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Impactos SUAPE

SUAPE PLANEJA A INSTALAÇÃO DE MAIS DUAS USINAS TERMELÉTRICAS NA REGIÃO

Planta do local onde as duas novas termelétricas podem vir a ser instaladas no território quilombola (Imagem: SUAPE)
Contrariando Convenção 169 da OIT, as usinas estão previstas para serem instaladas no território da comunidade quilombola Ilha de Mercês
Enquanto isso, SUAPE intenta instalar mais duas usinas termelétricas na região. Duas áreas de 25 e 33 hectares, que ficam dentro do território tradicional da comunidade quilombola Ilha de Mercês, no Engenho Mercês, município de Ipojuca, já foram arrendadas para as empresas Gasen e CHPK, para a futura instalação de termelétricas movidas a gás.
Nenhuma consulta, contudo, foi feita à comunidade quilombola, como determina a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que o Brasil assinou em 2004. Segundo a referida Convenção, as comunidades tradicionais precisam ser consultadas a respeito de qualquer intervenção em seus territórios que possa acarretar impactos aos seus modos de vida.
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Engenho Impactos SUAPE Usina

USINA TERMELÉTRICA IMPACTA PROFUNDAMENTE A VIDA DE FAMÍLIA DE AGRICULTORES NO ENGENHO MASSANGANA

Seu Cláudio e Dona Amara, à espera de uma solução para o sofrimento que estão vivendo junto à família (Imagem: Marco Zero Conteúdo)
Há cerca de 9 anos, a família de Amara Joana do Nascimento, 75 anos, e Cláudio Manoel do Nascimento, 74 anos, sofrem com os impactos causados pela usina termelétrica Suape Energia (ou Energética Suape II), instalada ao lado do sítio de 10 hectares do casal, no Engenho Massangana, município do Cabo. 
A família, que está há mais de 70 anos no sítio, costumava ter uma vida digna, saudável e de muita fartura. A abundância de fruteiras, lavouras e água limpa garantia a segurança alimentar, além de uma renda para a família.
Após a instalação da usina termelétrica, contudo, nada no sítio é como antes: nada mais cresce no solo poluído, e as fruteiras que já existiam estão morrendo e não dão mais frutos bons e próprios para o consumo. A água do coco, por exemplo, adquiriu um sabor ruim, salobro. “A gente come, mas dá até medo de comer”, confessou Joana, referindo-se às frutas do sítio.
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Impactos Reunião Segurança SUAPE Violações

MORADORES DA ILHA DE MERCÊS RECORREM AO ARCEBISPO CONTRA MILÍCIA QUE ATUARIA EM SUAPE

Por: Portal FolhaPE
Moradores da comunidade quilombola Ilha de Mercês, no município de Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife (RMR), recorreram ao arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, contra abusos que eles afirmam sofrer por parte de funcionários do Porto de Suape. O religioso esteve no local na manhã desta quinta-feira (28) e ouviu denúncias de violações dos direitos humanos. A comunidade alega que os seguranças do complexo portuário atuam em regime de milícia e destroem as lavouras, fonte de subsistência dos quilombolas.

Após visitar a Igreja de Nossa Senhora de Mercês, que fica dentro da comunidade, o arcebispo presidiu uma pequena missa sob uma tenda armada em frente à igreja. Após a cerimônia, Dom Fernando deve conversar com os moradores e prosseguir com a visita às demais comunidades na região.

A visita desta quinta é um desdobramento de um encontro de líderes comunitários, ocorrido no dia 5 de dezembro. Conforme reportagem publicada pelo Portal FolhaPE no início de dezembro, há relatos de casos de expulsão de moradores sem mandado judicial, de danos ambientais causados por dragagens, queda do estoque pesqueiro por conta das explosões para a instalação dos estaleiros e da conduta abusiva de seguranças do empreendimento, que atuariam destruindo lavouras, roubando materiais de construção e derrubando casas e muros.

