EnglishPortugueseSpanish
EnglishPortugueseSpanish
Categorias
Informe Preservação SUAPE

DESENVOLVIMENTO E OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS EM SUAPE

Hoje, mais do que nunca, se faz necessário o debate público, onde se possa ouvir a voz daqueles e daquelas que estão no centro dos conflitos, e que sofrem diretamente as consequências socioambientais dos empreendimentos, que chegam anunciados como redentores e dinamizadores da economia do Estado, como é o caso da maior empresa estatal de Pernambuco, o CIPS – Complexo Industrial e Portuário de Suape. Que chegam como geradores de empregos e renda. Como 
salvadores da pátria. Sem nenhuma discussão democrática com a sociedade.
O que quer dizer impacto socioambiental? A expressão “impacto” é extraída da física, da parte que estuda os choques, as quantidades de movimento e as deformações nos corpos submetidos. A lei de Newton (forças de ‘ação’ e ‘reação’) é utilizada para medir o “impacto”, expresso em Newtons (N). Também é utilizada a unidade kgf que equivale a 9,8 N.
Não nos parece adequado caracterizar como “impactos” os processos sociais e territoriais da implantação de grandes empreendimentos, usinas hidrelétricas, barragens, complexos industriais, portuários, afins. A palavra “impacto” tornou-se meramente administrativa, prescrita para ser utilizada nos processos de licenciamento ambiental, mas contraproducente em termos científicos e impeditiva para o avanço do conhecimento, tornando-se tão somente uma noção desviacionista.
O termo “impacto” vem sendo utilizado de forma indistinta quando o correto seria apontar que determinada obra traz perdas, prejuízos, danos, desastres, expulsões, expropriações, desaparecimentos, privações, ruínas, desgraças, destruições, de vidas e de bens, muitas vezes permanentes e irreversíveis. É disso que realmente se trata quando analisamos as consequências de determinados empreendimentos para as populações atingidas, e para os ecossistemas.
É necessário pois, levantar o véu dos “impactos”, desnudar as aparências e tornar concreta a realidade imposta às populações atingidas e aos ecossistemas por estes empreendimentos, inclusive o da empresa estatal CIPS. É necessário discutirmos um empreendimento do porte do CIPS, para “além do capital”. Além do número e a quantidade de produtos que circula neste porto. Da receita produzida e das divisas obtidas pelas grandes corporações que ali estão localizadas com seus parques fabris ou de logística. A capacidade de movimentação de petróleo e derivados. Da ampliação dos parques de tancagem.
Na verdade a discussão que devemos travar passa necessariamente pelo questionamento da inserção desta empresa estatal em um sistema, em uma lógica, que perdeu sua capacidade civilizatória, e no atual estágio para manter-se, torna- se cada vez mais destrutiva de direitos, da vida de milhões de seres humanos e da natureza, colocando em risco o próprio planeta Terra.
O “tudo se vende”, o “tudo se compra”, o “tudo tem preço” está levando nossa civilização a um momento crucial em sua historia. Um basta a mercantilização dos bens comuns, da água, das florestas, dos manguezais, da biodiversidade, e o respeito aos modos de vida das populações tradicionais é para ontem. Estas populações tradicionais tem muito a nos ensinar de como “bem viver”.
Quer ler mais sobre isso?
Faça o download do Boletim Mensal completo

clicando logo abaixo!

Categorias
Impactos Reunião Segurança SUAPE Violações

MORADORES DA ILHA DE MERCÊS RECORREM AO ARCEBISPO CONTRA MILÍCIA QUE ATUARIA EM SUAPE

Por: Portal FolhaPE
Moradores da comunidade quilombola Ilha de Mercês, no município de Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife (RMR), recorreram ao arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, contra abusos que eles afirmam sofrer por parte de funcionários do Porto de Suape. O religioso esteve no local na manhã desta quinta-feira (28) e ouviu denúncias de violações dos direitos humanos. A comunidade alega que os seguranças do complexo portuário atuam em regime de milícia e destroem as lavouras, fonte de subsistência dos quilombolas.

Após visitar a Igreja de Nossa Senhora de Mercês, que fica dentro da comunidade, o arcebispo presidiu uma pequena missa sob uma tenda armada em frente à igreja. Após a cerimônia, Dom Fernando deve conversar com os moradores e prosseguir com a visita às demais comunidades na região.

