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Petróleo Pina

PETRÓLEO CONTAMINA ESTUÁRIO DO PINA

Publicado no Jornal do Commercio, 
22 de março de 2013.

O estuário da Bacia do Pina, confluência de quatro rios que cortam o Recife, está contaminado por derivados de petróleo. Pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco encontraram no local hidrocarbonetos aromáticos, substâncias que podem provocar câncer, em quantidades até sete vezes acima do permitido. Um alerta, segundo eles, para as agências de controle ambiental, hoje, Dia Mundial da Água.

O Rio Tejipió é o que apresenta índices mais elevados de compostos aromáticos, de acordo com o levantamento, feito por equipe dos Departamentos de Zoologia e Oceanografia da UFPE. O valor aceitável desse tipo de hidrocarbonetos, segundo a literatura científica, é de um micrograma por litro. Na desembocadura do Tejipió, a quantidade chegou a 7,41 microgramas por litro.

A coordenadora da pesquisa, a química Eliete Zanardi Lamardo (foto), lembra que o Tejipió corta o Distrito Industrial do Curado, em Jaboatão dos Guararapes, município vizinho ao Recife. Segundo ela, hidrocarbonetos aromáticos são provenientes de efluentes de indústrias e também domésticos. Lava-jatos, limpeza de motores, troca de óleo de automóveis e máquinas estão entre as fontes poluidoras.

As amostras foram recolhidas em nove estações, no período seco e no chuvoso, sempre na maré vazante. Dessa forma, os pesquisadores evitaram que a diluição provocada pela água do mar, que entra no estuário na maré alta, interferisse no levantamento. Os resultados fazem parte do trabalho de conclusão do curso da bióloga Nicole Favrod, ano passado.

Os pontos de coleta diretamente relacionados aos rios são a foz do braço do Capibaribe, do Tejipió, do Jordão e do Pina. Os outros estão na altura do descarte da Estação de Tratamento de Esgoto da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) na Cabanga, numa das marinas de Brasília Teimosa, na foz do Capibaribe e Beberibe, nos armazéns do Porto do Recife e na boca da barra, por onde os navios entram e saem.

Para surpresa dos pesquisadores, a análise da amostra coletada no porto não indicou índices elevados de hidrocarbonetos de petróleo dissolvidos na água. “Isso não quer dizer que a movimentação dos navios não contribua, mas que os índices desses compostos aromáticos nos efluentes industriais e domésticos dos rios é maior”, explica Eliete, coordenadora do Laboratório de Compostos Orgânicos em Ecossistemas Costeiros e Marinhos (OrganoMAR), do Departamento de Oceanografia da UFPE.

Os resultados, na opinião da pesquisadora, devem ser levados em consideração pela Agência Estadual de de Meio Ambiente (CPRH) e Compesa. “É necessária a realização de estudos sobre a ecotoxicidade em animais aquáticos”, sugere Eliete, “além do monitoramento sistemático desses compostos na região”.

EFEITOS

Hidrocarbonetos aromáticos, além de indicadores de poluição por petróleo, têm reconhecida ação carcinogênica. Resultados preliminares de estudos feitos com peixes na UFPE mostram que esses compostos influenciam ainda no comportamento dos animais. A substância, afirma Eliete, interfere na natação dos peixes, causando uma espécie de desorientação.

Outro efeito observado está relacionado ao sistema visual. “Se não enxerga direito, o animal não é capaz de identificar suas presas, o que dificulta a alimentação, e também seus predadores, o que o torna mais suscetível à predação”, detalha. Nos testes, realizados no Laboratório de Ecotoxicologia Aquática da UFPE, vinculado ao Departamento de Zoologia, o composto é colocado na água. A absorção pelos peixes se dá pela respiração, feita nas brânquias.

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Porto de Galinhas

NOTA AO GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO

Em favor de um Parque em Porto de Galinhas

Que o terreno da “casa do governador” localizado na cidade do Ipojuca, entre os distritos de Porto de Galinhas e Maracaípe seja transformado em parque de apoio ao meio ambiente e lazer.

Trata-se de uma área pertencente ao estado que deve ter destinação pública, de modo a reverter a atual tendência de apropriação intensiva da orla por resorts e iniciar uma política de criação de espaços públicos na beira-mar de Pernambuco, sobretudo nas áreas que vem sofrendo os efeitos da expansão do distrito industrial portuário de SUAPE.

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Artigo

QUANDO O NEOCORONELISMO QUER SE VESTIR DE PARADIGMA

Por Edilson Silva 
Presidente do PSOL-PE

Há poucos dias o filósofo esloveno Slavoy Zizek esteve palestrando no Recife. Optou por apresentar suas ideias utilizando-se de muitos “causos”. Um deles me chamou mais a atenção. Em visita à China, teriam lhe dito por lá que não existia crise global da economia, mas tão somente no Ocidente. Entendi que os chineses que trataram com ele não se referiam apenas à economia do mundo ocidental, mas também à sua democracia, pois a conclusão que Zizek apresentou – não concordando com ela, claro -, é que o bom andamento das economias dentro dos marcos capitalistas na contemporaneidade está diretamente vinculado a menos democracia e a mais centralização de poder.

