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Ataques Relatórios SUAPE

RELATÓRIO DE VIOLÊNCIAS EM SUAPE

Está previsto para o próximo mês de novembro o lançamento do Relatório de Violências em Suape, que está sendo preparado pelo Fórum Suape e organizações parceiras como a Conectas e Both ENDS, com o apoio da Fundação Getúlio Vargas e Business and HumanRightsWatch.
O Relatório de Violências em Remoção & Impacto Ambiental deverá trazer dados e informações sobre violações ambientais, expulsões de comunidades tradicionais, atuação da milícia (violência/vigilância ostensiva), impactos sociais (migração, violência de gênero, política de reassentamento, regularização fundiária, corrupção).
A publicação desse documento servirá para propor recomendações à diferentes atores, gerar mudanças concretas, sistematizar as demandas do Forum Suape, subsidiar solicitações, criar uma agenda de trabalho, além de apoiar ações de incidência política e subsidiar elementos para eventuais estratégias judiciais e extra-judiciais.
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SUAPE

O QUE SUAPE TEM A VER COM ISSO?

O Fórum Suape promoveu um debate sobre a civilização do Petróleo e a lógica do desenvolvimento pautado em mega empreendimentos como o Complexo de Suape. Todos os exemplos semelhantes capazes de em determinado momento gerar o boom do desenvolvimento, também trazem em si a paradoxal capacidade de gerar grandes bolsões de frustração e depressão, de acentuar a desigualdade e a miséria.
Em geral tais empreendimentos buscam vender uma imagem que o coloque no rol das iniciativas 
“modernas”, sustentáveis e mitigadoras dos impactos ambientais. Navegando pelo site do CIPS podemos observar muito bem esse esforço de amenizar a imagem de empresa causadora de enormes impactos ambientais. Ao mesmo tempo que a poluição das águas ou a ação da dragagem vem causando danos irreparáveis aos organismos da fauna marinha e estuarina, o CIPS procura demonstrar através da sua Diretoria de Meio Ambiente e Sustentabilidade que tem trabalhado no desenvolvimento de protocolos que, por exemplo, apresentem orientações gerais de procedimentos de compensação e mitigação dos impactos ambientais.
A página do CIPS na internet também vende a imagem de como a empresa promove a sustentabilidade das operações de gestão de resíduos sólidos, bem como preserva o meio ambiente e a qualidade de vida da população, contribuindo com soluções para os aspectos sociais, econômicos, sanitários e ambientais envolvidos na questão. No entanto, na comunidade de Cepovo encontramos um ponto de lançamento de efluente que recebe água de uma Estação de Tratamento de Esgoto da Compesa. A água de tom esverdeado está matando mariscos, siris, guaiamuns, caranguejos, peixes. Na unidade de tratamento de esgoto de Gaibu a vazão processada é de 12 a 14 litros por segundo. O tratamento do esgoto é realizado em dois reatores anaeróbicos de fluxo ascendente com cinco difusores cada, num período de sete a oito horas de retenção. Em seguida é enviado a uma lagoa primária e retido durante sete dias, depois é canalizado para uma lagoa secundária ou lagoa de maturação e daí é despejado diretamente no Riacho Tiriri.
O processo de tratamento chega a eliminar de setenta a noventa por cento de coliformes fecais. Periodicamente, no Riacho Tiriri são realizadas coletas à jusante e montante, sendo medidos parâmetros como DBO, condutividade, PH, oxigênio diluído, temperatura e sólidos em suspensão. Visitamos a Lagoa do Cavalo, jusante do ponto de lançamento da unidade de tratamento de esgoto, tudo o que é despejado nesse ponto vai direto para o Rio Massangana. O alto índice de poluição está destruindo todas as espécies marinhas que antes serviam como ganha pão da população pescadora da região. A fiscalização é feita a cada dois meses pela CPRH, agência estadual de meio ambiente, porém a falta de transparência e de informação leva a comunidade ao desconhecimento e ao receio das pessoas em relação ao tratamento do esgoto e a qualidade da água.
Na maioria dos discursos oficiais é decantada a importância econômica do Complexo de Suape. Sabemos que o CIPS é maior do que muitas cidades, no tamanho, e na participação do produto interno bruto do Estado de Pernambuco. Ocupa uma área de 13.500 hectares, com 28 comunidades (engenhos) e a presença de 7 mil famílias. “O Complexo Industrial Portuário de Suape desenvolve diversas ações no seu território, a fim de garantir que os três pilares da sustentabilidade (social, econômica e ambiental) coexistam e interajam, colaborando com o crescimento econômico de Pernambuco”, afirma a propaganda enganosa oficial. Mas é inegável que ao longo dos anos este empreendimento tem deixado um rastro de violência contra as pessoas que já moravam no território, que mantinham modos de vida integrados com o ambiente e com a natureza local.
Agricultores e agricultoras foram expulsos e perderam suas terras diante da violência praticada pelo CIPS. Efeitos da falta de transparência, falta de diálogo, da mentira e da violência foram e são constantes, deixando enorme passivo ambiental e frustrações. Verificou-se o aprofundamento das demandas sociais, a favelização, o desemprego, da violência e da crise nas cidades do entorno do Complexo. Qual o preço a ser pago por essa civilização do petróleo? É possível pensar e aprofundar a busca de outras matrizes e fontes energéticas que não poluam nem destruam a natureza? Qual a saída ou quais as saídas?
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Ambiental SUAPE

