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Ambiental Comunidade SUAPE

SUAPE, MEIO AMBIENTE, POPULAÇÃO

Clóvis Cavalcanti Presidente da Sociedade Internacional de Economia Ecológica (ISEE)Publicação: 15/04/2017 03:00
No dia 5 de abril de 1975, o extinto semanário Jornal da Cidade, do Recife, estampou manchete de capa com os dizeres: “Cientistas lançam manifesto contra o Complexo de Suape”. Na verdade, quem o redigiu fui eu. Submeti-o depois à apreciação de um número de pessoas, das quais foram seus signatários, comigo, os professores Nelson Chaves, grande nome da nutrição, José Antonio Gonsalves de Mello, o maior historiador do período holandês no Brasil, João de Vasconcelos Sobrinho, um dos maiores ecólogos brasileiros, Renato Carneiro Campos, diretor do Departamento de Sociologia do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, todos falecidos, e Renato Duarte, professor de economia da UFPE e Roberto Martins, coordenador do Curso de Mestrado em Sociologia da UFPE. Naquele momento (antes da “abertura política”), a atmosfera era de risco para críticas ousadas. Precisava-se de coragem para contestações ao governo federal e aos estaduais, que se empenhavam em promover grandes empreendimentos. O Brasil tinha atravessado anos – que jamais se repetirão – de crescimento econômico miraculoso, com taxas da ordem de 10% a.a., e até maiores. Havia euforia em torno de grandes empreendimentos que alavancassem o PIB, sob a suposição de que se criaria emprego e acabaria com a miséria. Essa era a imagem que os autores do Projeto de Suape passavam. Só que tudo era feito – e continua sendo, na verdade – sem consulta à população e ignorando-se os custos sociais e ambientais das iniciativas. Eu me incomodava com essa omissão. Ao escrever o manifesto, eu propus que, com uma metodologia de ausculta à sociedade, se fizesse a avaliação de impactos ecológicos. Este último era assunto de que ninguém tratava então. Inexistia movimento ambientalista e era rala a consciência ecológica no país.
Foram fortes as reações ao manifesto. O governo de Pernambuco o rebateu com fúria afirmando que os autores do protesto “apenas encontraram bases emocionais e pressa na crítica, com total desconhecimento do assunto”. Assegurava: Suape “trará emprego, melhorará as condições de vida das populações do estado e dará condições de aumentar a produtividade dos campos de Pernambuco e da região”, absorvendo “o excedente de população do meio rural” – coisas que, quatro décadas depois, são negadas pelos fatos. Conversa fiada. Quanto à crítica ecológica, a nota assegurava que não haveria perigo de poluição com o projeto. A razão: havia nele a previsão de uma central de tratamento de resíduos, que os autores do documento não enxergavam. Mais mentira. Dizia o governo haver também previsão de uma barreira de proteção ecológica, com reflorestamento, algo que só começou a ser realizado em 2011, quando Eduardo Campos nomeou Sérgio Xavier secretário de Meio Ambiente de Pernambuco – 39 anos depois. No tocante à falta de discussão da iniciativa, de consulta à sociedade, rebatia a nota: “As consultas se fizeram, pois a Assembleia Legislativa aprovou o projeto … e os órgãos de classe e Clubes de Serviço debateram e deram seu apoio”. Sublinhava que “o Conselho Estadual de Cultura, sob a presidência do Mestre Gilberto Freyre, louvou o projeto por sua preocupação em preservar os sítios históricos e cuidar da defesa do meio ambiente”. Que essa preocupação não era prevista deduz-se do que escreveu em 2007 o secretário de Planejamento de Pernambuco de 1975, Luiz Otávio Cavalcanti: “O movimento que se opunha à construção de Suape colaborou, com suas opiniões, para que o governo adotasse medidas oportunas, voltadas ao controle ambiental”.
Passados 42 anos, o que se pode testemunhar em Suape é uma irreparável destruição ambiental, afetando o ecossistema marinho da região e acabando com a pesca, que era abundante ali. Ao mesmo tempo, o histórico de indignidades e violência cometidas contra comunidades que moravam na área ocupada e que resistiam à expulsão forçada de lá, de que o Fórum Suape, de entidades ligadas à população dali, revela, causa revolta. Por outro lado, com a destruição dos manguezais, berçário natural de peixes, as populações de pescado de Suape sofreram drásticos cortes. Isso abalou a comunidade local, que girava em torno da pesca, causando sofrimento e empobrecimento aos habitantes do lugar. Cristiano Ramalho, antropólogo e professor da UFPE, registra-o em sua tese de doutorado, de 2007, para a Universidade de Campinas (Unicamp). O drama de Suape também se estende à extinção de fontes de alimento para a Região Metropolitana do Recife, como no caso de frutas de excelente qualidade ali encontradas: caju, mangaba, manga, jaca, cajá, jambo, pitomba, abacate, etc. Para mim, uma desgraça. Desgraça mais ampla ainda, na verdade, e que está bem documentada em trabalho de conclusão do curso de ciências sociais da UFRPE, de 2009, de Marcos Miliano, bolsista da Fundação Joaquim Nabuco, relativo ao processo de expulsão dos moradores da Ilha de Tatuoca, para a construção de um estaleiro. O Manifesto de 1975 não desenhou uma falsa realidade. Profetizou. Está vivo. 
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Ambiental Fórum Suape Informe

FÓRUM EM AÇÃO – EDIÇÃO DE FEVEREIRO DE 2017

Edição de Fevereiro de 2017 – nº 08        
FÓRUM BUSCA APERFEIÇOAR DIÁLOGO COM COMUNIDADES
As reuniões do Fórum Suape com as comunidades tem sido espaço de diálogo, onde as comunidades trazem informes, discutem sobre a continuidade da mesa de diálogo com CIPS, sobre a viabilidade de novas audiências públicas, ato público e buscam encontrar estratégias para pressionar o governo do Estado, maior acionista do Complexo Suape.
O protagonismo é das comunidades, o Fórum está para apoiar ações coletivas que estejam em sintonia com suas linhas de ação. Além disso, o Fórum está organizando um processo formativo com o tema: “Garantia de direitos e organização comunitária”, por considerar imprescindível o processo de capacitação, planejamento e organização das comunidades. Esse trabalho, além de favorecer para que se avance no diálogo com as comunidades, vai ajudá-las a expressar sua indignação de forma qualificada e eficaz. No atual contexto, mais do que nunca se faz necessário superar a barreira do desconhecimento dos direitos e do descrédito em uma sociedade justa.