A visita desta quinta é um desdobramento de um encontro de líderes comunitários, ocorrido no dia 5 de dezembro. Conforme reportagem publicada pelo Portal FolhaPE no início de dezembro, há relatos de casos de expulsão de moradores sem mandado judicial, de danos ambientais causados por dragagens, queda do estoque pesqueiro por conta das explosões para a instalação dos estaleiros e da conduta abusiva de seguranças do empreendimento, que atuariam destruindo lavouras, roubando materiais de construção e derrubando casas e muros.

Ação do MPF
Uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal condenou, em outubro de 2016, Suape e a Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH) por danos socioambientais causados pela etapa de dragagem do canal externo e pela localização inadequada de pontos de descarte, realizado dentro do mar e em cima de pesqueiros.

Confira na íntegra a nota de esclarecimento enviada pelo Complexo Industrial de Suape:

Com relação ao evento realizado na comunidade Ilha de Mercês, na manhã desta quinta-feira (28), o Complexo Industrial Portuário de Suape esclarece que prioriza e se mantém aberto ao diálogo com os moradores das 27 comunidades mapeadas em seu território. Foram realizadas reuniões com os representantes do Fórum Suape para dar andamento às demandas das comunidades.

Para tratar de temas específicos como moradia, segurança, meio ambiente e sustentabilidade, a presidência destacou um coordenador para acompanhar de perto as questões trazidas pelo grupo, dando celeridade aos processos. As primeiras reuniões temáticas seriam nos dias 11 e 12, mas os representantes do fórum não responderam à solicitação do encontro. Portanto, o argumento de falta de diálogo não procede.

Antes de qualquer esclarecimento relativo ao tema segurança, a administração de Suape enfatiza categoricamente que NÃO EXISTE MILÍCIA. A empresa mantém dois contratos de terceirização de mão de obra, com o objetivo de fiscalização do patrimônio público. Nas reuniões com o fórum, a administração de Suape solicitou aos moradores que denunciam os supostos abusos, que apresentem registros de qualquer tipo de excesso para que a empresa tome as devidas providências. Até hoje, contudo, não obteve retorno nem do fórum e nem dos moradores.

Segurança

O primeiro dos contratos de segurança é com a TKS Segurança Privada Ltda, com efetivo de 170 vigilantes, que presta serviços exclusivamente na área interna do porto organizado, em postos fixos, exercendo atividades de guarda portuária. Outros 54 atuam nas edificações, onde estão instaladas as demais dependências da administração. Todos trabalham fardados, com crachás e obedecem às exigências da Polícia Federal (PF), instituição responsável pela fiscalização das empresas de segurança privada.

O outro contrato é com a Liserve, que fornece 36 inspetores. Esses profissionais são empregados na fiscalização do território de Suape, em toda a sua área de 13,5 mil hectares. Suape é uma empresa pública e, como tal, somente age em conformidade com as normas legais e o interesse público.

A direção repudia, veementemente, a utilização de violência contra as famílias nativas da região. Suape não realiza demolições de casas de posseiros, a exceção dos casos de reintegração judicial, reintegração decorrentes de homologações de acordos na Justiça e de construções erguidas por invasores em áreas destinadas à preservação ambiental e instalação de empreendimentos, como determina a lei. Nessa situação, as demolições acontecem com o apoio da prefeitura municipal local, detentora do poder de polícia. Suape reitera que jamais recebeu, por parte dos moradores, qualquer registro de demolições supostamente irregulares.

Pedágio

No último dia 11, moradores da comunidade Ilha de Mercês realizaram protesto na rotatória de acesso à área portuária. Na mesma data, uma comissão de representantes foi recebida na sede administrativa para dar encaminhamento às solicitações. O grupo alegou que 35 famílias residentes não estariam sendo beneficiadas pela gratuidade nos pedágios de acesso da Rota do Atlântico, concessionária da rodovia que corta o Complexo de Suape.

De imediato, Suape se comprometeu a atualizar o cadastro para avaliar se as famílias atendem às exigências para obter o benefício. No dia marcado para o início do processo, o líder da comunidade comunicou que não poderia estar presente e que informaria uma nova data para acompanhar o trabalho da equipe de Suape. Essa data, no entanto, não foi agendada pelo representante da comunidade. Atualmente, 47 famílias da Ilha de Mercês são beneficiadas com a gratuidade.

