EnglishPortugueseSpanish
EnglishPortugueseSpanish
Categorias
Engenho SUAPE

AINDA SOBRE A SITUAÇÃO JURÍDICA DO SR. CLÁUDIO MANOEL DE MASSANGANA

Análise da Dra. Maria Conceição (advogada) sobre a situação jurídica do caso do Sr. Cláudio do Engenho Massangana (6/4) 

A Empresa SUAPE ajuizou ação de reintegração de posse contra o senhor Cláudio, e o juiz nomeou um perito para avaliar as benfeitorias a serem indenizadas. O número do processo, que tramita perante a Vara Privativa da Fazenda Pública do Cabo de Santo Agostinho é o 0001918-02.2010.8.17.0370. Portanto, as informações aqui veiculadas podem ser confirmadas mediante simples consulta aos autos. 
A avaliação do perito judicial foi no valor de R$ 897.978,45 [oitocentos e noventa e sete mil novecentos e setenta e oito reais e quarenta e cinco centavos]. A ação foi julgada em 09/6/2011, e o juiz RAFAEL JOSÉ DE MENEZES julgou parcialmente procedente o pedido para determinar que o réu desocupasse a área objeto do litígio, MEDIANTE PAGAMENTO DA INDENIZAÇÃO APURADA NA PERÍCIA JUDICIAL. 

Transcrevo aqui trecho da sentença proferida pelo DR. Rafael:
 CONDENO SUAPE AO PAGAMENTO DA INDENIZAÇÃO APURADA NA PERÍCIA, DEVIDAMENTE CORRIGIDA MONETARIAMENTE, CONCEDENDO AO RÉU TRINTA DIAS PARA A DESOCUPAÇÃO APÓS O DEPÓSITO DO PREÇO PELO AUTOR, SOB PENA DE EXPEDIÇÃO DE MANDADO EM FAVOR DO AUTOR”. 

A SUAPE recorreu da decisão e a apelação foi   “
parcialmente provida” pela 1ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, feito relatado pelo desembargador Erik de Souza Dantas Simões. Transcrevo trecho da decisão: 
“5 – No caso em apreço a indenização decorre de contrato de compra e venda de imóvel rural celebrado entre a empresa SUAPE Complexo Industrial Portuário e a Cooperativa Agrícola de Tiriri Ltda , pelo que em sua cláusula 7ª (sétima), a Empresa Suape se compromete a indenizar os posseiros daquelas terras pelas benfeitorias ali realizadas”. 

“6 – Somente serão indenizadas aquelas benfeitorias realizadas pelo ocupante das terras e não aqueles que, provavelmente, já estavam no local antes mesmo da ocupação, como o caso das árvores frutíferas”. 

Ora, o senhor CLÁUDIO MANOEL DO NASCIMENTO é
 um dos agricultores que está há mais de meio século  na posse de uma terra que deveria lhe haver sido transferida desde o ano de 1980, quando o INCRA outorgou à COOPERATIVA AGRÍCOLA DO TIRIRI o TÍTULO DE PROPRIEDADE de uma área rural  situada nos municípios do Cabo e de Ipojuca QUE FOI DESAPROPRIADA PELA UNIÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA.  

Nesse TÍTULO DE PROPRIEDADE outorgado pelo INCRA à COOPERATIVA AGRÍCOLA DO TIRIRI há uma CLÁUSULA RESOLUTIVA EXPRESSA estipulando que se a COOPERATIVA deixasse de cumprir qualquer uma das obrigações ali assumidas, a O DOMÍNIO E A POSSE DAS TERRAS REVERTERIAM AO INCRA, COM A  ANULAÇÃO DO REGISTRO NO CARTÓRIO DE IMÓVEIS E a  principal obrigação assumida pela COOPERATIVA, naquele título, foi ASSENTAR OS SEUS COOPERADOS, dentro os quais o senhor CLÁUDIO MANOEL DO NASCIMENTO.

Assinado o Título de Propriedade em 22 de julho de 1980,  a COOPERATIVA VENDEU AS TERRAS DOS AGRICULTORES PARA A SUAPE COMPLEXO INDUSTRIAL PORTUÁRIO, EM 24 DE JULHO DE 1980. É esse o título de propriedade que a SUAPE ostenta para se dizer proprietária de uma vasta área de terra que foi desapropriada para FINS DE REFORMA AGRÁRIA. 

Não é possível que o NOTÓRIO SABER JURÍDICO dos eminentes magistrados do Poder Judiciário do Estado de Pernambuco faça
 tabula rasa da existência dessa cláusula resolutiva expressa e das consequências dela advindas. 

Não é possível que os eminentes magistrados que têm julgado milhares de ações de
 REINTEGRAÇÃO DE POSSE ajuizadas pela SUAPE contra os posseiros não tenham inicialmente  perquirido sobre a possibilidade jurídica do pedido, que é uma das condições da ação, e ignorem o que preceitua o artigo 927 do Código de Processo Civil, que impõe que  incumbe ao autor de uma ação de reintegração de posse PROVAR: I – a sua posse; II – a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III – a data da turbação ou do esbulho; IV – a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na ação de reintegração.

Ora,
 a SUAPE jamais exerceu posse sobre essas áreas, e a ESCRITURA DE COMPRA E VENDA que ela possui é fruto de uma NEGOCIATA , JÁ QUE A COOPERATIVA AGRÍCOLA DO TIRIRI NÃO PODERIA VENDER AS TERRAS DOS AGRICULTORES PARA A SUAPE.  E é essa NEGOCIATA que está a ser legitimada pelo Poder Judiciário do Estado de Pernambuco. 