DENÚNCIA AO CONSELHO ESTADUAL DE DIREITOS HUMANOS
O Fórum Suape participou no dia 07/02/2017 da reunião do Conselho Estadual de Direitos Humanos onde protocolou uma denúncia sobre a atuação da milícia na região atingida pelo Complexo Industrial e Portuário de Suape. Um grupo de agricultores e pescadores acompanhou a coordenação e assessoria do Fórum. Durante a reunião mulheres e homens nativos da região fizeram depoimentos muito fortes relatando situações de violência em que resultaram, além da perda da posse da terra, em muito sofrimento, depressão, doenças e mortes nas famílias atingidas.
O documento foi lido pelo coordenador do Fórum Suape, Heitor Scalambrini Costa e protocolado pelo secretário executivo de Direitos Humanos e presidente do Conselho, Eduardo Figueiredo, e pela vice presidente e integrante do Gajop, Edna Jatobá, na presença de conselheiros governamentais e da sociedade civil. O Conselho tirou como encaminhamento a realização de diligência nas comunidades para constatar os fatos e escutar os moradores.
MORRE O ÚLTIMO MORADOR NATIVO DA ILHA DE TATUOCA
A manhã do dia 5 de fevereiro de 2017 fica marcada pela morte oficial de Severino Cassiano da Silva, conhecido como Biu. Passou os últimos meses hospitalizado, numa Unidade de Tratamento Intensivo, em Olinda. Porém, sua luta pela vida começou muito antes, juntamente com a luta justa por permanecer em sua casa e pelo direito a sua terra. Artesão, pescador e último morador nativo expulso da Ilha de Tatuoca.
Homem forte, lúcido e independente. Artesão, pescador nasceu e viveu em Tatuoca, sempre acreditou que ali morreria no curso natural da vida. Dia 4 de abril de 2016 foi surpreendido por dezenas de homens armados. Foi arrancado de sua casa e obrigado a testemunhar sua demolição. Viu os veículos oficiais esmagarem seus bens e artefatos de pesca. As árvores sendo derrubadas. Naquele momento Biu foi privado de sua vida, restaram os escombros, soterrados pela areia do tempo. Que a luta de Biu, o último morador de Tatuoca, nunca seja esquecida.
Seu destino seria traçado pela mão criminosa e gananciosa do Complexo Industrial e Portuário de Suape, com a cobertura do Estado. Dezenas de homens armados, metralhadoras às claras, carros, tratores foram usados em mais esse ato de total desrespeito aos direitos daquele morador indefeso, no final deixaram apenas os escombros. Durante vários meses, seu Biu permaneceu em uma cama de hospital entre a vida e a morte. Nunca se recuperou de tamanha violência.
O falecimento de seu Biu foi antecedido pela morte do Sr. Luís Abílio da Silva, em dezembro do ano passado. Na época, com 83 anos, seu Abílio e sua esposa dona Maria Luiza da Silva, cinco anos mais velha, tiveram a casa derrubada no sítio do Engenho de Tiriri, no dia 22 de maio de 2013. Ao prestar um depoimento ao Forum Suape na época, cercado dos filhos e dos 18 netos, seu Abílio relembrou como tudo aconteceu. “Estava em casa com minha esposa, nora, filhos e netos quando a guarda chegou com o oficial de Justiça para nos retirar de lá. Eu estava sentado, fui retirado pelo braço. Minha nora com meu neto de 15 dias, também, foram obrigados a sair. A casa foi derrubada”. Seu Abilio acabou morrendo de tanto desgosto.
Estes são apenas dois casos, dos muitos que chegam quase que diariamente ao Fórum Suape contados por aquelas famílias que vivem o pesadelo que entrou em suas vidas sem pedir permissão. Dois casos exemplares que mostram a que ponto esta empresa estatal promove a destruição de vidas e sonhos.
Mais uma vez, denunciamos e questionamos o modelo de desenvolvimento que está por trás do Complexo Industrial e Portuário de Suape – CIPS, em Pernambuco, que comprova a cada dia o quanto ele funciona como uma usina geradora de violência e violações dos direitos humanos contra a população nativa e tradicional que habita aquela região. Esta é a realidade de Suape que não estamos acostumados a ver na imprensa ou nas propagandas oficiais de governos e eleitorais de candidatos.
Ao contrário, o que vemos é uma propaganda aos quatro cantos do mundo da empresa sustentável, que recebe inclusive prêmios internacionais. Porém, o CIPS mantém em sua estrutura interna uma Diretoria de Gestão Fundiária e Patrimônio cuja missão é desorganizar e destruir o mínimo de organização existente dos moradores, vulnerabilizando assim as reivindicações coletivas e a resistência as expulsões ocorridas em massa. Além disso, age com truculência, violência, assediando os moradores daquele território, tornando suas vidas insuportáveis.
Denúncias não faltam ao “modus operandi” do que se convencionou denominar de “milicias de Suape”. Quer através de boletins de ocorrência (mais de 90 desde 2010) subestimados pelo medo; quer pelos inúmeros depoimentos por aqueles e aquelas que sofrem no dia a dia com a presença da mão forte do CIPS e de seus algozes.
Ao contrário de ser uma empresa sustentável, como mostra a propaganda, o que se constata é que o CIPS não está nem aí com a vida. Gerador de tanto sofrimento deixa um rastro de doenças físicas e psicológicas, para além da destruição ambiental e de sonhos de milhares de trabalhadores que foram para Suape iludidos com promessas desenvolvimentistas e de melhoria financeira e material.
Para nós, do Fórum Suape é doloroso saber que uma pessoa como seu Biu, antes cheio de energia e esperança, tenha falecido dessa forma, longe da sua terra, privado da pesca, do rio e do mar. Mais uma vez, questionamos o CIPS, que sustentabilidade é essa que destrói e promove o desequilíbrio socioambiental? Que sustentabilidade é essa que, ao invés de preservar e proteger, mata?
A humanidade perde um homem da natureza, defensor dos bichos, conhecedor dos peixes, sabedor dos rios e do mar. Biu era homem simples, econômico com palavras, sempre sábias. Nas poucas vezes que sorria, seus olhos iluminavam e sua risada acolhia a vida. Fazia do mangue uma arte, com troncos talhados em mesas e cadeiras para receber visitantes. Vivia no que ele mesmo considerava um paraíso, a Ilha de Tatuoca no município de Ipojuca, PE. Lá, mantinha sua casa, seu bar e restaurante. Estava sempre ocupado com seus afazeres, do barco, da pesca e de cada árvore que lhe fazia companhia. Registramos aqui nossos sentimentos de pesar à toda família e amigos/as de seu Biu, que o seu espírito descanse em paz e ele possa, de alguma maneira, reencontrar a sua Tatuoca. Biu, presente!
FÓRUM COBRA RESPOSTA DA PREFEITURA DO CABO
O Fórum Suape encaminhou à Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente do Cabo de Santo Agostinho, reiterando o ofício encaminhado em setembro do ano passado, sem resposta, o pedido de providência para a devolução pelo Complexo Industrial Portuário de Suape – CIPS dos materiais apreendidos nas comunidades e pedidos de informações acerca do convênio entre CIPS e Prefeitura, que o CIPS costumeiramente utiliza para justificar as suas ações ilegais contra os posseiros.