Em 04 de setembro de 2017 Suape recebeu do Ministério Público Federal, da Defensoria Pública da União e do Ministério Público de Pernambuco a recomendação conjunta de nº 01/2017. O seguinte documento determina que Suape “suspenda incursões de sua equipe na Comunidade Ilha de Mercês sem a devida autorização dos moradores, impossibilitando que os assistentes sociais tenham acesso ao local.

Indenizações

De 2007 a 2016, Suape indenizou 1.541 famílias, pagando um total de R$ 87,5 milhões pelas benfeitorias (imóveis e plantações). Todos os acordos foram homologados na Justiça e as famílias indenizadas são realocadas, quando necessário, para casas ou lotes de terra, conforme escolha dos moradores. O processo tem como objetivo reassentar as pessoas que moravam em áreas destinadas à preservação ambiental e em zonas industriais. Esse processo é acompanhado tanto pelos órgãos do Judiciário, como por outras entidades e se caracteriza pelo diálogo permanente entre todos os envolvidos.

Fonte: Portal FolhaPE, com informações de Priscilla Costa (Folha de Pernambuco) 28/12/17
Categorias
Comunidade MERCÊS SUAPE

DOM FERNANDO APOSTA NO DIÁLOGO ENTRE COMUNIDADES NATIVAS E ADMINISTRAÇÃO DE SUAPE

Mercê é uma palavra originária do português arcaico e significa favor, graça, benefício, perdão, indulto. Este último significado é especialmente relevante para a história de Nossa Senhora das Mercês, pois significa libertação. Acreditando que apenas com a intervenção divina seria possível romper com a opressão, moradores de 28 comunidades nativas, formadas por descendentes de quilombolas, de pescadores, de indígenas e de pequenos agricultores procuraram o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, para denunciar uma série de violações de direitos humanos, de destruição da natureza e de capelas católicas no Complexo Portuário e Industrial de Suape e região.
Confiantes na proteção de Nossa Senhora das Mercês, que veio para libertar da escravidão, os representantes das 213 famílias impactadas pelo empreendimento de Suape acolheram na manhã desta quinta-feira, 28/12, dom Fernando Saburido e sua comitiva, ao lado da capela de Nossa Senhora das Mercês, no Quilombo das Mercês, em Ipojuca. Mostrando que está atento aos clamores do povo, o arcebispo metropolitano veio acompanhado do monsenhor Josivaldo Bezerra, vigário Episcopal do Cabo, do padre Josenildo Tavares, das Pastorais Sociais, do Frei Carlos, pároco da paróquia de São Miguel Arcanjo e dos coordenadores da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese, Antônio Carlos Maranhão e padre Fábio Santos. Também participaram da reunião o secretário de governo do município de Ipojuca, Romero Sales, Eduardo Figueiredo, representando o secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos Pedro Eurico, o deputado estadual Edilson Silva, Nivete Azevedo, do Centro das Mulheres do Cabo e Bete Teixeira, do Fórum Suape – Espaço Socioambiental.
O encontro teve início com a visitação à capela de Nossa Senhora das Mercês, localizada na extinta Usina Salgado, que abrangia 18 engenhos de cana-de-açúcar na região. Em seguida, dom Fernando presidiu uma celebração da Palavra e escutou os relatos dos moradores, que reforçaram as denúncias de violenta perseguição por parte da administração do Complexo de Suape e da silenciosa destruição do meio-ambiente.
A pescadora Marinalva Maria da Silva, de 51 anos, nascida nas Mercês e que já trabalhou na lavoura de cana de açúcar, conta que o rio Tatuoca foi aterrado, provocando o desaparecimento das ostras, camarão,  sururu e mariscos. “Há oito anos a administração de Suape prometeu a construção de uma ponte sobre o rio e não realizou a obra. Com o rio bloqueado, os mangues secaram e os pescadores não conseguem coletar nem pescar para o seu sustento. Antes nós pescávamos camarão Vila Franca, que podia ser revendido por R$50,00 o quilo”, narra emocionada.
O deputado estadual Edilson Silva lembrou aos presentes que já acompanha a grave situação destas famílias e após três audiências públicas, não se vê ação do poder público que favoreça as comunidades. O líder comunitário do Quilombo das Mercês, Magno Araújo, que também reside no local, destacou que as famílias que possuem veículos são obrigadas a pagar pedágio para se deslocarem e denunciou a devastação ambiental que a região vem sofrendo, como a extinção de cavalos marinhos e meros nos mangues e rios. Dom Fernando convidou Antônio Carlos Maranhão, presidente da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese para a formar um grupo de trabalho em parceria com a OAB-PE, buscando estudar o caso das comunidades. Como conclusão, o encontro apontou outra medida urgente: o arcebispo metropolitano vai redigir uma carta ao governador de Pernambuco, solicitando que atenue as perseguições contra os moradores nativos de Suape, permitindo que os mesmos façam reformas e manutenção nas suas moradias.
Acompanhado pelo líder comunitário do Quilombo das Mercês, dom Fernando visitou a casa de uma família do Quilombo e constatou o precário estado de conservação do imóvel, que estava todo escorado com estacas, sob o iminente risco de desabar.
Ipojuca, segundo estudos da Fundação Joaquim Nabuco, era o município pernambucano que concentrava o maior número de escravos do estado. Com o advento do Complexo Portuário e Industrial de Suape, a partir dos anos 1970, empreendimento gerenciado pelo governo estadual, a cultura canavieira e toda as suas relações de interação com a terra, o homem e a natureza passaram a ser substituídas por outro modelo de desenvolvimento. Dentre eles, destacam-se a construção de refinarias de óleo e de derivados de petróleo, indústria metal-mecânica, indústria química, estaleiros para a construção de navios e operações de carga e descarga de contêineres.  
Fonte: Arquidiocese de Olinda e Recife
Por: Pascom Arquidiocese