Também não se espera que os doutos magistrados  desconheçam que o ordenamento jurídico pátrio não autoriza a
 TREDESTINAÇÃO. A área rural do entorno do porto de SUAPE foi  expropriada para atender aos FINS SOCIAIS do ESTATUTO DA TERRA, e todos os posseiros que ali estão deveriam estar assentados nessas terras, desde o ano de 1980, com os respectivos títulos de propriedade. Hoje existe um INTERESSE PÚBLICO sobre essas áreas, e os agricultores devem ser indenizados pelas TERRAS E PELAS BENFEITORIAS.

A diligente advogada do posseiro CLÁUDIO MANOEL DO NASCIMENTO  interpôs embargos de declaração com efeitos modificativos contra a decisão da 1ª Câmara de Direito Público , e
 a matéria continua subjudice. Portanto, até que o os recursos sejam julgados pelas instâncias superiores, há  não só uma evidente VIOLAÇÃO aos direitos do posseiro, como também um ATENTADO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA,  já que a SUAPE NÃO CUMPRIU A DETERMINAÇÃO JUDICIAL DE PAGAR A INDENIZAÇÃO PARA QUE O SENHOR CLÁUDIO E SEUS FAMILIARES DESOCUPASSEM A ÁREA, E  ESTÁ INVADINDO A ÁREA OBJETO DA DEMANDA SEM PAGAR O QUE FOI DETERMINADO PELA JUSTIÇA.

Na quinta feira os familiares de CLAUDIO MANOEL DO NASCIMENTO foram AMEAÇADOS DE PRISÃO por prepostos da empresa SUAPE que estão fazendo a “SEGURANÇA” para que as máquinas entrem nas terras do posseiro. Tudo com o conhecimento do coronel Denílson, funcionário [diretor?] da SUAPE.

O Estado de Pernambuco está a REMOVER UMA POPULAÇÃO DE MILHARES DE PESSOAS DA ÁREA RURAL DO CABO DE SANTO AGOSTINHO E DE IPOJUCA, SEM QUALQUER PREOCUPAÇÃO COM OS DIREITOS MAIS ELEMENTARES DESSAS PESSOAS. E para obter êxito nessa empreitada, conta com o 
APOIO do Poder Judiciário e a OMISSÃO do MInistério Público.

O artigo 82 do CPC determina que “
nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte.”  Ora, o ajuizamento de mais de 1200 ações de reintegração de posse em uma mesma área rural não é um litígio coletivo pela posse da terra?  Astuciosamente a empresa SUAPE ajuizou mais de mil ações de reintegração de posse, para evitar a intervenção do Ministério Público. E quando provocado, o Ministério Público se manteve omisso.

Os agricultores não se recusam a deixar suas terras, mas  além da INDENIZAÇÃO PRÉVIA E JUSTA, como determina a Constituição da República, devem receber o necessário apoio para minimizar os traumas que essa mudança vai representar em suas vidas.

As absurdas decisões do Poder Judiciário do Estado de Pernambuco em favor da SUAPE COMPLEXO INDUSTRIAL PORTUÁRIO e a omissão do Ministério Público,  refogem à esfera  unicamente  processual, exigindo a imediata intervenção dos egrégios CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA e CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO para punir aqueles que, deliberadamente, julgam contra a lei para favorecer interesses econômicos, contando com a omissão daqueles que deveriam   fiscalizar não o juiz, mas a rígida aplicação da lei. 
Categorias
SUAPE Vazamento

ÓLEO VAZA E ATINGE TRÊS PRAIAS DE SÃO SEBASTIÃO (SP)

Esta é uma advertência sobre o que poderá ocorrer com praias próximas ao Complexo de Suape.
Pelo menos 300 homens e 10 embarcações participam da operação de limpeza
Por Reginaldo Pupo,
O Estado de S. Paulo
06 de abril de 2013

SÃO SEBASTIÃO – Um oleoduto do Terminal Marítimo Almirante Barroso (Tebar), pertencente à Transpetro/Petrobrás, provocou um vazamento de óleo na noite de sexta-feira. Uma quantidade ainda não estimada chegou ao mar pelo canal de São Sebastião, litoral norte de São Paulo, e havia atingido três praias – Porto Grande, Deserta e Pontal da Cruz – até as 13 horas deste sábado, 6.

Reginaldo Pupo/AE

Areia contaminada está sendo retirada das praias


O oleoduto está localizado no píer de atracação dos navios petroleiros, que transportam o produto descarregado das embarcações para tanques de armazenamento. Pelo Tebar, passam 55% do petróleo consumido no País.

Pelo menos 300 homens e 10 embarcações participam das ações que tentam impedir que o óleo chegue às praias da região central. Eles utilizam boias de contenção, que foram espalhadas no entorno do píer.

As praias afetadas tiveram a areia e a parte da costeira tomada por óleo. Trabalhadores aplicaram na areia um produto para absorver o óleo, mas a quantidade era grande. A areia contaminada está sendo retirada da praia.

O acidente acontece no momento em que a Petrobrás tenta aprovar no Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) o Estudo e o Relatório de Impacto Ambiental (Eia/Rima) para ampliação do píer, projeto criticado por grande parte dos moradores de São Sebastião e da Ilhabela por causa dos impactos ambientais.

O secretário do Meio Ambiente de São Sebastião, Eduardo Hipolito do Rego, disse que funcionários estão percorrendo as praias para identificar os locais atingidos, assim como agentes da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

Prejuízos

Diversos barcos de pesca e de recreação foram atingidos pelo óleo. O pescador Manoel Moreira teve seu barco afetado. Segundo ele, o prejuízo por ter ficado um dia sem trabalhar foi de R$ 1,5 mil. “Sem contar o prejuízo do barco, com o custo que terei para limpá-lo e pintá-lo.”

A área delimitada para a contenção do vazamento fica no centro de São Sebastião, onde estão concentradas residências, hotéis, pousadas, escolas e a Avenida da Praia, ponto turístico gastronômico e histórico. As praias monitoradas durante a madrugada de sábado foram a do Centro, Porto Grande, Pontal da Cruz e Arrastão.