Ação do MPF
Uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal condenou, em outubro de 2016, Suape e a Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH) por danos socioambientais causados pela etapa de dragagem do canal externo e pela localização inadequada de pontos de descarte, realizado dentro do mar e em cima de pesqueiros.

Confira na íntegra a nota de esclarecimento enviada pelo Complexo Industrial de Suape:

Com relação ao evento realizado na comunidade Ilha de Mercês, na manhã desta quinta-feira (28), o Complexo Industrial Portuário de Suape esclarece que prioriza e se mantém aberto ao diálogo com os moradores das 27 comunidades mapeadas em seu território. Foram realizadas reuniões com os representantes do Fórum Suape para dar andamento às demandas das comunidades.

Para tratar de temas específicos como moradia, segurança, meio ambiente e sustentabilidade, a presidência destacou um coordenador para acompanhar de perto as questões trazidas pelo grupo, dando celeridade aos processos. As primeiras reuniões temáticas seriam nos dias 11 e 12, mas os representantes do fórum não responderam à solicitação do encontro. Portanto, o argumento de falta de diálogo não procede.

Antes de qualquer esclarecimento relativo ao tema segurança, a administração de Suape enfatiza categoricamente que NÃO EXISTE MILÍCIA. A empresa mantém dois contratos de terceirização de mão de obra, com o objetivo de fiscalização do patrimônio público. Nas reuniões com o fórum, a administração de Suape solicitou aos moradores que denunciam os supostos abusos, que apresentem registros de qualquer tipo de excesso para que a empresa tome as devidas providências. Até hoje, contudo, não obteve retorno nem do fórum e nem dos moradores.

Segurança

O primeiro dos contratos de segurança é com a TKS Segurança Privada Ltda, com efetivo de 170 vigilantes, que presta serviços exclusivamente na área interna do porto organizado, em postos fixos, exercendo atividades de guarda portuária. Outros 54 atuam nas edificações, onde estão instaladas as demais dependências da administração. Todos trabalham fardados, com crachás e obedecem às exigências da Polícia Federal (PF), instituição responsável pela fiscalização das empresas de segurança privada.

O outro contrato é com a Liserve, que fornece 36 inspetores. Esses profissionais são empregados na fiscalização do território de Suape, em toda a sua área de 13,5 mil hectares. Suape é uma empresa pública e, como tal, somente age em conformidade com as normas legais e o interesse público.

A direção repudia, veementemente, a utilização de violência contra as famílias nativas da região. Suape não realiza demolições de casas de posseiros, a exceção dos casos de reintegração judicial, reintegração decorrentes de homologações de acordos na Justiça e de construções erguidas por invasores em áreas destinadas à preservação ambiental e instalação de empreendimentos, como determina a lei. Nessa situação, as demolições acontecem com o apoio da prefeitura municipal local, detentora do poder de polícia. Suape reitera que jamais recebeu, por parte dos moradores, qualquer registro de demolições supostamente irregulares.

Pedágio

No último dia 11, moradores da comunidade Ilha de Mercês realizaram protesto na rotatória de acesso à área portuária. Na mesma data, uma comissão de representantes foi recebida na sede administrativa para dar encaminhamento às solicitações. O grupo alegou que 35 famílias residentes não estariam sendo beneficiadas pela gratuidade nos pedágios de acesso da Rota do Atlântico, concessionária da rodovia que corta o Complexo de Suape.

De imediato, Suape se comprometeu a atualizar o cadastro para avaliar se as famílias atendem às exigências para obter o benefício. No dia marcado para o início do processo, o líder da comunidade comunicou que não poderia estar presente e que informaria uma nova data para acompanhar o trabalho da equipe de Suape. Essa data, no entanto, não foi agendada pelo representante da comunidade. Atualmente, 47 famílias da Ilha de Mercês são beneficiadas com a gratuidade.

