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VICE PRESIDÊNCIA DE SUAPE COMO MOEDA DE TROCA

Noticia publicada nesta quinta-feira (22/12/2016) no jornal Folha de Pernambuco na seção Folha Política da jornalista Renata Bezerra de Melo anuncia vida curta em Suape para seu vice presidente que tomou posse há 5 meses.
Vamos aguardar os próximos capítulos.
Eis a noticia:
Evandro em Serviços Públicos
'Vamos esperar a decisão que o prefeito vai tomar', afirmou Evandro Avelar, sem falar em favoritismo / Foto: Isabela Valle/Acervo JC Imagem
Evandro Avelar, que foi nomeado em junho para a vice presidência de Suape, deixa o cargo para assumir a secretaria de Serviços Públicos em Olinda. Vai trabalhar com o prefeito eleito professor Lupércio. O martelo foi batido ontem, em entendimento com o Palácio das Princesas.
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CAI PRESIDENTE DO COMPLEXO INDUSTRIAL PORTUÁRIO DE SUAPE

Secretário Thiago Norões deixa governo Paulo Câmara
Foto: Wanderson Santana/ Divulgação
Publicado por Amanda Miranda (25/11/2016)  –  Blog do Jamildo
O Governo de Pernambuco anunciou nesta sexta-feira (25) a saída do secretário de Desenvolvimento Econômico, Thiago Norões. O afastamento dele, após dez anos na gestão socialista, foi por razões pessoais.
O substituto ainda não foi escolhido. Norões vai voltar às atividades jurídicas. Antes de assumir a pasta, no governo Paulo Câmara (PSB), foi procurador-geral do Estado em todo o segundo mandato de Eduardo Campos (PSB).No primeiro foi procurador-adjunto. 
“Encerro este ano um ciclo de dez anos de participação no Governo do Estado, período que me trouxe desafios, muitas alegrias e o sentimento do dever cumprido. A partir de janeiro de 2017, volto a me dedicar , onde não deixarei de trabalhar em busca do desenvolvimento de nosso Estado, com o mesmo empenho e dedicação que busquei dar como secretário de Estado”, disse em nota enviada pela assessoria de imprensa do governo. “Thiago sai por razões pessoais, mas vai continuar nos ajudando”, disse Paulo Câmara na nota. A transição na Secretaria de Desenvolvimento Econômico será nas próximas semanas.
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PAULO CÂMARA QUER VENDER COM DESCONTO DE ATÉ 70% TERRENOS PARA QUEM INVESTIR E GERAR EMPREGO EM SUAPE

Giovanni Sandes – Jornal do Comércio – 7 de novembro de 2016
Complexo Industrial Portuário de Suape. Foto: Divulgação
O governador Paulo Câmara (PSB) enviou à Assembleia Legislativa um projeto de lei para dar descontos de até 70% a empresas que investirem e gerarem empregos em Suape. O projeto já prevê, de saída, um desconto mínimo de 20% no valor de venda dos terrenos para qualquer nível de investimento novo ou geração de empregos no complexo industrial e portuário. Mas as regras criam um sistema de pontuação que pode chegar a 70% de abate no preço dos imóveis. Pelo projeto, a duração do programa de redução do valor de venda desses projetos será de dois anos.
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Custo para bombear água da transposição vai superar R$ 300 milhões por ano, diz ministro das Cidades
No projeto de Lei o governador dá a seguinte justificativa:
“A autorização terá validade por 2 (dois) anos e tem por objetivo estimular a implantação e a expansão de empreendimentos no âmbito do Complexo Industrial Portuário de Suape, traduzindo-se em medida de elevada importância na integração e consolidação da cadeia produtiva e da economia pernambucana. Nessa perspectiva, o governo do Estado demonstra o seu compromisso com a implementação de medidas voltadas a atrair investimentos e gerar empregos no Estado de Pernambuco, em observância à competência institucional de Suape, estabelecida no art. 4º da Lei nº 7.763, de 7 de novembro de 1978, minimizando os impactos negativos gerados pela crise econômica no país.”
ENTENDA O PROGRAMA
De acordo com o projeto de lei, existem três critérios para as empresas conseguirem pontos para o chamado “redutor nas operações de venda de imóveis”: geração de empregos, movimentação portuária e investimento.