RIACHO ALGODOAIS: UM EXEMPLO DA GESTÃO AMBIENTAL DE SUAPE

No dia 9 de junho de 2008 foi firmado um TAC – Termo de Ajuste de Conduta entre quatro empresas localizadas no município do Cabo de Santo Agostinho, que se comprometeram junto ao Ministério Público de Pernambuco em preservar o Riacho Algodoais.
Em 24 de março de 2015, com toda a pompa, em comemoração ao Dia Mundial da Água, o governador Paulo Câmara lançou no Palácio do Campo das Princesas o Programa Águas de Suape para recuperar o Riacho Algodoais.
No mês de março de 2017 visitamos a nascente do Riacho Algodoais, localizada no
Engenho Setúbal e constatamos ao longo do seu trajeto o alto índice de poluição, com a presença de resíduos industriais, despejados por empresas como a Ball Corporation e a Coca Cola. É importante destacar que o Riacho faz parte do ecossistema estuarino, integrante do grupo de bacias pertencentes às Áreas de Proteção de Mananciais da Região Metropolitana do Recife.
Entre a nascente até a desembocadura no Rio Massangana percorre dez quilômetros de extensão, abastecendo dezenas de famílias das comunidades de Setúbal, Serraria que ficam próximas ao leito do Riacho. Essa microbacia, com uma área de drenagem de 2531 hectares recebe efluentes gerados pelas indústrias instaladas na Zona Industrial 3, denominada Pólo de Alimentos do Complexo Industrial e Portuário de Suape.
Hoje, o Riacho Algodoais é um exemplo de descaso governamental com a questão ambiental em Pernambuco, no entanto, no site do CIPS há um destaque para ele com o título Projeto Algodoais – Jardins filtrantes, uma tecnologia de filtragem de partículas e sedimentos por plantas e obras de engenharia natural, que segundo a propaganda enganosa de Suape deveria servir de exemplo para empresas instaladas no território, a fim de realizarem ações similares para garantir a qualidade da água para as futuras gerações. Em nossa edição de fevereiro deste ano, publicamos a denúncia de que a água do Riacho Algodoais que abastece as comunidades de Serraria e Massangana havia sido desviada para a Coca Cola. Será que Suape está mesmo preocupada em garantir água para as futuras gerações.
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Comunidade SUAPE

QUAL É DE FATO A REALIDADE DAS COMUNIDADES?

As situações de violência e violações de direitos não cessaram na região que abrange o Complexo de Suape. Somente neste ano já chegaram ao Fórum Suape uma dezena de Boletins de Ocorrência que relatam principalmente ações violentas de depredação de cercas e outras benfeitorias de posseiros em várias comunidades.
O Engenho Jurissaca é um exemplo emblemático, onde a situação está bastante crítica, como afirma Vera 
Lucia Domingos de Melo, presidente da Associação dos Pequenos Agricultores do Engenho Ilha. Várias famílias saíram de suas posses em função de um acordo extrajudicial realizado com a empresa. O CIPS prometeu que se as famílias saíssem, pagaria o valor da indenização em até 90 dias, mas isso já completou cinco anos e as famílias nunca receberam esses valores. Além disso, o CIPS vem utilizando a estratégia de tornar insuportável a vida dos posseiros no engenho, fazendo com que as pessoas abandonem o lugar por conta própria. A pessoa fica proibida de plantar, de ampliar ou construir sua casa, de construir cercas. Já foi comunicado aos posseiros que o CIPS está sem recursos para pagar a indenização e por isso está oferecendo apenas a unidade habitacional.
Antes essas famílias viviam da terra com fartura e hoje estão passando privação, com a segurança alimentar completamente violada. Ainda nesse contexto tivemos relatos de incêndios misteriosos, da ação de motoqueiros que percorrem os sítios provocando incêndios criminosos em vários lugares e o crescimento da violência que apavora moradores e especialmente as mulheres. O CIPS interfere no modo de vida dessas populações de forma ilícita, pois são posseiros que tem direitos de usar e usufruir como bem entenderem a posse da terra.
Para completar e desmascarar a propaganda enganosa da empresa, o espaço de diálogo entre o CIPS e as comunidades iniciado no ano passado, após o ato de protesto realizado pelas comunidades nas ruas centrais do Recife até o Palácio do Governo do Estado, foi interrompido. Embora esse espaço de diálogo não tenha atendido a reivindicação das comunidades, de ser uma mesa de negociação com o governo, maior acionista do CIPS, iniciando-se como um espaço de diálogo apenas com a vice-presidência do Complexo de Suape. Mesmo assim, ocorreram apenas duas reuniões, sendo que nem um dos encaminhamentos tirados na última reunião teve êxito. O ponto mais polêmico foi o compromisso assumido pelo então vice-presidente Evandro Avelar de dar uma resposta definitiva às famílias que haviam se retirado das áreas e ainda estavam sem receber a indenização. Ele solicitou que o Fórum Suape, junto com as comunidades, apresentasse uma relação das famílias que se encontram nessa situação, prometendo uma solução.
Logo em seguida, ocorreu uma mudança na diretoria de Suape em decorrência de uma mudança política no Estado, com a entrada do PMDB como principal aliado do PSB, e sua ascensão à gestão do Complexo de Suape, mantendo o coronel Pereira a frente da Diretoria de Gestão Fundiária e Patrimônio, com o aumento da violência e das expulsões. Desde então, com a mudança da presidência do CIPS tem sido constantes as tentativas do Fórum Suape de retomar o espaço de diálogo, mas a empresa não dá sinais de disposição. Apesar disso, propagandeia aos quatro cantos que mantém um constante diálogo com as comunidades, garantindo espaços de reuniões e de ações participativas, conforme divulga em sua página na internet. Desde novembro do ano passado, quando ocorreu a última reunião, o Fórum Suape reivindica a retomada desse espaço de negociação que pode ajudar a dirimir alguns conflitos nas comunidades. Uma das principais reivindicações apresentadas no documento entregue ao Governo do Estado foi um basta na violência, que naquele momento parecia ter cessado, mas do final do ano passado pra cá os atos de violência voltaram com força total.
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SUAPE