Em 04 de setembro de 2017 Suape recebeu do Ministério Público Federal, da Defensoria Pública da União e do Ministério Público de Pernambuco a recomendação conjunta de nº 01/2017. O seguinte documento determina que Suape “suspenda incursões de sua equipe na Comunidade Ilha de Mercês sem a devida autorização dos moradores, impossibilitando que os assistentes sociais tenham acesso ao local.

Indenizações

De 2007 a 2016, Suape indenizou 1.541 famílias, pagando um total de R$ 87,5 milhões pelas benfeitorias (imóveis e plantações). Todos os acordos foram homologados na Justiça e as famílias indenizadas são realocadas, quando necessário, para casas ou lotes de terra, conforme escolha dos moradores. O processo tem como objetivo reassentar as pessoas que moravam em áreas destinadas à preservação ambiental e em zonas industriais. Esse processo é acompanhado tanto pelos órgãos do Judiciário, como por outras entidades e se caracteriza pelo diálogo permanente entre todos os envolvidos.

Fonte: Portal FolhaPE, com informações de Priscilla Costa (Folha de Pernambuco) 28/12/17
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Impactos Informe SUAPE

SEMINÁRIO DEBATEU OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS EM SUAPE

O diálogo entre pesquisadores, movimento social e comunidades atingidas pelo Complexo de Suape saiu fortalecido do Seminário realizado no dia 14 de novembro, no Auditório Frederico Simões Barbosa do Instituto Aggeu Magalhães, Fiocruz/UFPE, promovido pela Associação Fórum Suape Espaço Socioambiental e Laboratório de Saúde, Ambiente e Trabalho (LASAT)/Fiocruz-PE. O tema central dos painéis debatedores foi “Complexo Industrial Portuário de Suape (CIPS): Desenvolvimento e os Impactos Socioambientais”, já abordado na abertura dos trabalhos pelo coordenador do Fórum Suape, Heitor Scalambrini Costa (veja discurso anexo), que também teve a saudação de boas vindas de Constância Flávia Junqueira Ayres, vice diretora de Ensino e Informação Científica do Instituto Aggeu Magalhães-IAM/Fiocruz-PE.
Pela manhã tivemos um painel sobre a Saúde e modos de vida no território do CIPS, moderado por Aline do Monte Gurgel, pesquisadora do IAM/Fiocruz-PE, que chamou a atenção para o aspecto bioético relacionado aos relatórios de impactos ambientais apresentados pelo CIPS, que não levam em conta a situação de saúde das pessoas que vivem nas comunidades. Essa posição foi reforçada pela palestrante Idê Gurgel (LASAT/Fiocruz), que se referiu aos altos índices de distúrbios mentais, ansiedade, depressão, que passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas, após a construção do Porto de Suape. “A região não reúne condições para o atendimento à saúde pública dentro do contexto de alto risco que Suape representa. A luta que muito se expressa no território atingido por Suape é o conflito entre capital e trabalho, que se replica em diversos conflitos estabelecidos no dia a dia”, enfatizou a pesquisadora.
A professora da UFRPE, Joanna Lessa que há três anos realiza um trabalho na comunidade de Nova Tatuoca trouxe várias interrogações sobre o destino dos saberes e memórias existentes na comunidade da Ilha de Tatuoca que foi obrigada a deixar suas terras e seu modo tradicional de vida, para viver em um conjunto habitacional completamente inóspito. Ela denunciou a existência de uma monocultura de casa e o que chamou de memoricídio, como processos implantados por Suape que configuram uma total desvalorização do saber local.
A representante do Fórum Suape na mesa, Rafaela Nicola se posicionou favorável ao diálogo entre saberes e criticou a postura do CIPS que o tempo todo busca projetar uma imagem positiva. Recordou um diálogo com um gestor do Governo do Estado Pernambuco em 2012, no qual ele se referiu a Suape como uma zona de sacrifício. “Qual o significado disso?”, questionou a integrante do Fórum Suape. “O discurso de Suape está embasado em um sistema que se encontra em profundo colapso”, afirmou Nicole apontando que talvez aí esteja a saída.
A parte da tarde teve início com projeções de vídeos e um painel com depoimentos de moradores e moradoras das comunidades do entorno do CIPS, que denunciaram as violações praticadas pelas empresas instaladas na região. Logo em seguida veio o segundo painel, desta vez com o tema Ecossistemas no território do CIPS, que teve como moderadora a pesquisadora da FUNDAJ, Edneida Rabêlo Cavalcanti e como palestrantes Clovis Cavalcanti, presidente da Sociedade Internacional de Economia Ecológica – ISEE e Maria das Graças e Silva, professora do Depto Serviço Social/UFPE. Foi convidado para esse painel o diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade do CIPS, Jorge Araújo, que não compareceu nem enviou qualquer justificativa à coordenação do Seminário. 