O presidente da Associação dos Municípios Produtores de Gás Natural, Petróleo, Possuidores de Gasodutos, Oleodutos, Áreas de Tancagem e Estação de Bombeamento no Estado de São Paulo (Amprogás), Antonio Luiz Colucci, que também é prefeito de Ilhabela, vizinha a São Sebastião, lamentou o ocorrido. “O pior prejuízo já ocorreu, que é a vida marinha do Canal de São Sebastião que foi atingida. Isso é irreversível. Além disso, a pesca também foi prejudicada pelo vazamento”, disse ele, que colocou sua equipe de prontidão caso o óleo atinja as praias de Ilhabela.

Segundo a Transpetro, as equipes de contingência foram acionadas assim que o vazamento foi identificado. Ainda de acordo com a empresa, o produto que vazou do oleoduto é combustível marítimo e as causas do acidente estão sendo apurada.

Categorias
Direitos humanos SUAPE Violações

MAIS UM DESMANDO E VIOLAÇÃO DE DIREITOS PELA EMPRESA SUAPE

Sobre a Situação do Sr. Cláudio Manoel de Massangana

Socializo para voces minha angustia perante uma situação recorrente, e que esta acontecendo novamente neste momento em Suape (4/4 as 16 horas) , no Engenho Massangana, no sitio do Sr. Claudio Manoel do Nascimento, cuja filha é a senhora Joana.
Dona Conceição (advogada) me ligou, a caminho deste sitio, me informando que o coronel Denilson (não soube me informar a função deste senhor) esta destruindo e expulsando de sua residencia o Sr. Claudio Manoel, respaldando por ordem judicial.
Dona Conceição me explicou rapidamente (me desculpe os erros jridicos que cometerei) que o caso deste Sr. Manoel, foi de que um perito avaliou a indenização de seu sitio em 900 mil reais. Suape recorreu desta avaliação, e e um juiz deu ganho de causa temporário.Aproveitando desta situação a empresa Suape autorizou uma construtora a derrubar e desalojar o morador.Este é o modus operandi da Empresa Suape.A seguir informe do Sra. Nivete do Centro das Mulheres do Cabo e do Forum Suapede 5/4

Olá todas(os) do Fórum Suape,

Consegui reunir uma equipe e fomos ao sítio do Sr. Cláudio Manoel hoje as 13 horas. A situação da família é muito deprimente e o processo de expulsão é “quase irreversível”. As três famílias que ainda está lá, mora na parte do vale do sítio e estão espremidas entre a cerca da usina termelétrica e a demolição a terraplanagem (derrubada) do morro que faz parte do sítio. Essa área de morro é aquela que havia sido destinada para as instalações da FIAT, antes de ir para Goiana. Não conseguimos saber o que vai ser feito nessa área nem qual é a empresa responsável pela terraplanagem. Fomos encobertos várias vezes pela nuvem de poeira trazida pelos caminhões que retiram o barro.

O fato é que eles(elas) estão sem água potável e sobrevivendo de um barreiro que restou do rio que tinha no sítio ( literalmente eslamiado) para tomar banho, lavar prato e roupa, etc, para beber a tal empresa da terraplanagem leva 3 botijões de água a cada 15 dias. É impossível continuar ali naquelas condições de falta de água, muita poluição do ar sonora pela usina, sem poder produzir nada no sítio.

Mas também não podem abrir mão dos direitos sobre o patrimônio que construíram. Estão no sítio a mais de 4 gerações e são remanescentes dos negros escravizados em massangana, são um patrimônio vivo de uma história de resistência e que agora estão sendo escravizados novamente.

O que eles reivindicam é a justa indenização do que construíram com muito trabalho, e segundo o que nos contaram, Suape depositou em juízo um valor aproximado a R$ 130 mil reais, por um sítio de 10 ha, com mais de 2 mil pés de coqueiro safrejando.

Antes de ir ao sítio, fizemos contato com os vários jornais do estado e fomos no studio da Rede Globo que fica no Shopping Costa Dourada, no Cabo. A globo nos disse que não cobrem matéria de última hora, precisava está programado. A TV Clube ligou quando estávamos a caminho para saber quantas casas estavam sendo derrubadas, porque uma só “era muito pouco” (palavras minhas) para uma cobertura de televisão.

Estiveram conosco na visita os jornalistas Rafael Negrão do Centro das Mulheres do Cabo e Wilson Firmo da Assessoria do deputado Betinho Gomes, que fotografaram, filmaram e gravaram depoimentos da família, que será enviado para o Blog do Fórum.

O Rafael negrão vai produzir um reelese e fazer nova articulação com a imprensa, mandando as imagens para ver se saí alguma coisa ou alguém mostra mais interesse pelo caso.

Com relação a ação do Fórum, sugiro que devamos formar uma comissão para ir ao ministério público, juntando esse material e a documentação do procedimento jurídico feito pela Dra. Conceição Lacerda ontem.

Fiz contato com o Cendhec, ONG de Recife que atua na área do Direito a Cidade e da regularização Fundiária com apoio jurídico também. O Dr. Alexandre Pacheco (advogado) já fez contato comigo solicitando maiores informações sobre o caso para apresentar a equipe do Cendhec para ver como podem contribuir neste caso.

Enfim, este é mais um dos desmandos de Suape e da força do capital que precisamos enfrentar.

Eu me coloco a disposição para uma reunião na segunda feira a partir das 16 horas com as pessoas que puderem para definir nossa estratégia mais imediata. Mas já vamos colocar esse caso pela manhã no Programa Rádio Mulher do CMC, na Rádio Calheta.

Categorias
Governo SUAPE

GOVERNO NEGA ESPIONAGEM EM SUAPE

Fonte:Agência Estado
Publicação: 04/04/2013

Brasília – Chamado logo pela manhã ao Palácio da Alvorada para uma reunião com a presidente Dilma Rousseff, o general José Elito Carvalho, do Gabinete de Segurança Institucional, negou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tenha montado operação para monitorar o movimento sindical no Porto de Suape.

