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Ambiental Informe

CONTRA O 11º LEILÃO E SEUS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NOS TERRITÓRIOS

Informe repassado por, Mercedes Solá Pérez (por email)

Contra o 11º leilão e seus impactos socioambientais nos territórios

Nos dias 9 e 10 de maio, organizações da sociedade civil de diferentes campos (movimentos sociais, sindicatos, ONGs, ambientalistas, ecumênicas e fóruns de atingidos) estiveram reunidas no Rio de Janeiro para estudar os impactos e conflitos socioambientais da expansão petrolífera no Brasil, com foco nos blocos oferecidos na 11ª rodada de leilões de petróleo.

Ficou evidente que, a partir do histórico da exploração petroleira no Brasil, a exploração desses blocos implica em um conjunto de riscos e impactos socioambientais graves e, em alguns casos, irreversíveis.

Os blocos marítimos se encontram muito próximos da costa. Alguns deles, como na foz do Amazonas, se situam sobre regiões pouco estudadas, em ecossistemas e t erritórios de alta complexidade. No Nordeste, situam-se próximos à foz de importantes bacias hidrográficas. A extração de petróleo em ritmo acelerado e sem fiscalização eficiente representa um risco inaceitável de dano a esses ambientes marítimos e às populações que ali vivem.

A perspectiva de exploração desses blocos, aliada às refinarias, dutos, portos e instalações existentes ou planejadas, agrava os impactos socioambientais fundiários e aos modos de vida das populações locais, especialmente pescadores/as tradicionais, provocados por complexos industriais portuários como os de Itaqui (MA), Suape (PE), COMPERJ (RJ) e Pecém (CE).

Por outro lado, os blocos em terra representam outros tipos de riscos para os territórios. As áreas a serem leiloadas sobrepõem-se a ma is de 76 assentamentos de reforma agrária e territórios de quilombos, protegidos pela Constituição Federal. Isso representa um risco para os modos de vida dessas populações, que em alguns casos podem vir a ser removidas, além de uma irracionalidade do ponto de vista dos recursos públicos investidos naqueles territórios. Além disso, blocos estão sobrepostos a inúmeras áreas consideradas pelo governo como prioritárias para a conservação da biodiversidade.

Blocos foram desenhados de forma a evitar sobreposição direta com terras indígenas e unidades de conservação, driblando a legislação e excluindo a atuação da Funai e ICMBio. Ainda assim, diversos blocos fazem limite ou estão no entorno dessas terras e causarão impactos sobre essas áreas. No caso de terras indígena s e quilombolas é necessário o cumprimento da Convenção 169 da OIT, da qual o Brasil é signatário (Decreto-Lei 5051/04), que exige a consulta prévia, livre e informada para empreendimentos que afetem os territórios dessas comunidades. Um exemplo disso é a proximidade de cerca de 150 metros entre o bloco PN-T-65 e a Terra Indígena Araribóia, no Maranhão, com presença de índios isolados.

Além disso, não existem condições regulatórias mínimas para justificar a instalação de novos blocos. O Plano Nacional de Contingência previsto na Lei do Petróleo (Lei 9478/97), fundamental para garantir a segurança nessa indústria, sequer foi elaborado.

O desconhecimento total das populacões locais sobre o leilão demonstra a falta de transparência em torno da polí tica energética brasileira. Não há informação nem debate público sobre os limites da expansão petroleira e a transição energética para outras fontes renováveis.

Somamo-nos às vozes que denunciam os leilões como um amplo processo de privatização dos territórios e dos bens comuns, sob a justificativa de se gerar riqueza e “desenvolvimento”.

Por esses motivos, SOMOS CONTRA a 11ª rodada de leilões e pela criação de territórios LIVRES de atividade petroleira.

