mudança de vida e trabalho das populações
        c) Meio ambiente
        d) Condições de trabalho
        e) Urbanização e crescimento não planejado
        f) Exploração sexual e violência contra a mulher
        g) Megaprojetos integrados e modelo de desenvolvimento
        h) Comunicação
        i) Saúde

        Conflitos que serão elaborados para serem apresentados na próxima reunião:
        Conflitos a serem elaborados pelos grupos
        Tema
        Responsável
        1.
        Ocultamento dos impactos de Suape –  A falta de comunicação ambiental
        Comunicação
        Mariana Olívia
        2.
        Acesso e demanda das populações atingidas e que o setor saúde não está acompanhando
        Saúde
        Mariana Barros, Clenio Guedes e Aline Gurgel e Mariana Olívia
        3.
        As ausências de saúde identificadas na análise do EIA Rima
        Saúde
        Marcos e Elisabete (Bete)
        4.
        Pernambuco que mais desmatou em 2010 e Ipojuca está em primeiro lugar
        Ambiental
        Elisabete
        5.
        Conflitos agrários
        Conflitos Agrários
        Heitor
        6.
        A comunidade de Tatuoca
        Comunicação
        Heitor e Mariana
        7.
        A não utilização de recursos públicos na educação do município de Ipojuca
        Daniel Rodrigues + professora que atua com esta temática
        8.
        Condições de trabalho
        Erika, Clívia e Rafaela – vão verificar com a professora
        Daniel propõe algumas sugestões:
        • Foi sugerido que o Ageu acolha alguma atividade do SBPC que será realizado em 21 a 26 de julho na UFPE.
        • Pautar o programa Opinião Pernambuco
        • Divulgar o Fórum Suape na SBPC e apresentar o MAPA
        • Como articular a programação para inserir estas sugestões no SBPC
        Informes:
        • Colóquio Saúde, Ética, Desenvolvimento e Sustentabilidade: desafios para um mundo em crise, que ocorrerá nos dias 21 e 22 deste mês no auditório da Fiocruz Pernambuco.
        • Debate sobre Leilão das Bacias Petrolíferas– 19 horas no SINTEL ao lado da Unicap
        Encaminhamentos:
        Construir a tipificação dos conflitos (quadro acima) para serem lançados na Rede e que será lançado na SBPC como exemplificação das injustiças ambientais
        Heitor fará contato com a equipe dos Mapas de Injustiças para saber como pode ser realizado o encaminhamento dos novos conflitos elaborados
        Novo encontro: 17 de junho de 2013, as 8:00 horas no Ageu Magalhães

        Categorias
        Jaboatão

        OBRAS DE ENGORDA DA ORLA DE JABOATÃO SÃO ADIADAS

        A data de início era esta quarta-feira, mas vistorias solicitadas pelo MPF e pela Capitania dos Portos adiaram as obras
        Publicado em 08/05/2013, às 12h10

        As obras de engorda da orla de Jaboatão dos Guararapes estavam marcadas para esta quarta-feira (8), mas foram adiadas com nova previsão de início para esta sexta (10). O motivo da mudança foi o requimento de vistorias por parte da Capitania dos Portos e do Ministério Público Federal. Segundo o engenheiro responsável pelas obras, Roberto Rocha, os órgãos exigiram uma maior sinalização nos locais da jazida e da draga.

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        Obras de engorda da orla de Jaboatão começam nesta quarta-feira

        “Estamos atendendo a todos os requisitos dos órgõas reguladores e já providenciamos as boias flutuantes que serão colocadas por 1,5 km junto à tubulação submersa”, disse. Ainda segundo Rocha, o transporte da primeira tubulação com a draga deslocada de suape deve acontecer nesta sexta.

        Com um investimento de R$ 41 milhões, as obras de engorda da orla de Jaboatão abrangem um aumento de 40 metros da largura da faixa que compreende os 5,3 km das praias de barra de Jangada, Candeias e Piedade e devem ser concluídas em agosto deste ano.

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