Imagine um “Bom Clube”, cartão de fidelidade do Bompreço. Cada critério desses vale pontos que, somados, no final vão dar direito a um desconto de terrenos.
Por exemplo, se uma indústria quer um terreno para gerar até 50 empregos em Suape, ela receberia dois pontos. Já uma com 500 empregos ou mais teria 32 pontos. Essa pontuação seria somada aos demais critérios. Empresas sem movimentação portuária acrescentariam só 2 pontos à sua tabela, já uma com movimentação do porto, outros 20 pontos. Por fim, cada faixa de investimento corresponde a uma pontuação.
No final, é preciso converter os pontos em desconto na compra de terrenos em Suape: de 0 a 20 pontos, e desconto é de 20%, de 21 a 40 pontos o percentual é de 30% e assim por diante. O máximo é de 70%, para indústrias que tenham mais de 80 pontos.
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CARTA DAS COMUNIDADES DE SUAPE AO GOVERNADOR

Cabo de Santo Agostinho, 26 de outubro de 2016.
Ao Excelentíssimo Governador de Pernambuco Senhor Paulo Câmara 
Assunto: CARTA DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS DO CABO E DE IPOJUCA ATINGIDAS EM SEU TERRITÓRIO PELO COMPLEXO INDUSTRIAL PORTUÁRIO DE SUAPE
Excelentíssimo Sr.º Governador,
Nós, movimentos sociais, associações de moradores, agricultores e pescadores, entidades de classe, organizações e entidades da sociedade civil, viemos expor a realidade cotidiana de violações de direitos humanos a que estão submetidas as comunidades tradicionais dos municípios do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca afetadas pelo CIPS.
Governador Paulo Câmara, as famílias residentes na área vivem nas terras há gerações; construíram laços comunitários, costumes, cultura local; vivem da terra, do mar, do rio e do mangue, numa relação de simbiose, na qual a preservação do meio ambiente é também condição de sobrevivência física, social e cultural da própria comunidade; alimentam a si, o entorno e a cidade com os produtos da terra e da pesca.
Essas mesmas famílias, estabelecidas, enraizadas, vêm sofrendo, contudo, sistemáticas violências por parte de um mega empreendimento administrado pelo Estado de Pernambuco, que não apenas as nomeia cinicamente de “invasoras”, como também se utiliza de seus funcionários “de segurança” – que agem como verdadeiros capangas – que, armados, ameaçam, intimidam, destroem casas, lavouras e plantações sem qualquer ordem judicial.
Boa parte dessas famílias, que antes viviam da fartura e alimentavam tantas pessoas, hoje, pela atuação dessas milícias, estão impedidas de plantar e pescar; estão experimentando a miséria e a fome, além do rastro de violência e dor ao verem seus entes queridos entrarem em depressão e adquirirem outros tipos de doenças psicológicas. Tristes relatos de suicídio também vêm se tornando cada vez mais comuns em se tratando de pessoas que foram arrancadas de forma violenta de suas terras, com aquiescência do Governo do Estado e da “Justiça”.
Várias dessas comunidades foram e continuam sendo afetadas por inúmeros e descomunais impactos ambientais decorrentes da implantação do porto e da infraestrutura para o complexo industrial. A área, que consistia em uma extensa e rica área de manguezal, sofreu uma drástica transformação com a supressão de mais de 3 mil hectares de mangue, além de obras de aterros, dragagens e represamentos, que alteraram radicalmente a hidrodinâmica da região.
Agravam essa situação os constantes despejos de efluentes industriais nos cursos d’água e as dragagens no solo marinho, que geram a mortandade das diversas espécies aquáticas e os consequentes impactos sobre a pesca artesanal na região.
Essa é a situação de quase 3.000 famílias de agricultores e pescadores, que vêm sofrendo violências sistemáticas por parte do Complexo Industrial Portuário de Suape. Note-se que a prática dessas injustiças sociais e ambientais e a expropriação do território recai, não por acaso, sobre etnias e populações mais vulneráveis, evidenciando um racismo ambiental por parte do Estado.
