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Desigualdade Ipojuca SUAPE

BONS EMPREGOS, NÃO PARA IPOJUCA E CIDADES VIZINHAS


Por Miguel Sales, promotor aposentado, membro do Fórum Suape
A revista Veja desta semana (26.02.2014), trás uma matéria especial, mostrando nas páginas 92 a 101, a relação das 10 cidades brasileiras onde estão os bons empregos, oferecendo vagas com salários mensais de 5.000 reais – ou bem mais. E neste contexto Ipojuca figura em 5º lugar. Somente a Petroquímica Suape em breve abrirá cerca de 3.500 postos de trabalho com remuneração superior a 5.000 reais.
À princípio, parece uma excelente notícia, mas infelizmente não é. Pois, a não ser por rara exceção, essa oferta de mão de obra qualificada nem de longe é oferecida para os trabalhadores de Ipojuca e das cidades vizinhas, mas geralmente a pessoas qualificadas vindas de outros estados, e até Países. Não que se tenha nada contra que de qualquer lugar do mundo venha gente trabalhar em Ipojuca, mas o que dói é nesses empregos não serem serem também preenchidos por gente de Ipojuca e de cidades vizinhas.
Suape não vem de ontem, mas há mais de 35 anos, e as indústrias que se estalariam ao ser redor, em sua maioria, era previsível. Mesmo a Refinaria, que é uma máquina que puxa bastantes empresas, de muito tempo fora anunciada.
Em breve, mesmo os empregados de Suape de Ipojuca e cidades vizinhas que trabalham no “eito”, estarão desempregados, pois não exercerão atividades fins das empresas, mas serviços de construções, entre outros, de natureza temporária. Aliás, milhares já vêm sendo desempregados da Refinaria e do Estaleiro Atlântico Sul, como acontecerá com a Petroquímica e as demais.
O que faltou para se absorver a mão de obra qualificada local? Em verdade, os prefeitos nunca investiram em educação de qualidade, ensino universitário, cursos profissionalizantes etc., que deveria ser a prioridade, a fim de nossa gente não ficasse literalmente “a ver navios” – e nada mais. Essas empresas estão trazendo consigo bairros imobiliários com todos os equipamentos urbanos, quando não a escolha é morar no lado melhor de porto de galinhas, apesar da falta de infraestrutura, como denunciado em inúmeras reportagens.
Infelizmente, os prefeitos locais, intencionalmente resolveram investir no atraso, para ficar mais fácil, no período eleitoral, a aquisição de votos por promessas ou irrisórias e temporárias dádivas. Noutras palavras, o eleitor não tendo independência financeira, fica mais fácil negociar o voto ou se contentar com um mal remunerado e temporário cargo comissionado, sem qualquer segurança, oferecido por esse ou aquele prefeito. E com a mudança de prefeito, os comissionados de ontem não são os mesmos de hoje: grande parte, semialfabetizados está desempregada, e sem perspectiva de emprego, ainda que por pequenos salários, de estarem trabalhando em Suape.
Para não ser pessimista, acredito que ainda é tempo de se recuperar algo que fora drasticamente perdido, se não os nativos de Ipojuca, por exemplo, correm o risco de habitarem em um grande favelão.

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