A cobrança se refere à devolução por parte do CIPS dos materiais de construção apreendidos no Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti pela Prefeitura e guardados em depósito disponibilizado pelo CIPS em face do noticiado convênio com a PMCSA. Informações obtidas com representantes da Prefeitura e o próprio Secretário de Planejamento de Meio Ambiente, Arthur Albuquerque, a quem o ofício foi encaminhado, diziam que os posseiros do Parque, portando o documento expedido pela Prefeitura quando da apreensão, conseguiriam ter o seu material liberado pelo CIPS do depósito onde ficam guardados. Mas, o que vem de fato ocorrendo de uns tempos para cá é a negativa, por parte do CIPS, de liberar os materiais a quem comparece ao galpão da empresa munido deste documento, contrariando as afirmações feitas tanto por membros da Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, quanto por membros do próprio CIPS.
Recentemente, os posseiros obtiveram informações do Diretor de Gestão Fundiária e Patrimônio de Suape, Sebastião Pereira Lima Filho, de que os materiais só poderiam ser liberados mediante uma ordem do Secretário de Planejamento e Meio Ambiente. Nesse sentido, o Fórum Suape solicita providências da Prefeitura Municipal no que se refere a essa conduta abusiva do CIPS, a fim de que ela cesse e os materiais possam ser devolvidos aos seus proprietários.
ÁGUA DAS COMUNIDADES É DESVIADA PARA A COCA COLA
Há dois anos, o governo de Pernambuco prometeu recuperar o Riacho Algodoais no trecho que corta o Complexo Industrial Portuário de Suape, no Cabo de Santo Agostinho. Fez a maior propaganda dizendo ser o objetivo do programa Águas de Suape, instalado pelo governador Paulo Câmara, em março de 2015. O que a mídia e a propaganda oficial divulgaram aos quatro ventos era que a iniciativa também promoveria um trabalho de educação ambiental com as famílias residentes no entorno do curso d’água que passa pelas zonas industrial e de preservação ecológica de Suape, com o investimento de R$ 8 milhões.
Ao contrário do que tanto se divulgou, o que se vê é a degradação cada dia maior do Riacho Algodoais e nenhuma política pública inovadora de melhoria do meio ambiente, conforme prometera o senhor governador. Circula a informação de que na área do Sítio Serraria se planeja a construção de um açude que expulsará as 38 famílias que ainda resistem na localidade. A COMPESA vem fazendo estudos técnicos na área para provável implantação desse açude na região, onde existem cerca de seis nascentes. O que se comenta é que a Coca Cola está de olho na Bica do Catonho, que sempre serviu a comunidade de Serraria e o seu entorno.
A água desviada da comunidade pela Compesa para servir à Coca Cola prejudica a vida de quase a metade das 718 famílias de Serraria e Massangana. A água é um recurso natural esgotável, bem que deveria ser de uso comum e sustentável, porém está sendo destinada para uso indiscriminado pela empresa. A comunidade do Alto da Paz, atualmente só tem acesso à água através de bomba elétrica, pois o dispositivo instalado no local cortou principalmente a água da parte alta das comunidades.
BOTA O PÉ SE REÚNE NA SEDE DO FÓRUM
Nos dias 24 e 31 de janeiro, o Fórum Suape esteve reunido com as organizações da articulação “Bota o pé”, para traçar ações conjuntas em relação à questão da criminalização da produtora Jacaré Vídeo Produções e do Centro Luiz Freire, assim como em relação à questão da milícia. O objetivo da rede Bota o Pé é que as organizações se encontrem, possam se apoiar nas temáticas onde se aproximam e que possuem expertises. Estiveram presentes Instituto PAPAI, Caranguejo Uçá, Fórum Suape, GAJOP e Rede Meu Recife.
O principal ponto de pauta foi a denúncia feita pelo CIPS contra a Jacaré Produções e o Centro de Cultura Luiz Freire em relação ao vídeo sobre a situação de seu Biu de Tatuoca, onde faz referência a milícias e ao trabalho sujo praticado por Suape na expulsão das famílias de suas terras.
A denúncia de calúnia por parte do CIPS contra Jacaré Vídeo e CCLF foi provocada pela produção e veiculação do Vídeo # Milícia de Suape. O CIPS alega que a expulsão de Biu se deu mediante uma ordem judicial de reintegração de posse, porém é de conhecimento público que o processo se deu de forma arbitraria e violenta, com a presença de muitos policias armados, além da segurança privada de Suape. Não à repressão e criminalização de quem luta por direitos!
INFORMES
O sítio Serraria dispõe atualmente de uma Rádio Comunitária que é sintonizada através da 104,3 Gospel FM. O estúdio fica no Engenho Massangana e impulsiona discussões em geral de interesse das comunidades do entorno. O Sítio Serraria também está empenhado em fazer uma reformulação na associação de moradores local, e para estimular a renovação de lideranças vem apostando nos jovens.
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Um problema sério provocado pela COMPESA é a estação de tratamento de esgoto, implantada na comunidade de Cepovo, que vem paulatinamente forçando os pescadores a deixarem suas posses, já que a referida estação vem despejando dejetos no mangue inviabilizando a pesca de mariscos e crustáceos. Esses dejetos também estão contaminando o mar, fazendo com que a produção de marisqueiras e pescadores não tenha valor comercial, levando-os à miséria e ao abandono de suas terras em busca de sustento para suas famílias.
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Nem bem começou o ano e o CIPS já praticou suas atrocidades. No dia 12/01, quatro sítios tiveram casas e cercas derrubadas. No Engenho Ilha a milícia voltou a atacar ostensivamente com motocicletas sem placas e seus tripulantes encapuzados, aconteceram diversas explosões por coquetel molotov. Acredita-se ser uma retaliação de Suape à resistência da população. Também estão destruindo as lavouras, e estão acontecendo diversos incêndios no Engenho Jurissaca.
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Depois da posse da nova diretoria de Suape, o Fórum Suape fez contato com o CIPS, internamente está sendo feito o repasse de informações para os novos membros, e até o final de fevereiro farão contato para estabelecer uma nova data para reunião com as comunidades e Fórum.
MUDANÇA NO PLANTÃO JURÍDICO
Informamos a todos que, a partir do mês de fevereiro de 2017, o Plantão Jurídico na sede do Fórum Suape – Espaço Socioambiental no Cabo, será apenas uma vez ao mês, ou seja, na 2ª segunda-feira de cada mês, no horário das 09 às 12h e de 13 às 16h.  Segue abaixo o calendário dos plantões para os próximos seis meses deste ano. 
Calendário de Atendimento Jurídico
Fevereiro
13/02/2017
Março
13/03/2017
Abril
10/04/2017
Maio
08/05/2017
Junho
12/06/2017
Julho
10/07/2017