É por esses e outros motivos que nossas quase 50 comunidades atingidas pelo CIPS, populações tradicionais de pescadores e agricultores familiares, decidiram bater à porta do Governador para entregar-lhe a conta desse desenvolvimento irresponsável e insustentável, que não rima com vida.
Nós estamos aqui para protestar contra esse estado sitiado de violência e para propor a criação de uma instância oficial e paritária de diálogo e negociação entre o governo e as comunidades. Para atingirmos esses objetivos, apresentamos a seguir nossa pauta de reivindicações:
1.   Garantia de moradia digna às famílias já despejadas, com a viabilização da continuidade de seus modos de vida tradicionais por meio da realocação em áreas com condições geográficas similares às de origem.
2.  Garantia da permanência e consolidação das comunidades tradicionais nos seus territórios com a sua Regularização Fundiária e com a concessão de subsídios para a sustentabilidade das mesmas.
3.  Cumprimento dos compromissos firmados com os movimentos de moradia pelos governos anteriores.
4.  A preservação das áreas remanescentes de mangues, restingas, fundos rochosos e mata atlântica dentro do território apropriado pelo CIPS.
5.  A recuperação/revitalização de áreas degradadas pela ação do CIPS, com prioridade para as áreas reconhecidamente utilizadas pelas populações tradicionais de forma a garantir suas atividades culturais e de sustento.
6.  A delimitação da área de fundeio e implantação de uma unidade de conservação marinha contendo uma área para a pesca artesanal e mariscagem.
7.  O cumprimento das medidas mitigadoras e compensatórias fixadas em sentença condenatória na Ação Civil Pública n.º 0005552-13.2011.4.05.8300,  tendentes a diminuir os efeitos dos impactos das dragagens marinhas sobre a atividade da pesca artesanal na região.
8.  O desenho participativo e a implementação consensuada (com as partes interessadas) de um sistema de recifes artificiais para a viabilização da atividade pesqueira, à luz dos parâmetros normativos substantivos e procedimentais que regem consultas com povos tradicionais e comunidades afetadas, como a Convenção 169 da OIT.
9.  A abertura do canal do rio Ipojuca e acesso ao estuário do Merepe, com recuperação ambiental dessa região.
10.   O monitoramento permanente dos indicadores ambientais (qualidade de água, biota aquática, produtividade pesqueira, qualidade dos sedimentos etc.) e que o mesmo possua caráter participativo.
11.  Fim imediato da atuação  violenta do CIPS contra os posseiros, mediante ameaças, destruição de casas e lavouras, roubo de materiais etc., coibindo-se de uma vez por todas os abusos e as arbitrariedades.
12. Fim do bloqueio ao acesso dos pescadores e das pescadoras a áreas específicas de mangue, assim como o confisco injustificado de seus apetrechos de pesca. Chega de tolher a atividade pesqueira da região!
13.   Criação de Programas de formação e capacitação profissional que viabilizem a inclusão dos cidadãos afetados pela ação nociva do CIPS no mercado de trabalho, de maneira qualificada e digna, dado que muitos perderam seu trabalho dado à devastação do território e desapropriações. Os critérios e ementa desses programas devem ser definidos em conjunto com os atores sociais interessados e organizações parceiras.
14.  Criação de Programas de Saúde específicos para pescadores/as  artesanais e marisqueiras, dado que esses grupos de trabalhadores estão constantemente expostos aos efeitos da contaminação hídrica resultante de dragagens realizadas de forma irresponsável e de despejos de efluentes industriais das empresas lotadas no CIPS.
15.  Criação de um Programa Especial de Atenção à Saúde Mental dos afetados pelos despejos promovidos pelo CIPS, dado que os efeitos nocivos dessas ações resultaram em quadros de depressão crônicos e de suicídios entre as pessoas atingidas. Essa demanda à Secretaria Estadual de Saúde se faz urgente, pois os traumas provocados pelas perdas de modos de vida se comparam a traumas de guerra, e o CRAS e os CAPS existentes não conseguem absorver a demanda de atendimento.
16.  A  revisão de todas as indenizações já pagas pelo CIPS decorrentes dos “acordos” que a empresa pressionou os posseiros a assinar, com valores aquém dos valores de mercado, sem parâmetro justificável como base de avaliação dos mesmos.