O economista e ambientalista Clóvis Cavalcanti lembrou de um artigo e do manifesto que escreveu em 1975, publicado pelos grandes jornais de Recife, no qual de forma visionária previa a catástrofe que ocorreria na região do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca com a implantação do Porto de Suape. A professora Maria das Graças criticou o discurso governamental ufanista, “cinicamente Suape propaga que cuida das pessoas e do meio ambiente”. Na sua opinião, Suape é o Estado representado por uma empresa destinada a governar aquele território com mãos de ferro. Citou a pesquisadora Virginia Fontes ao se referir ao processo de expropriação contemporânea, onde a exploração capitalista atinge níveis sofisticados. “Em toda a história, às custas da exploração do trabalho o capitalismo produziu e produz imensas riquezas, mas produz também imensas misérias”, afirmou a professora. O dia de intensos debates foi concluído com um coquetel servido aos participantes.
Contato:Heitor Scalambrini (coordenador do Fórum Suape) = Tel. 99964.4366
Gerson Flávio (assessor de comunicação do Fórum Suape) = Tel.: 55-81-95093043  |  98122.0050  |  3132.2250
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Encontro Fórum Suape Impactos Informe

SEMINÁRIO: COMPLEXO INDUSTRIAL PORTUÁRIO DE SUAPE: DESENVOLVIMENTO E OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS

Será realizado um seminário nessa próxima terça-feira (14) de novembro, das 8h às 16h30, com o objetivo de discutir e apresentar as consequências do desenvolvimento apresentado pelo Complexo Industrial Portuário de Suape e seus respectivos impactos socioambientais.
Dia: 14 de novembro de 2017
Hora: 8:00 as 16:30 horas
Local: Auditório Frederico Simões Barbosa do Instituto Aggeu Magalhães, Fiocruz/PE
Para participar, basta acessar esse link e preencher o formulário de inscrição:
https://goo.gl/forms/oYCa8bUpqN4wG3T43
CONFIRAM NOSSA PROGRAMAÇÃO:
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Ambiental Impactos SUAPE

COMO SUAPE MANIPULA AS ZPECs (ZONAS DE PRESERVAÇÃO ECOLÓGICA)

O Complexo Industrial Portuário de Suape sempre posou de bonzinho e amigo do meio ambiente, recebendo inclusive prêmios internacionais por esse motivo. O CIPS vende a imagem de que é uma empresa socialmente responsável e ambientalmente sustentável, que dedica 60% de seu território para área verde, preservando assim a natureza. Mas, a realidade tem demonstrado que o CIPS não tem nada de amigo da natureza, muito pelo contrário. Uma das estratégias é utilizar os projetos de reflorestamento para compensar o desmatamento efetuado pelo CIPS e pelas empresas que se instalam na região, como um dos principais fatores para forçar a expulsão de comunidades tradicionais, que sempre tiveram uma relação e um trato diferenciado com o meio ambiente, respeitando os seus ciclos naturais, justamente por dependerem dele para sobreviver, para auferirem alimentação das famílias.
O CIPS apregoa que está tirando pessoas dos engenhos Ilha, Rosário, Setubal, Jasmim e Tabatinga, para servir como área de reflorestamento. A criação das ZPECs não pressupõe a retirada de pessoas, visto que as áreas mais preservadas são aquelas em que os moradores tradicionais se encontram e a utilizam de forma sustentável, ao contrário dos grandes empreendimentos econômicos que chegam para destruir.
É revoltante que famílias que sempre ajudaram a conservar o ambiente sejam expulsas sob o discurso da preservação ecológica, como se fossem uma ameaça à preservação dos ecossistemas, quando, na verdade, o Complexo de Suape é que de fato representa um fator de imensa degradação e deenormesimpactos socioambientais, afetando todas as comunidades quealiresidem. Em resumo: Suape desmata, depois chega para expulsar os moradores, com a desculpa de que vai criar ali uma ZPEC (Zona de Preservação Ecológica). 
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Ambiental Impactos