Forum dos Atingidos pela Indústria do Petróleo e Petroquímica nas Cercanias da Baía de Guanabara (FAPP-BG)
Forum dos Afetados por Petróleo e Gás do Espirito Santo
Forum Suape Espaço Socioambiental
Forum em Defesa do Baixo Parnaíba e Lençóis Maranhenses Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA)
Movimento Pró-Saneamento e Meio Ambiente da Região do Parque Araruama – São João de Meriti/RJ
Ibase
Fase
Greenpeace
Ajuda da Igreja Norueguesa (AIN)
Fundação Luterana de Diaconia (FLD)
Centro de Direitos Humanos de Barreirinhas/MA (CDHB)

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Informe

INFORME SOBRE EMPREENDIMENTO FIAT – NA RESEX ACAUÃ-GOIANA

Reserva Extrativista (Resex) Acaú-Goiana é unidade de conservação (UC) administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio),

Foi criada por decreto presidencial de 26 de setembro de 2007, ocupando uma área de 6.678 hectares, e tem como principal objetivo proteger os meios de vida e garantir a utilização e a conservação dos recursos naturais renováveis tradicionalmente utilizados pela população extrativista das comunidades de Carne de Vaca, Povoação de São Lourenço, Tejucupapo, Baldo do Rio Goiana, Caaporã e Acaú e demais comunidades incidentes na área de sua abrangência.

Informe de Tarcísio Quinamo

Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco. Sociólogo do meio ambiente. Coordena um projeto chamado de “Dinâmicas Ecológicas”.

Prezados(as)

No dia 21/3 participei, como convidado, de uma da reunião da Câmara Técnica do Conselho da Resex Acaú-Goiana, que analisa o processo de licenciamento do complexo FIAT. Na ocasião os participantes entenderam que o processo de licenciamento se apresenta de forma dúbia, não demonstrando segurança nem clareza.

Outra questão que se observou é que o empreendimento tem dimensões e interferências interestaduais, e o licenciamento não poderia ser feito exclusivamente pelo órgão licenciador do Governo de Pernambuco, mas via órgão Federal e também com a participação do órgão licenciador do Governo da Paraíba. E, vale acrescentar, em se tratando de um empreendimento na área de influência de uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável (a Resex, no caso), essa instância também deveria ter sido consultada ainda no início do processo de licenciamento.

Do ponto de vista dos impactos da instalação e operação do empreendimento, muitas questões precisam ser discutidas e aprofundadas, dentre elas os impactos sociais – a exemplo dos relacionados à atração de trabalhadores da construção que serão dispensados após a conclusão das obras -; e algumas questões com rebatimento direto sobre os corpos d’água e os ecossistemas estuarinos.

Com relação a essas últimas, vale observar que:

– O empreendimento está sendo assentado em uma área de mais de 100 ha, que é (ou era) uma área de recarga do aquífero subterrâneo, área que está sendo impermeabilizada por processos de aterramento, compactação e revestimento;

– O empreendimento vai gerar perto de 500 m3/dia de esgoto sanitário e de 950 m3/dia de efluente industrial, totalizando cerca de 1450 m3 de efluentes líquidos por dia. De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental, parte desses efluentes será tratada e reutilizada e parte será encaminha à empresa de saneamento local.

Contudo, não fica claro:

– Qual o volume de efluentes líquidos que será encaminhado à empresa de saneamento local, que tipo de tratamento sofrerá e qual o destino final que essa empresa de saneamento dará aos efluentes;

– Qual será o tratamento e o destino da água de drenagem que antes era infiltrada e agora correrá para os corpos d’água de superfície, carreando materiais;

– O que será feito para se evitar outras perdas de áreas de recarga dos aquíferos subterrâneos na região, considerando os processos de supressão de cobertura vegetal e de impermeabilização associados a outros projetos produtivos, habitacionais e de infraestrutura que estão sendo implantados ou propostos para a área, considerando também que esses empreendimentos, inclusive fábricas de bebidas, serão abastecidos por águas desses aquíferos;

– Quais os possíveis impactos dessas transformações sobre o regime hídrico e os ecossistemas da bacia, particularmente sobre os estuários e manguezais da área da Resex e, consequentemente, sobre a atividade pesqueira e a vida dos pescadores.

Questões dessa natureza, e outras relativas ao processo de licenciamento, implantação e operação do empreendimento FIAT serão discutidas na próxima Reunião Extraordinária do Conselho da Resex Acaú-Goiana, a ser realizada no dia 19/4, a partir das 9 horas, em Goiana, no auditório da AD GOIANA ( Agencia de Desenvolvimento), ao lado da igreja do rosário dos pretos, Centro.

Se alguém puder colaborar nessa discussão, as reuniões do Conselho são abertas aos interessados.

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