EnglishPortugueseSpanish
EnglishPortugueseSpanish
Categorias
Ambiental Governo Impactos Preservação

[El País] Quinze praias do Nordeste sob o jugo do vazamento de óleo

Recife / Salvador de Bahía / Aracaju / Maceió 

Dez fotógrafos de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia retratam os estragos do vazamento de óleo na região e o trabalho de voluntários para minimizar os prejuízos.

1. Praia do Paiva, Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco. Voluntários fazem a remoção de porções de óleo com rede improvisada [LEO MALAFAIA | FOLHA PE]

2. Garoto tenta retirar o petróleo do corpo, após atuar na remoção das manchas, no mar na Praia de Itapuama, Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco. [LEO MALAFAIA | FOLHA PE]

3. Centenas de voluntários trabalharam para a remoção das manchas de óleo. Com ferramentas, sacos e equipamentos provenientes de doações, o grupo trabalhou durante todo o dia na Praia do Paiva, Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco. [LEO MALAFAIA | FOLHA PE]
4. Praia de Itapuama, Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco. Entre os voluntários, algumas crianças e adolescentes participaram da ação. Na foto, após ajudar na remoção das manchas, uma criança sai do mar de óleo e retorna para a areia da praia. O contato prolongado com a substância causa queimaduras, dores de cabeça, tontura e náuseas. [LEO MALAFAIA | FOLHA PE]
5. A tradicional jangada, usada por pescadores e turistas ficou presa na praia ocupada pelo óleo. Praia dos Carneiros, Tamandaré, Pernambuco. [DIEGO NIGRO]
6. No litoral norte de Alagoas, na praia de Peroba, que faz parte da deslumbrante Maragogi, o óleo mancha a beleza dos recifes. [DIEGO NIGRO]

7. No manguezal da Coroa do Meio, em Aracaju, Sergipe, um pescador recolhe a rede encharcada pelo óleo. [JANAÍNA SANTO]

8. Redes de contenção do óleo levadas pela maré até as pedras da orla de Aracaju, uma das áreas mais atingida pelo óleo no estado de Sergipe. [JANAÍNA SANTO]

9. Pai Velho, pescador na praia de Itapuã, Salvador, Bahia. Pescador desde os 10 anos de idade, ele conta: “eu nunca vi quantidade de óleo como essa aí! O povo agora sente medo de comprar peixe”. Ele diz que já sente o impacto nas vendas. [MARCEL LOPES]

10. O impacto econômico começa a atingir os pescadores, como ‘Seu Raimundo’, 53 anos e pescador na praia do Rio Vermelho. “O impacto desse vazamento está péssimo. As vendas caíram bastante”. [MARCEL LOPES]

11. Gigante manta de óleo atinge o litoral norte do estado de Pernambuco na Praia do Janga, em Paulista. [LEO MALAFAIA | FOLHA PE]

12. Uma multidão de voluntários se esforça para retirar o óleo da praia de Itapoama, em Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco. [TÚLIO ASSIS]

13. A retirada do óleo da costa do Nordeste é um esforço voluntário dos moradores das cidades costeiras. Praia de Itapoama, em Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco. [TÚLIO ASSIS]
14. No improviso, qualquer recipiente é utilizado para armazenar o óleo retirado das praias pelos voluntários. Praia de Muro Alto, Ipojuca (Pernambuco). [TÚLIO ASSIS]
15. Na praia de Muro Alto, Ipojuca, Pernambuco, voluntários usam rede para recolher troços de óleo cru das águas. [BRUNA VELOSO]