GNT estreia série ‘Toxic Guanabara’; assista aos episódios

Publicado por Natalia Marinho (13/08/2016) – Hora Brasil
Neste sábado (13), o canal de TV paga GNT vai exibir, a partir das 0h30, a nova série “Toxic Guanabara”, com título em português “Guanabara: A Baía Tóxica”. Na série, serão feitas viagens pela baía antes do início dos Jogos Olímpicos Rio 2016. A intenção é explorar a real condição de suas águas.
Serão 3 episódios ao todo. Todos os três já foram disponibilizados online para assistir em outro horário, reassistir ou mesmo para quem não tem assinatura do canal GNT.
Episódio 1
No primeiro episódio, chamado “A Triste Baía”, o biólogo Mário Moscatelli falará sobre a realidade das águas de Guanabara. Ele mostrará a falta de gestão de projetos ambientais do local. Também mostrará o despejo de óleo e esgoto com imagens feitas num passeio aéreo no local.
Assista abaixo o episódio de pouco mais de 11 minutos.
Episódio 2
O segundo episódio, “A Baía Química”, será conduzido pelo pescador e ativista Alexandre Anderson. Ele irá mostrar diversos flagrantes de crimes ambientais em Guanabara e disputas de poder que incomodam interesses econômicos.
Assista ao segundo episódio, que tem pouco mais de 10 minutos, abaixo.
Episódio 3
Por fim, o terceiro e último episódio de “Toxic Guanabara”, chamado “A Baía Viva”, traz o analista ambiental Klinton Vieira. Ele mostra todas as belezas naturais da Área de Proteção Ambiental de Guapimirim e fala sobre o poder do lugar de minimizar a poluição de outros locais.
Assista abaixo.
A série foi dirigida por Thiago da Costa e está disponível no Youtube, Amazon.com dos Estados Unidos e na plataforma Philos TV, da Globosat.
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Impactos SUAPE Violações

SUAPE: PROMESSAS NÃO CUMPRIDAS (2)