Aproveitamos também para informar que agora contamos com mais uma colaboradora que se chama Aulete, ela estará na sede do Fórum Suape no Cabo todas as segundas e quintas-feiras, porque Bety centrará seu trabalho em outras atividades demandadas pelo Fórum Suape. Caso tenham dúvidas, por favor, entrem em contato pelo telefone que estaremos a disposição para os esclarecimentos.

EXPEDIENTE – Editado pela Assessoria de Comunicação do Fórum Suape – Espaço Socioambiental. Endereços: Rua Padre Antonio Alves de Souza, 20, Centro – Cabo de Santo Agostinho/PE (ao lado do Centro das Mulheres do Cabo). Escritório Recife: Rua do Espinheiro, 812 – sala 101 (1o andar) – Galeria Francisco Accioly, bairro do Espinheiro, Recife/PE. Acesse a nossa página na internet: www.forumsuape.ning.com / Telefones: (81) 99102.3883 (Claro) e 98536.2204 (Oi). E-mail: forumsuape@gmail.com
Coodenador: Heitor Scalambrini Costa.
Assessor de Comunicação: Gerson Flávio da Silva (DRT/PE 1.659). 
Assessoria Jurídica: Luísa Duque e Mariana Maia. 
Assessoria em Políticas e Relações Externas: Rafaela Nicola. 
Colaboração: Karine Raquel. 
Secretária Executiva: Betânia Araújo. 
Contato com a Assessoria de Comunicação: (81)99509.3043.
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Ambiental Impactos

GNT estreia série ‘Toxic Guanabara’; assista aos episódios

Publicado por Natalia Marinho (13/08/2016) – Hora Brasil
Neste sábado (13), o canal de TV paga GNT vai exibir, a partir das 0h30, a nova série “Toxic Guanabara”, com título em português “Guanabara: A Baía Tóxica”. Na série, serão feitas viagens pela baía antes do início dos Jogos Olímpicos Rio 2016. A intenção é explorar a real condição de suas águas.
Serão 3 episódios ao todo. Todos os três já foram disponibilizados online para assistir em outro horário, reassistir ou mesmo para quem não tem assinatura do canal GNT.
Episódio 1
No primeiro episódio, chamado “A Triste Baía”, o biólogo Mário Moscatelli falará sobre a realidade das águas de Guanabara. Ele mostrará a falta de gestão de projetos ambientais do local. Também mostrará o despejo de óleo e esgoto com imagens feitas num passeio aéreo no local.
Assista abaixo o episódio de pouco mais de 11 minutos.
Episódio 2
O segundo episódio, “A Baía Química”, será conduzido pelo pescador e ativista Alexandre Anderson. Ele irá mostrar diversos flagrantes de crimes ambientais em Guanabara e disputas de poder que incomodam interesses econômicos.
Assista ao segundo episódio, que tem pouco mais de 10 minutos, abaixo.
Episódio 3
Por fim, o terceiro e último episódio de “Toxic Guanabara”, chamado “A Baía Viva”, traz o analista ambiental Klinton Vieira. Ele mostra todas as belezas naturais da Área de Proteção Ambiental de Guapimirim e fala sobre o poder do lugar de minimizar a poluição de outros locais.
Assista abaixo.
A série foi dirigida por Thiago da Costa e está disponível no Youtube, Amazon.com dos Estados Unidos e na plataforma Philos TV, da Globosat.
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Ambiental

ADEUS, JEAN PIERRE LEROY

Adeus, Jean Pierre Leroy
Que sejamos capazes de dar continuidade à reflexão, à produção e às lutas de um dos grandes socioambientalistas do nosso tempo, que hoje nos deixou
jean-pierre-leroy 
Foto: divulgação Fiocruz
 Um lutador exemplar
Adeus, Jean Pierre Leroy
Que sejamos capazes de dar continuidade à reflexão, à produção e às lutas de um dos grandes socioambientalistas do nosso tempo, que hoje nos deixou
Fundação Rosa Luxemburgo
Nesta quinta-feira, 10 de novembro, faleceu o filósofo e educador Jean Pierre Leroy, um dos grandes entre os defensores dos territórios do país e de seus povos. Há tempos vinha lutando contra o câncer, mas até os últimos dias seguiu contribuindo para a reflexão sobre caminhos possíveis para outros mundos possíveis como assessor da Fase, seu lugar de estar e olhar o mundo nas últimas quatro décadas.
Nascido na França em 1939, Jean Pierre chegou ao Brasil no início dos anos 1970 e foi viver no Pará, onde assumiu e ajudou a construir as lutas pelos direitos das populações tradicionais e dos pequenos agricultores da Amazônia.
Na militância ambiental,  foi membro da Coordenação do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, assessor da Comissão Pastoral da Terra (CPT), coordenador executivo do Projeto Interinstitucional Brasil Sustentável e Democrático, membro da Rede Brasileira de Justiça Ambiental, entre tantos outros espaços.
De 2002 a 2004, foi o Relator Nacional do Direito Humano ao Meio Ambiente da Plataforma Brasileira de Direitos umanos Econômicos, Sociais e Culturais (DHESCA). No final de seu mandato, escreveu um dos mais contundentes relatórios sobre as vítimas da destruição das bases matérias de sustentação e dos bens naturais dos quais diversos grupos populacionais dependem para a sua reprodução sociocultural.
Durante sua vida, Jean Pierre escreveu uma vasta obra sobre as realidades das populações mais vulneráveis dos territórios rurais no Brasil, e sobre as possibilidades de emancipação e re-criação de outros paradigmas de vida e existência, que tem inspirado e auxiliado inúmeros movimentos sociais, pensadores e militantes das causas socioambientais.
Como parceira da Fase, a Fundação Rosa Luxemburgo expressa grande pesar pela perda de Jean Pierre, mas acima de tudo expressa um profundo agradecimento e reconhecimento a tudo que foi, fez e deixou para nós. Que sejamos capazes de dar continuidade ao que Jean Pierre construiu!
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Ambiental SUAPE