Por fim, senhor Governador, queremos que saiba que, apesar de todas as violações de direitos humanos e de toda violência, nós resistimos. Nossas comunidades estão unidas e dispostas a lutar incessantemente, pois temos direito à NOSSA terra. Portanto, senhor Governador, viemos aqui para exigir um basta à violência no território afetado pelo CIPS e a proteção de nossas áreas verdes, bem como para propor e cobrar que o seu governo tenha uma Atitude assertiva e responsável com uma cidade que grita por socorro.
Não daremos sossego ao Governo de Pernambuco enquanto não for criada uma instância de diálogo e negociação com os seus vários setores, para que se busque solucionar cada uma das reivindicações aqui apresentadas. Reivindicamos a criação de um espaço de diálogo socioambiental de construção de propostas com a participação de todas as  comunidades, em constante interlocução com o governo!
Esperamos que, desta vez, nossa voz seja respeitada, senhor Governador. Merecemos mais do que um governo omisso e que nos relega a condições miseráveis de vida; que nos sitia em terror; que nos entrega para a especulação empresarial e que fomenta a barbárie e a degradação ambiental. 
Por isso nós gritamos a plenos pulmões:
Basta de violência nos territórios tradicionais!
Exigimos o fim das milícias!
Exigimos o fim dos danos ambientais!
Queremos Democracia de fato, na prática, e não apenas na propaganda governamental!
Suape é InSustentável!
                        
Entidades apoiadoras:
Associação dos Pequenos Agricultores do Engenho Ilha 
Associação de Pescadores e Pescadoras em Atividade no Cabo de Santo Agostinho
Associação dos Moradores e Pequenos Agricultores do Engenho Tabatinga II
Associação de Moradores Comunitários do Engenho Algodoais
Associação dos Moradores e Pequenos Agricultores de Boa Vista II
Associação de Moradores de Águas Compridas
Associação de Moradores de Gaibu
Associação dos Assentados da Vila Tomás
Associação de Moradores da Ilha de Tatuoca
Associação dos Agricultores Rurais de Sítio Lagoa
Associação de Moradores do Engenho Tiriri
Associação dos Moradores do Engenho Massangana
Ação Comunitária Caranguejo Uçá
Centro das Mulheres do Cabo                                                                    
Fórum Suape – Espaço Socioambiental                                                                
Fórum de Juventudes do Cabo – FOJUCA                                                           
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST                                                            
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
Movimento Arte Quilombola
Moradores da Comunidade de Cepovo
Pescadores e Moradores da Praia de Suape
Pescadores e Moradores da Praia de Paraíso
Rede Meu Recife
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Cabo de Santo Agostinho – SINTRAF
Sindicato dos Trabalhadores Público Municipais do Cabo de Santo Agostinho – SINTRAC
Telefone de Contato:
(81)99102-3883
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SUAPE Violações

SUAPE NÃO RIMA COM VIDA

Aos 85 anos, morre, nesta quinta-feira (20), Luis Abílio da Silva, pescador e agricultor expulso de seu território por Suape.
Os laudos médicos não acusarão, mas o que matou Luís Abílio da Silva, 85 anos, foi o desgosto e o sofrimento de ter sido arrancado de sua terra, uma peleja que durou quase 05 anos. Esse mal, que vem acometendo inúmeras famílias moradoras das terras que Suape hoje reivindica, fez de seu Abílio uma vítima fatal.
Seu Abílio era pescador. Além da pesca que praticava no mangue, vivia da agricultura de subsistência e da coleta de frutas no seu sítio de 10 hectares, localizado no Engenho Tiriri, Cabo de Santo Agostinho. Com seu Abílio, moravam sua esposa (Maria Luiza da Silva), seus filhos e 18 netos – todos nascidos no sítio -, que, igualmente, viviam do que a terra e o rio generosamente lhes davam. Nessa “terra de barriga cheia”, seu Abílio fazia a morada e a vida desde 1964.