O “novo” capitalismo num mundo supostamente pós-ideológico não precisaria de democracia para se legitimar, mas apenas de metas de crescimento econômico e quando muito de níveis razoáveis de emprego e renda. Nada de metas sociais, claro. Cada um que adquira a sua no mercado.
Na condição de segunda maior economia do planeta e com previsões de superar os EUA nos próximos 15 anos, talvez os chineses coloquem-se mesmo na condição de uma espécie de novo paradigma, sobretudo para um provável ex-triunfante modelo capitalista ocidental. As portas entreabertas já deixam entrar, de novo, seus primeiros filetes de ventos fascistas na Europa e nos EUA, vide Tea Party.
Não é difícil perceber que não há condições de sobrevida e novo ciclo de “estabilidade” ao capitalismo pós-crise de 2008 sem atacar brutalmente um catálogo de direitos que vão desde aqueles que remontam às Revoluções Americana e Francesa, que dão contornos ao conceito de República, passando pelos direitos sociais e trabalhistas, oriundos ainda do século XX, até os conquistados e em fase ainda de aquisição neste século XXI, como os direitos difusos, ambientais, e também os direitos na realidade virtual, como liberdade e privacidade na rede mundial de computadores.
Está claro, contudo, que há controvérsias nessas possibilidades do capitalismo global em tentativa de reciclagem. Recentemente, em janeiro de 2013, a China precisou interditar uma centena de fábricas na região de Pequim e retirar 30% da frota de carros oficiais das ruas, pois o ar estava irrespirável e os hospitais não conseguiam atender à demanda de pessoas com doenças respiratórias. Ou seja, impeditivos objetivos da natureza.
E também como falar em atrofiamento da democracia e direitos no exato momento em que a realidade virtual das redes sociais aponta um sentido inverso, de transparência, de controle social, de participação popular? As linhas que dividem os conceitos e mesmo as formas concretas do usufruto da democracia naquilo que ela se relaciona dialeticamente com a liberdade são quase imperceptíveis e, logo, se por um lado pode-se falar em desnecessidade da democracia na legitimação política de um modelo vigente, por outro a questão da liberdade de ação política é um princípio sem o qual nenhum modelo se legitima e nem se estabiliza politicamente nestes dias. Tempos de muito conflito se avizinham, então.
Fiz este percurso inicial para adentrar naquilo que vem acontecendo politicamente em Pernambuco e mais especificamente no Recife após a vitória de Geraldo Júlio (PSB) à prefeitura. Os desmandos brutais em Suape, com uma CPRH (Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos, responsável pelos licenciamentos ambientais naquele território) completamente submissa e ajoelhada perante interesses econômicos; e o que vem acontecendo agora em Recife, com seus muitos viadutos e túneis, arranha-céus, mudanças bruscas na estrutura do Estado, infiltrações em outros poderes, grilagem de terras urbanas utilizando-se mapas do tempo do império, passando-se por cima de tudo e de todos, dão conta de imaginar que o suposto paradigma chinês esteja fazendo escola por aqui.
Com slogans rápidos e que exigem zero capacidade de abstração dos ouvintes, o governador e os seus vão desconstruindo a nossa democracia e construindo na opinião pública um modelo de gestão supostamente vitorioso, em que a democracia é absolutamente desnecessária. “Trabalho, trabalho e trabalho”, bradava o prefeito do Recife, ainda no andor do governador, quando de sua posse. “Recife tem pressa para entrar no ritmo de Pernambuco”, repetiam bovinamente vários vereadores antes da posse do novo prefeito, para aprovar projetos e autorizações prévias à futura administração, abrindo mão inclusive de prerrogativas do legislativo. “Geração de emprego e renda” é o mantra que mais justifica qualquer ação do poder público em parceria desavergonhada com o privado. Em meio à desconstrução da nossa ainda pouca cultura democrática e republicana, vai-se também aplicando um sofisticado programa de privatização na saúde, de abandono da educação pública e assédio moral brutal sobre os operadores da segurança pública. A meritocracia está no centro nevrálgico deste modelo, cumprindo um forte papel ideológico e colocando no universo do obsoleto conceitos como solidariedade e universalização de direitos e serviços públicos.
O governador Eduardo Campos parece não só orgulhoso de sua obra em construção (vai até lançar um livro sobre o seu modelo de gestão), mas também bastante consciente de seu papel e de seu potencial. Desde 2011 vem pavimentando o caminho para ser o preferido das maiorias artificiais no Brasil pós Lula. Mais slogans: “Um novo caminho para um novo Brasil”. “O Brasil pode mais!”. Só falta dizer, e dirá: O Brasil precisa entrar no ritmo de Pernambuco! É candidatíssimo à presidência, tem pressa, e sabe que só tem chances de “fazer bonito” se adquirir a confiança dos grandes conglomerados empresariais nacionais e internacionais, que por sua vez sabem que para sobreviver enquanto tal precisam ingressar no modus operandi chinês.
O governador de Pernambuco viu e vê esta vaga aberta ao perceber um PT incapaz de encabeçar a tarefa de reciclagem além da epiderme do capitalismo brasileiro, incapacidade pela natureza histórica e base social deste partido. Neste sentido, o PT já está praticamente batendo no teto em sua capacidade de enfrentamento com sua bonita história antes de chegar ao Planalto Central, já fez seu melhor na manutenção estrutural do status quo. E o governador e presidente nacional do PSB também percebeu a absoluta falta de viabilidade eleitoral do PSDB no curto prazo, tanto pela percepção da opinião pública de que o PSDB é uma velha direita que fez oposição visceral a governos que trouxeram sensação de bem estar e de mobilidade social para amplas parcelas sociais, mas também porque seu melhor candidato, Aécio Neves – que também já percebeu a natureza autoritária que o capitalismo precisa assumir para se reinventar e ter novo impulso no Brasil -, não possui uma biografia pessoal adequada para manejar os setores conservadores que precisarão ser parte da base social fundamental de sustentação deste potencial novo regime, ou seja, uma nova e também reciclada direita.
Ter bem claro o papel e o alcance das estratégias que tem nosso Estado e nosso município como laboratório neste processo é condição sine qua non para levarmos adiante uma resistência popular coerente e uma acumulação política na direção correta. Não se trata de fazer apenas “oposição por dentro destes governos”, como tentam ingenuamente ou malandramente alguns; nem de se circunscrever a lutas pontuais ou meramente eleitorais, pois este novo paradigma em gestação poderá mesmo lidar com práticas supostamente libertárias pulverizadas e sem perspectiva real de instalar um outro conceito de poder público. Há que se combater implacavelmente este conceito essencialmente e inescapavelmente autoritário por um lado, e construir firmemente por outro uma alternativa política a isto, pela esquerda, socialista e contra este capitalismo selvagem que se agiganta ante nosso nariz. Sem isto, podemos correr o risco de ficar como que atirando pedras na lua, sem transformar nossa saudável rebeldia, nossas energias e nossa consciência em ação transformadora da realidade.
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Manifesto Preservação SUAPE