A PROPAGANDA ENGANOSA DO COMPLEXO DE SUAPE

Na recente reformulação realizada em sua página na internet, o CIPS – Complexo Industrial e Portuário de Suape lançou um link especialmente dedicado às Comunidades, onde procura demonstrar que estabelece um relacionamento harmonioso com a população, na busca de um desenvolvimento local sustentável. O CIPS ocupa uma área de 13,5 mil hectares situada nos municípios de Ipojuca e do Cabo de Santo Agostinho/PE. O Censo de 2009 apontou a existência de 6.800 famílias residindo em 28 engenhos, das quais, segundo o site do Complexo de Suape, “2.620 moravam em áreas predestinadas a preservação ambiental, empreendimentos industriais e de consolidação”. E o texto que aborda o tema DESENVOLVIMENTO SOCIAL segue apresentando a seguinte justificativa: “Diante deste cenário, a administração de Suape passou a indenizá-las e remanejá-las, quando necessário, para casas ou lotes de terra, conforme escolha dos moradores, prestando a devida assistência durante todo o processo de remanejamento.”
Logo em seguida o site apresenta doze as AÇÕES que o CIPS desenvolve previstas no Plano Diretor Suape 2030, lançado em 2011 pelo Governo do Estado (Decreto nº 37.160, de 23 de setembro de 2011), para proporcionar mudanças que resultem na mitigação dos impactos sociais. Essas ações vão desde o levantamento socioeconômico da família nativa/posseira, o acompanhamento da família desde o momento da negociação das benfeitorias de sua posse, o apoio logístico disponibilizado quando da desocupação da área de posse e no momento da mudança para o habitacional, ao desenvolvimento de atividades de segurança no território de Suape.
Outro link do site trata da gestão do trabalho técnico social que se destina a “dar respaldo para execução das obras de urbanização integrada e preparar a comunidade para receber e manter a infraestrutura instalada e/ou recuperada, de forma sustentável.” O texto destaca o papel dos escritórios sociais como “espaços que garantem o desenvolvimento de reuniões e de ações participativas.”
Quem conhece a realidade de Suape sabe muito bem que tudo isso não passa de uma grande propaganda enganosa, que inclusive tem rendido ao CIPS premiações internacionais como modelo a ser seguido de empresa sustentável.
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Informe SUAPE

REVISÃO DO BRASIL NA ONU: COMPLEXO DE SUAPE ESTÁ NA PAUTA!

O QUE É RPU?

A cada quatro anos e meio, aproximadamente, todos os Estados-membros da ONU precisam prestar contas aos outros países do que têm feito para garantir os direitos de seus cidadãos. Trata-se de uma sabatina sobre a situação de direitos humanos que acontece no Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, Suíça. Entenda porquê a RPU é o principal instrumento de avaliação de direitos humanos da ONU e como funciona o processo: 
CONTRIBUIÇÕES DA CONECTA
A Conectas foi uma das organizações da sociedade civil que enviou contribuições à ONU sobre os principais desafios de direitos humanos que o Brasil enfrenta. A organização participou, em conjunto com outras entidades, de oito dos 53 relatórios que a ONU recebeu sobre o país. Dentre esses relatórios encontra-se também o da IMPLANTAÇÃO DO COMPLEXO PORTUÁRIO DE SUAPE, que você pode conferir clicando na imagem abaixo:

(Relatório em Inglês)
Para saber mais informações, visite o site:
http://rpubrasil.conectas.org/
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Ambiental Comunidade SUAPE

