Categoria: SUAPE
SUAPE DISCUTIDA NO PARLAMENTO HOLANDÊS
1 . Você está familiarizado com a reportagem do jornal “O Brasil se recusa a pagar Van Oord ? “sim
2 . É verdade que a Holanda e o Brasil estão envolvidos em uma disputa comercial que a empresa com sede em Roterdã Van Oord não foi paga por um grande trabalho de dragagem no porto brasileiro de Suape ?Posso confirmar que atraso de pagamento têm surgido em relação às atividades implementadas pela Van Oord no Brasil. Essas atividades são a dragagem do canal de acesso ao porto de Suape. Van Oord tem segurado o risco de pagamento ao abrigo do mecanismo de seguro de crédito à exportação ( EKV ) do Estado holandês. A questão é, portanto, de um seguro de técnico natureza. Não é uma disputa comercial .
3 . A Van Oord , que devido a um atraso do Brasil nos pagamentos de maio 2013 suspendeu os seus trabalhos no porto , implementou a sua atribuição de dragagem no porto de Suape em tempo útil e em plena conformidade com os acordos feitos ?A partir de contatos com o Brasil verifica-se que as obras foram implementadas em tempo útil e em conformidade com os acordos feitos com Suape. O trabalho foi interrompido como o montante acordado para o trabalho, e que o contrato foi formalmente terminado. Eu não tenho nenhuma razão para supor que há uma disputa entre Suape e Van Oord sobre a implementação da obra.
4 . Que esforços você está fazendo para resolver este diferencia comercial entre a Holanda e o Brasil , e quais são de acordo com você as perspectivas em relação a uma solução oportuna para essa disputa ?Via diferentes canais diplomáticos Holanda e Brasil estão envolvidos em consultas para chegar a uma solução rápida para os pagamentos atrasados . O objetivo é evitar danos na conta do Estado holandês.Eu entendo que é uma questão administrativa complexa no Brasil, em que vários níveis de governo estão envolvidos.
5 . É o padrão do Brasil relacionados com o dano ambiental que Van Oord causou na área do porto e para o qual a empresa incorreu uma multa de € 820,000 ? Se não, por que não? Será que Van Oord paga essa multa?Não tenho conhecimento de uma relação entre o atraso no pagamento e a questão ambiental. A agência ambiental local no Brasil emitiu a multa a que o artigo na Financieel Dagblad se refere a Suape, e não a Van Oord . Entretanto Suape recorreu da multa e está esperando se a a multa será mantida ou retirada na sequência do apelo .
6 . Você tem a intenção de elevar o padrão brasileiro no Clube de Paris, que faz a mediação entre países credores e devedores ? Se sim, quando você vai fazer isso ? Se não, por que não?Sim. Fica acordado internacionalmente que os membros do Clube de Paris, informar-se mutuamente sobre as dificuldades de pagamento que surgiram . No caso dos pagamentos atrasados persistir a Holanda irá relatar isso, então também no Clube de Paris. Este momento está se aproximando rapidamente , em caso de insuficiente perspectiva de uma solução rápida , em algum momento nos próximos meses os atrasos de pagamentos será gerado.
Date: 6 December 2013
1. Are you familiar with the newspaper report “Brazil refuses to pay Van Oord?”
Yes
2. Is it true that the Netherlands and Brazil are involved in a trade dispute as the Rotterdam-based water construction company Van Oord has not been paid for a large dredging job in the Brazilian port of Suape?
I can confirm that payment arrears have emerged in relation to the activities implemented by Van Oord in Brazil. These activites are the dredging of an access channel in the port of Suape. Van Oord has insured the payment risk under the export credit insurance facility (EKV) of the Dutch State. The issue is therefore of a insurance technical nature. It is not a trade dispute.
3. Has Van Oord, that due to a Brazilian arrear in payments in May 2013 suspended its work in the port, implemented its dredging assignment in the port of Suape timely and fully in accordance to the agreements made?
From contacts with Brazil it emerges that the works have been implemented timely and in accordance with the agreements made with Suape. The work was stopped as the agreed sum for the work was reached and the contract has formally ended. I have no reason to assume that there is a dispute between Suape and Van Oord about the implementation of the work.
