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Ambiental SUAPE Violações

SUAPE: PARAÍSO DAS VIOLAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS

A situação de intensas violações socioambientais praticadas pelo Complexo Industrial Portuário de Suape contra as comunidades da região parece não ter fim. Desta vez a vítima é a comunidade do Engenho Jurissaca, município do Cabo de Santo Agostinho onde um morador teve seu sítio invadido, seu barraco e as cercas derrubadas e outras famílias vivem a situação de tensão provocada pelos repetidos atos de violência. Essa situação também é a mesma nos vizinhos engenhos Ilha e Boa Vista.
Desde o início da década de 1980 agricultores lutavam para permanecer na terra onde plantavam, sendo assentados em 1989, pelo então governador Miguel Arraes. Naquela ocasião 289 famílias foram beneficiadas, muito embora elas nunca tenham deixado de lutar pela regularização da posse da terra. De 2011 para cá, o enfrentamento tem sido com a empresa Suape, que prometeu indenizar moradores para que deixassem as terras. Quem não aceitou as imposições do CIPS, hoje vive sofrendo ameaças, tendo seus sítios invadidos, falsas promessas, casas e cercas derrubadas, até a energia elétricafoicortada.Emalguns engenhos a CELPE não faz ligações elétricas, alegando que as terraspertencemaSuapeequeelanãopermiteque o façam. Cada posseiro tem três hectares de terra e lhes são oferecidos valores irrisórios como indenização. Quem continua vivendo em Jurissaca está sem poder plantar, pois tem sua lavoura destruída, além de sofrer ameaças e todo tipo de violência. Suape diz que não retira posseiros da terra, porque não tem como pagar a indenização, mas a sua tática é a de deixá-los permanecerem a míngua.
Uma das maiores preocupações do Fórum Suape é com a efetivação dos acordos feitos com posseiros pela desocupação da terra e não cumpridos, bem como o aumento das violações de direitos que continuam sendo prática comum do CIPS (violência, coerção, abuso de poder etc). Muitos posseiros foram expulsos por Suape de suas terras e obrigados a assinarem acordos de indenizações irrisórias, alguns já estão há 64 meses fora das terras sem um centavo de indenização. De todos os lados chegam comunicados sobre as ameaças de morte sofridas por moradores em diversas comunidades, porém em várias ocasiões Suape trata como denúncia leviana e falsa. Mas, as pessoas que tem coragem de resistir e se rebelar contra os desmandos do CIPS são penalizadas, passam a pagar pelo que não fez.
Uma das táticas da empresa Suape é a criminalização dos defensores dos Direitos Humanos e das vítimas que denunciam os seus desmandos. Porém, só existeumcaminho: mostrar na prática que unidos representamos a força! Precisamos reagir, resistir, não ceder à pressão de Suape. Fazermos grandes mobilizações populares, apoiados pelo Fórum Suape, pelas diversas organizações parceiras e todos os segmentos sociais que estão na luta. É importante sensibilizar e mobilizar também quem vive nas áreas e não está sendo atingido no momento, por isso não se envolve, acha que nunca serão incomodados. A verdade é que Suape age unicamente em torno de seus interesses e a qualquer momento pode expulsar qualquer pessoa. 
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Desigualdade Direitos humanos MERCÊS Reunião SUAPE Violações