SUAPE, MEIO AMBIENTE, POPULAÇÃO

Clóvis Cavalcanti Presidente da Sociedade Internacional de Economia Ecológica (ISEE)Publicação: 15/04/2017 03:00
No dia 5 de abril de 1975, o extinto semanário Jornal da Cidade, do Recife, estampou manchete de capa com os dizeres: “Cientistas lançam manifesto contra o Complexo de Suape”. Na verdade, quem o redigiu fui eu. Submeti-o depois à apreciação de um número de pessoas, das quais foram seus signatários, comigo, os professores Nelson Chaves, grande nome da nutrição, José Antonio Gonsalves de Mello, o maior historiador do período holandês no Brasil, João de Vasconcelos Sobrinho, um dos maiores ecólogos brasileiros, Renato Carneiro Campos, diretor do Departamento de Sociologia do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, todos falecidos, e Renato Duarte, professor de economia da UFPE e Roberto Martins, coordenador do Curso de Mestrado em Sociologia da UFPE. Naquele momento (antes da “abertura política”), a atmosfera era de risco para críticas ousadas. Precisava-se de coragem para contestações ao governo federal e aos estaduais, que se empenhavam em promover grandes empreendimentos. O Brasil tinha atravessado anos – que jamais se repetirão – de crescimento econômico miraculoso, com taxas da ordem de 10% a.a., e até maiores. Havia euforia em torno de grandes empreendimentos que alavancassem o PIB, sob a suposição de que se criaria emprego e acabaria com a miséria. Essa era a imagem que os autores do Projeto de Suape passavam. Só que tudo era feito – e continua sendo, na verdade – sem consulta à população e ignorando-se os custos sociais e ambientais das iniciativas. Eu me incomodava com essa omissão. Ao escrever o manifesto, eu propus que, com uma metodologia de ausculta à sociedade, se fizesse a avaliação de impactos ecológicos. Este último era assunto de que ninguém tratava então. Inexistia movimento ambientalista e era rala a consciência ecológica no país.
Foram fortes as reações ao manifesto. O governo de Pernambuco o rebateu com fúria afirmando que os autores do protesto “apenas encontraram bases emocionais e pressa na crítica, com total desconhecimento do assunto”. Assegurava: Suape “trará emprego, melhorará as condições de vida das populações do estado e dará condições de aumentar a produtividade dos campos de Pernambuco e da região”, absorvendo “o excedente de população do meio rural” – coisas que, quatro décadas depois, são negadas pelos fatos. Conversa fiada. Quanto à crítica ecológica, a nota assegurava que não haveria perigo de poluição com o projeto. A razão: havia nele a previsão de uma central de tratamento de resíduos, que os autores do documento não enxergavam. Mais mentira. Dizia o governo haver também previsão de uma barreira de proteção ecológica, com reflorestamento, algo que só começou a ser realizado em 2011, quando Eduardo Campos nomeou Sérgio Xavier secretário de Meio Ambiente de Pernambuco – 39 anos depois. No tocante à falta de discussão da iniciativa, de consulta à sociedade, rebatia a nota: “As consultas se fizeram, pois a Assembleia Legislativa aprovou o projeto … e os órgãos de classe e Clubes de Serviço debateram e deram seu apoio”. Sublinhava que “o Conselho Estadual de Cultura, sob a presidência do Mestre Gilberto Freyre, louvou o projeto por sua preocupação em preservar os sítios históricos e cuidar da defesa do meio ambiente”. Que essa preocupação não era prevista deduz-se do que escreveu em 2007 o secretário de Planejamento de Pernambuco de 1975, Luiz Otávio Cavalcanti: “O movimento que se opunha à construção de Suape colaborou, com suas opiniões, para que o governo adotasse medidas oportunas, voltadas ao controle ambiental”.
Passados 42 anos, o que se pode testemunhar em Suape é uma irreparável destruição ambiental, afetando o ecossistema marinho da região e acabando com a pesca, que era abundante ali. Ao mesmo tempo, o histórico de indignidades e violência cometidas contra comunidades que moravam na área ocupada e que resistiam à expulsão forçada de lá, de que o Fórum Suape, de entidades ligadas à população dali, revela, causa revolta. Por outro lado, com a destruição dos manguezais, berçário natural de peixes, as populações de pescado de Suape sofreram drásticos cortes. Isso abalou a comunidade local, que girava em torno da pesca, causando sofrimento e empobrecimento aos habitantes do lugar. Cristiano Ramalho, antropólogo e professor da UFPE, registra-o em sua tese de doutorado, de 2007, para a Universidade de Campinas (Unicamp). O drama de Suape também se estende à extinção de fontes de alimento para a Região Metropolitana do Recife, como no caso de frutas de excelente qualidade ali encontradas: caju, mangaba, manga, jaca, cajá, jambo, pitomba, abacate, etc. Para mim, uma desgraça. Desgraça mais ampla ainda, na verdade, e que está bem documentada em trabalho de conclusão do curso de ciências sociais da UFRPE, de 2009, de Marcos Miliano, bolsista da Fundação Joaquim Nabuco, relativo ao processo de expulsão dos moradores da Ilha de Tatuoca, para a construção de um estaleiro. O Manifesto de 1975 não desenhou uma falsa realidade. Profetizou. Está vivo. 
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SUAPE