MANIFESTO PELA PRESERVAÇÃO DA MATA DE DUAS LAGOAS


Manifesto pela preservação da Mata de Duas Lagoas na região de SUAPE


A Associação do Patrimônio Ambiental da Mata Duas Lagoas entende que a proteção, a conservação e a preservação dos fragmentos de Mata Atlântica e dos veios de captação de água subterrânea, presentes no município do Cabo de Santo Agostinho no estado de Pernambuco, é extremamente URGENTE, pois a região vem sendo assolada por um processo intenso e desordenado de industrialização e de especulação imobiliária, vinculado a um modelo de crescimento econômico, capaz de comprometer seriamente a qualidade de vida dos seus habitantes.

A acelerada degradação, o impacto ambiental e o desenfreado adensamento demográfico, alavancados pelos grandes empreendimentos relacionados ao Complexo Portuário de Suape, tendo como destaques a Refinaria Abreu e Lima e o Estaleiro Atlântico Sul, entre centenas de outras obras implantadas na Região, resultam em uma taxa de urbanização que chega a 88%, contrapondo-se ao analfabetismo de 29%, em uma população que convive com precárias condições de infraestrutura básica e ausência completa de saneamento ambiental.

Essa combinação exerce uma enorme pressão negativa sobre o ambiente natural da região, e todas as espécies animais, vegetais e minerais ali existentes, as quais sofrem todas as consequências do excesso de intervenções indevidas e de exploração acima da capacidade de suporte ou reposição dos recursos naturais, realizados sem manejo ou controle.

Mais especificamente, a Mata de Duas Lagoas, situada na praia de Itapuama, categorizada como unidade de conservação de acordo com a Lei 14.324 de 03 de junho de 2011, assinada pelo Sr. Governador do Estado, é um importante nicho da Mata Atlântica remanescente. Essa área só vem resistindo à depredação devido à atividade de alguns tenazes ambientalistas, que, para atuar de forma mais organizada, fundaram a APAMDL (Associação do Patrimônio Ambiental da Mata de Duas Lagoas) e agora passa a integrar o Fórum Suape.

É URGENTE congregar esforços em nome de uma ação mais contundente visando à preservação da biodiversidade da área, a partir de ações que envolvam o Turismo Ecológico, a Educação Ambiental, a capacitação e o empoderamento dos moradores da região, capaz de conciliar preservação ambiental e geração de renda, com vistas ao desenvolvimento local. Também nos preocupamos com a população do entorno da unidade de conservação Duas Lagoas, constituída por pequenos agricultores familiares e/ou pescadores, que presenciam dolorosamente a perda de seus recursos, em prol de condomínios de alto luxo.

No momento em que o mundo inteiro questiona os modelos convencionais de atividade econômica industrial concentradora, sem planejamento de implantação ambientalmente adequado, e se empenha em pesquisar, criar e implantar novos modelos produtivos, é preciso que se invista aqui também em atividades baseadas em modelos sustentáveis, enquanto ainda existe essa “margem de manobra” socioeconômica e ambiental.

Entendemos, enquanto Associação do Patrimônio Ambiental da Mata das Duas Lagoas, que precisamos zelar pela preservação das áreas de remanescentes de Mata Atlântica do município do Cabo de Santo Agostinho – PE, por tratar-se de uma área com mata pioneira, contendo árvores com cerca de 300 anos, animais raros, pássaros quase extintos e dois mananciais de água doce muito importantes para a região.

Compreendemos assim, que é necessário trabalhar pelo desenvolvimento de uma cidadania planetária na qual estejamos engajados na mudança de comportamento, na revisão de valores e na adoção de novas práticas no relacionamento com o meio ambiente, seja individual e coletivamente. Buscando ainda ações concretas na correlação de forças existente nos movimentos sociais e ambientais, como o Fórum Suape, que ora se unem movidos pelo interesse maior de garantir às gerações futuras o acesso pleno e irrestrito aos bens e serviços oferecidos por nossos recursos naturais.