SUAPE CONDENADA POR DANOS SOCIOAMBIENTAIS NA JUSTIÇA FEDERAL

Na última sexta-feira (07) o Juiz Federal da 35ª Vara da Subseção do Cabo de Santo Agostinho reconheceu que o Complexo Industrial Portuário – SUAPE tem provocado graves danos ao meio ambiente marinho e às populações que sobrevivem da pesca. A empresa de capital misto administrada pelo Governo do Estado de Pernambuco foi condenada a realizar uma série de medidas mitigadoras e compensatórias dos danos que cometeu. 
Em 2011, o Ministério Público Federal ajuizou uma Ação Civil Pública a partir de uma Representação formulada pela Colônia de Pescadores Z-8, a qual denunciava uma série de danos socioambientais decorrentes das atividades de dragagem e de derrocagem. Os pescadores alegavam que desde o início das atividades o estoque pesqueiro tem diminuído drasticamente, chegando hoje a uma queda de, no mínimo, 50%. 
As dragagens consistem na retirada de sedimentos do fundo oceânico para afundamento de leito, a fim de permitir acesso dos navios ao porto. Demandam também a existência de extensas áreas para depósito do material dragado, chamadas de “bota-fora”. 
No entanto, as áreas dragadas (que correspondem ao canal de acesso e às bacias de manobra), às quais o acesso dos pescadores ficou proibido, coincidem com vários “cabeços”, como são chamadosos os pontos de pesca pelos pescadores. São áreas normalmente formadas por corais e ricas em biodiversidade, que agora estão inacessíveis à comunidade pesqueira. Além disso, as áreas escolhidas para bota-fora também cobriram de sedimentos outros pontos de pesca, acarretando a mortandade dos animais. Um bota-fora específico localizava-se muito próximo à praia, e, pela ação das marés e dos ventos, seus sedimentos se alastravam para outras partes, atingindo, inclusive, as regiões de mangue. 
Agravando a situação, a partir de 2008, a empresa passou a utilizar-se também de atividades de derrocagem (explosões) para quebrar o assoalho oceânico e viabilizar novas dragagens. As explosões intensificaram os impactos das dragagens. Segundo Edinaldo Rodrigues de Freitas, pescador da região e presidente da Associação dos Pescadores e Pescadoras Profissionais em Atividade do Município do Cabo, após as explosões, milhares de peixes apareciam mortos na beira do mar. A CPRH, em 2013, chegou a lavrar dois autos de infração contra SUAPE após notícias de mortes de peixe Mero e de Boto Cinza, espécies ameaçadas de extinção e protegidas por lei.     
Um dos pontos abordados pelo Ministério Público Federal na Ação Civil Pública é que as atividades foram desempenhadas com base em estudos que não previam os impactos ambientais que recairiam sobre a atividade da pesca artesanal desempenhada na região nem as medidas mitigadoras e compensatórias adequadas. 
Os impactos ambientais no ecossistema marinho, ao afetarem diretamente populações pesqueiras artesanais e sua atividade de subsistência, tomaram também a dimensão de impactos sociais. Muitas das famílias que viviam da fartura de peixe e de lagosta ou, ainda, da riqueza do mangue, hoje experimentam a miséria e muitas privações. 
Sobre os impactos sofridos pela comunidade pesqueira da região, Edinaldo Rodrigues de Freitas afirma que os pescadores “antes viviam bem, não precisavam pedir nada a ninguém. Comiam bem e ainda distribuíam para quem não tinha. A atividade pesqueira também movimentava a cultura do povo da pesca. Muitas festas populares giravam em torno dessa identidade da comunidade pesqueira. Antes o pescador conseguia fazer de quatro a cinco salários mínimos por mês. Hoje ele pesca o mês todinho para conseguir, no máximo, R$800,00. Isso desanimou os nativos de manter até a cultura que tinham. Também sofreram danos psicológicos, por agora terem que viver de esmola e doação de cesta básica, quando antes viviam na fartura”. 
Os impactos socioambientais nos territórios pesqueiros decorrentes das atividades de SUAPE foram constatados, ao longo do processo judicial, por inúmeros pareceres técnicos da CPRH e do MPF. Com base nesses documentos técnicos e nas manifestações do MPF e da Colônia de Pescadores Z-8, SUAPE foi condenada a executar medidas de caráter mitigador e compensatório, como as que impliquem a recuperação dos estoques pesqueiros. 
Outras medidas constantes na sentença foram: Mapeamento dos habitats submarinos na área de influência direta e indireta de Suape; quantificação das áreas pertencentes ao território da pesca artesanal que foram apropriadas e/ou impactadas direta ou indiretamente pelo porto de SUAPE; mapeamento do território tradicional da pesca artesanal, segundo informações dos pescadores que utilizam a área, incluindo os mestres de embarcações, em conjunto com pesquisadores com experiência em categoria social; adoção de medidas de proteção do território tradicional da pesca artesanal, diante dos riscos das atividades portuárias e outras ameaças; adoção de medidas de proteção do Peixe Mero, Boto-Cinza e outras espécies da fauna impactadas, tanto nos locais de impacto direto quanto em áreas impactadas indiretamente; adoção de medidas de mitigação dos impactos potenciais para futuras atividades de derrocagem. 
Segundo a assessoria jurídica que acompanhou a Colônia de Pescadores Z-08 no processo, “as pescadoras e os pescadores têm denunciado esses impactos há muito tempo. O poder econômico e político de Suape, no entanto, fez com que essas denúncias fossem abafadas. Exemplo disso é o fato de os dois únicos autos de infração referentes às atividades de dragagem lavrados pela CPRH contra SUAPE terem sido fulminados com argumentos tecnicamente vazios e que não desconstruíam o relatório técnico utilizado para embasar as autuações. O relatório era um documento bastante rico e contundente, tanto que foi utilizado pela Justiça Federal na sentença para condenar a empresa. Vê-se, então, que, se já é difícil o Estado investigar danos socioambientais provocados por particulares, quando a relação é dentro do próprio Estado, no caso, entre uma autarquia estadual (CPRH) e uma empresa de capital misto administrada pelo Estado (Suape), a situação tende a ser ainda mais [difícil]. É por isso que essa sentença deve ser comemorada como um importante precedente. Ela reconhece a luta das pescadoras e pescadores pelo respeito ao seu território pesqueiro e contra os impactos socioambientais causados pelo Complexo Industrial Portuário-SUAPE”. 
Para o Presidente da Colônia Z-8, Laílson Evangelista de Souza (Pio), a sentença representa “o reconhecimento dos danos e prejuízos que Suape provocou. Essa vitória é dos pescadores. Agradecemos também o apoio das organizações: CPP (Conselho Pastoral dos Pescadores), MPP (Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais), CPT (Comissão Pastoral da Terra) e Fórum Suape”.
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Ambiental SUAPE

#SUAPE INSUSTENTÁVEL

As empresas situadas dentro do território do CIPS são as principais responsáveis pela poluição causada aos riachos, cursos de água e rios onde jogam seus efluentes tóxicos causando enormes danos ao meio ambiente.  É o caso da Ball Corporation e da Coca Cola que despejam seus dejetos e produtos químicos no rio, sendo as principais causadoras da poluição do Rio Algodoais, que segundo moradores passa a maior parte do tempo com um mau cheiro insuportável. Além disso, o trabalho de terraplanagem realizado pelas empresas acabou gerando barreiras de entulhos que fazem com que o leito do rio não tenha mais o seu curso natural.
Ao contrário da sustentabilidade que o CIPS propaga aos quatro cantos do planeta, as ações das empresas que o compõem correspondem a um modelo de desenvolvimento concentrador e predatório. Sendo assim, a intervenção estatal na região tem se caracterizado pela violência na retirada das famílias de modo arbitrário e injusto. O meio ambiente também tem sofrido com a ocupação predatória deste território, onde existia mangue, mata atlântica e restingas, hoje vemos as construção dos grandes empreendimentos para a manutenção de padrões sociais dominantes que violam os direitos das populações nativas invisíveis à sociedade.
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Ambiental Ipojuca