42 ANOS DO MANIFESTO CONTRA O COMPLEXO DE SUAPE

No dia 5 de abril de 1975, um sábado, o semanário Jornal da Cidade (ano II, no 24, 6-12.4.75), do Recife, hoje extinto, trouxe enorme manchete de capa, com os dizeres: “CIENTISTAS LANÇAM MANIFESTO CONTRA O COMPLEXO DE SUAPE”. O Manifesto, redigido por Clóvis Cavalcanti, é este que vai a seguir
A propósito de Suape
Tem-se firmado como tradição do estilo recente de promover o desenvolvimento econômico – que se entende como aumento da renda per capita –, o lançamento pelo governo de grandes projetos de sua iniciativa, que as autoridades presumem consultar o interesse público e julgam satisfazer as aspirações da população, sem que uma consulta à última seja efetivamente realizada. Esta é uma regra quase universalmente seguida, cuja validade não tem sido – a não ser em casos excepcionais – posta em dúvida. Isto não impede, todavia, que pessoas interessadas e grupos de indivíduos manifestem sua opinião a respeito de tais projetos e empreendimentos, reagindo contra a pretensão de transformar em verdade indiscutível a tradição autocrática de não fazer a confecção de grandes projetos ser precedida de consulta às aspirações da coletividade. Estas considerações vêm a propósito do intento do governo de Pernambuco de implantar a todo custo, em sítio privilegiado do estado, um complexo industrial portuário, o Projeto de Suape, cuja elaboração tem avançado no sentido da realização da obra sem que atenção devida seja dada às vozes que manifestam oposição à iniciativa.
Pois bem, parece oportuno tornar público agora que a idéia de realização do complexo industrial portuário de Suape não é aceita pacificamente por todos os cidadãos que, além de pagar impostos, se sentem responsáveis pela elucidação de aspectos de interesse vital para a vida da população pernambucana. E não se trata, por outro lado, de mera reação suscitada por interesses feridos, a desses cidadãos preocupados com o bem-estar comum. O que há de relevante a examinar no que toca a Suape são variáveis que envolvem, inclusive, uma apreciação baseada em critérios puramente econômicos, dentro do figurino do mais rigoroso raciocínio analítico, da significação em termos sociais do projeto.
Em primeiro lugar, seja dado o destaque, ao decidir levar a cabo a idéia do complexo, o governo tomou decisões quanto à alocação de recursos em Pernambuco que implicam em se recusarem muitos projetos menores, iniciativas em setores e regiões diversas do estado, cuja necessidade de suporte econômico-financeiro conflita irrecusavelmente com os requisitos de Suape. Com efeito, a crer nas próprias informações do governo pernambucano, o total de investimentos previstos para o complexo envolvendo recursos públicos e privados, é da ordem de três bilhões de dólares¹, ou seja, cerca de 23 bilhões de cruzeiros², cifra que é mais da metade dos fundos que se investirão, no período 1975-79, no colossal Programa de Industrialização do Nordeste e quase oito vezes mais que os recursos consignados ao Polonordeste nos anos 1975-77, ambos de iniciativa federal e considerados projetos-impacto. É ocasião então de perguntar: que razão de benefício-custo ou que taxa interna de retorno norteou a decisão do governo de Pernambuco, ou para ser menos sofisticado, que grandeza da relação capital-produto serviu de marco de referência para Suape? Se algum parâmetro dessa natureza foi usado – e não se concebe procedimento de outra forma, pois se este fosse o caso, perderia seriedade qualquer escolha envolvendo massa tão formidável de recursos sabidamente escassos –, que alternativas serviram para a decisão tomada? Isto é, dado que Suape implica numa certa configuração do destino concebido para alocação de recursos, é de se esperar que o governo haja contemplado caminhos alternativos, configurações alternativas para o uso dos recursos envolvidos, de tal modo que, pesando benefícios e custos das diversas rotas por que poderia optar, resolveu, avaliando através de coeficientes técnicos relevantes, seguir o caminho de Suape. Indaga-se: o governo fez isto? Certamente que não, parece ser a resposta, tal a maneira quase histérica com que se fala do projeto, anunciando-se tão só suas vantagens, sem nenhuma alusão àquilo que os economistas em seu esoterismo vocabular classificam de “custos de oportunidade”.