Cabo de Santo Agostinho, 15 de março de 2013.

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SUAPE

PROJETO DE R$ 6,5 BILHÕES EM SUAPE

Valor Econômico | 16/05/2012
“O grupo pernambucano Moura Dubeux já trabalhava em um grande projeto para povoar a região. Com a presença de empresários e autoridades políticas, o grupo promoveu ontem o lançamento da Convida, empresa especializada no desenvolvimento de cidades planejadas. No evento, foi apresentado projeto de R$ 6,5 bilhões para o município do Cabo de Santo Agostinho, um dos sete que integram o chamado “território estratégico de Suape”.

Em outubro deste ano começam as obras de uma cidade planejada com dez bairros e capacidade para receber até 100 mil habitantes, número que representa 55% da população atual do Cabo de Santo Agostinho, onde vivem 185 mil pessoas.”

Um dos principais canteiros de obras e investimentos do país, o Porto de Suape, no litoral sul de Pernambuco, em uma região formada por municípios que durante séculos tiveram a paisagem dominada por canaviais, enfrenta a precariedade de infraestrutura. Isso se reflete todos os dias na BR-101, onde as cerca de 70 mil pessoas que trabalham no complexo testam a paciência nos gigantescos congestionamentos ao longo do trajeto de 50 km entre Suape e Recife. Uma pesquisa encomendada no ano passado ao Ibope aponta que 172 mil empregos serão gerados na região do porto até 2017, o que torna ainda mais desafiadora a missão de acomodar tamanho contingente de pessoas.

Antes mesmo de conhecer os números da pesquisa, o grupo pernambucano Moura Dubeux já trabalhava em um grande projeto para povoar a região. Com a presença de empresários e autoridades políticas, o grupo promoveu ontem o lançamento da Convida, empresa especializada no desenvolvimento de cidades planejadas. No evento, foi apresentado projeto de R$ 6,5 bilhões para o município do Cabo de Santo Agostinho, um dos sete que integram o chamado “território estratégico de Suape”. Em outubro deste ano começam as obras de uma cidade planejada com dez bairros e capacidade para receber até 100 mil habitantes, número que representa 55% da população atual do Cabo de Santo Agostinho, onde vivem 185 mil pessoas.

Dividido em quatro etapas, o projeto ocupará uma área de 470 hectares adquirida em 2011 pela Cone S.A., especializada em aluguel de galpões e serviços para indústrias, também controlada pela Moura Dubeux, que detém 2,3 mil hectares no entorno do porto de Suape. Marcos Roberto Dubeux, presidente da Cone e da Convida, diz que a expectativa é que 25 mil unidades habitacionais sejam construídas até a conclusão da cidade planejada, prevista para 2022. O preço dos imóveis, segundo ele, vai variar de R$ 70 mil a R$ 500 mil. “Estamos conversando com os presidentes das empresas instaladas em Suape para definirmos melhor o perfil do freguês”.

O objetivo da obra é criar uma alternativa para o crescente número de pessoas que trabalham no Complexo de Suape e moram no Recife. Os trabalhadores que chegam de outros Estados e países também integram o público-alvo. Da área total, 210 hectares serão reservados para a parte residencial, ficando o restante dividido entre edifícios empresariais, institucionais, universidades, escolas e áreas de lazer. As primeiras unidades serão construídas pela própria Moura Dubeux e devem ser entregues em 2014.

A empresa, entretanto, não pretende tocar sozinha o projeto. No evento, estiveram presentes os principais incorporadores imobiliários de Pernambuco, que poderão comprar áreas e desenvolverem seus próprios empreendimentos, sujeitos a algumas regras. É proibido, por exemplo, comprar um terreno e deixá-lo parado, à espera de valorização. “O nome da empresa não foi escolhido à toa. Estamos convidando outros agentes para participar, pois é um projeto muito grande. Fazer uma cidade planejada é necessária uma coalizão”, explicou.

A parceria busca também bancos para financiar o investimento bilionário. De acordo com o executivo, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú BBA, Banco do Nordeste e até o Banco Mundial, por meio de seu braço privado, se comprometeram a desenvolver operações estruturadas para as empresas interessadas em investir no empreendimento. A Convida também irá buscar dinheiro no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para as obras de mobilidade urbana previstas no projeto.

A expectativa é que as obras de infraestrutura da primeira fase possam ser pagas com dinheiro de um fundo de investimento em criação em parceria com o Banco Gerador, de Pernambuco. Lastreado em ativos imobiliários, o fundo será gerido por Antonio Carlos Correia, ex- BTG Pactual, e estará disponível para investidores pessoa física a partir de 15 de junho. Os executivos da Convida esperam que o potencial do projeto, aliado à queda dos juros no país, atraia o interesse de investidores para o fundo, que poderá captar até R$ 100 milhões e será isento de imposto de renda. Tem investimento mínimo de R$ 10 mil.

Os investimentos públicos e privados no complexo de Suape somam cerca de US$ 25 bilhões.

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SUAPE Vazamento

VAZAMENTO EM SUAPE ASSUSTA TRABALHADORES

Os funcionários da PetroquímicaSuape (PQS), no Complexo Industrial Portuário de Suape, passaram por um susto na manhã de ontem. Por volta das 9h, um barulho de explosão, seguido por um forte cheiro de gás e uma “chuva” de pó branco, promoveu a rápida evacuação das estações de trabalho da planta de PTA (ácido tereftálico purificado), que está em fase de funcionamento pré-operacional desde janeiro. Cerca de cinco mil trabalhadores teriam sido orientados a se dirigirem a uma área de emergência, munidos de máscaras de gás.