Postado por: Ana Beatriz 
Datado de: Dez 28, 2017
Categorias
Informe SUAPE

PROTESTO PARALISA ENTRADA DE SUAPE

Um protesto das comunidades do território de Suape, realizado na localidade denominada Curva do Boi, fechou hoje de manhã as principais entradas do Complexo Industrial e Portuário de Suape. A principal reivindicação das comunidades é a liberação do pedágio que prejudica principalmente a comunidade quilombola de Ilha das Mercês.
Viaturas do GATI e da Polícia Rodoviária logo chegaram ao local do protesto liderado pela comunidade quilombola, assim como se fez presente a segurança armada do Complexo de Suape.
O protesto das comunidades é por uma justa reivindicação, pois assim como foi afirmado pelas procuradoras de justiça presentes em nossa última audiência pública realizada na Câmara de Vereadores do Cabo de Santo Agostinho, no último dia 6 de dezembro, a cobrança de pedágio aos moradores das comunidades é totalmente inconstitucional. A audiência pública foi promovida pela Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Participação Popular da Assembléia Legislativa de Pernambuco, com ampla participação das comunidades.

O Fórum Suape apóia a luta das comunidades rurais, as reivindicações dos agricultores e pescadores, assim como o legítimo protesto da comunidade da Ilha das Mercês pelo não pagamento do pedágio e exige do Governo do Estado o fim da violência no território e a abertura concreta de um canal de diálogo permanente visando discutir e encaminhar soluções para a pauta de reivindicações das comunidades entregue no Palácio do Campo das Princesas, em outubro do ano passado, até o momento sem respostas.   
Categorias
Informe Milícia SUAPE