Esquecendo o aspecto acima, seria admissível transformar Suape em complexo industrial portuário, se não fosse possível conceber para o local utilizações alternativas e se não houvesse a opção para o que ali se encontra. Assim, de um prisma estritamente econômico, a decisão do projeto continua controvertida, na medida em que Suape permite imaginar outros usos para sua feliz dotação de beleza natural e de outros recursos para o lazer, além de ser sítio histórico do maior interesse. A idéia do turismo, por exemplo, vem de imediato à mente quando se pensa em aproveitar recanto de tão comovente harmonia estética. Uma rigorosa avaliação não poderia indicar relação benefício-custo mais alta no caso do turismo do que no do complexo imaginado? Esta é uma indagação de cuja objetividade não se pode escapar e que deveria, para ser aceita a decisão do projeto em andamento, ter sido pesada e confrontada com a obsessão em que se transformou a implantação do parque industrial e pólo portuário de Suape. Afinal de contas, vai se permitir que o governo sacrifique um número incalculável de projetos de menores dimensões, mas de alcance social talvez maior, investindo formidável e maciçamente numa obra que pode até – se faltarem fundos em instantes críticos – terminar como um dos mais conspícuos elefantes brancos da megalomania algo irresponsável de tantos exemplos da atividade governamental no Brasil? Suape como projeto é muito mais do que simples distrito industrial, do que um açude ou um empreendimento da agro-indústria. Vale a pena meditar cuidadosamente, pois, nos retornos totais e nos custos completos – diretos e indiretos, sociais e privados – da iniciativa. Vale a pena também refletir no fato de que os possíveis empreendimentos que se dizem atraídos por Suape são fruto de entendimentos verbais com grandes grupos multinacionais, e que esses entendimentos não necessariamente resultarão em inversões. Deformando-se a paisagem com obras de infra-estrutura que transformarão Suape em feio canteiro de obras e que eventualmente poderão não ter utilidade, se os investimentos não forem cristalizados, ter-se-á cometido o crime irreparável de deformar a paisagem e profanar um sítio histórico – tudo isso em vão.
Toda a viabilidade do empreendimento, aliás, arrima-se em análises pouco cuidadosas, conforme transparece de detido exame do material preparado pelo consórcio responsável pelos estudos de base do projeto, sob a liderança da TRANSCON. De fato, o grupo técnico que definiu em documento para a DIPER a viabilidade de Suape buscou amparar-se em instrumentos metodológicos de rigor bastante discutível, usando para projeções que atingem até o ano 2005 hipóteses cuja solidez é frágil e cuja confiabilidade não merece respeito. Dessa forma, pairam dúvidas enormes, de natureza técnico-econômica, acerca da comprovação de que o Projeto de Saúde é viável. Basta mencionar a esse propósito, que as projeções de demanda que lastreiam a recomendação de quais indústrias localizar no complexo padecem de erros analíticos e que as previsões relativas ao comércio internacional não são visceralmente ligadas a estudos sérios que caracterizem perspectivas realísticas para o intercâmbio de bens e serviços em escala mundial nos próximos 25 anos. Na verdade, especular sobre tendências deste jaez não tem sido tarefa que, mesmo aos mais argutos observadores da conjuntura internacional – gente do porte de Kindleberger, Triffin ou Haberler –, tenha proporcionado gratificação intelectual, haja vista as inesperadas mudanças decorrentes da crise de abastecimento de petróleo desde outubro de 1973. Neste ínterim, incidentalmente, mudaram inclusive parâmetros essenciais da própria concepção original do Projeto de Suape, de que é exemplo a reabertura do canal de Suez, um elemento com que não contavam arautos das primeiras manifestações a favor do complexo.
Para aparelhar Pernambuco de porto satisfatório existe a alternativa, considerada inclusive nas recomendações do tantas vezes lembrado Padre Lebret e que com o passar do tempo vai se tornando cada vez menos viável, de ampliação e modernização do ancoradouro do Recife, uma opção que interferiria, é certo, com o tumultuado processo de desenvolvimento urbano da capital pernambucana, alterando algumas das referências atualmente utilizadas. Esta interferência, entretanto, teria um custo social provavelmente inferior ao de semelhante emprego de capital no caso de Suape.
Diz-se, por outro lado, que o complexo é defensável por oferecer uma senda segura para o insatisfatório grau de desenvolvimento de Pernambuco. Mas por que só entra Suape na concepção de um programa de expansão econômica efetiva para o estado? Se convenientemente aproveitadas as vantagens turísticas pernambucanas – a cidade de Olinda, o Recife mesmo, Nova Jerusalém e as praias da costa estadual vêm de pronto à memória –, poder-se-iam, quiçá com bem menor volume de recursos, lograr êxitos na trilha do desenvolvimento mais notáveis do que com um projeto de Suape de sucesso imprevisível.