4. Which efforts are you making to resolve this trade dispute between the Netherlands and Brazil, and what are according to you the prospects regarding a timely solution to this dispute?
Via different diplomatic channels the Netherlands and Brazil are engaging in consultations to reach an early solution to the payment arrears. The aim is to prevent damage at the account of the Dutch State. I understand that it is a complex administrative issue in Brazil in which various levels of government are involved.
5. Is the default of Brazil related to the environmental damage that Van Oord caused in the port area and for which the company incurred a fine of €820.000? If not, why not? Did Van Oord pay this fine?
I am not aware of a link between the arrears in payment and the environmental issue. A local environmental agency in Brazil issued the fine to which the article in the Financieel Dagblad refers to Suape and not to Van Oord. In the meantime Suape appealed against the fine and is waiting whether the fine will be upheld of withdrawn following the appeal.
6. Do you have the intention to raise the Brazilian default in the Paris Club that mediates between creditor countries and defaulters? If yes, when will you do this? If no, why not?
Yes. It is internationally agreed that members of the Paris Club inform each other about payment difficulties that emerged. In case the payment arrears would persist the Netherlands will report this then also in the Paris Club. This moment is approaching quickly; in case of insufficient prospect of an early solution, some time in the coming months the payment arrears will be raised.
SUAPE É NOTÍCIA NA HOLANDA (1) (2)
Brasil se recusa a pagar € 40 milhões a empresa de dragagem
O futuro dos pescadores não interessa ao Governador
SUAPE É NOTICIA NA HOLANDA (1)
‘Many people have to give way to this port and the dredging works negatively impact on the fish stocks temporarily’, admits Jurgen Nieuwenhoven, manager of Van Oord in Brazil. ‘But our client Suape gives compensation to fishermen and takes care of alternative housing for the dispossessed. I have the impression that this is done in a correct manner’.
Josef Ferreira does not share that impression. Suape offered him € 7,000 for his house on the island of Tatuoca, in the middle of the port area. He lived there for 40 years but does not receive an offer for replacement housing. ‘I do not exactly understand why’, says Ferreira who after the dispossession started to live with his handicapped wife in a slum area, on the edge of Ipojuca. ‘They do not consider me an original resident, I believe’.
The mangrove that disappears due to the development of the port is compensated elsewhere, thus assures Stefanni. Nieuwenhoven confirms that: ‘We have had to execute part of the reforestation ourselves’, according to the manager of Van Oord. ‘I was positively surprised how strict the control was of the environmental authorities.’ The fishermen are still far from benefiting from this. It takes years for the young trees to fulfill the same function as the destroyed mangrove.
SUAPE É NOTICIA NA HOLANDA (2)
Embaixada Holandesa no Brasil recebe relatório de crimes ambientais em Suape
UM LADO OBSCURO DE SUAPE
Suelene Gomes tem um sítio de quase dois hectares no Engenho Tabatinga, que Suape diz lhe pertencer. Ela herdou o lote de terra de seu pai, e este de seu avô. Suelene, com sua família, lá reside desde nascença. No sítio há uma casa de alvenaria e várias árvores frutíferas, entre estas, três mil pés de bananas.
Suelene, e demais sitiantes de Tabatinga, desde 2008, foi impedida por Suape de cultivar lavouras e criar animais domésticos em seu sítio, sendo prejudicada em sua agricultura familiar, que é incentivada pelo Governo Federal.
Em maio deste ano, ela foi chamada por Suape para desocupar o sítio, sendo-lhe oferecida a irrisória quantia de R$ 21.340,81. Como não a aceitou, Suape pediu liminarmente a reintegração da centenária posse. A ação foi contestada, e segue o ritual da Justiça. Suape com o patrocínio de renomados advogados, ela pelo auspício da justiça gratuita.
Visto assim, o caso de Suelene parece isolado, mas não é isso que acontece. No entorno de Suape mora cerca de dez mil pessoas, muitos parentes de sitiantes, que, igual a ela, foram ou estão sendo ameaçados de perderem os seus sítios por indenizações vis ou injustas.
Os moradores, premidos por Suape, são arrancados de suas raízes, desalojados de seus sítios, e com a “indenização” recebida passam a morar numa favela ou, quando muito, num final de um subúrbio qualquer. Muitos já idosos, sem o sítio, sem emprego, o que fazer? A não ser, como meio de subsistência, ir engrossar a lista do Bolsa Família.