COMISSÃO DA ALEPE PEDE INVESTIGAÇÃO SOBRE MILÍCIA QUE ATUARIA EM SUAPE



Denúncias feitas por moradores do entorno do porto serão encaminhadas pela
Comissão de Cidadania da Assembleia ao Ministério Público Estadual e Federal
A Comissão de Cidadania da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) vai solicitar ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e Ministério Público Federal (MFP) que investigue denúncias de atuação violenta de milícias contra famílias instaladas no entorno do Complexo Portuário e Industrial de Suape, em Ipojuca, Litoral Sul do Estado.
Há relatos de casos de expulsão de moradores sem mandado judicial, de danos ambientais causados por dragagens, queda do estoque pesqueiro por conta das explosões para a instalação dos estaleiros e a conduta de seguranças do empreendimento, que atuariam destruindo lavouras, roubando materiais de construção e derrubando casas e muros. 
Leia também: Pescadores artesanais protestam contra obra em Suape
Ato público contra obra de dragagem reúne grupo de pescadores em Suape 
 A decisão de pedir a investigação do MP foi tomada em audiência pública realizada ontem com representantes de 28 comunidades que residem nos 13,5 mil hectares do entorno do porto de Suape, das associações dos pescadores, quilombolas, Defensoria Pública da União, centrais sindicais, além do subcomandante da Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente (Cipoma), major Sérgio Souza, a promotora de patrimônio do Cabo de Santo Agostinho, Alice Moraes, a coordenadora do Grupo de Trabalho contra o Racismo (GTRacismo) do MPPE, Maria Bernadete, e a procuradora do MPPE de Ipojuca, Bianca Stela.
Segundo o deputado estadual do (PSOL), e presidente da Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular, Edilson Silva, o grupo de trabalho da Assembleia também vai solicitar ao MP que apure a demora da polícia em investigar as denúncias das comunidades de Suape. Segundo ele, o problema se arrasta desde 2015.
 Esta não é a primeira reunião do colegiado sobre o assunto – outras duas audiências ocorreram há dois anos, mas, aponta o Fórum Socioambiental de Suape, nada é feito pela administração do porto. Esta, inclusive, é uma das recorrentes denúncias do fórum. Conforme publicado pela Folha de Pernambuco em julho deste ano, pescadores e moradores da região estiveram reunidos a convite do fórum socioambiental (órgão que acompanha, desde o início, a implantação do polo industrial e os impactos ambientais e sociais causados pelo empreendimento), e fizeram uma série de denúncias.
Na época, a administração do Porto de Suape esclareceu que “não admite, conhece e tampouco incentiva qualquer ação violenta por parte de funcionários, sejam eles efetivos ou terceirizados, contra membros das comunidades” e que a nova gestão está sempre aberta ao diálogo. Procurada ontem pela reportagem, a assessoria da instituição não se pronunciou sobre o assunto até o fechamento desta edição.
Categorias
Direitos humanos Informe MERCÊS SUAPE Violações

MORADORES DO QUILOMBO DAS MERCÊS DENUNCIAM AO ARCEBISPO VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS NO ENTORNO DO COMPLEXO DE SUAPE