“É mentirosa a afirmação de que o GSI/Abin tenha montado qualquer operação para monitorar o movimento sindical no Porto de Suape ou em qualquer outra instituição do País. O GSI lamenta ainda a utilização política do tema, questionando a quem interessa tal tipo de interpretação neste momento”, disse o ministério comandado pelo general José Elito, em nota. O jornal O Estado de S. Paulo revelou nesta quinta-feira que agentes da Abin foram escalados para monitorar a movimentação sindical no Porto de Suape, em Pernambuco.

“Todo o trabalho do GSI e da Abin está amparado pelas leis 9.883, de 1999, que criou o Sistema Brasileiro de Inteligência e a Abin, como seu órgão central, e 10.683, de 2003, que estabelece ser do GSI a coordenação da inteligência federal. Sua atuação vem se pautando por uma ação institucional e padronizada, como ocorre em todos os sistemas democráticos”, afirmou a nota.

O líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI), disse que é “impensável imaginar, pela característica da presidente Dilma Rousseff, pela sua história, e junto com tantos outros lutadores deste nosso País” (que tal espionagem esteja sendo feita).

Categorias
SUAPE

ABIN MONITORA MOVIMENTO SINDICAL NO PORTO DE SUAPE

Para setor de inteligência do Planalto, trabalhadores que se uniram a Eduardo Campos contra MP dos Portos podem decretar greve geral.
Por Jornal Estado de São Paulo
www.estadao.com.br
4/4/2013

BRASÍLIA – O Palácio do Planalto montou uma operação para monitorar a movimentação sindical no Porto de Suape, em Pernambuco, principal ponto de tensão entre a presidente Dilma Rousseff e o governador Eduardo Campos (PSB). Coordenada pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e executada pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a ação teve início há cerca de um mês.

Possível candidato à Presidência da República no ano que vem, Campos lidera o movimento opositor à medida provisória dos Portos, que, entre outras mudanças, retira a autonomia dos Estados de licitar novos terminais de carga. O governador pernambucano tem realizado uma série de reuniões com sindicalistas. Na pauta dos trabalhadores está, inclusive, a possibilidade de uma greve geral contra a medida.

A operação classificada como “Gerenciamento de Risco” foi desencadeada no Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) e tem como foco justamente essa possível greve geral. Por isso, o governo disparou a operação para monitorar mais de perto os passos dos estivadores e a sua capacidade de irradiar, a partir de Pernambuco, paralisações nos portos brasileiros, algo que poderá trazer alto desgaste político.

A ação envolve uma equipe de infiltrados no Porto de Suape e a produção de relatórios de inteligência repassados ao general José Elito Carvalho Siqueira, que tem a atribuição de compartilhar informações “sensíveis” com a Presidência da República. A prioridade dada ao caso repercutiu na rotina do trabalho da Abin: os agentes envolvidos passaram a ocupar uma sala separada na agência de inteligência.

Simultâneo. A cronologia da operação é simétrica à movimentação política de Campos contra a MP dos Portos. No início de março, o governador se encontrou com a direção da Força Sindical. Na semana anterior, já tinha se reunido com a Intersindical Portuária de Pernambuco, composta pelos sindicatos dos Estivadores nos Portos; dos Trabalhadores Portuários; dos Arrumadores Portuários; e dos Conferentes de Carga e Descarga. Um governador do PSB, aliado de Campos também na oposição à MP, tem dito nos bastidores que o colega “pode parar o Brasil e o governo sabe bem disso”.

Um mês antes de deflagrada a operação em Suape, portuários de Santos chegaram a invadir um navio chinês para protestar contra a MP. O episódio, porém, não alterou a rotina do GSI. O maior porto brasileiro continuou a ser monitorado superficialmente pela inteligência do governo, “etiquetado” junto com os movimentos sociais na operação Mosaico – um painel eletrônico e atualizado diariamente com 700 cenários. As informações da Mosaico não são sigilosas e servem apenas para orientar a presidente e alguns ministros.

Embate público. Na semana passada, o governador de Pernambuco protagonizou um embate com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, em audiência da Comissão Mista do Congresso que debatia a MP dos Portos. Campos chegou a sugerir a retirada do Porto de Suape da abrangência da MP, algo rechaçado pela ministra de Dilma.

Interesses. Enquanto o interesse de Campos é manter a prerrogativa de realizar, como governador, as licitações de novos terminais, o interesse dos trabalhadores é focado na perda do monopólio sobre a mão de obra habilitada a trabalhar nos portos. Trata-se de uma das mudanças mais radicais contidas na MP dos Portos.

Diante da iminente perda de força, os sindicatos logo se manifestaram de forma contrária às mudanças, em movimento capitaneado pela Federação Nacional dos Estivadores. Filiada à Força Sindical, a segunda maior central do País, a federação viu sua bandeira ser alçada a debate nacional quando o presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP), fez a oposição à MP. A medida ainda está sendo analisada pelas comissões do Congresso e precisa ser aprovada pelos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado.

Categorias
Entrevista

QUALQUER SEMELHANÇA NÃO É MERA COINCIDÊNCIA COM SUAPE

Violência sexual em Altamira: uma realidade crescente

por Redação do IHU On-Line
* Publicado originalmente no site IHU On-Line.

“Quanto aos homens trabalhadores, é evidente que a presença destes sujeitos inflaciona a demanda pelo mercado ilegal do sexo em Altamira, que envolve a exploração sexual comercial de crianças, adolescentes e mulheres numa articulação muito próxima com o tráfico de drogas, pessoas e armas”, diz o pesquisador.