“Essa foi a primeira vez que isso ocorreu e, após uma hora, os técnicos em segurança do trabalho nos informaram que o gás não era tóxico e que podíamos voltar a trabalhar”, comentou um funcionário. “O que nos passaram foi que ocorreu um vazamento em uma tubulação e, por volta das 10h, nos disseram que a situação já estava sob controle. Mesmo assim, a área continuou isolada”, afirmou outro trabalhador. Ainda no fim da manhã, a reportagem escutou um barulho de escapamento de gás próximo à planta.

A assessoria de Imprensa da PQS informou que a unidade segue em fase de testes e que o barulho escutado foi causado pelo acionamento de uma válvula de segurança, devido à alta temperatura e à alta pressão da tubulação. A assessoria explicou, ainda, que “o pó branco observado pelos funcionários não é ácido e nem tóxico”, mas que a área continua isolada para limpeza e em avaliação para saber o que ocasionou o acionamento da válvula. As outras áreas da PQS seguem funcionando normalmente. A PQS disse que o composto que vazou era formado por 80% de água e 20% de ácido tereftálico. Na fase de produção, a concentração será 100% PTA.

Outro funcionário que pediu para não ser identificado disse que algumas pessoas chegaram a passar mal após terem inalado a substância. Ele disse também que “com todos es­ses riscos com produtos químicos e explosões”, nem todos os trabalhadores da planta recebem o adicional de periculosidade de 30% sobre os salários.

Fonte: Blog da Folha de Pernambuco (9/3) 
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SUAPE

SUAPE, TRINTA ANOS DEPOIS

Por Clovis Cavalcanti 
Economista e pesquisador social

No dia 5 de junho corrente fui ao local do porto de Suape para dar uma palestra na Transpetro alusiva ao Dia do Meio Ambiente. Era a primeira vez em vinte anos que ali voltava. Não podia imaginar a amplitude das mudanças que o lugar experimentara com a construção de instalações portuárias e industriais. Conheci toda aquela área de beleza tão especial muito antes de ser concebido o projeto do porto e com ela me familiarizei ao longo de muitos passeios agradáveis. Lembro-me não só da praia e do mangue, mas também de muitos e muitos sítios com fruteiras de todo tipo ali existentes. Suape e o espaço ao seu redor, na verdade, eram fontes importantes de abastecimento de frutas da região metropolitana do Recife. Aprendi sobre isso num trabalho que fiz para a Sudene em 1971 acerca do funcionamento da Ceasa. Pelas informações disponíveis, era de Suape que procedia a maioria dos cajus, mangabas, mangas, cajás, sapotis, jacas e muitas outras frutas que os recifenses tanto apreciavam. O acesso a Suape era difícil, com estradas que ficavam intransitáveis no inverno. Mas isso nunca foi impedimento para que, com minha família, eu fosse ali regularmente. Topei muitos atoleiros, andei com o carro dentro d’água várias vezes, nos enlameávamos: aventuras que valiam a pena. Devido ao bem-estar que me causava esse turismo ecológico, com potencial grande para os amantes de passeios não-convencionais – importante fonte de renda, por exemplo, na Costa Rica –, combati o projeto de Suape. Fui líder, meio sem querer, de um grupo de cientistas pernambucanos que, em abril de 1975, lançou um manifesto chamando a atenção para os custos ambientais da obra que então era apenas uma idéia.

Trinta anos depois, constato que as advertências que fazíamos no manifesto – além de mim, o economista Renato Duarte, o sociólogo Renato Martins e os insignes falecidos Nelson Chaves, José Antonio Gonsalves de Melo, Vasconcelos Sobrinho e Renato Carneiro Campos – estão todas confirmadas. Na ocasião em que o manifesto foi lançado, os defensores do projeto, que incluíam políticos a favor e contra o regime militar, não perdoaram os subscritores do documento. Alegavam que nada do que falávamos fazia sentido, que o porto não iria destruir o meio ambiente. E que se justificava, no dizer do responsável no governo do Estado pela iniciativa, o então secretário Anchieta Hélcias, em suas próprias palavras (estão no Diário de 8.5.75), porque “Suape extinguirá a miséria” (sic). Ainda tentamos, num segundo manifesto, por essa época, alertar para o fato de que dizer “que a obra não vai destruir a paisagem, nem o sítio histórico, tampouco comprometendo o equilíbrio ecológico do litoral sul pernambucano, equivale a” um absurdo. Acrescentávamos: “quem garante… que a remoção de terra, os aterros inevitáveis, a escavação do porto, o lançamento mais tarde de detritos… não alterará de forma radical e definitiva o panorama que circunda Suape atualmente?”