A partir do ano de 2011, no entanto, ele viu a sua paz ser fatalmente golpeada pelos interesses econômicos do Complexo Industrial Portuário de Suape. Naquele ano, a empresa ingressou com uma ação de reintegração de posse para expulsar a sua família da terra. Situação parecida enfrentava toda a comunidade do Engenho Tiriri.
Mesmo a posse sendo justa, de boa fé e muito, muito antiga, a influência política e econômica de Suape foi suficiente para fazer com que a expulsão se desse em forma de liminar, sem que sequer fosse ouvido.Decisões do tipo, diga-se de passagem, foram bastante recorrentes à época, ao ponto de o Juiz responsável por elas ser conhecido pelos moradores e, até hoje, lembrado como aquele que foi colocado de forma repentina e suspeita na Vara da Fazenda Pública da Comarca do Cabo de Santo Agostinho para conceder decisões favoráveis, em série e parcamente fundamentadas em favor de Suape e, assim, acelerar as expulsões.
Além disso, o sítio de seu Abílio, assim como todos os localizados no Engenho Tiriri, situava-se em terras sobre as quais recaem sérios questionamentos a respeito da legalidade da aquisição por Suape. As terras foram inicialmente adquiridas pelo INCRA para fins de regularização da posse, em sede de Reforma Agrária, das famílias de camponeses que lá já residiam, como a do seu Abílio. O INCRA repassou as terras adquiridas à Cooperativa Tiriri, organização que supostamente representava os moradores da área, incumbindo-a de promover o assentamento das referidas famílias. A Cooperativa Tiriri, no entanto, apenas dois dias após adquirir tais terras do INCRA, descumpriu o seu dever de assentar as famílias e as vendeu para Suape, que passou então a promover um intenso processo de limpeza étnica naquele território, com a massiva expulsão das famílias, tachadas de “invasoras” pela empresa.
A decisão liminar que sequer permitir ao seu Abílio o direito de defesa, pegou toda a família de surpresa no ano de 2011. Policiais militares e milicianos de Suape chegaram inesperadamente ao sítio e passaram a destruir o que gerações de sua família haviam erguido: casas, plantações, sonhos. A família, que à época contava com um bebê de apenas 15 dias, ficou desabrigada, sem ter para onde ir. Desde então, extremamente impactado e deprimido pela violência sofrida, seu Abílio, que não tinha sequer mais vontade de se alimentar, teve sua saúde física e emocional acometida por recorrentes enfermidades.
Ontem, 20 de outubro de 2016, após um período em coma, fruto de um quadro de depressão profunda, ele partiu, deixando esposa, filhos e netos desolados pela perda. Em seu velório, uma multidão de parentes, amigos e amigas, se despediram dessa figura símbolo da luta contra os desmandos e ações truculentas praticadas pelo Complexo Industrial Portuário de Suape.
Com dor e luto, a morte de seu Abílio ilustra o impacto que o desenraizamento violento e predatório vem provocando na vida de inúmeras famílias da região. Por trás da propaganda de desenvolvimento e de responsabilidade socioambiental ostentada pela empresa Suape, agonizam milhares de vidas que experimentam sistemáticas violações de direitos. Conivente com toda essa situação, encontra-se um Estado inerte e incapaz de reconhecer as atrocidades cometidas pela empresa e de promover as devidas reparações.
Continuaremos, contudo, na luta incansável por justiça.
Que toda a dor se converta em força para seguir (r)existindo.
Luís Abílio da Silva: PRESENTE, PRESENTE, PRESENTE!
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Ambiental SUAPE

SUAPE CONDENADA POR DANOS SOCIOAMBIENTAIS NA JUSTIÇA FEDERAL

Na última sexta-feira (07) o Juiz Federal da 35ª Vara da Subseção do Cabo de Santo Agostinho reconheceu que o Complexo Industrial Portuário – SUAPE tem provocado graves danos ao meio ambiente marinho e às populações que sobrevivem da pesca. A empresa de capital misto administrada pelo Governo do Estado de Pernambuco foi condenada a realizar uma série de medidas mitigadoras e compensatórias dos danos que cometeu. 