VIOLÊNCIA DE GÊNERO É DISCUTIDA EM ILHA DE MERCÊS

A violência contra mulher foi o tema na tarde de ontem (8), de uma roda de diálogo com as moradoras do quilombo Ilha de Mercês, em Ipojuca. O encontro contou com a participação da delegada da Mulher do Cabo, Ângela Patrícia e da secretária da Mulher do Ipojuca, Bianca Lacerda.
Na ocasião, a delegada alertou sobre os diversos tipos de violência de gênero e descreveu a importância da denúncia. “A mulher que denuncia, tem mais chances de viver uma vida sem violência e ser feliz”, pontuou a delegada.
Já a secretária da Mulher do Ipojuca, Bianca Lacerda, falou da Rede de Proteção às Mulheres em Situação de Violência no município. “Nós, contamos com o Centro de Referência Dona Amarina, a Patrulha Maria da Penha, o Projeto Maria da Penha Vai à Escola e o Programa Mulher Empreendedora, que são mecanismos de proteção”, afirmou a secretária.
Quem participou do diálogo foi a dona de casa, Joseane Maria da Silva, de 32 anos, que estava muito entusiasmada com o encontro. “Fico muito feliz de que essa temática venha para nossa comunidade, pois muitas mulheres sofrem diversas violências caladas”, revelou a dona de casa.
Vale destacar, que este ano, 127 mulheres foram assassinadas em Pernambuco e de janeiro a junho, 37 casos configuram-se como crime de feminicídio. A cada 11 segundos, uma mulher é vítima de violência no Brasil. O território brasileiro é o 5° país no mundo, que mais mata mulheres.
A atividade integra as comemorações aos 12 anos da Lei Maria da Penha e foi promovida pelo Centro das Mulheres do Cabo (CMC), em parceria com o Fórum Suape Espaço-Socioambiental.
Da Assessoria de Comunicação do Fórum Suape.

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SUAPE Trabalhadores Violações

SUAPE E PREFEITURA DO CABO DESTROEM BARRACA DE LICOR DE MORADORA DE NAZARÉ

Há mais de dois anos, as comunidades inseridas no Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti (Vila Nazaré, Calhetas, Vale da Lua, Paraíso, dentre outras) vêm sofrendo constantes ataques por parte de SUAPE e da Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, que vêm atuando para impedir que famílias que estão há gerações no local construam novas casas em seus sítios ou realizem pequenas reformas, destruindo qualquer nova edificação.
No dia 12 de junho, foi a vez de uma pequena barraca de licor ser destruída por meio de operação conjunta da Prefeitura e de SUAPE. A barraca ficava no Vale da Lua pertencia a Ana Patrícia, 39 anos, moradora da Nazaré/Vale da Lua. Era uma barraquinha móvel de madeira. Contudo, tamanha foi a truculência dos funcionários da Prefeitura, que sequer deram à família oportunidade para retirá-la do local.
“Chegaram com ignorância e nos agredindo. Nós, que chegamos aqui antes de SUAPE. Disseram que iam destruir a barraquinha de licor da minha irmã porque ela estava em local inapropriado, gerando uma ‘poluição visual’. Pedimos para deixarem as madeiras da barraca, mas eles levaram nosso material e ainda fizeram ameaças”, denunciou Givanildo da Silva Libertino, 35 anos, irmão de Ana Patrícia.
As barracas de licor são uma importante fonte de renda para muitas famílias da região e já são uma tradição para essas comunidades. A família de Ana Patrícia, por exemplo, trabalha produzindo e vendendo licores há pelo menos mais de 60 anos.
Essa não foi a primeira vez, contudo, que foram vítimas dessas operações. Por volta de três meses antes, sua mãe, Odete Júlia Gomes, 68 anos, teve um puxadinho destruído. “Fiz um quartinho para guardar as minhas mercadorias. Num belo dia saí de casa e, quando voltei, tinha uma multidão de gente derrubando meu quartinho. Eu perguntei se eles tinham ordem, e não disseram nada nem mostraram papel algum. Pura maldade de SUAPE”, relembrou angustiada Dona Odete.
O Fórum Suape considera problemático que a gestão da Prefeitura do Cabo, que deveria zelar pela população, esteja na verdade atuando na repressão dessas famílias humildes e a serviço dos interesses de SUAPE, que deseja acabar com a autonomia e com as formas de sustento das comunidades locais.
Leia essa e outras matérias no nosso
Informativo Mensal online, clicando aqui.
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SUAPE Violações

MORADORES DO SÍTIO AREAL DENUNCIAM CORTE DA ENERGIA ELÉTRICA QUE VAI PREJUDICAR MAIS DE MIL FAMÍLIAS

A comunidade do Sítio Areal, localizada próximo à Vila de Nazaré, no litoral do Cabo de Santo Agostinho, denuncia o corte da energia elétrica efetuado na manhã da última quinta-feira (28) pela Companhia Energética de Pernambuco (CELPE), em operação conjunta com a empresa pública SUAPE, a Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho e a Polícia Militar.