Os casos de violência sexual contra crianças e adolescentes em Altamira-PA nos últimos três anos superam o número de crimes cometidos em toda a década passada. A informação é de Assis Oliveira, professor da Universidade Federal do Pará – UFPA, e um dos autores da pesquisa intitulada Diagnóstico Rápido Participativo: Enfrentamento da Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes no Município de Altamira. “A análise histórica nos permitiu apontar que temos um crescimento dos casos de violência sexual neste município. Tal fato é dimensionado em torno de algumas ‘ondas de crescimento’, que significam períodos históricos que concentraram uma maior incidência de casos judicializados, sendo eles os períodos de 1992-1994, 2004-2006 e 2010-2012”, aponta.

Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, o pesquisador ressalta que o aumento da violência sexual deve ser compreendido na conjuntura atual de crescimento populacional. “É preciso entender que este município – e a região como um todo – passa por um processo de crescimento populacional decorrente da migração de pessoas que, em sua maioria, é constituída de homens solteiros ou de famílias que já saem de seus locais de origem em situação de vulnerabilização socioeconômica na esperança de conseguirem trabalho e melhores condições de vida com a grande obra. Ao chegar a Altamira, encontram uma situação já saturada, ao mesmo tempo em que a reforçam, extrapolando sua capacidade de atendimentos pelos serviços públicos básicos”, lamenta.

Graduado em Ciências Jurídicas e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da UFPA, Assis Oliveira (foto abaixo) é professor na mesma universidade e membro fundador do Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular “Aldeia Kayapó” – NAJUPAK.

Confira a entrevista:

IHU On-Line – Como foi realizada a pesquisa intitulada “Diagnóstico Rápido Participativo: Enfrentamento da Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes no Município de Altamira” e quais as principais constatações?

Assis Oliveira – A pesquisa é uma das ações do projeto Rodas de Direito, organizado pela Universidade Federal do Pará – UFPA em parceria com a Fundação Tocaia e financiado pela Secretaria de Direitos Humanos. A pesquisa teve por base a metodologia PAIR, utilizada em todo o território nacional e que garante suportes teórico-metodológicos para podermos estruturar todas as etapas do processo de coleta, sistematização e análise dos dados. Evidentemente, devido ao fato de ser o município de Altamira o segundo maior do mundo, tivemos que dar prioridade, nesta primeira pesquisa, às situações que pudessem ser coletadas junto às instituições e com moradores de bairro da cidade de Altamira. Ao todo, obtivemos dados sobre a situação da rede de proteção e sobre a quantidade de casos que chegam às instituições, além de promover pesquisa pelo método de história de vida com duas vítimas de abuso sexual e obter informações em 15 dos 32 bairros da cidade de Altamira a respeito das condições de vida e da presença de violência sexual contra crianças e adolescentes.

As principais constatações foram:

(1) houve crescimento acelerado dos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes nos últimos três anos (2010-2012). Para se ter ideia desse aumento, só os últimos três anos e três meses (contados de 2010 até março de 2013) já superaram a quantidade de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes que chegaram ao Fórum de Justiça, Comarca de Altamira, em toda a década passada (1ª década do século XXI), resultando um total de 101 processos judiciais existentes na somatória da última década contra os atuais 110 processos judiciais (de 2010 para cá). Sendo que a média da década passada era de 10 processos/ano e a média destes últimos três anos é de cerca de 30 processos/ano, estes dados são corroborados por outros obtidos nos bairros (via Centro de Referência Especializada da Assistência Social – Creas e Conselho Tutelar), dados que reforçam a constatação deste crescimento acelerado; e

(2) houve a precarização dos serviços públicos de enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes, o que envolveu a diminuição do quantitativo de profissionais, sobretudo nas áreas de atendimento, defesa e responsabilização. No caso das instituições municipais, a concorrência desigual entre o salário pago pelo município e aquele que consegue receber trabalhando numa das empresas terceirizadas da Norte Energia S.A., soma-se a isso tudo a própria rotatividade de alguns setores, como o judicial, e a pouca quantidade de escolas públicas que declararam trabalhar a temática “violência sexual contra crianças e adolescentes, direitos das crianças e dos adolescentes e/ou sexualidade”.

IHU On-Line – Qual é o perfil das vítimas de violência sexual? Confirma-se a estatística de que os casos de abuso acontecem no âmbito familiar?

Assis Oliveira – O perfil majoritário das vítimas é de crianças/adolescentes mulheres entre 11 e 15 anos, residentes de bairros da periferia e do centro da cidade, com escolaridade de primeiro grau incompleto, ainda que este dado da escolaridade – assim como o de raça/cor – esteja quase ausente dos dados institucionais apurados. Deve-se levar em conta que a ampla maioria dos casos apurados é de abuso sexual e, nestes, os principais agressores são pessoas que possuem alguma relação de parentesco, amizade ou confiança com as vítimas, sendo que as relações familiares constituem o principal foco de vulnerabilização às vítimas, sobretudo companheiros/namorados, pais e padrastos.

IHU On-Line – A pesquisa faz uma análise da resolução dos casos de violência denunciados nos últimos 50 anos. O que foi possível constatar em relação a isso? É possível observar alguma mudança de postura no tratamento desses casos ao longo desse período?
Assis Oliveira – A análise histórica permitiu apontar que temos um crescimento dos casos de violência sexual neste município. Tal fato é dimensionado em torno de algumas ondas de crescimento, que significam períodos históricos nos quais se concentrou uma maior incidência de casos judicializados, sendo eles os períodos de 1992-1994, 2004-2006 e 2010-2012. Em cada um deles há aumento considerável em relação ao período anterior, mas o último é, sem dúvida, o que possui uma margem maior de crescimento. Também verificamos que a maior parte dos casos, com sentença de condenação, é a dos últimos três anos, ou seja, do período em que se criou a 5ª Vara do Tribunal de Justiça da Comarca de Altamira, que é competente para os crimes de violência doméstica, violência contra a criança e o adolescente, e crimes contra a vida, além da execução penal.