PESCA PREDATÓRIA DA LAGOSTA MATA TARTARUGA EM IPOJUCA

Recife, 23 de Agosto de 2016

Pesca predatória da lagosta mata tartarugas em Ipojuca

Animais morrem por afogamento ao ficarem presos em redes de pesca inapropriadas

Priscilla Costa, da Folha de Pernambuco

Gabriel Melgar/Cortesia

ONG Ecoassociados denuncia que a pesca predatória da lagosta está matando os animais
A pesca predatória da lagosta no litoral de Ipojuca, no Grande Recife, comum nesta época por ser o período reprodutivo do animal, tem preocupado ambientalistas. A região, considerada berço para muitas tartarugas que vêm à costa pernambucana para desovarem e buscar alimento, vem registrando uma grande quantidade de tartarugas nas últimas semanas.
A estatística assusta: já chega a 23 o número de espécimes mortos, do início de agosto até o momento. Só no último fim de semana, quatro foram encontrados sem vida. São tartarugas das espécies verde (Chelonia mydas) e oliva (Lepidochelys olivacea) – criticamente ameaçadas de extinção. O quantitativo, considerado alarmante, faz parte do monitoramento dos 12 km de faixa de areia que ligam o Pontal de Maracaípe a Muro Alto, feito por biólogos marinhos da ONG Ecoassociados.
Trabalhando há cinco anos na ONG, a bióloga Audenise Cavalcante relatou que basta andar alguns quilômetros entre o Pontal de Maracaípe e Merepe para se deparar com o cemitério de tartarugas. São nesses trechos que a instituição tem percebido uma maior incidência de mortes. O uso de redes inapropriadas para esse tipo de pesca, segundo Audenise, estaria prendendo as tartarugas no fundo do mar, matando-as por afogamento. “Elas (as tartarugas) se enroscam na rede e acabam passando do tempo de respirar”, explica. Isso ocorre porque as espécies verde e oliva se alimentam próximo aos recifes de corais, onde as lagostas normalmente são encontradas. E é justamente nessa área onde as redes estão sendo instaladas.
Entretanto, o problema tem sido causado por pescadores de fora da região. É o que denuncia o diretor da Ecoassociados, Arley Cândido. “Os pescadores do município colaboram com o trabalho de preservação e evitam a utilização de redes para a extração da lagosta. Infelizmente, são os que vêm de fora, de municípios vizinhos e até mesmo de outros estados”.
Tal cenário fez a ONG pedir reforço à gestão municipal e a fiscais do Ibama. “Na sexta passada, o Ibama apreendeu uma jangada, 300 metros de rede e autuou dois pescadores que disseram ser de São José da Coroa Grande. Isso é crime ambiental.” As denúncias podem ser feitas por meio do (81) 3552.2465.
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Ambiental

MMA DEFENDE CRIAÇÃO DE LEI GERAL PARA O LICENCIAMENTO AMBIENTAL

A proposta foi apresentada e debatida durante audiência pública promovida pelo MPF em Brasília, sobre projetos em curso no Legislativo e no Conama que enfraquecem o licenciamento
O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, defendeu a aprovação de uma lei geral do licenciamento ambiental durante audiência pública promovida, nesta quinta-feira (2/6), pelo Ministério Público Federal (MPF), em Brasília, para debater propostas em curso no Congresso Nacional e no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que enfraquecem o licenciamento (saiba mais no quadro abaixo). A audiência contou com a participação de procuradores da República, representantes do Ministério do Meio Ambiente e de organizações da sociedade civil.

De acordo com o ministro, o plano é utilizar como base para a lei geral o substitutivo da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados (CMADS) ao Projeto de Lei nº 3729/2004. “Destaco que não se trata do projeto de lei original nem do substitutivo da Comissão de Agricultura, é o substitutivo da Comissão de Meio Ambiente”. Para ele, mesmo o texto da Comissão de Meio Ambiente necessita de ajustes. “Mas ele é, na minha avaliação, o mais consistente que surgiu no legislativo até agora”. E acrescentou que a construção da lei vai ser um processo democrático e que as regras irão valer para os licenciamentos federais, estaduais e municipais. O relator do substitutivo da CMADS é o deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP).
“A nossa leitura é que o Ministério do Meio Ambiente tem se mantido omisso nesse processo [de construção de proposta legislativa sobre o licenciamento] e que se ele não tiver uma posição forte de que lei ele quer, vai ser aprovada uma lei que nós não vamos gostar”, disse Suely Araújo, recém-empossada presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “A gente não quer que aconteça o que aconteceu na lei florestal, a gente não quer perder o timing desse processo”, afirmou Suely, fazendo referência ao processo de elaboração do Código Florestal, alvo de intensas críticas.

Propostas em discussão no Congresso e no Conama

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 65/2012 e o Projeto de Lei do Senado (PLS) 654/2015 foram temas centrais da audiência. “Na prática, [a PEC 65] acaba com o licenciamento ambiental. A aprovação dessa PEC na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) foi obra de uma articulação regimental, de uma manobra parlamentar feita às escondidas”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Sua aprovação no Senado aconteceu no momento em que a Comissão Especial do Senado votava o impeachment de Dilma Rousseff. No mês 
passado, um requerimento do senador Randolfe fez com que a PEC voltasse à CCJ.
Já o PLS 654 elimina boa parte das fases imprescindíveis do licenciamento ambiental, avalia o advogado e assessor do Programa de Política e Direito socioambiental, Mauricio Guetta. “Ele amplia sobremaneira os riscos de ocorrência de novos desastres ambientais”, alertou. Guetta apontou semelhanças entre as propostas debatidas na audiência: “Se você analisar os projetos de lei todos que estão tramitando, nenhum segue a direção do fortalecimento do licenciamento, nenhum segue a direção de tentar resolver os principais problemas que têm hoje o licenciamento”. Para ele, outro ponto em comum é a falta de consulta pública para a construção das propostas.
“Acho que nós temos um vício de origem na perspectiva do licenciamento ambiental, que sempre foi concebido na perspectiva do empreendimento e não do impacto”, ressaltou Deborah Duprat, Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão. “Isso é outra coisa que precisamos rever, porque a grande preocupação do texto constitucional foi com o impacto, e não com a viabilidade do empreendimento”, afirmou.
Para Sandra Cureau, coordenadora da 4ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, tudo isso fragiliza o meio ambiente brasileiro, expõe o meio ambiente aos maiores desastres e às maiores tragédias. “O licenciamento, além de ser o momento em que a sociedade toma conhecimento do que vai ocorrer naquele local onde ela vive, também implica uma série de procedimentos no sentido de que aquela obra ao ser finalmente executada trará o mínimo de impactos ao meio ambiente”.