A comunidade se formou a partir de uma ocupação que se deu há mais cinco anos (em um contexto de demissão em massa da imensa mão-de-obra atraída de outros Estados para trabalhar nos empreendimentos do Complexo). Com o desemprego, que muitas vezes se fez acompanhado do não pagamento das verbas rescisórias e trabalhistas que lhes eram devidas, o que restou a essas famílias foi a ocupação informal da cidade.
Longe de assumir a problemática como uma questão social que demanda políticas públicas afirmativas de habitação, o que SUAPE e a Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho vêm promovendo é a criminalização dessas comunidades e a repressão arbitrária e violenta, sem mandados judiciais e sem oferecer qualquer alternativa para essas famílias no que diz respeito ao seu direito fundamental à moradia.
O Sítio Areal já convive há quase dois anos com operações de destruições de casas, realizadas conjuntamente pela empresa, Prefeitura e PM. Essas ações, que têm sido realizadas em média a cada duas semanas, têm instaurado na área um verdadeiro e permanente clima de terror.
Na manhã de ontem (28), a mando de SUAPE, a comunidade sofreu mais um grande ataque: a supressão do direito básico à energia elétrica. Mil famílias que contam com crianças, idosos e portadores de deficiência, estão tendo dificuldades para conservar seus alimentos e estão no escuro total, o que promove o aumento da insegurança, especialmente para as mulheres.
O Fórum Suape entende que o acesso à energia elétrica é um direito essencial para a garantia de condições básicas de sobrevivência e que privar as famílias de algo tão elementar é um grande ultraje à sua dignidade. Nesse sentido, nos somamos à comunidade e tornamos público mais esse desrespeito aos direitos dos moradores da área, que já são vítimas recorrentes das violências praticadas pela empresa Suape e pela Prefeitura do Cabo.
Da Assessoria de Comunicação do Fórum Suape.
Rafael Negrão
99511.1987
98723.1797
Mais informações:
Deeyziane Santos
99809-3939
98251.7070
Marcicléia Medeiros 99699.4942
                  

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Brasil Informe Violações

NA CONTRAMÃO DE EUROPA E EUA, BRASIL CAMINHA PARA LIBERAR MAIS AGROTÓXICOS

Se o novo PL 6.299/2002, aprovado na noite de segunda-feira por uma comissão especial da Câmara dos Deputados, virar a nova lei de agrotóxicos, o Brasil estará na contramão das decisões recentes de países da União Europeia.
É o que diz a pesquisadora Larissa Mies Bombardi, do Laboratório de Geografia Agrária da Universidade de São Paulo (USP), autora do atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, de 2017, que mapeia o uso dessas substâncias em todo o país e o compara com o uso nos países da UE.
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Brasil Convite Fórum Suape Informe Violações

EM DEFESA DA VIDA #ChegaDeAgrotóxicos

O Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo. Mas já está no Congresso Nacional o Projeto de Lei 6670/2016 que institui a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNaRA).
Com sua ajuda e muita pressão, a PNaRA pode se tornar Lei, garantindo a redução dos agrotóxicos no Brasil, mais saúde para a população e um ambiente sadio para se produzir comida de qualidade.
Além disto, sua assinatura também irá ajudar a barrar o Projeto de Lei (PL) 6299/2002, conhecido como “Pacote do Veneno”. Ao liberar ainda mais o uso de agrotóxicos no país, o Pacote do Veneno vai contra a vontade da sociedade brasileira – segundo pesquisa IBOPE, 81% dos brasileiros considera que a quantidade de agrotóxicos aplicada nas lavouras é “alta” ou “muito alta”.
Leia mais e assine a petição clicando aqui!
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MERCÊS SUAPE Violações