Uma palavra por outro lado para o admirável cenário, verdadeiro patrimônio artístico, que a natureza ergueu em Suape. Pode se apodar de romântica a posição, mas o fato é que, se não houvesse outra escolha econômica para o local em questão a não ser o porto e se os recursos que este envolve estivessem efetivamente sendo otimizados nesta utilização comparativamente com qualquer outra, ainda caberia discutir a sabedoria de se alterar irreversivelmente a paisagem de que Suape foi dotada. Permitir que no sítio escolhido se construa um porto e um complexo de fábricas implica em perda definitiva de uma riqueza que faz parte do acervo de Pernambuco. Isto, em qualquer raciocínio analítico, representa um custo. Lamentavelmente, sua exata magnitude não pode ser aquilatada, de modo a que uma decisão calcada em método ortodoxo de quantificação possa ser tomada. Não obstante, é lícito especular sobre se os benefícios esperados no longo prazo superarão com tranqüila margem aquilo que se estima serem os custos decorrentes do sacrifício que se imporá à paisagem – para não trazer à baila problemas igualmente relevantes relacionados com a poluição do meio ambiente que grandes projetos industriais inevitavelmente acarretam. Podem os autores do estudo de viabilidade de Suape alegar que foi considerada a questão do turismo, que o projeto reservou uma área para tal etc. Mas, conhecendo-se a experiência dos sítios industriais no mundo inteiro e lembrando-se como se apresentam suas áreas vizinhas, cinzentas e deformadas, pode-se esperar que Suape seja capaz, de fato, de oferecer ambiente para o lazer – como acontece admiravelmente agora e como ocorreria na hipótese da solução turística? Não é só Suape que pagará, em termos de mutilação do meio ambiente e de deterioração da qualidade da vida, por conta do complexo que se deseja irrefletidamente, no sentido aqui comentado, instalar ali. Todo um conjunto de recantos preferidos por uma população que se descobre asfixiada no ambiente despojado de locais de finalidade recreativa do Recife serão também sacrificados, numa proporção cujos contornos certamente se ignoram no momento. A esse propósito, parece oportuno sugerir que o governo pernambucano siga o bem sucedido e pouco divulgado exemplo do governo do Rio Grande do Sul, o qual concebeu e implantou o Parque Estadual da Praia de Torres à base de um projeto de Burle Marx que, harmonizando inteiramente o cenário local com as inevitáveis necessidades de infra-estrutura, criou ambiente de grande atração turística e lazer.
Não se ponha de lado, por último, a significação histórica de Suape, tão pouco enfatizada nos raros debates que sobre o projeto têm ocorrido à luz da opinião pública. Ainda hoje são freqüentes os achados arqueológicos de indiscutível importância que têm sido feitos no local, peculiaridade que por si só deveria levar ao tombamento da área como parte do patrimônio que a história da epopéia pernambucana nos legou.
Tudo isso exige que se tome uma posição. Que se denuncie a fragilidade de um planejamento exclusivamente voltado para a promoção tacanha da produção de mercadorias e da renda per capita, não importando que custos a sociedade está pagando por esse esforço orientado pela busca apenas de maior bem-estar material. Que se considerem a experiência e sobretudo os equívocos cometidos pelos países já industrializados e que hoje lamentam a tomada de certas decisões pouco sábias, inclusive e principalmente no que se refere à detestada e combatida poluição do meio ambiente. Agora mesmo, quando o Brasil protesta de forma uníssona e veemente diante da tentativa – felizmente frustrada – do governo finlandês de jogar uma carga de arsênico em forma de lixo no Atlântico Sul, convém que se enfatize o perigo que é para nosso mar a instalação de fábricas gigantescas de fertilizantes e de alumínio junto à costa pernambucana, a lançar continuamente seus excrementos industriais em águas que ora são admiradas por uma festejada e cada vez mais rara pureza. Ainda é tempo de se reformar o esquema de Suape. Assim, nada mais justo que o governo se disponha a abrir o debate técnico em torno do complexo, de modo a que a responsabilidade daqueles que antevêem os ônus que recairão sobre a sociedade em decorrência da efetivação da obra possa ser resguardada. E que se evite o ufanismo oficial pouco sadio que chega a proclamar Suape como empreendimento irreversível, numa tentativa de fazer com que a população o aceite sem oposições, como fatalidade do crescimento econômico – que não é.
1 | Segundo Governo Eraldo Gueiros Leite, Assim Servi a Pernambuco, Recife, março de 1975, p. 19.
2 | Não se sabe a que período os gastos se referem, nem tampouco qual a base dos preços utilizada, mas acredita-se que esta seja de preços de inícios de 1975.
Clóvis Cavalcanti, diretor do Departamento de Economia do Inst. Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais
Renato S. Duarte, Professor do Mestrado em Economia e da Faculdade de Ciências Econômicas da UFPE
Roberto M. Martins, Coordenador do Curso de Mestrado em Sociologia da UFPE
Nelson Chaves, Professor Titular da Faculdade de Medicina da UFPE
José Antônio Gonsalves de Mello, Professor Titular de História da UFPE
Renato Carneiro Campos, Diretor do Departamento de Sociologia do Inst. Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais
João de Vasconcelos Sobrinho – Chefe da Estação Ecológica de Tapacurá e Titular da Disciplina de Ecologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco
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COMPLEXO INDUSTRIAL E PORTUÁRIO DE SUAPE MATA