Em 2011, o Ministério Público Federal ajuizou uma Ação Civil Pública a partir de uma Representação formulada pela Colônia de Pescadores Z-8, a qual denunciava uma série de danos socioambientais decorrentes das atividades de dragagem e de derrocagem. Os pescadores alegavam que desde o início das atividades o estoque pesqueiro tem diminuído drasticamente, chegando hoje a uma queda de, no mínimo, 50%. 
As dragagens consistem na retirada de sedimentos do fundo oceânico para afundamento de leito, a fim de permitir acesso dos navios ao porto. Demandam também a existência de extensas áreas para depósito do material dragado, chamadas de “bota-fora”. 
No entanto, as áreas dragadas (que correspondem ao canal de acesso e às bacias de manobra), às quais o acesso dos pescadores ficou proibido, coincidem com vários “cabeços”, como são chamadosos os pontos de pesca pelos pescadores. São áreas normalmente formadas por corais e ricas em biodiversidade, que agora estão inacessíveis à comunidade pesqueira. Além disso, as áreas escolhidas para bota-fora também cobriram de sedimentos outros pontos de pesca, acarretando a mortandade dos animais. Um bota-fora específico localizava-se muito próximo à praia, e, pela ação das marés e dos ventos, seus sedimentos se alastravam para outras partes, atingindo, inclusive, as regiões de mangue. 
Agravando a situação, a partir de 2008, a empresa passou a utilizar-se também de atividades de derrocagem (explosões) para quebrar o assoalho oceânico e viabilizar novas dragagens. As explosões intensificaram os impactos das dragagens. Segundo Edinaldo Rodrigues de Freitas, pescador da região e presidente da Associação dos Pescadores e Pescadoras Profissionais em Atividade do Município do Cabo, após as explosões, milhares de peixes apareciam mortos na beira do mar. A CPRH, em 2013, chegou a lavrar dois autos de infração contra SUAPE após notícias de mortes de peixe Mero e de Boto Cinza, espécies ameaçadas de extinção e protegidas por lei.     
Um dos pontos abordados pelo Ministério Público Federal na Ação Civil Pública é que as atividades foram desempenhadas com base em estudos que não previam os impactos ambientais que recairiam sobre a atividade da pesca artesanal desempenhada na região nem as medidas mitigadoras e compensatórias adequadas. 
Os impactos ambientais no ecossistema marinho, ao afetarem diretamente populações pesqueiras artesanais e sua atividade de subsistência, tomaram também a dimensão de impactos sociais. Muitas das famílias que viviam da fartura de peixe e de lagosta ou, ainda, da riqueza do mangue, hoje experimentam a miséria e muitas privações. 
Sobre os impactos sofridos pela comunidade pesqueira da região, Edinaldo Rodrigues de Freitas afirma que os pescadores “antes viviam bem, não precisavam pedir nada a ninguém. Comiam bem e ainda distribuíam para quem não tinha. A atividade pesqueira também movimentava a cultura do povo da pesca. Muitas festas populares giravam em torno dessa identidade da comunidade pesqueira. Antes o pescador conseguia fazer de quatro a cinco salários mínimos por mês. Hoje ele pesca o mês todinho para conseguir, no máximo, R$800,00. Isso desanimou os nativos de manter até a cultura que tinham. Também sofreram danos psicológicos, por agora terem que viver de esmola e doação de cesta básica, quando antes viviam na fartura”. 
Os impactos socioambientais nos territórios pesqueiros decorrentes das atividades de SUAPE foram constatados, ao longo do processo judicial, por inúmeros pareceres técnicos da CPRH e do MPF. Com base nesses documentos técnicos e nas manifestações do MPF e da Colônia de Pescadores Z-8, SUAPE foi condenada a executar medidas de caráter mitigador e compensatório, como as que impliquem a recuperação dos estoques pesqueiros. 
Outras medidas constantes na sentença foram: Mapeamento dos habitats submarinos na área de influência direta e indireta de Suape; quantificação das áreas pertencentes ao território da pesca artesanal que foram apropriadas e/ou impactadas direta ou indiretamente pelo porto de SUAPE; mapeamento do território tradicional da pesca artesanal, segundo informações dos pescadores que utilizam a área, incluindo os mestres de embarcações, em conjunto com pesquisadores com experiência em categoria social; adoção de medidas de proteção do território tradicional da pesca artesanal, diante dos riscos das atividades portuárias e outras ameaças; adoção de medidas de proteção do Peixe Mero, Boto-Cinza e outras espécies da fauna impactadas, tanto nos locais de impacto direto quanto em áreas impactadas indiretamente; adoção de medidas de mitigação dos impactos potenciais para futuras atividades de derrocagem. 