Pois foi isso exatamente o que aconteceu. A paisagem atual de Suape é desoladora. Trata-se de uma área sem beleza, sem vegetação agradável, sem construções elegantes. Com mangues destruídos, a silhueta dos arrecifes esplêndidos que ali havia radicalmente alterada, as fruteiras banidas. Na verdade, Suape mais parece uma base militar de feição horrorosa. Entre minha chegada à cancela da entrada no perímetro do porto e meu ingresso nas instalações da Transpetro, levei 30 minutos. Fui fichado, fotografado, mandado esperar. O número de meu notebook teve que ser anotado Confesso que, em julho de 1970, foi mais fácil vencer as barreiras de arames farpados, baionetas caladas e carros de combate para entrar um dia às 21h na sede a Oban (centro da repressão do regime militar em São Paulo), à procura de meu irmão Cláudio, ali detido. Bom, Suape é vítima de uma regra imposta pelo governo norte-americano, explicaram-me, depois do 11 de Setembro. Tudo bem. Mas a sensação que se tem em Suape não engrandece. Pior: contou-me o motorista que me conduziu ao local que uma senhora que trabalha na cozinha do restaurante da Transpetro, moradora, quase diria “secular”, da região, pois ali vive com seis filhos e muitos netos desde que se entende de gente, está desesperada porque vai ter que sair do lugar. É que os interesses maiores da nova refinaria que vai para Suape impõem essa solução embrutecida. Desastre ambiental, desastre humano – quanto custa o “progresso”?

Artigo de opinião publicado no Diário de Pernambuco (21.6.2007)

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SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

Clóvis Cavalcanti
Fundação Joaquim Nabuco & Universidade Federal de Pernambuco


Resumo da palestra proferida no V Congresso Brasileiro de Agroecologia:

Agroecologia e Territórios Sustentáveis

Recife, setembro de 2007

Toda atividade humana, qualquer que seja ela, incide irrecorrivelmente no ecossistema quer pelo lado da extração de recursos (caso em que a natureza funciona como fonte), quer pelo do lançamento de dejetos sob a forma de matéria ou energia degradada (caso em que o meio ambiente atua como cesta de lixo). Percebido desse ângulo, é evidente que o processo econômico – que opera dentro de um subsistema aberto envolvido pelo ecossistema global – tem que respeitar limites (quer os do fornecimento de recursos, quer os da absorção de dejetos, além dos da própria tecnologia). Daí, a noção de desenvolvimento sustentável: trata-se de promover a economia (e o bem-estar dos humanos) sem causar estresses que o sistema ecológico não possa assimilar.

Na perspectiva da sustentabilidade ambiental, o tipo de processo econômico que importa é aquele que produz bens e serviços levando em conta simultaneamente todos os custos (ou males) que lhes são inevitavelmente associados. Um olhar para as interconexões evidentes do sistema econômico com o ecológico, sem isolar um do outro, permite perceber de que modo é possível chegar-se a um mundo (sustentável) onde a vida não se veja ameaçada de extinção (nem seja considerada como uma externalidade). Esta é a tarefa para um modelo de desenvolvimento novo, muita vezes considerado utópico, que estamos chamando – por cortesia dos ecólogos, de quem se tomou emprestada a noção – de sustentável. É tarefa também para uma ciência da economia de fundamentos ecológicos.

No âmbito da realidade dos processos naturais, que oferece a moldura última que abriga a economia, só pode durar para sempre aquilo que se comporta de acordo com os princípios de funcionamento do sistema natural (dentre os quais desponta o da frugalidade).

Dá-se ao tema da sustentabilidade, muitas vezes, porém, um significado que contradiz sua própria essência, transformando-o em autêntico oximoro (como, com mais razão, na infeliz expressão “crescimento sustentável”). Ou seja, passivo ambiental crescente e sempre mais infelicidade humana. Crescer, na perspectiva da macroeconomia, é sempre possível (além de desejável), embora a teoria microeconômica mostre que o ótimo da produção impõe limites ao crescimento de uma firma – fixando a escala que satisfaz às regras da maximização do lucro. Por que o mesmo não deveria valer para economias nacionais, regionais ou estados e cidades? Será que, do ponto de vista das grandes economias, como inclusive a global, qualquer escala serve?

A preocupação quanto aos problemas ambientais mundiais, na verdade, pede mais do que a economia pode oferecer. Precisa-se, de fato, de indicadores econômicos – ou ecológico-econômicos – que incorporem estimativas de degradação ambiental (e também humana) e depleção de recursos: indicadores de desenvolvimento sustentável. Estes teriam que ser obtidos subtraindo-se do PIB o valor estimado dos recursos naturais esgotados e degradados (áreas florestais em diminuição, erosão do solo, mangues cortados para a criação de camarão, jazidas minerais que se esgotam, etc.).

O sistema de contas nacionais contabiliza corretamente a depreciação do capital feito pelo homem (máquinas, fábricas) como um item do balanço negativo na determinação da renda nacional, mas deixa de considerar a depreciação ou depleção do capital natural (árvores, minerais, solo, água). O consumo de tais ativos é contado como renda, o que faz com que a verdadeira renda nacional seja assim sobreestimada. Dessa forma, o desempenho econômico de um país ou região, em determinado período, pode aparecer, por exemplo, com uma robustez medida pelos critérios econômicos usuais que é totalmente falsa.

O Brasil, com sua multiplicidade de projetos de carcinocultura, turismo, resorts, loteamentos, expansão urbana, estradas costeiras, uma refinaria de petróleo em Pernambuco (Suape), hidrelétricas na Amazônia e muitos outros serve de triste ilustração de um desenvolvimento desordenado que tem efeitos destrutivos sérios (muitos deles humanos) inteiramente ignorados – ao mesmo tempo que apenas as virtudes dos projetos são decantadas e louvadas de todas as maneiras, até mesmo em propaganda oficial.