Faleceu na manhã de ontem, dia 5 de fevereiro, Severino Cassiano da Silva, conhecido como Biu, artesão, pescador e último morador nativo expulso da Ilha de Tatuoca. O sepultamento foi realizado na manhã desta segunda-feira, no cemitério de Nazaré. No dia 4 de abril de 2016, Biu olhou pela última vez da janela de sua casa para as águas do rio Massangana. Na manhã daquele dia, o último morador da Ilha de Tatuoca foi forçado a assistir a demolição de sua casa, seu bar e de tudo o que era seu. Seu destino seria traçado pela mão criminosa e gananciosa do Complexo Industrial e Portuário de Suape, com a cobertura do Estado. Dezenas de homens armados, metralhadoras às claras, carros, tratores foram usados em mais esse ato de total desrespeito aos direitos daquele morador indefeso, no final deixaram apenas os escombros. Durante vários meses, seu Biu permaneceu em uma cama de hospital entre a vida e a morte. Nunca se recuperou de tamanha violência.
O falecimento de seu Biu foi antecedido pela morte do Sr. Luís Abílio da Silva, em dezembro do ano passado. Na época, com 83 anos, seu Abílio e sua esposa dona Maria Luiza da Silva, cinco anos mais velha, tiveram a casa derrubada no sítio do Engenho de Tiriri, no dia 22 de maio de 2013. Ao prestar um depoimento ao Forum Suape na época, cercado dos filhos e dos 18 netos, seu Abílio relembrou como tudo aconteceu. “Estava em casa com minha esposa, nora, filhos e netos quando a guarda chegou com o oficial de Justiça para nos retirar de lá. Eu estava sentado, fui retirado pelo braço. Minha nora com meu neto de 15 dias, também, foram obrigados a sair. A casa foi derrubada”. Seu Abilio acabou morrendo de tanto desgosto.
Estes são apenas dois casos, dos muitos que chegam quase que diariamente ao Fórum Suape contados por aquelas famílias que vivem o pesadelo que entrou em suas vidas sem pedir permissão. Dois casos exemplares que mostram a que ponto esta empresa estatal promove a destruição de vidas e sonhos.
Mais uma vez, denunciamos e questionamos o modelo de desenvolvimento que está por trás do Complexo Industrial e Portuário de Suape – CIPS, em Pernambuco, que comprova a cada dia o quanto ele funciona como uma usina geradora de violência e violações dos direitos humanos contra a população nativa e tradicional que habita aquela região. Esta é a realidade de Suape que não estamos acostumados a ver na imprensa ou nas propagandas oficiais de governos e eleitorais de candidatos.
Ao contrário, o que vemos é uma propaganda aos quatro cantos do mundo da empresa sustentável, que recebe inclusive prêmios internacionais. Porém, o CIPS mantém em sua estrutura interna uma Diretoria de Gestão Fundiária e Patrimônio cuja missão é desorganizar e destruir o mínimo de organização existente dos moradores, vulnerabilizando assim as reivindicações coletivas e a resistência as expulsões ocorridas em massa. Além disso, age com truculência, violência, assediando os moradores daquele território, tornando suas vidas insuportáveis.
Denúncias não faltam ao “modus operandi” do que se convencionou denominar de “milicias de Suape”. Quer através de boletins de ocorrência (mais de 90 desde 2010) subestimados pelo medo; quer pelos inúmeros depoimentos por aqueles e aquelas que sofrem no dia a dia com a presença da mão forte do CIPS e de seus algozes.
Ao contrário de ser uma empresa sustentável, como mostra a propaganda, o que se constata é que o CIPS não está nem aí com a vida. Gerador de tanto sofrimento deixa um rastro de doenças físicas e psicológicas, para além da destruição ambiental e de sonhos de milhares de trabalhadores que foram para Suape iludidos com promessas desenvolvimentistas e de melhoria financeira e material.
Para nós, do Fórum Suape é doloroso saber que uma pessoa como seu Biu, antes cheio de energia e esperança, tenha falecido dessa forma, longe da sua terra, privado da pesca, do rio e do mar. Mais uma vez, questionamos o CIPS, que sustentabilidade é essa que destrói e promove o desequilíbrio socioambiental? Que sustentabilidade é essa que, ao invés de preservar e proteger, mata?
Registramos aqui nossos sentimentos de pesar à toda família e amigos/as de seu Biu, que o seu espírito descanse em paz e ele possa, de alguma maneira, reencontrar a sua Tatuoca. Seu Biu, presente!
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SUAPE

BRUTO É O NOVO VICE PRESIDENTE DE SUAPE

Marcelo Bruto foi escolhido para a vice-presidência do Porto de Suape por critérios técnicos

Marcelo Bruto é o novo vice-presidente de Suape                                         Foto: Divulgação
O escolhido pelo secretário de Desenvolvimento Econômico e vice-governador, Raul Henry, tem 35 anos. Possui graduação em Administração pela Universidade de Pernambuco (2006), graduação em direito pela Universidade Federal de Pernambuco (2005), mestrado em Administração Pública e Governo pela Fundação Getúlio Vargas – SP (2008) e doutorado em Administração Pública e Governo pela Fundação Getúlio Vargas – SP (2011).
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