Segundo a assessoria jurídica que acompanhou a Colônia de Pescadores Z-08 no processo, “as pescadoras e os pescadores têm denunciado esses impactos há muito tempo. O poder econômico e político de Suape, no entanto, fez com que essas denúncias fossem abafadas. Exemplo disso é o fato de os dois únicos autos de infração referentes às atividades de dragagem lavrados pela CPRH contra SUAPE terem sido fulminados com argumentos tecnicamente vazios e que não desconstruíam o relatório técnico utilizado para embasar as autuações. O relatório era um documento bastante rico e contundente, tanto que foi utilizado pela Justiça Federal na sentença para condenar a empresa. Vê-se, então, que, se já é difícil o Estado investigar danos socioambientais provocados por particulares, quando a relação é dentro do próprio Estado, no caso, entre uma autarquia estadual (CPRH) e uma empresa de capital misto administrada pelo Estado (Suape), a situação tende a ser ainda mais [difícil]. É por isso que essa sentença deve ser comemorada como um importante precedente. Ela reconhece a luta das pescadoras e pescadores pelo respeito ao seu território pesqueiro e contra os impactos socioambientais causados pelo Complexo Industrial Portuário-SUAPE”. 
Para o Presidente da Colônia Z-8, Laílson Evangelista de Souza (Pio), a sentença representa “o reconhecimento dos danos e prejuízos que Suape provocou. Essa vitória é dos pescadores. Agradecemos também o apoio das organizações: CPP (Conselho Pastoral dos Pescadores), MPP (Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais), CPT (Comissão Pastoral da Terra) e Fórum Suape”.
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#SUAPE INSUSTENTÁVEL

As empresas situadas dentro do território do CIPS são as principais responsáveis pela poluição causada aos riachos, cursos de água e rios onde jogam seus efluentes tóxicos causando enormes danos ao meio ambiente.  É o caso da Ball Corporation e da Coca Cola que despejam seus dejetos e produtos químicos no rio, sendo as principais causadoras da poluição do Rio Algodoais, que segundo moradores passa a maior parte do tempo com um mau cheiro insuportável. Além disso, o trabalho de terraplanagem realizado pelas empresas acabou gerando barreiras de entulhos que fazem com que o leito do rio não tenha mais o seu curso natural.
Ao contrário da sustentabilidade que o CIPS propaga aos quatro cantos do planeta, as ações das empresas que o compõem correspondem a um modelo de desenvolvimento concentrador e predatório. Sendo assim, a intervenção estatal na região tem se caracterizado pela violência na retirada das famílias de modo arbitrário e injusto. O meio ambiente também tem sofrido com a ocupação predatória deste território, onde existia mangue, mata atlântica e restingas, hoje vemos as construção dos grandes empreendimentos para a manutenção de padrões sociais dominantes que violam os direitos das populações nativas invisíveis à sociedade.
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É PRECISO ESTAR ATENTO

O chamado território de Suape está repleto de lideranças comunitárias. Mas é preciso prestar muita atenção. Existem lideranças boas, confiáveis, que realmente atuam junto com a comunidade em defesa dos interesses coletivos. Por outro lado, existem aquelas que são falsas lideranças, que em geral atuam em favor do seu próprio interesse. É muito importante saber diferenciar esses dois tipos de lideranças, para não se iludir com propostas fáceis, nem dar dinheiro para contratação de advogados, ou cair no conto do vigário.
A própria empresa CIPS procura jogar com essa situação. Procura manter uma relação de troca de favores que beneficia as falsas lideranças comunitárias, favorecendo os grandes empreendimentos de Suape. Porém, quando a liderança é de confiança, não se deixa seduzir por essa relação de troca de favores com a empresa e se mantém ao lado da comunidade, se reunindo, debatendo os problemas e tomando as decisões e encaminhamentos junto com todos os moradores.
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