Leia a matéria completa no site: El País

Categorias
Convite Fórum Suape Informe Preservação

CHAMAMENTO AOS POVOS PARA O FÓRUM ALTERNATIVO MUNDIAL DA ÁGUA

Coletivamente rejeitamos o controle das empresas privadas sobre o patrimônio natural que é a água. Como cidadãos, sindicatos, organizações humanitárias e de defesa do meio ambiente, entendemos ser nosso dever e obrigação protestar contra a apropriação do mercado sobre um direito humano fundamental. Assim, deliberamos por conclamar a humanidade à realização do FÓRUM ALTERNATIVO MUNDIAL DA ÁGUA – FAMA 2018.
Essa iniciativa é imprescindível, pois em março de 2018, o Brasil sediará a 8ª edição do Fórum Mundial da Água (FMA), evento organizado pelo Conselho Mundial da Água a cada três anos desde 1997, que conta com orçamento milionário que serve  para atrair dezenas de milhares de participantes e validar as  políticas de privatizações dos governos e funciona  como  balcão de negócio das grandes  empresas do  setor de água. As discussões preparatórias a este evento, apontam para o objetivo, mesmo que não totalmente explicitado, de direcionar e Influenciar tomadas de decisão dos governos e a opinião pública para uma visão e gestão privatista dos recursos hídricos.
Apesar de  ser  a 8a Edição este Fórum não  possui a  legitimidade que  pretende  ter  para representar  os  anseios colocados  pela  maioria dos  povos  do  planeta em relação ao  acesso  à  água. Muito  pelo contrário, este  Fórum de empresas  representa  realmente  um perigo.
O Fórum e o Conselho são vinculados às grandes corporações multinacionais, que têm como meta impulsionar a mercantilização da água; a intensificação das práticas de transposição de bacias hidrográficas, que privilegiam o atendimento das demandas do agronegócio intensivo e da indústria pesada, a qualquer preço, em detrimento da sua gestão democrática para o bem comum; a construção de barragens que afetam populações ribeirinhas sem considerar impactos sociais e culturais; a apropriação e controle dos aquíferos subterrâneos; entre outros.
Na realidade, imposto pelo FMA, há um avanço e predominância do protagonismo do mercado global. O FMA se tornou um espaço para alavancar a oportunidade de negócios. Ao contrário do que prega, não é democrático e inclusivo – e cabe a sociedade contemporânea desmistificar seu discurso, que se apresenta como neutro e universal, quando na verdade privilegia velhas fórmulas para viabilizar interesses econômicos.
Para se contrapor a esta visão mercantilista e entendendo que a água é um direito e não mercadoria, bem comum da humanidade e de todos os seres vivos, dezenas de entidades da sociedade civil, de defesa do meio ambiente, de representação sindical de trabalhadores, movimentos sociais e populares, do Brasil e do exterior, decidiram realizar o FÓRUM ALTERNATIVO MUNDIAL DA ÁGUA – FAMA 2018, a exemplo do que ocorreu em outros países nas reuniões anteriores. Para organizar os primeiros passos, ocorreram reuniões em São Paulo a partir de fevereiro de 2017.
 Nossa iniciativa questiona a legitimidade do Fórum Mundial da Água como espaço político para promoção da discussão sobre os problemas relacionados ao tema em escala global, envolvendo governos e sociedade civil. Dizemos NÃO ao Fórum Mundial da Água, apontando a falta de independência, representatividade e legitimidade do conselho organizador, por estar comprometido com empresas que têm como objetivo a mercantilização da água. Isso significa um conflito intransponível entre interesses econômicos e o direito fundamental e inalienável à água, bem comum da humanidade e de todos os seres vivos.
Objetivos do Fórum Alternativo Mundial da Água – FAMA
São objetivos principais do FAMA:
  1. Ser um evento democrático, transparente, participativo, descentralizado e acessível, cuja realização ocorrerá simultaneamente e em contestação ao Fórum Mundial da Água. Terá a função de discutir problemas relacionados à água e ao saneamento, como direito fundamental, nas suas mais variadas interfaces, em busca de soluções que representem sustentabilidade e segurança hídrica para os seres humanos e a manutenção da vida na Terra.
  2. Sensibilizar e mobilizar a população sobre o tema e a problemática da água e do saneamento, empreendendo amplo debate público em todo o País por meio de seminários, aulas públicas, oficinas, atividades culturais, atos ecumênicos etc.
  3. Desenvolver um processo de sensibilização/mobilização que deverá servir à construção e realização do FAMA, visando ainda colocar o debate de forma permanente na agenda da sociedade em nível mundial.
  4. Denunciar a ilegitimidade do 8º FMA e responsabilizar governos pelo uso de recursos públicos na promoção de interesses privados.
  5. Propor e cobrar ações para os governos, visando políticas públicas de pleno acesso à água e ao saneamento, como direito fundamental e com amplo reconhecimento das Nações Unidas.
  6. Reforçar a luta contra a mercantilização da Água.
  7. Utilizar o lema “ÁGUA É DIREITO E NÃO MERCADORIA”, visando popularizar o tema, intensificar ações e unificar os esforços de ​ cidadãos, coletivos e entidades que atuam nas mais variadas áreas ligadas à água, como abastecimento, saneamento básico, direitos humanos, atingidos por barragens, combate aos agrotóxicos, agricultura, meio ambiente, moradia etc.
  8. Tornar estas ações um processo permanente, na perspectiva inicial de criação de espaços públicos de discussão, como comitês populares, para a construção do Fórum Alternativo Mundial da Água em todos os Estados brasileiros e, em segundo momento,   promover a organização permanente onde os comitês populares formados ​para a construção do Fórum​ venham a se transformar em comitês de mobilização em defesa da água e do saneamento.
  9. Viabilizar esses objetivos com ampla articulação e apoio da cidadania e de organizações, que possam integrar-se ao processo e colaborar com recursos financeiros, materiais e humanos.
Finalmente, o FAMA deve retratar e promover a tomada de consciência política da sociedade para que ela se apodere dos destinos do uso da água em cada lugar no mundo. Deve trazer à luz o que de melhor a humanidade pode almejar, dentro do exercício da ética em relação à vida e seus elementos essenciais de sustentação. Neste sentido, chamamos os  povos à  preservação ética do  ciclo da água para a proteção da vida e dos ecossistemas, em que todas as espécies crescem e  se reproduzem. Água deve estar a serviço dos povos de forma soberana, com distribuição da riqueza e sob controle social legítimo, popular, democrático, comunitário, isento de conflitos de interesses econômicos, garantindo assim justiça e paz para a humanidade.
Água é um direito, não mercadoria!
Categorias
Fórum Suape Informe Petróleo Preservação