Conheça as principais propostas que pretendem enfraquecer o licenciamento ambiental

Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 65/2012
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 65/2012 acaba com o licenciamento ambiental. Ela prevê que a mera apresentação dos Estudos de Impacto Ambiental (EIA-Rima) de um empreendimento implicará sua autorização e que, daí em diante, ele não poderá ser suspenso ou cancelado. Populações e ecossistemas afetados ficariam à mercê da boa vontade dos empresários. A proposta voltou à CCJ do Senado.
Projeto de Lei do Senado (PLS) 654/2015
De autoria do senador Romero Jucá (PMDB-RR), o projeto define um prazo curtíssimo, de cerca de no máximo oito meses, para o licenciamento de grandes obras consideradas estratégicas pelo governo, como grandes hidrelétricas e estradas – um “Licenciamento a Jato”. A proposta não prevê a realização de audiências públicas e elimina uma série de fases essenciais do licenciamento, inclusive o sistema trifásico (licenças prévia, de instalação e de operação). Pelo projeto, se um órgão governamental envolvido descumprir os prazos, automaticamente será considerado que ele está de acordo com o licenciamento. É o “quem cala consente”. PLS pode ser votado a qualquer momento no plenário do Senado.
Projeto de Lei (PL) 3.729/2004
Relatório preliminar sobre o Projeto de Lei nº 3729 também acaba com grande parte do sistema de licenciamento ambiental. Dispensa o licenciamento para várias atividades econômicas, como fazendas e o plantio de eucalipto. Prevê ainda um licenciamento autodeclaratório, por cadastro eletrônico, sem nenhum tipo de checagem dos órgãos ambientais. Segundo a proposta, órgãos que defendem os direitos de comunidades indígenas e tradicionais não teriam praticamente nenhum poder de intervenção no licenciamento. O parecer pode ser votado a qualquer momento no plenário da Câmara. Se aprovado, segue para o Senado.
Alteração nas resoluções do Conama 01/86 e 237/97
Hoje, a maioria dos empreendimentos com impactos socioambientais importantes precisa passar por um sistema de licenciamento com três fases: a prévia, de instalação e de operação. A proposta elaborada pela Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema) em tramitação no Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) prevê a criação de mais três novas modalidades de licenciamento, todas com o objetivo de simplificar processos: o licenciamento “unificado”; por “adesão e compromisso”; e por “registro”. A discussão do assunto no Conama foi prorrogada até o fim de julho.
(ISA/Envolverde – 8/6/2015)
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Ambiental

A CRISE AMBIENTAL CONTEMPORÂNEA

A crise ambiental contemporânea

Marcos Costa Lima é professor do Departamento de Ciência Política da UFPE, pós-doutorado na Université Paris XIII e integrante do Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais/GR-RI. Atualmente coordena o Instituto de estudos da Ásia/UFPE
A responsabilidade sobre as condições de vida na Terra cabe a todos nós, mas sobretudo aos países ricos, seus governos e grandes corporações
por Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais — publicado 03/09/2015are
Olivia Nachle / Avaaz
Cristo Redentor

“Para mudar o mundo precisamos de todos”, diz projeção no Cristo Redentor em 19 de setembro de 2014, para lembrar a luta mundial contra o aquecimento global
Grandes alterações na estrutura e função dos sistemas naturais da Terra representam uma ameaça crescente para a saúde humana e para a vida em geral em nosso planeta. Através de uma insustentável exploração de recursos naturais e humanos a civilização floresceu, mas agora corre o risco substancial, pelos efeitos da degradação, de não garantir o apoio da natureza à vida, no médio e longo prazo.
Os efeitos nocivos para a saúde humana por conta das mudanças no ambiente são muitos e graves:  as mudanças climáticas; a acidificação dos oceanos; a degradação dos solos; a escassez de água; a sobre-exploração da pesca e a perda de biodiversidade; o acúmulo de lixo tóxico inclusive resíduos nucleares; a redução das florestas e a poluição dos rios; as secas mais longas em várias partes do mundo. Tudo isso representa um sério desafio para a humanidade.