Igualmente, a pesquisa revela que, em termos históricos, houve mais casos em que os réus foram absolvidos ou tiveram o processo arquivado em comparação àqueles em que foram punidos. Aliás, muito dessa absolvição ou desse arquivamento está ligado ao fato de vários réus conseguirem ficar numa situação de “foragido da Justiça”, passando três, cinco, até dez anos sem serem encontrados, e quando retornam os crimes estão prescritos ou a possibilidade de gerar provas está comprometida. Este é o principal gargalo do Judiciário verificado na pesquisa histórica: esta “tática” dos agressores de se evadirem da cidade/município e a existência de muitos processos em que não há mínima caracterização dos agressores quanto ao local de moradia, nome e filiação familiar, elementos que dificultam sua localização e possibilitam, supõe-se, a continuidade das ações de violência sexual pelos agressores, agora com outras vítimas.

IHU On-Line – Como o poder público tem atuado junto às vítimas de abuso?
Assis Oliveira – As vítimas de abuso sexual são acompanhadas no Centro de Referência Especializada da Assistência Social – Creas e, quando necessário, também colocadas no Espaço de Convivência de Meninos e Meninas – Ecom, esta última sendo uma casa de passagem que, na verdade, atua como casa de acolhimento municipal, porém com capacidade para apenas 15 pessoas. No entanto, a casa acolhe em muitas situações de 30 a 40 crianças e adolescentes em diferentes condições de violação de direitos ou de vulnerabilidade social: desde dependentes químicos e crianças abusadas sexualmente até adolescentes que cometeram atos infracionais ou que foram retirados da rua. Enfim, isso é algo muito preocupante devido ao fato de o município não possuir uma capacidade de acolhimento da demanda municipal e ainda ter que atender aos demais municípios da região, porque funciona como município-polo.

Há uma preocupação muito grande também com relação ao Creas, pois a equipe foi reduzida e alguns profissionais, como psicólogos, foram alocados pela gestão municipal para dividir o tempo de trabalho entre o Creas e o Ecom, dificultando uma atuação mais qualificada e permanente com as vítimas atendidas. Espera-se o início de operacionalização do Propaz, uma política do governo estadual para atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual.

IHU On-Line – Quais são os aspectos que favorecem o aumento desse tipo de violência?
Assis Oliveira – Muitos são os aspectos que favorecem este tipo de violência e nem todos são apenas de cunho negativo. A pesquisa identificou pelo menos três fatores que estão diretamente relacionados com este fenômeno. Um primeiro é o da estruturação, nos últimos anos, de algumas instituições importantes para a garantia do acesso à justiça e à rede de atendimento, como a criação da 5ª Vara e da Vara da Infância e da Juventude, em 2010; também a criação do Núcleo de Atendimento Especializado da Criança e do Adolescente – Naeca da Defensoria Pública do Estado, além do deslocamento do Ministério Público do Estado para uma sede própria. Somam-se a isso a existência de um Creas e de um Conselho Tutelar bastante atuantes no enfrentamento destas violências. Tal conjunto de instituições permitiu o fortalecimento da rede e das possibilidades de intervenção sobre os problemas, mesmo com as dificuldades existentes e já mencionadas acima.

Uma segunda questão é a mobilização social originária desde o período do caso dos meninos emasculados de Altamira, ou seja, há mais de 20 anos. Ela possui um conjunto de movimentos sociais e instituições públicas reunidas, nos últimos anos, em torno da Comissão Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes de Altamira-PA. Eles sempre mantêm no debate público a problematização desse tipo de violência, promovendo campanhas, cursos, divulgação nos meios de comunicação, entre outras ações, como forma de sensibilização da sociedade para a importância da identificação e denúncia destes tipos de violência. Isso tudo apesar de elas ocorrerem mais em relação ao abuso sexual do que à exploração sexual comercial. Daí haver outra linha de conclusão da pesquisa, que diz serem partes deste aumento de ocorrência a visibilidade e a denúncia dos casos, sem desconsiderar a hipótese de aumento real. A terceira é em relação à construção da hidrelétrica de Belo Monte.

IHU On-Line – A pesquisa aponta o aumento populacional decorrente da construção da hidrelétrica de Belo Monte como um dos fatores para o aumento da violência sexual. Quais as razões? Em que medida há relação entre Belo Monte e os abusos sexuais?
Assis Oliveira – É preciso entender que este município – e a região como um todo – passa por um processo de crescimento populacional decorrente da migração de pessoas que, em sua maioria, se constitui de homens solteiros ou de famílias que já saem de seus locais de origem em situação de vulnerabilização socioeconômica na esperança de conseguirem trabalho e melhores condições de vida com a grande obra. Ao chegar a Altamira, encontram uma situação já saturada, ao mesmo tempo em que a reforçam, extrapolando sua capacidade de atendimentos pelos serviços públicos básicos. Para se ter uma ideia, semana passada o Ministério Público Estadual ia entrar com uma ação civil pública por não haver mais vagas nas escolas públicas municipais. Essa situação acaba impactando toda a população residente em Altamira e faz com que a situação de vida destas pessoas se torne ainda mais precária, estando mais vulneráveis às variadas formas de violência, das quais a sexual é uma delas. Quanto aos homens trabalhadores, é evidente que a presença destes sujeitos inflaciona a demanda pelo mercado ilegal do sexo em Altamira, que envolve a exploração sexual comercial de crianças, adolescentes e mulheres numa articulação muito próxima com o tráfico de drogas, pessoas e armas, assim como da poluição sonora – pois é nas festas e bares que se encontram alguns dos principais focos de aliciamento para a exploração sexual ou de estupro de adolescentes/mulheres.