SEMINÁRIO NACIONAL DA CAMPANHA “NEM UM POUCO A MAIS”

O Seminário Nacional da Campanha “Nem um poço a mais!” foi realizado no Espírito Santo, no período de 29 de novembro a 1o de dezembro de 2017. Como nos anos anteriores, reuniu várias lutas locais capixabas anti- petroleiras e experimentos pós-petroleiros. Povos da pesca artesanal, quilombolas, indígenas, sem terra, camponeses, grupos de mulheres, artistas, ambientalistas, comunicadores, acadêmicos, cineclubistas, ciclistas, agroecologistas, permaculturistas, técnicos ambientais, estudantes, recicladores e outros mais estiveram representados no Seminário.
A proposta foi reunir as diversas lutas locais contra a Shell, Petrobrás, Chevron, StatOil, Repsol, Jurong, Porto de Roterdã, Itaoca offshore, Vipetro, Imetame, para fortalecer a campanha “Nem um Poço a mais”. Se depender da campanha, não vai faltar luta local, nem petroleira. Ainda de quebra outras lutas parceiras, contra a Vale do Rio Doce, a Samarco, a CST, a Fibria Celulose, a Suzano. Longa é a resistência capixaba! Também participaram organizações, movimentos e fóruns regionais de outros estados brasileiros, a exemplo do Fórum Suape, que esteve representado por Bety Teixeira e Vera Lucia Domingos, e mais redes e organizações nacionais e internacionais. As companheiras do Fórum Suape voltaram impactadas com o que viram, especialmente na visita de campo, onde puderam constatar os efeitos danosos do desastre de Mariana/MG e dos poços que continuam sendo perfurados no litoral capixaba, assim como a praga das extensas plantações de eucalipto para abastecer a produção de celulose.
Quer ler mais sobre isso?
Faça o download do Boletim Mensal completo

clicando logo abaixo!

Categorias
Informe Preservação SUAPE

DESENVOLVIMENTO E OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS EM SUAPE