Segundo especialistas, estas tendências, que são de grande impacto, têm ocorrido, sobretudo, pelo paradigma estabelecido no capitalismo dominante, com a cristalização de um padrão de consumo, e de utilização de recursos naturais, altamente predatórios, com o agravante de uma população em crescimento, que deve atingir os 8,3 bilhões de habitantes em 2030 (O Brasil terá 223 milhões de habitantes no mesmo período).
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A Comissão Lancet sobre a saúde do planeta identificou três categorias de desafios que têm de ser enfrentadas se se quiser manter e mesmo melhorar a saúde humana, em face das tendências ambientais cada vez mais danosas. São elas:
1) a tendência em se confiar excessivamente no crescimento do Produto Interno Bruto como medida de progresso humano e o fracasso em explicar os futuros danos, sob o aparente manto de ganhos nos dias de hoje, além do efeito desproporcional destes danos sobre as populações pobres e as nações em desenvolvimento, que não têm capacidade de se preparar para futuras catástrofes;
2) Falhas de conhecimento (de pesquisa e de informações fidedignas), uma histórica ausência de transdiciplinaridade no entendimento do problema, juntamente com uma falta de vontade ou incapacidade de lidar com a incerteza por parte dos governos na hora da tomada de decisões.
3) Falhas de implementação (desafios da governança), tais como o modus operandi de governos e instituições que retardam o reconhecimento e as respostas às ameaças, especialmente quando confrontado com incertezas, falta ou mesmo preterimento de recursos, considerando a questão ambiental não prioritária, além das defasagens entre o agir e seus efeitos.
As políticas deveriam buscar um equilíbrio entre progresso social (bem-estar), sustentabilidade ambiental e economia. Aí se encontra o grande dilema, uma vez que, sejam os governos, sejam as grandes corporações, estabelecem como prioridade a situação da economia, com um viés estreito, onde mais vale o funcionamento dos grandes conglomerados, bancos e multinacionais, e não o bem-estar geral.
Para abrigar uma população mundial que ultrapassa os 8 bilhões de pessoas será necessário alterar o sistema agrícola, privilegiando a pequena e média agricultura e não o agribusiness. A estrutura agrária mundial precisa de alterações rápidas e constantes, no sentido de redução dos latifúndios. Só assim os sistemas agrícolas podem enfrentar a desnutrição e mesmo a supernutrição, hoje ocorrendo não apenas nos países ricos, em função de uma alimentação processada em excesso. A agricultura é também um setor capaz de criar empregos e compensar o desemprego tecnológico.
Reduzir o desperdício, diversificar dietas, sobretudo diminuindo o consumo de carne bovina e minimizar os danos ambientais. Mas há que se cuidar também da educação, que dá maior condição aos mais pobres de entenderem o que está em jogo, e de lutarem por seus direitos. Os ganhos em alimentação saudável e orgânica se refletirão em ganhos em saúde, mas não dispensando os investimentos em médicos e hospitais, sobretudo numa visão preventiva.
Os dados apresentados pela Comissão Lancet são otimistas no tocante aos avanços na saúde humana. Eles afirmam que, hoje, estes dados são melhores do que em qualquer outro tempo da história. A expectativa de vida elevou-se dos 47 anos em 1950–1955, para 69 anos entre 2005–2010. A taxa de mortalidade em crianças menores que cinco anos decresceu substancialmente em escala mundial, de 214 por mil nascimentos em 1950–1955 para 59 em 2005–2010.
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A camada do Ártico: cada vez menor (Foto: NASA’s Goddard Space Flight Center)
A extrema pobreza vem decrescendo nos últimos 30 anos, em que pese o crescimento no total da população nos países pobres de cerca de 2 bilhões. O relatório diz ainda que “esta redução da pobreza tem sido acompanhada por avanços sem precedentes na saúde pública, cuidados de saúde, educação, legislação de direitos humanos, e desenvolvimento tecnológico, que trouxe grandes benefícios, ainda que de forma desigual, à humanidade”.
Mas o relatório não contempla os aumentos das desigualdades, em escala planetária, tanto nos países do centro quanto naqueles da periferia. São muitos os estudos recentes que vêm chamando a atenção do problema, sobretudo desde os anos 1980, quando instalou-se mundialmente as prerrogativas do neoliberalismo e do Consenso de Washington.
O próprio PNUD já anunciava em estudo que por mais de 200 anos as desigualdades econômicas globais têm aumentado. No início da revolução industrial, as diferenças de renda per capita entre a Europa Ocidental e a periferia não ultrapassava 30% (Bairoch, 1981). Em 1820, a renda per capita dos países mais ricos era 3 vezes maior do que os mais pobres. Em 1870, foi 7 vezes; em 1913 era 11 vezes maior e em 1960, 30 vezes mais. Em 1997, um quinto da população mundial que vive nos países mais ricos era 74 vezes mais rica que o um quinto da população nos países mais pobres.
Segundo o Global Wealth Report 2014, realizado pelo banco Credit Suisse, a parcela de 1% da população adulta mais privilegiada detém praticamente metade …. Portanto, a desigualdade no mundo está aumentando e isso representa um estímulo à recessão, muito embora a riqueza global das famílias no mundo tenha aumentado 8,3% em um ano, atingindo um novo recorde: US$ 263 trilhões em 2013, mais do que o dobro da riqueza registrada no ano de 2000, que era de US$ 117 trilhões. Os números são chocantes, quando sabemos que 8,7% das pessoas adultas concentram 82,1% da Riqueza Mundial, ao passo que 91,3%  das pessoas adultas concentram 17,9% da riqueza mundial.
Em Paris, dezembro de 2015, ocorrerá a XXI Conferência Internacional sobre a Mudança Climática (COP 21). Muito se tem especulado sobre os possíveis resultados, que vão do maior pessimismo a um otimismo que não tem muita justificativa. José Ramos Horta, prêmio Nobel da paz em 1996 e ex-presidente do Timor Leste, chama a atenção para a gravidade do problema, quando um novo informebaseado nos estudos de 413 cientistas de 58 países, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos concluiu que 2014 foi o ano mais quente da história. 
O contundente informe evidencia as tendências e as mudanças do sistema climático mundial, a exemplo dos vários tipos de gases de efeito estufa, das temperaturas na atmosfera, nos oceanos e na terra, no nível do mar, a redução na extensão do gelo marinho entre outros fenômenos graves.  Muitos cientistas já consideram a mudança climática irreversível.
São muitos os problemas e questões a serem enfrentadas na COP21, como a reafirmação do multilateralismo, enquanto espaço coletivo de tomada de decisões; sobre qual será o novo instrumento jurídico vinculante, que sob a Convenção deverá ser aplicável a todos os signatários. Qual será o conteúdo do novo acordo do Clima a entrar em vigor em 2020? O que cada país será responsável a implementar até 2020?
O documento elaborado em Lima, na COP 20, muito criticado, reafirmou o princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas. O texto base, que ainda deverá ser assinado, inclui temas operacionais decisivos como mitigação, adaptação, financiamento, transferência de tecnologia, capacitação e transparência para ações e para o apoio.
Outra questão preocupante é a compensação das emissões, que implica que o mundo (leia-se, os países ricos) possa continuar emitindo gases de efeito estufa desde que exista uma forma de os “compensar”. O que torna iníquas as medidas concretas de redução das emissões. O Fundo Verde do Clima, que foi aprovado desde 2010, com um fundo que seria de US$ 100 bilhões anuais de2013 a 2020, ficou sem efeito e só em 2014 passou a receber recursos muito aquém do estabelecido, num valor de US$ 10 bilhões, aportados por 29 países, desenvolvidos e em desenvolvimento.
Ainda questões como o uso da terra, a agricultura climaticamente inteligente, a Cúpula dos Povos e as mobilizações da sociedade civil global para o enfrentamento do problema, estarão em pauta.
Em tempos de crise estrutural como a que vivemos, a responsabilidade sobre as condições de vida na Terra cabe a todos nós, mas sobretudo aos países ricos e seus governos, suas grandes corporações, que não apenas são os maiores predadores dos ecossistemas globais, mas que têm de fato as condições objetivas para enfrentar a tragédia. Karl Polanyi nos ensinou que “permitir que o mecanismo de mercado seja o único dirigente do destino dos seres humanos e do seu ambiente natural (…) resultaria  no desmoronamento da sociedade”.
O estado do planeta em que vivemos está ameaçado. Já é tempo de medidas que não sejam apenas paliativas, já é tempo de virar a página de um paradigma obsoleto.
Marcos Costa Lima é professor do Departamento de Ciência Política da UFPE, pós-doutorado na Université Paris XIII e integrante do Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais/GR-RI. Atualmente coordena o Instituto de estudos da Ásia/UFPE
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Ambiental Violações

DENUNCIA DE CRIME AMBIENTAL NÃO SÃO APURADOS EM PERNAMBUCO.

Em Pernambuco, pescadores e pescadoras da comunidade de Baldo do Rio, no município de Goiana, vêm denunciando aos órgão estaduais de meio ambiente poluição causada pela indústria KABLIN, mas nenhum providência foi tomada.
Leia-se CPRH – uma organização responsável pela gestão ambiental no Estado de Pernambuco, responsável pela execução da política de meio ambiente, com atuação na conservação e na pesquisa aplicada às atividades de controle ambiental. É detentora, ainda, do poder de polícia administrativa, atuando através da gestão dos recursos ambientais e sobre as atividades e os empreendimentos utilizadores dos recursos naturais considerados poluidores ou que possam causar a degradação ambiental.
A CPRH fecha os olhos para os crimes ambientais por orientação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. E a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade: serve para que? Se não for assim que prove o contrário e coíba os crimes.
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