VIOLÊNCIA CONTRA MULHER É TEMA DE OFICINA EM ILHA DE MERCÊS

As mulheres quilombolas da comunidade Ilha de Mercês, no município do Ipojuca, participaram na última sexta-feira (15), de uma roda de diálogo que teve como temática a Violência contra a Mulher. O encontro foi promovido pelo Centro das Mulheres do Cabo (CMC), em parceria com o Fórum Suape – Espaço Socioambiental.
Foram discutidos os cinco tipos de violência que mais atinge a população feminina: Física, Psicológica, Moral, Patrimonial e Sexual. Na ocasião, também houve dinâmicas de grupo e um relaxamento.
Várias mulheres trouxeram relatos de violências simbólicas vivenciadas no cotidiano delas. “Infelizmente, vivemos numa sociedade que minimiza e naturaliza a violência de gênero, pois todos os dias as mulheres são vítimas das diversas formas violências e muitas nem percebem”, afirmou a educadora do CMC, Izabel Santos.
O próximo encontro contará com a participação da secretária da Mulher do Município do Ipojuca, Bianca Lacerda, que vai divulgar os serviços de proteção à mulher disponíveis na cidade. Também participará do encontro a delegada da Mulher do Cabo, Ângela Patrícia, parar dar informações e tirar dúvidas das presentes.

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Direitos humanos SUAPE Violações

Missão nacional de Direitos Humanos comprova violações em Suape

POR  (23/05/2018)
Texto retirado do site: marcozero.org
Na segunda semana de maio, Suape parecia ter voltado no tempo. No palanque armado para o lançamento da pedra fundamental do laboratório Aché, o governador Paulo Câmara (PSB), secretários de Estado e a empresária Vânia Nogueira exaltavam o “maior investimento privado no Brasil nos últimos três anos”. Mas algo mudou. O discurso ufanista já não empolga os moradores de Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca. Fora dos holofotes, o cenário de desemprego, aumento da violência e violações dos direitos das comunidades tradicionais que vivem no entorno do complexo industrial portuário são uma vacina contra as promessas de prosperidade que no passado embalaram o boom econômico de Pernambuco e deram projeção política ao governo Eduardo Campos.
Esse desequilíbrio entre o discurso oficial e o mundo real foi acompanhado de perto pela missão da Plataforma de Direitos Humanos – Brasil Dhesca, que visitou as comunidades e se reuniu com as autoridades públicas na semana em que os jornais locais comemoravam a instalação de mais um empreendimento milionário no estado. A Plataforma congrega 42 entidades da sociedade civil de todo o país e enviou uma equipe a Pernambuco, por solicitação do Fórum Suape, para apurar denúncias de violações contra as populações diretamente impactadas pelo avanço do Complexo Industrial Portuário de Suape, empresa pública gerida pelo Governo de Pernambuco.
“Do ponto de visto dos direitos humanos é uma situação trágica. Nós observamos muitas violações. Violações do ponto de vista da moradia, da saúde, do direito ao trabalho. Tivemos muitos relatos de violência física, violência psicológica, violências simbólica, cultural e intelectual, já que o pensamento e as formas de ver das comunidades tradicionais aparentemente não são consideradas”, explicou a assistente social Cristiane Faustino, relatora da Plataforma Dhesca para o Direito Humano ao Meio Ambiente.
Os impactos ambientais de Suape sobre as áreas de pesca e cultivo; a transferência de famílias de pescadores e agricultores para áreas distantes dos locais de onde sempre tiraram seu sustento; e a proibição de reformar, construir e até plantar para as famílias que permanecem vivendo na vizinhança do Complexo de Suape foram denúncias ouvidas em todas as comunidades visitadas pelos integrantes da Plataforma Dhesca. Sem acesso aos recursos naturais que lhes garantiam a subsistência e a geração de renda, muitas dessas comunidades vivem em situação de isolamento e aumento da pobreza.
Marisqueiras da Colônia Z8, em Gaibu, relataram que são forçadas a se deslocar até Mangue Seco, em Paulista, para pescar depois que os manguezais e berçários marinhos foram afetados pelas obras de dragagem dos canais de acesso aos estaleiros instalados no porto de Suape. O caso mais emblemático é o da Ilha de Tatuoca. Setenta e cinco famílias de pescadores foram retiradas do local e deslocadas para o conjunto habitacional urbano Nova Tatuoca. Os problemas de drenagem do terreno e o calor insuportável dos tetos de zinco que cobrem as casas do habitacional afetam menos a vida dos moradores do que a proibição de acesso ao local onde por décadas dispuseram dos meios para sua sobrevivência.