Hoje, mais do que nunca, se faz necessário o debate público, onde se possa ouvir a voz daqueles e daquelas que estão no centro dos conflitos, e que sofrem diretamente as consequências socioambientais dos empreendimentos, que chegam anunciados como redentores e dinamizadores da economia do Estado, como é o caso da maior empresa estatal de Pernambuco, o CIPS – Complexo Industrial e Portuário de Suape. Que chegam como geradores de empregos e renda. Como 
salvadores da pátria. Sem nenhuma discussão democrática com a sociedade.
O que quer dizer impacto socioambiental? A expressão “impacto” é extraída da física, da parte que estuda os choques, as quantidades de movimento e as deformações nos corpos submetidos. A lei de Newton (forças de ‘ação’ e ‘reação’) é utilizada para medir o “impacto”, expresso em Newtons (N). Também é utilizada a unidade kgf que equivale a 9,8 N.
Não nos parece adequado caracterizar como “impactos” os processos sociais e territoriais da implantação de grandes empreendimentos, usinas hidrelétricas, barragens, complexos industriais, portuários, afins. A palavra “impacto” tornou-se meramente administrativa, prescrita para ser utilizada nos processos de licenciamento ambiental, mas contraproducente em termos científicos e impeditiva para o avanço do conhecimento, tornando-se tão somente uma noção desviacionista.
O termo “impacto” vem sendo utilizado de forma indistinta quando o correto seria apontar que determinada obra traz perdas, prejuízos, danos, desastres, expulsões, expropriações, desaparecimentos, privações, ruínas, desgraças, destruições, de vidas e de bens, muitas vezes permanentes e irreversíveis. É disso que realmente se trata quando analisamos as consequências de determinados empreendimentos para as populações atingidas, e para os ecossistemas.
É necessário pois, levantar o véu dos “impactos”, desnudar as aparências e tornar concreta a realidade imposta às populações atingidas e aos ecossistemas por estes empreendimentos, inclusive o da empresa estatal CIPS. É necessário discutirmos um empreendimento do porte do CIPS, para “além do capital”. Além do número e a quantidade de produtos que circula neste porto. Da receita produzida e das divisas obtidas pelas grandes corporações que ali estão localizadas com seus parques fabris ou de logística. A capacidade de movimentação de petróleo e derivados. Da ampliação dos parques de tancagem.
Na verdade a discussão que devemos travar passa necessariamente pelo questionamento da inserção desta empresa estatal em um sistema, em uma lógica, que perdeu sua capacidade civilizatória, e no atual estágio para manter-se, torna- se cada vez mais destrutiva de direitos, da vida de milhões de seres humanos e da natureza, colocando em risco o próprio planeta Terra.
O “tudo se vende”, o “tudo se compra”, o “tudo tem preço” está levando nossa civilização a um momento crucial em sua historia. Um basta a mercantilização dos bens comuns, da água, das florestas, dos manguezais, da biodiversidade, e o respeito aos modos de vida das populações tradicionais é para ontem. Estas populações tradicionais tem muito a nos ensinar de como “bem viver”.
Quer ler mais sobre isso?
Faça o download do Boletim Mensal completo

clicando logo abaixo!

Categorias
Dragagem Fórum Suape Informe Preservação

VEJAM O POTENCIAL DESTRUTIVO DAS DRAGAGENS

Mortandade de botos assusta pesquisadores em Sepetiba (Foto: Instituto Boto Cinza)
Por G1 Rio  |  15/01/2018
O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro e em Angra dos Reis, no Sul Fluminense, expediu recomendação ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e à Companhia Portuária Baía de Sepetiba (CPBS) determinando a suspensão imediata da licença de dragagem do fundo da Baía de Sepetiba. A medida vale, de acordo com o MPF, até o fim do surto de morbilivirose que já causou a morte de botos-cinza nas baías de Sepetiba e de Ilha Grande. Até o dia 10 de janeiro, 170 animais foram recolhidos nas duas baías.
A dragagem foi autorizada pelo Inea em 2017, e começou a ser realizada no último dia 12 de janeiro pela CPBS, que opera o terminal de minério da empresa Vale. A dragagem no fundo da Baía de Sepetiba atinge a 1,8 milhão de metros cúbicos.
“É inaceitável que, diante de tão grave situação de saúde de espécie ameaçada da fauna brasileira, o órgão ambiental mantenha a atividade de dragagem em área contaminada, colocando ainda mais em risco a sobrevivência dos botos-cinza, símbolo da cidade do Rio de Janeiro”, afirmam os procuradores Sérgio Suiama e Igor Miranda da Silva.
Desde o final de novembro de 2017, um surto do vírus morbilivírus tem causado a morte de dezenas de animais nas duas baías. A doença compromete a imunidade dos botos e ainda estão sendo investigado se há outras doenças associadas.
O MPF se baseou em documento elaborado pelo Laboratório de Bioacústica e Ecologia de Cetáceos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que aponta que as atividades de dragagem afetam negativamente os mamíferos marinhos. Segundo o documento, “em relação às baleias e golfinhos, têm sido reportados impactos negativos que envolvem principalmente o abandono temporário ou permanente do ambiente. Além disso, a dragagem pode levantar plumas de sedimentos que, se contaminados, podem tornar os metais pesados biodisponíveis aos golfinhos e as baleias”.
“Altas concentrações de contaminantes desse tipo estão ligadas à depressão do sistema imune, principalmente em relação ao mercúrio, cádmio, chumbo, selênio e zinco, como foi o caso reportado para os golfinhos-nariz-de-garrafa”, registra o documento da UFFRJ.
O documento ainda registra que o ruído produzido pela dragagem “tem o potencial de induzir estresse, que, por sua vez, pode reduzir a eficiência de forrageamento de mamíferos marinhos ou aumentar sua suscetibilidade a patógenos e aos efeitos das toxinas”.
Em nota, a Vale informou que “ainda não foi oficialmente comunicada desta recomendação do MPF. A empresa ressalta, no entanto, que todas as suas atividades na Baía de Sepetiba estão devidamente licenciadas e sob fiscalização das autoridades competentes, seguindo os mais altos padrões de segurança em todas as suas operações”.
De acordo com a assessoria da empresa, “as obras de dragagem foram iniciadas no último dia 12 de janeiro, enquanto as mortes dos botos foram relatadas em novembro e dezembro”.
Boto-cinza é encontrado morto na Ilha de Cataguazes, em Angra dos Reis (Foto: Sérgio Menezes/Arquivo Pessoal)