Quando se atribuem preços aos recursos naturais – o que acontece com aqueles que têm mercado como o petróleo –, tais valores constituem invariavelmente uma subestimação. Na contabilidade econômica nacional tradicional, um valor zero é implicitamente conferido a todos os recursos da natureza, dando-lhes a condição de “bens livres”.

O perigo de atribuir-se valor monetário a bens e serviços ecológicos é tanto de levar, por um lado, a que se acredite que eles valem aquilo que os cálculos mostram, quanto de fazer pensar, por outro, que ativos naturais possam ser assim somados a ativos construídos pelos humanos (ambos referidos à mesma base em dinheiro), tornando-os substituíveis. Na essência do conceito, porém, a sustentabilidade ecológica deve ser vista como manutenção de estoques físicos de capital natural, não a de seus correspondentes valores monetários.

Encarando o processo econômico sob tal ótica, uma economia ecológica implica mudança fundamental na percepção dos problemas de alocação de recursos e de como eles devem ser tratados, do mesmo modo que uma revisão da dinâmica do crescimento econômico. Para tentar enfrentar essa realidade, o campo de trabalho, para ser relevante, deve basear-se em hipóteses e teorias compartilhadas por um conjunto amplo de profissionais, como uma empreitada (ou cometimento) entre cientistas naturais e sociais, junto com os atores sociais envolvidos em ações concretas de promoção do desenvolvimento. Assim pode-se chegar a novo entendimento da realidade humana, tirando dele lições para fins de análise e política.

Um novo entendimento dessa ordem deve incorporar referências como a da abordagem sistêmica (systems approach) ou teoria geral de sistemas; como a das matemáticas não-lineares; como a da termodinâmica de não-equilíbrio (non-equilibrium thermodynamics); como a da economia como uma ciência da vida. Requer-se, com efeito, uma compreensão profunda da forma como a atividade econômica depende de processos biogeofísicos, com os feedbacks que existem entre uma e outros.

Tudo isso vai conduzir à discussão do problema da sustentabilidade das interações entre
sistemas econômicos (humanos) e ecológicos, o que impõe a necessidade de uma visão holística – uma visão que vá além das fronteiras territoriais normais das disciplinas acadêmicas.

A necessidade de informação sobre interações entre a economia e o ecossistema tem como finalidade derradeira a identificação de políticas capazes de mitigar os impactos destrutivos sobre o ambiente de medidas para a realização do bem-estar social. Ou seja, em última análise, o sentido de uma economia ecológica é o de uma economia política da ecologia.

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SUAPE

THOSE AFFECTED BY THE SUAPE PORT AND INDUSTRIAL COMPLEX

Heitor Scalambrini Costa
Professor at the Federal University of Pernambuco

Pernambuco is experiencing a situation, similar to many others that occur in the country and with respect to the model adopted by predatory development. Who pays for “progress” at the local level are the native people, forced to leave their homes, creating major social problems. And the environment also pays a high price, where they are discharging toxic products and destroying the vegetation, this reflex in animal life, in rivers and streams. This local activity has been added negatively to so many others, which occur in the national territory, and on the entire planet.

It is noted that the society ceased to be mesmerized by the economic growth at all costs (expressed in larger monetary values of GDP, which does not take into account the environmental costs). And what you observe is a conflict between the superior economic interest and the collective interest of the population, the environment and its ecosystems, finally, of all the events in the plan of life. In this clash, without the participation of civil society, money has won inexorably.

With the megalomania of the works of the Suape Port and Industrial Complex, it is evident the effects of a disorderly growth, reflexes of serious destructiveness, affecting mainly the indigenous people, farmers, which end up being entirely ignored, becoming invisible to the eyes of society. Especially, with the role of propaganda which only highlights the virtues of economic projects.

The surrounding residents accumulate complaints against the authority of the Port of Suape, and they are witnesses of a process that has created poverty and desolation. There are reported broken promises, manipulation and pressure on the inhabitants of the area, that consists of 22 gadgets (13,500 ha and approximately 15,000 families) where the Complex is located, the lack of information, intransigence in the negotiations and intolerance to deal with the population.

The evacuation of this territory by the State has occurred in a gruesome way, without “friendly” negotiation with the residents. Many times, using what is called in the region “armed militias” for the execution of the processes of reintegration of possession against the small rural producers. It is a farce to call it “negotiating” to set the compensation to be paid and correct details of evacuating the residents. Complaints and more complaints are constant, some revealed by the media, but nothing is done. Without doubt, one of the reasons these arbitrary expulsions is the overvaluation, speculation in the price of land, which is very disputed by business groups.

The process of “expropriation”, has been characterized by expropriation and trespass, with the State Constitution and with the march of involuntary resettlement-MRI of Pernambuco Project Sustainable Rural-PRS (available in http://www.prorural.pe.gov.br/arquivos/marco_reassentamento.pdf), whose goal is the treatment of the issues that involve the change or unintentional loss of place of residence, the loss of income or means of subsistence, as a result of implementation of projects.

Articles of the Magna Law and the guidelines of the MRI/PRS are being violated, socially and environmentally. For example, article 139 in the constitution, says that the State and municipalities must promote economic development, combining freedom of initiative with the higher principles of social justice, with the purpose of ensuring the elevation of the level of life and well-being of the population. Also article 210 which deals with the protection of the environment is disrespected, as well as article 211 which prohibits the State, in the form of the law, granting any benefit, tax incentives or credit, to physical or legal people, with activities, that pollute the environment.