Falta de transparência

O advogado Guilherme Zagallo, também relator da Plataforma Dhesca para o caso de Suape, chama a atenção para a falta de diálogo das autoridades da empresa Suape e do Governo do Estado com as populações mais afetadas. “De todos esses grandes empreendimentos instalados no Complexo – refinaria, petroquímica, duas usinas termoelétricas, várias fábricas de médio porte, dois estaleiros – tem-se ciência de uma única audiência pública (por ocasião da instalação do estaleiro Vard Promar) no processo de licenciamento ambiental. Isso mostra o nível muito baixo de transparência do Poder Público”.
A escuta ativa às comunidades poderia evitar ou minimizar danos ambientais e sociais. Decisões tomadas nos gabinetes não levaram em conta a importância dos recursos naturais para a vida das populações tradicionais. Na comunidade quilombola de Ilha de Mercês, certificada pela Fundação Palmares em 2016, a pesca artesanal de ostras e camarões ficou comprometida com a construção de uma pista de acesso a Suape que fechou a área de encontro do Rio Tatuoca com o mar, bloqueando a vazão da maré. A água clara do manguezal ficou salobra, com um fundo escuro e camadas de óleo na superfície. Os moradores também reclamam da obrigatoriedade de pagamento de pedágio para acessar de carro a área do quilombo.
As incertezas sobre a reparação dos danos ao meio ambiente ficam ainda maiores quando se sabe que a CPRH, o órgão estadual responsável pela fiscalização ambiental em Pernambuco, não monitora a qualidade da água e do solo nas comunidades diretamente impactadas pelo descarte de resíduos das grandes empresas instaladas em Suape.
A fiscalização é toda centrada no acompanhamento dos níveis de poluentes emitidos no ar pelas indústrias por estações instaladas e operadas pelas próprias empresas privadas, que encaminham relatórios à CPRH, conforme relato do presidente da instituição Eduardo Elvino durante encontro com a missão da Dhesca. Também não existe um plano de emergência para qualquer situação de desastre ou vazamento na tubulação de petróleo ou combustíveis envolvendo o Complexo de Suape.
O licenciamento de operação geral do Complexo vence em 2021. Segundo o que determina o decreto 8.437, de 2015, por suplantar a marca de 15 milhões de toneladas movimentadas por ano, o licenciamento e autorização ambiental para operação do porto vai deixar de ser responsabilidade da CPRH e migrar para o Ibama, órgão federal.
“Os impactos atuais são de natureza essencialmente territorial, mas impactos muito graves vão ser percebidos nos próximos anos dada a natureza das indústrias instaladas, dado o volume de emissão de poluentes que existe nesse complexo. Para os próximos anos é provável que os indicadores de saúde das comunidades do entorno sofram uma degradação e piora muito intensa em função dos efeitos dessa poluição e da contaminação dos rios e dos estuários da região e tudo isso vai demandar uma ação muito mais efetiva do Poder Público do que tem acontecido até agora”, alerta Guilherme Zagallo.
Esse futuro já chegou no entorno da Unidade Termelétrica II, da Suape Energia. Cinco famílias vivem em situação de muita precariedade a cem metros das torres da termoelétrica que opera óleo pesado. Mesmo com o maquinário desligado o cheiro é muito forte e causa bastante incômodo. Quando as torres são ligadas, os moradores dizem que as paredes das casas balançam. A fonte de água que possuíam agora está imprópria para o consumo. No quintal, a paisagem bucólica de roupas de adultos e crianças estendidas no varal são emolduradas pela imagem ostensiva dos tanques de óleo ao fundo.