Fonte: G1
Categorias
Petróleo Preservação SUAPE

AINDA SOBRE OS DESMANDO NA REFINARIA DO COMPLEXO DE SUAPE

Petrobras responsabiliza ex-diretor por explosão de custos em refinaria

RAQUEL LANDIM
Folha de São Paulo
18/01/2015
A Petrobras responsabilizou neste domingo (18) o ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, pela explosão de custos na refinaria de Abreu e Lima, cujos investimentos previstos saíram de US$ 2,4 bilhões em 2005 para os atuais US$ 18,5 bilhões. Costa é um dos principais delatores do esquema de corrupção na estatal, investigado pela Operação Lava Jato.
Segundo nota divulgada à imprensa, Costa propôs ainda em 2007 “a antecipação de diversas obras da refinaria, alterações do projeto e na estratégia de contratação, o que levou a um grande número de aditamentos contratuais”. Costa já admitiu que cobrava propina das empreiteiras envolvidas na obra, ficando com uma parte e repassando o restante a políticos.
A estatal divulgou a nota por conta de matéria publicada pela Folha que mostrou, com base em relatório da auditoria interna da própria estatal, que a refinaria de Abreu e Lima vai gerar uma perda de US$ 3,2 bilhões para a Petrobras. Os gastos com a construção subiram tanto que as receitas geradas pela refinaria ao longo de sua vida útil, trazidas a valores atuais, não serão capazes de pagar o investimento.
Pedro Ladeira-2.dez.2014/Folhapress
Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, durante sessão da CPI mista que investigou a estatal
Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, durante sessão da CPI mista que investigou a estatal
Na nota, a Petrobras não nega o valor do prejuízo, nem que seus administradores tinham conhecimento. A diretoria aprovou a fase de execução de Abreu e Lima em novembro de 2009 e o conselho de administração deu aval para a continuidade das obras em junho de 2012 dentro do seu plano de negócios.
Segundo a nota, “testes realizados pela companhia até 2013 não indicaram a necessidade de reconhecimento de perdas de investimentos realizados na refinaria de Abreu e Lima”. A própria nota esclarece, no entanto, que esses testes são realizados para todas as operações de refinarias, oleodutos e terminais da Petrobras, que teriam resultado positivo no conjunto. A nota não esclarece se foi feito ou qual seria o resultado de um teste apenas para a refinaria de Abreu e Lima.
De acordo com a estatal, a diretoria executiva autorizou as obras da refinaria em novembro de 2009 com base em um estudo que apontava que a refinaria geraria um retorno positivo, “que considerou análises complementares, como desoneração tributária e perda de mercado evitada”.
A reportagem mostrou que pareceres internos da companhia – das áreas de estratégia e tributária – mostravam que essas análises complementares eram de “difícil realização”. Segundo fontes ligadas à empresa, houve “maquiagem” dos dados na época, para transformar um prejuízo de quase US$ 2 bilhões em um ganho de US$ 76 milhões.
Segundo a Petrobras, “o projeto foi apresentado ao conselho de administração, que orientou a diretoria executivo a envidar esforços para elevar a rentabilidade do projeto”. No entanto, a rentabilidade do projeto ficou cada vez mais comprometida, chegando a perda de US$ 3,2 bilhões nos estudos técnicos realizados em junho de 2012.
A estatal afirma ainda que “é competência da diretoria executiva aprovar os projetos que compõem o plano de negócios e que cabe ao conselho de administração a aprovação de toda a carteira de investimentos”. A nota ressalta, no entanto, “que os conselheiros recebem desde 27 de abril de 2012 os relatórios mensais de acompanhamento dos principais projetos, com os avanços físicos e financeiros, incluindo a refinaria de Abreu e Lima “.
Categorias
Manifesto Preservação SUAPE