Farmers evicted, have no idea where they can reestablish their productive system ensuring their quality of life. On the contrary, they are losing interest in life, being constrained with the actions of police, armed men that make them feel like real bandits. In addition to the conditions of a worthy life, for these farmers, their condition of existence and other goods that are immaterial are being removed. And even those that try their luck in cities can’t purchase any property with the derisory compensation of Suape.

Therefore, it is urgent before the “social cauldron” explodes, a new format of the negotiating process, review of the compensations, the withdrawal of armed militias, the land regularization of these residents and the immediate implementation of the project “morador” (Law 13,175 of 27 December 2006) which guarantees the right to public politician, for farmers who live in the vicinity of Suape.

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SUAPE

OS ATINGIDOS PELO COMPLEXO DE SUAPE

Heitor Scalambrini Costa
Professor da Universidade Federal de Pernambuco

Em Pernambuco vivencia-se uma situação, análoga a tantas outras que ocorrem no País e diz respeito ao modelo predatório adotado de desenvolvimento. Quem paga pelo “progresso” a nível local são as populações nativas, obrigadas a saírem de suas moradias, criando grandes problemas sociais. E também o meio ambiente, onde são despejados produtos tóxicos e suprimida a vegetação, com reflexos na vida animal, nos rios e riachos. Esta ação local acaba se somando negativamente a tantas outras que estão sendo realizadas em todo o território nacional, e em todo o planeta.

Constata-se que a sociedade deixou-se hipnotizar pelo crescimento econômico a todo custo (expresso em maiores valores monetário do PIB, que não leva em conta os custos ambientais). E o que se verifica é um conflito entre o interesse econômico predominante e o interesse coletivo da população, do meio ambiente com seus ecossistemas, enfim, de todas as manifestações no plano da vida. Neste embate, sem a participação da sociedade, o dinheiro tem vencido inexoravelmente.

Com a megalomania das obras do Complexo Industrial e Portuário de Suape são evidentes os efeitos de um crescimento desordenado, de reflexos destrutivos sérios, afetando principalmente as populações nativas, agricultores, que acabam sendo inteiramente ignorados, tornando invisíveis aos olhos da sociedade. Sobretudo pelo papel da propaganda oficial, que apenas destaca as virtudes econômicas dos projetos.

Os moradores do entorno acumulam reclamações contra a Autoridade do Porto de Suape, e são testemunhas de um processo que tem gerado pobreza e desolação. São relatadas promessas não cumpridas, manipulação e pressão sobre os moradores da área constituída de 22 engenhos (13.500 ha e aproximadamente 15.000 famílias) onde situa-se o Complexo, a falta de informação, intransigência nas negociações e intolerância ao lidar com a população.

A desocupação deste território pelo Estado tem ocorrido de forma truculenta, sem negociação “amigável” com os moradores. Muitas vezes, recorrendo, ao que se denomina na região de “milícias armadas” para a execução dos processos de reintegração de posse contra os pequenos produtores rurais. É uma farsa a chamada “negociação” para definir a indenização a ser paga e acertos nos detalhes da saída dos moradores. Denúncias e mais denúncias são constantes, algumas divulgadas pela mídia, mas nada é feito. Sem dúvida, um dos motivos destas expulsões arbitrárias está na sobrevalorização, na especulação do preço da terra, que é muito disputada por grupos empresariais.

O processo de “desapropriação”, tem se caracterizado por expropriação e esbulho, com a Constituição Estadual e com o Marco de Reassentamento Involuntário-MRI do Projeto Pernambuco Rural Sustentável-PRS (disponível em http://www.prorural.pe.gov.br/arquivos/marco_reassentamento.pdf), cujo objetivo é o tratamento das questões que envolvem a mudança ou perda involuntária do local de moradia, a perda de renda ou meios de subsistência, em decorrência da implementação de projetos.

Artigos da Lei Magna e as diretrizes do MRI/PRS estão sendo violados, social e ambientalmente. Por exemplo, o artigo constitucional 139 que diz que o Estado e os municípios devem promover o desenvolvimento econômico, conciliando a liberdade de iniciativa com os princípios superiores da justiça social, com a finalidade de assegurar a elevação do nível de vida e bem-estar da população. Também o artigo 210 que trata da proteção ao meio ambiente é desrespeitado, assim como o artigo 211 que veda ao Estado, na forma da lei, conceder qualquer benefício, incentivos fiscais ou creditícios, às pessoas físicas ou jurídicas que, com suas atividades poluam o meio ambiente.

Os agricultores despejados, não têm noção de onde irão restabelecer seu sistema produtivo garantindo sua qualidade de vida. Pelo contrário, estão perdendo o gosto pela vida, sendo constrangidos com a ação da polícia, homens armados que os fazem sentir verdadeiros bandidos. Além das condições de vida digna estão retirando desses agricultores, sua condição de existência e outros bens que são de ordem imaterial. E mesmo aqueles que se aventurarem morar nas cidades, não poderão adquirir nenhum imóvel com as irrisórias indenizações pagas por Suape.

Portanto, é urgente antes que o “caldeirão social” exploda, um novo formato do processo negocial, a revisão das indenizações, a retirada das milícias armadas, a regularização fundiária destes moradores e a implementação imediata do projeto Morador (Lei 13.175 de 27 de dezembro de 2006) que garante o direito a políticas públicas para os agricultores que vivem no entorno de Suape.

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