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Direitos humanos SUAPE Violações

Missão da Plataforma Dhesca identifica conjunto de violações de direitos humanos e ambientais pelo Complexo Suape

Relatório com série de recomendações sobre o Complexo Industrial Portuário será produzido e divulgado à sociedade e autoridades em até 90 dias.
*Por Paulo Lago, assessoria de comunicação do Cendhec.
O Complexo Industrial Portuário foi instalado em 1975 e ampliado a partir dos anos 2000. Foto: Fórum Suape
Entre os dias 7 e 11 de maio, a Plataforma de Direitos Humanos – Brasil Dhesca esteve em Pernambuco em uma missão para acompanhar a situação de violações de direitos humanos e ambientais ocorridas no Complexo industrial Portuário Eraldo Gueiros (Suape).
A missão constatou, assim como ocorre nos grandes projetos em áreas portuárias, que a situação em Suape gerou (e ainda vem gerando) diversos tipos de impactos e violações de direitos humanos, tanto para as populações locais, quanto para quem vem de fora para trabalhar na implementação desses projetos. Além disso, há várias denúncias contra esse megaempreendimento em Pernambuco, incluindo formação de milícia, danos às casas e restrições de uso do território.
Localizado entre os municípios do Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife (PE), o Complexo é uma empresa pública, administrada pelo governo de Pernambuco. Instalado em 1975 e orientado por uma concepção de “concentração de investimentos”, o Complexo foi modernizado e ampliado a partir dos anos 2000.
A Missão Suape percorreu vários lugares. Foram visitadas diversas comunidades, como a ilha de Mercês, localidade onde há uma uma comunidade quilombola; na colônia de pescadores, em Jurissaca, além de parte da localidade dos engenhos Massangana e Serraria. Em todos esses lugares são muitos parecidos os relatos de um processo de remoção pouquíssimo transparente.
Participaram da missão representantes da Plataforma Dhesca Brasil, além de integrantes de organizações da sociedade civil, incluindo representantes do Fórum Suape, do Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social (Cendhec), Centro das Mulheres do Cabo, além do portal Marco Zero Conteúdo. O Gabinete Assessoria Jurídica Organizações Populares (Gajop) esteve acompanhando as visitas às instituições do poder público.
Os relatores da Missão estiveram reunidos com as comunidades. Foto: Fórum Suape
Indenizações
Segundo o relator nacional para o Direito Humano ao Meio Ambiente da Dhesca, Guilherme Zagallo, muitas pessoas que foram removidas que tiveram indenização não tem sequer cópia dos laudos de avaliação das benfeitorias que foram indenizadas. Além disso, valores muito baixos nas indenizações.
A empresa Suape falou em 1541 pessoas indenizadas, mas apenas 75 foram reassentadas (pertencentes à Ilha de Tatuoca) que foram para um conjunto habitacional e cerca de 160 que foram assentadas em lotes rurais. Ou seja, mais de 80% das pessoas removidas tiveram somente a indenização. “Isso significa que migraram para as periferias da região, sem alternativas de renda. E somada à desmobilização da construção civil e a redução de atividades na parte de operação do Porto de Suape, contribuíram para os alarmantes indicadores sociais registrados”, explica.