IHU On-Line – Em que consiste o Pacto de Compromisso elaborado pelo Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente e qual deve ser a participação do Consórcio Construtor Belo Monte – CCBM nesse pacto?
Assis Oliveira – Uma das estratégias definidas pela Comissão Municipal e o CMDCA/Altamira para o enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes é a de responsabilização das empresas que atuam diretamente na construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, de modo a fazê-las assumir o compromisso de promover ou financiar ações voltadas para a qualificação deste enfrentamento. O Pacto de Compromisso é um documento elaborado pela Comissão Municipal em parceira com o CMDCA/Altamira e negociado com o CCBM para que houvesse a assinatura de ambas as partes. Ele contém oito medidas de caráter educativo, investigativo e repressivo que visariam uma atuação específica na região em que se localizam os canteiros de obra da usina hidrelétrica. Essa localidade é onde temos comunidades e alojamentos em situação de potencial vulnerabilidade para as crianças e os adolescentes, a exemplo do que se verificou recentemente com o resgate de mulheres, travestis e adolescentes da boate Xingu, nas proximidades do sítio Canais e Diques da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

Este pacto nunca foi assinado pelo CCBM. Ele seria um importante instrumento de responsabilização da empresa para que pudesse assumir uma parte do dever de enfrentamento do problema agudizado justamente pela obra que ela, a empresa, está construindo. Outra linha estratégica local é de alinhamento do Plano Básico Ambiental – PBA, que é o conjunto de políticas compensatórias a ser implantadas na região, com o Plano de Ação do CMDCA/Altamira. Esta é uma ação provocada pelo juiz da Vara da Infância e da Juventude, que gerou a formação de um grupo de trabalho em que a Norte Energia S.A. foi demandada a definir como o PBA poderia acolher as propostas de políticas inseridas no Plano de Ação sem esquecer que isto não esvazia o responsável prioritário de atendimento destas políticas, que é o Estado brasileiro em seus níveis federal, estadual e municipal. Esta última estratégia teve uma duração de reuniões, mas acabou não produzindo uma adaptação do PBA a partir das demandas do Plano de Ação, algo que precisa ser feito também com urgência.

Categorias
Impactos Mestrado SUAPE Tese

TESE DE MESTRADO SOBRE IMPACTOS DE SUAPE

Estereótipos de gênero prejudicam saúde de homens de Gaibu (PE)

AScom/UFPE
Por Renata do Amaral

Antes procurada apenas para fins turísticos, a comunidade de Gaibu, no município do Cabo de Santo Agostinho (PE), agora também é local de moradia para trabalhadores da região do complexo industrial portuário de Suape. São, em sua maioria, homens jovens, que muitas vezes se afastam do convívio familiar para migrar em busca de oportunidades de trabalho e descuidam da saúde. “Os estereótipos de gênero, enraizados há séculos na cultura patriarcal brasileira, potencializam práticas baseadas em crenças de que a doença é considerada um sinal de fragilidade e que os homens não a reconhecem como inerente à sua própria condição biológica”, resume o psicólogo Michael Ferreira Machado.

As práticas de cuidado com a saúde desses indivíduos foram o tema da dissertação de mestrado “Masculinidades e cuidados em saúde na região de Suape: gênero e territorialidade””, defendida por Michael em fevereiro no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), sob a orientação do professor Benedito Medrado. O psicólogo realizou uma pesquisa qualitativa com oito homens jovens, de 18 a 29 anos, entre março e maio do ano passado. Trabalhadores do comércio local, do transporte de passageiros, do estaleiro, da construção da refinaria ou mesmo desempregados, eles serviram de base para as narrativas que exemplificam a realidade de outros moradores.

Michael partiu de uma perspectiva feminista de gênero para abordar a construção das masculinidades, tomando como base quatro eixos: narrativas do lugar (sentidos produzidos pelos moradores sobre a comunidade), dos modos de fazer-se homem (formas de vivenciar as masculinidades), de saúde (práticas cotidianas de cuidado com a saúde) e do cuidar (outras práticas referentes ao cuidado de si e dos outros). O autor também lançou mão do construcionismo social, teoria que busca compreender de que forma aspectos simbólicos e históricos interferem na realidade. O psicólogo realizou oficinas com o grupo para elaborar seus ““diários de bordo”, que somam a experiência etnográfica do pesquisador no campo ao relato dos fatos.

“Os empreendimentos do complexo Suape geram impactos, nem sempre positivos, na própria dinâmica de desigualdade existente, em especial com a chegada de milhares de homens atraídos pela promessa de emprego e melhoria de vida ocorrendo uma ‘sobrecarga’ nas precárias redes de atenção à saúde”, explica Michael. O Mapa da Violência do Ministério da Justiça revela um aumento no índice de violência na região, em especial de homicídios. “Relatos presentes ‘na ‘narrativa dos modos de fazer-se homem’ apresentam como a defesa da honra e da moral são elementos que motivam alguns episódios de violência. Homem que é homem precisa ser honrado”, afirma o autor a partir das conversas com os entrevistados.

As práticas de saúde da população em questão se baseiam principalmente no saber materno, na tradição, na igreja e nos programas de televisão. Os entrevistados só recorrem a serviços de saúde em casos de urgência, recorrendo pouco à prevenção, e quando vão não são atendidos. Apesar de o índice de alcoolismo ser alto no local, ele consideram que álcool e substâncias psicoativas em geral fazem mal à saúde. ““As narrativas aqui apresentadas fortalecem nosso argumento de que não podemos falar de uma atenção integral a saúde da população masculina sem levar em consideração o território em que as pessoas vivem, sem levar em consideração os seus modos de vida e seus processos de socialização”, defende.

CONTEXTO

A pesquisa foi realizada como parte do projeto de intervenção da UFPE “Diálogos para o desenvolvimento social de Suape”, realizado com apoio das organizações não governamentais Centro das Mulheres do Cabo e Instituto Papai. A ação visa a assegurar direitos humanos para a população da região, prevenir problemas de saúde e diminuir os índices de violência. São explorados temas como gravidez na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis, enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes, violência contra as mulheres e uso abusivo de álcool. Iniciado em maio de 2012 e com previsão de duração de dois anos, o projeto busca mobilizar as esferas pública, privada e comunitária.