Suape: promessas não cumpridas (2)
Por Heitor Scalambrini Costa  – Professor da Universidade Federal de Pernambuco e Coordenador Geral do Fórum Suape – Espaço Socioambiental
 O Complexo Industrial Portuário de Suape (CIPS), chamado por segmentos da sociedade pernambucana de “joia da coroa”, “locomotiva do desenvolvimento”, “poupança do povo”, “redenção do Nordeste”, e “Eldorado”, entre outros, vive momentos de desnudamento de uma realidade cruel.
Movimentos sociais, ao longo dos anos, têm denunciado questões referentes à ação da empresa Suape – como a imoralidade dos procedimentos judiciais que tramitam na Vara Privativa da Fazenda Pública da Comarca do Cabo de Santo Agostinho; o desvio de verbas públicas, através do ajuizamento de ações judiciais e simulação de audiências não realizadas nessa mesma Vara da Fazenda; os danos ambientais e sociais causados pela empresa; a continuada violação de direitos humanos; o tráfico de influência no Poder Judiciário de Pernambuco; a ausência do Ministério Público nos procedimentos de remoção/expulsão de milhares de famílias da área; e a falta de legitimidade da empresa Suape como proprietária das terras que hoje abrigam o Complexo.
Com a atração de inúmeras empresas, como refinaria, estaleiros, termoelétricas, siderúrgica e petroquímica, o que se verifica há alguns anos é o completo desrespeito às leis vigentes por parte da empresa gestora do Complexo; é a falta de responsabilidade social das empresas que lá se instalaram; e, principalmente, a visão anacrônica do governo estadual, responsável pela degradação ambiental daquele território. Os reflexos desta política obstinada, que considera a natureza um entrave ao crescimento econômico, inclui a interrupção drástica e dramática dos modos de vida da população local – ferindo direitos adquiridos de pescadores, marisqueiras e agricultores familiares, expulsos de suas moradias, abandonados sem condições de trabalho ou qualquer assistência social digna desse nome.
O mantra mais utilizado pelo governo estadual em suas ações de marketing político, que o tem projetado nacionalmente, é a geração de empregos e o aumento da renda proporcionado pela implantação desse Complexo Portuário e Industrial. Sem dúvida, cresceu muito o emprego de baixa qualidade, temporário, com salários irrisórios, devido às obras de construção dos empreendimentos, atraindo tanto trabalhadores pernambucanos como de outras regiões do país. Todavia, agora, com o término desta etapa de construção civil, os responsáveis se vangloriaram e manipularam a opinião pública, “lavam as mãos” perante o comportamento de empresas que não cumprem suas responsabilidades sociais e trabalhistas para com os seus empregados. Um comportamento no mínimo irresponsável.
A promessa de emprego abundante, usada na propaganda política, se tornou um verdadeiro calvário para os trabalhadores. O Ministério Público do Trabalho (MPT) estima que as empresas do Complexo vão demitir mais de 50 mil trabalhadores entre 2014 e 2016, em particular, aqueles que trabalharam na construção da Refinaria e de outras obras da Petrobrás.
Na tentativa de fazer valer os direitos legítimos daqueles que com sua força física ajudaram na construção de Suape, e preocupado com o desemprego em massa, o MPT criou, em dezembro de 2013, o Fórum para Recolocação da Mão de Obra de Suape (REMOS), tentando assim minimizar o que já estava acontecendo: demissões em larga escala, calotes das empresas, como o não pagamento de salários, um total desrespeito a direitos básicos da classe trabalhadora.
O que se verifica atualmente no território de Suape é a barbárie nas relações entre o capital e o trabalho, com a omissão do governo do Estado e da Empresa Suape. Sem tirar, obviamente, a responsabilidade da Petrobrás que contratou os consórcios de empresas para a realização das obras. Os responsáveis pelo descalabro existente não se manifestam diante da gravidade da situação. Fazem de conta que não é com eles.
A situação é explosiva e muito tensa. Diante da falta de cooperação das empresas que insistem nas irregularidades, o Fórum REMOS foi desfeito no inicio do mês (4/6) pelo MPT. Os trabalhadores, devido à falta de pagamentos dos salários e das garantias que lhes concede as leis trabalhistas, estão sendo despejados de onde vivem, não tendo sequer dinheiro para suprir suas necessidades materiais de sobrevivência. São relatadas situações em que famílias perderam o direito ao plano de saúde, com todas as consequências que isto implica.
Revoltados com a demora no atendimento de seus legítimos direitos, as vias de acesso ao Complexo têm sido tomadas por estes trabalhadores, que denunciam o abandono a que estão submetidos. Os órgãos de repressão, chamados para “garantir a ordem”, espancam e prendem trabalhadores em violentos e injustificados embates.
Promessas de trabalho. Promessas de vida melhor. Promessas e mais promessas, agora desmascaradas, desnudam a realidade da “gestão moderna e eficiente” do governo de Pernambuco, cuja propaganda cínica segue à risca a Lei de Ricupero: “No governo é assim: o que é bom à gente mostra; o que é ruim a gente esconde”.
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