Na manhã desta última terça-feira, 05/12, o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, recebeu a visita de representantes do Quilombo da Ilha das Mercês, de líderes comunitários, de associações de agricultores familiares e de pescadores moradores dos municípios de Ipojuca e representantes do Fórum Suape. O grupo procurou o arcebispo metropolitano para pedir o seu apoio para denunciar uma série de violações de direitos humanos (direitos sociais, ambientais, dos idosos) que vem sendo direcionadas a 213 famílias que residem e resistem no interior do Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros (CIPS), conhecido como Porto de Suape. Em julho, o arcebispo recebeu uma comitiva de moradores e representantes de comunidades dos municípios do Cabo de Santo Agostinho e de Ipojuca, também afetados pelo impacto ambiental do empreendimento de Suape. Na audiência mais recente, o arcebispo escutou os envolvidos e agendou uma visita ao Quilombo das Mercês para este mês de dezembro. Sensibilizado e atento, dom Fernando convocou para acompanhar a visita eclesiástica os membros da Comissão de Justiça e Paz, da comissão de Diálogo Inter-religioso, o vigário episcopal do Vicariato Cabo e a imprensa, para dar maior visibilidade a esta questão que atenta contra todas as formas de vida e que vilipendia os símbolos de devoção da igreja católica.
Os moradores são descendentes dos povos primitivos que originariamente ocupavam as terras do extinto Engenho Salgado e demais engenhos em Ipojuca, e que nortearam sua vida em estreita comunhão e dependência com a natureza e o ecossistema do mangue, restinga, mar e rios inseridos no bioma Mata Atlântica. Tanto o delicado ecossistema, fauna e flora, como as populações nativas que residem em Suape há décadas, vêm sendo afetados pela chegada e instalação do empreendimento de Suape e da Refinaria Abreu e Lima. Os moradores nativos denunciaram para dom Fernando um cenário de cruel covardia praticada contra a Natureza e contra os habitantes de Suape: milícias armadas intimidando os moradores, destruição de casas, de igrejas e de capelas seculares, animais nativos morrendo de fome, rios sendo poluídos e tendo os seus cursos desviados propositadamente para impedir o desenvolvimento da agricultura familiar, dentre outros abusos. Como consequência, a população nativa, especialmente os mais frágeis, como os idosos, têm sido acometidos por depressão e por suicídio, pois não conseguem coletar frutos, como outrora, nem tirar do mangue, dos rios e nem do mar o seu alimento, os mariscos, os pescados. As milícias contratadas pelo empreendimento de Suape fazem rondas motorizadas no território onde as famílias nativas residem, intimidando os moradores, em abordagens violentas, destruindo pequenas hortas e plantações de agricultura de subsistência. Conforme relato de Vera Lúcia Domingos, que nasceu e mora na região e atualmente preside a Associação dos Pequenos Agricultores dos Engenhos Ilha, os líderes comunitários estão ameaçados de morte, inclusive ela. “Eu vivo vigiada e meu sítio está na mira dos capangas do empreendimento de Suape. É muito difícil”.
José Reis, conhecido como Martim, nasceu no Quilombo das Mercês, na Ilha das Mercês, antigo Engenho Salgado e denuncia que as milícias de Suape destruíram a capela de Nossa Senhora das Mercês, que há cerca de 12 anos gerava renda para a população local, com as festividades da santa padroeira. “As imagens dos santos e os bancos da capela foram quebrados, não se respeita a devoção das pessoas.” Martim lembra a fartura da sua infância, nos tempos antes de Suape ser instalado no local: “Por dia, os pescadores e coletores conseguia tirar dos mangues e rios 50, 60 Kg de camarão, de marisco, sururu. Em 1978, testemunhei com espanto o início da instalação do Complexo de Suape, os tratores derrubando as árvores e numa atitude de profundo desrespeito às religiões de matriz africana, lançaram dois tratores contra um secular baobá, mas não conseguiram tombar a árvore nativa da África.” Martim conta que a árvore foi convertida em símbolo de resistência pelos moradores.
Bete Teixeira, do Fórum Suape, organismo criado para defender os interesses dos moradores nativos de Ipojuca e do Cabo de Santo Agostinho afetados pelo empreendimento Suape, resume que a intenção de Suape é bloquear o acesso à sustentabilidade das comunidades nativas, em ações programadas para minar a resistência dos povos e expulsá-los. Nizete Azevedo, que também atua no Fórum Suape, lembra que a região onde reside a população nativa possui 1.600 hectares.
Magno Araújo, líder comunitário do Quilombo das Mercês e da Associação da Ilha das Mercês, destaca que mais de vinte casas de farinha de mandioca na região do entorno do empreendimento de Suape foram alvo da destruição da milícia de Suape. “Os moradores do Quilombo e da região são obrigados a pagar pedágio ao Consórcio Rota do Atlântico, no valor de R$7,00, mesmo residindo no local, e precisando ir para médico, trabalhar, estudar…”. Com a convicção das pessoas esclarecidas e conscientes, Magno narrou os sucessivos abusos de pseudo-autoridades impostos aos moradores, apesar de os nativos já terem recebido a visita de representantes da Defensoria Pública da União e da Defensoria Pública Estadual.    
O complexo de Suape é uma empresa de capital misto administrada pelo Governo do Estado de Pernambuco e encontra-se localizado na área de estuário da foz dos rios Massangana e Ipojuca, no litoral sul do estado, a 40 quilômetros da capital, ocupando uma área de 13.500 hectares, onde populações caiçaras e descendentes de escravos, de indígenas e de agricultores viviam há décadas, em estreita conexão com a natureza e seu ecossistema circundante: mangues, rios, praia, restinga.
Publicado por: Anna Beatriz
Fonte: Arquidiocese de Olinda e Recife
Categorias
Comunidade Direitos humanos SUAPE Violações

OS CAMINHOS SINUOSOS DE SUAPE

O site Reporter Brasil publicou um artigo especial a respeito de Suape e de moradores de comunidades tradicionais de Pernambuco que denunciaram o Complexo Industrial gerido pelo governo por violações de direitos humanos, como ameaças e expulsões. 
O artigo é acessado de forma interativa onde você é capaz de navegar pelo mapa do complexo e clicar nos pontos destacados para saber mais sobre cada tema exposto.
Para acessar o artigo, clique no link: 
http://reporterbrasil.org.br/2017/11/suape/
Texto Thais Lazzeri, de Ipojuca (PE)
Imagens Fernando Martinho
Design Datadot
plugins premium WordPress