Mais informações
Michael Ferreira Machado

michael.mmachado@gmail.com

Categorias
Encontro Fórum Suape

ADIAMENTO DO ENCONTRO DE PLANEJAMENTO

Prezados (as) companheiros (as) do Fórum Suape,

Informamos que por motivo de força maior ligada a saúde, o nosso colega Merren, convidado para facilitar a Oficina de Planejamento do Fórum, não poderá comparecer nesta sexta feira (05/04), como estava marcado no Centro das Mulheres do Cabo.
Entendendo que um processo de planejamento necessita de uma metodologia e uma dinâmica que facilite a reflexão, a construção de ideias, o nivelamento de algumas compreensões sobre conceitos, papeis, objetivos, estratégias, etc, faz-se necessário a participação de uma pessoa com experiência na área de planejamento estratégico para o trabalho de militância social. Neste sentido consideramos pertinente o ADIAMENTO DO ENCONTRO DE PLANEJAMENTO para um outro dia (ainda não definido).

Tendo em vista que precisamos novamente ajustar nossas agendas, com a agenda do Merrem ou de alguém com o mesmo perfil para esta finalidade, informaremos a nova data assim que estiver confirmada.

Pedimos a todas(os) que nos ajude a repassar esta informação para as pessoas que estavam na reunião e não têm e-mail.

Até lá, continuaremos nos comunicando e se alguém tiver sugestão de um facilitador que possa nos ajudar nesse planejamento, o quantos antes, mande o contato para nós.

Agradecemos a compreensão de todas(os).

Grande abraço

Nivete Azevedo
CMC / Fórum Suape

Categorias
Fórum Suape Reunião

REUNIÃO DE PLANEJAMENTO – FORUM SUAPE

No encontro do dia 25/3 no Recife, saímos com uma proposta da reunião de planejamento para o dia 12/4. Infelizmente o facilitador consultado o não poderia nesta data.
Foi sugerido e aprovado ana reunião de ontem no Cabo (1/4) a nova data confirmada com o facilitador.


TOD@S CONVIDADOS PARA A REUNIÃO DE PLANEJAMENTO DO FORUM SUAPE NA PROXIMA SEXTA FEIRA DIA 5 DE ABRIL

LOCAL: CENTRO DAS MULHERES DO CABO – Cabo de Santo Agostinho/Recife
HORA INICIO IMPRETERIVELMENTE AS 9 HORAS
HORA DE TERMINO 16:30 HS

ATÉ LÁ,

HEITOR

Categorias
Comunidade Desigualdade

DESIGUALDADE INFINITA

Por Clóvis Cavalcanti
Economista ecológico e pesquisador social

(Publicado No Diario de Pernambuco em 31/3)

Recentemente, foi lançado em Pernambuco, o Fórum Permanente de Discussões sobre o Complexo de Suape. À sua frente, a militante do movimento feminino do Cabo Nivete Azevedo e o professor da UFPE Heitor Scalambrini. Trata-se de iniciativa que ajuda a preencher o vazio na iniciativa do governo estadual, que já tem 4 décadas, de discussão com as partes interessadas (stakeholders) acerca da obra. Sobre isso, em abril de 1975, liderei um grupo de cientistas pernambucanos – Vasconcelos Sobrinho, Nelson Chaves, José Antonio Gonsalves de Mello, Renato Carneiro Campos (tio do governador Eduardo Campos), Renato Duarte e Roberto Martins – que contestava o projeto e pedia que ele fosse discutido. Expusemos isso em documento publicado num dia por semanário da época, o Jornal da Cidade e, no dia seguinte, pelos demais jornais recifenses. Nunca a sugestão foi ouvida. O resultado é visível.

Como diz, com razão, documento do novo fórum, a intervenção estatal em Suape “tem sido caracterizada pela violência na retirada das famílias moradoras sem que indenizações justas sejam pagas, e nem novas moradias disponibilizadas, levando estes moradores a se tornarem sem teto, e famílias a viverem precariamente nas cidades localizadas em torno do Complexo”. Essa é uma situação cuja dimensão de calamidade só se percebe conversando com pessoas que passam pelo calvário em que se transformou para elas a truculência do Estado em face de cidadãos ordeiros. Mais incrível é a facilidade com que se martiriza gente humilde, esmagando-a com artifícios jurídicos para que abandone suas casas, seus meios de vida, sua história, seu pertencimento a um território muitas vezes ancestral. É incisivo sobre o tema, o documento do Fórum Permanente de Suape: “Sem dúvida, para a manutenção de padrões sociais dominantes desde o período colonial, os poderes constituídos (executivo, legislativo e judiciário) fecham os olhos para a violação dos direitos destas populações invisíveis à sociedade”.

A mesma realidade foi constatada pela ONG Both ENDS, incumbida pelo governo dos Países Baixos, de onde procede, de averiguar a (ir)responsabilidade social de uma empresa holandesa, a Van Oord, que faz dragagem no porto desde 1995 e que recebe apoio do governo holandês para isso. Fui procurado pelo experiente antropólogo ambiental da Both ENDS Wiert Wiertsema em agosto de 2012 para falar sobre Suape. Disse-lhe que fosse ver com seus olhos o que estava acontecendo; que conversasse com gente de lá. Ele ficou alarmado com a situação (ver http://www.bothends.org/uploaded_files/document/130222_Report_Suape…). Falou com pessoas demolidas na sua integridade, como o agricultor Luís Abílio, de Tiriri, um estóico trabalhador de 87 anos, expulso de casa por integrantes da aterradora Tropa de Choque. Infelizmente, essa dureza insana é jogada contra pessoas desprotegidas. Ao mesmo tempo, a elite se diverte construindo, como em Apipucos, um edifício na beira do Capibaribe, contra todo bom senso e a necessidade de proteção às margens de rios. É uma desigualdade infinita.

plugins premium WordPress