MANIFESTO PELA PRESERVAÇÃO DA MATA DE DUAS LAGOAS


Manifesto pela preservação da Mata de Duas Lagoas na região de SUAPE


A Associação do Patrimônio Ambiental da Mata Duas Lagoas entende que a proteção, a conservação e a preservação dos fragmentos de Mata Atlântica e dos veios de captação de água subterrânea, presentes no município do Cabo de Santo Agostinho no estado de Pernambuco, é extremamente URGENTE, pois a região vem sendo assolada por um processo intenso e desordenado de industrialização e de especulação imobiliária, vinculado a um modelo de crescimento econômico, capaz de comprometer seriamente a qualidade de vida dos seus habitantes.

A acelerada degradação, o impacto ambiental e o desenfreado adensamento demográfico, alavancados pelos grandes empreendimentos relacionados ao Complexo Portuário de Suape, tendo como destaques a Refinaria Abreu e Lima e o Estaleiro Atlântico Sul, entre centenas de outras obras implantadas na Região, resultam em uma taxa de urbanização que chega a 88%, contrapondo-se ao analfabetismo de 29%, em uma população que convive com precárias condições de infraestrutura básica e ausência completa de saneamento ambiental.

Essa combinação exerce uma enorme pressão negativa sobre o ambiente natural da região, e todas as espécies animais, vegetais e minerais ali existentes, as quais sofrem todas as consequências do excesso de intervenções indevidas e de exploração acima da capacidade de suporte ou reposição dos recursos naturais, realizados sem manejo ou controle.

Mais especificamente, a Mata de Duas Lagoas, situada na praia de Itapuama, categorizada como unidade de conservação de acordo com a Lei 14.324 de 03 de junho de 2011, assinada pelo Sr. Governador do Estado, é um importante nicho da Mata Atlântica remanescente. Essa área só vem resistindo à depredação devido à atividade de alguns tenazes ambientalistas, que, para atuar de forma mais organizada, fundaram a APAMDL (Associação do Patrimônio Ambiental da Mata de Duas Lagoas) e agora passa a integrar o Fórum Suape.

É URGENTE congregar esforços em nome de uma ação mais contundente visando à preservação da biodiversidade da área, a partir de ações que envolvam o Turismo Ecológico, a Educação Ambiental, a capacitação e o empoderamento dos moradores da região, capaz de conciliar preservação ambiental e geração de renda, com vistas ao desenvolvimento local. Também nos preocupamos com a população do entorno da unidade de conservação Duas Lagoas, constituída por pequenos agricultores familiares e/ou pescadores, que presenciam dolorosamente a perda de seus recursos, em prol de condomínios de alto luxo.

No momento em que o mundo inteiro questiona os modelos convencionais de atividade econômica industrial concentradora, sem planejamento de implantação ambientalmente adequado, e se empenha em pesquisar, criar e implantar novos modelos produtivos, é preciso que se invista aqui também em atividades baseadas em modelos sustentáveis, enquanto ainda existe essa “margem de manobra” socioeconômica e ambiental.

Entendemos, enquanto Associação do Patrimônio Ambiental da Mata das Duas Lagoas, que precisamos zelar pela preservação das áreas de remanescentes de Mata Atlântica do município do Cabo de Santo Agostinho – PE, por tratar-se de uma área com mata pioneira, contendo árvores com cerca de 300 anos, animais raros, pássaros quase extintos e dois mananciais de água doce muito importantes para a região.

Compreendemos assim, que é necessário trabalhar pelo desenvolvimento de uma cidadania planetária na qual estejamos engajados na mudança de comportamento, na revisão de valores e na adoção de novas práticas no relacionamento com o meio ambiente, seja individual e coletivamente. Buscando ainda ações concretas na correlação de forças existente nos movimentos sociais e ambientais, como o Fórum Suape, que ora se unem movidos pelo interesse maior de garantir às gerações futuras o acesso pleno e irrestrito aos bens e serviços oferecidos por nossos recursos naturais.

Cabo de Santo Agostinho, 15 de março de 2013.

plugins premium WordPress