Mas, pelos relatos, não é só a expulsão do sítio por troca de uma ninharia, a qual infelizmente recebe o crivo do Judiciário, ante os argumentos tidos como infalíveis de Suape, que depois passa a vender a terra por vultosa quantia às empresas nacionais ou estrangeiras. Já houve caso em que Suape pediu a terra do sitiante e a arrendou a tradicional fornecedor de cana.
Voltando aos relatos de como Suape trata os sitiantes que residem ao seu redor – os quais lá chegaram muito antes de ela existir -, tome-se, por exemplo, o sumário das declarações prestadas, em 2004, pelo sitiante José Gomes, junto à Promotoria de Justiça do Cabo de Santo Agostinho, ele diz que: vigilantes com uma máquina foram até a sua casa para derrubar as suas fruteiras, sem ao menos ouvi-lo, nem respeitando a sua idade e doença, pois já sofreu três derrames.
Esse modo truculento usado por Suape contra humildes moradores da região – entre os municípios de Ipojuca e do Cabo de Santo Agostinho – foi inúmeras vezes noticiado por jornais e TVs. A última tem por título, “Demolição Ilegal em Suape”, que fora feita por seguranças armados e, segundo dizem, por ordem dos seus “coronéis” – geralmente policiais civis e militares aposentados, e hoje dela funcionários.
Os seguranças de Suape mapeiam a área, divide os Engenhos, como aconteceu em Tabatinga, que passou a ser I, II e III, e ingressam com seus pedidos na Justiça de modo individual para descaracterizar o coletivo conflito agrário. É dividindo que melhor se expulsa, que quase nada se paga, que faz valer a lei do silêncio pela a violência causada aos sitiantes. Muitos presidentes de associações dos Engenhos são cooptados por Suape, para agir em desfavor dos seus associados.
Ninguém discute a importância de Suape, mas o seu desenvolvimento não deve ser desumano e predatório, quer em relação às pessoas ou ao meio ambiente, o qual teve vasta área de mangue devastada, e não recuperada, a não ser no palavrório. Em Tabatinga, por exemplo, se alegou para a retirada dos sitiantes, a tal compensação ambiental. Mas no seu lugar o que se ergue é uma grandiosa fábrica da PAMESA, que vem causando impacto de vizinhança aos moradores locais, inclusive quanto ao direito de passagem.
A rigor não se pode dizer que Suape tem a propriedade tranquila de todas as áreas rurais que ficam em seu entorno. Os engenhos que pertenciam à antiga Cooperativa de Tiriri não podia lhes ter sido vendidos, pois, por cláusula resolutiva, só poderiam se destinar ao assentamento dos agricultores que já eram deles ocupantes.
É por essa razão, que numa reunião realizada em 12.09.2013, na Associação dos Moradores do Engenho Massangana, onde fica o coração de Suape, um representante legal do INCRA, Isaias Valeriano, afirmou que: “há um procedimento administrativo para delimitar a área da União, que após a delimitação, irá cadastrar os agricultores e moradores, para depois passar o título de posse aos cadastrados.”
É bom lembrar que o Engenho Massangana foi onde Joaquim Nabuco viveu a sua infância e se inspirou para a causa abolicionista. Lamentavelmente os seus moradores e sitiantes de hoje vivem dias de incertezas quanto à permanência na posse da terra, sem contar com os constrangimentos acima relatados.
Infelizmente, o que conta para Suape é o crescimento a qualquer custo, e não o desenvolvimento humano, a valorização da dignidade da pessoa. Afora as ocorrências do dia-a-dia contra os antigos sitiantes, que o digam os velhos moradores da Ilha de Tatuoca, engolida pelo Estaleiro Atlântico Sul, e o algo que restou, pelo o outro, o Promar.
DEMISSÃO EM MASSA EM SUAPE
Fonte: Blog do Jamildo (4/11/2013)
Também está entre as prioridades do MPT na audiência tratar de como especificamente está sendo pensada a desmobilização de um ponto mais amplo, que tem relação de como ficará o entorno da região, de como as cidades vizinhas se manterão economicamente, quais as políticas de emprego voltadas para os trabalhadores que hoje estão lá.