Municípios com altos índices de violência
A missão verificou através de dados da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, que, em 2017, Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho foram os municípios mais violentos do país. Em Ipojuca, nos números proporcionais, apresentou 152 homicídios a cada 100 mil habitantes. Isso representa cinco vezes mais a média nacional, que responde por 33 homicídios a cada 100 mil habitantes.
Cabo de Santo Agostinho teve também uma taxa de homicídios altíssima, chegando a 198 homicídios a cada 100 mil habitantes em 2017. “De todo o modo, ambos os indicadores são exorbitantes, muito acima da média nacional e de Pernambuco e mesmo de Recife e Região Metropolitana”, destacou Guilherme.
Além das questões dos homicídios, há indicadores muito elevados de violência sexual, com forte ocorrência de estupros nos dois municípios. Em Cabo de Santo Agostinho foram registrados 36,6 ocorrências a cada 100 mil habitantes. E em Ipojuca o índice é ainda maior, cerca de 41,7 ocorrências. Para ter uma ideia de como os números destoam da taxa nacional, o número registrado no Estado é de 24, e no Brasil por 100  21 a cada 100 mil.
A missão identificou um conjunto de impactos socioambientais gerados pelo Complexo. Foto: Fórum Suape

Recorte da violência
Na questão da violência, o recorte racial é fortemente presente. Segundo Cristiane Faustino, relatora da missão, a violência sexual em geral, faz parte, ainda que informalmente, das grandes cadeias produtivas que exigem migrações de muitos homens para pequenas cidades e localidades, e atinge principalmente a população negra, em especial as mulheres. “Este tipo de violência está baseada na ideia de que os homens têm direito absoluto ao sexo, independente da vontade das mulheres e, ou, dinamizando um mercado que às vezes mobiliza complexas redes clandestinas de serviços sexuais que incluem até mesmo a prática de pedofilia. Em outras situações se identifica que o abuso e até mesmo o estupro de vulneráveis não são reconhecidos como tais, por conta das relações desiguais entre os abusadores e a vítimas e suas famílias”, comenta a relatora.
Em uma comunidades visitadas pela missão, identificou-se a alta incidência de doenças sexuais transmissíveis. Das 192 familias da localidade, cerca de 10% foram acometidas por alguma DST. O percentual é quase tres vezes a média nacional de 3%. “Nesse ponto é preocupante o aumento das DSTs, dos filhos não-planejados e abandonados pelos pais, afetando diretamente a vida  de adolescentes e jovens mulheres e criando ciclos de iniqüidades”, explica Cristiane.
Ela destaca ainda que é temeroso que o contexto acirre a pauta da segurança pública baseada em visões elitistas brancas e conservadoras que levem a justificar cada vez mais a violência institucional, mortes e encarceramento da população negra, o que em geral acontece em momentos eleitorais. “Fazer análises que trate a complexidade do problema e suas relações com as desigualdades econômicas, sociais, raciais e de gênero é uma demanda urgente para a sociedade local e o Estado.  Esta é uma questão bastante complexa que pretendemos abordar de forma analítica cuidadosa em nosso relatório”, enfatiza.

Preocupação ambiental
A Missão Suape ouviu também muitas reclamações das comunidades sobre a pouca transparência nos processos de licenciamento ambiental envolvendo o Complexo Industrial Portuário. Do conjunto das obras, apenas uma única audiência pública sobre o licenciamento ambiental de um dos Estaleiros foi realizada até o momento. “A população desconhece e não teve oportunidade de debater sobre os impactos ambientais desses empreendimentos”, denuncia Guilherme.
Ele ainda pontua que os impactos socioambientais deverão se agravar agora com o inicio do funcionamento dos empreendimentos. “Temos identificado os impactos sociais do processo de remoção, mas a partir de agora tende a se intensificar os impactos ambientais em função da operação desses empreendimentos, com as suas gigantescas taxas de emissões poluentes e efluentes”, relata.
Para o relator, a situação no Complexo Suape vai ainda causar mais problemas por muitas décadas. “Precisa haver uma atuação mais incisiva do Poder Público no sentido de determinar ajustes no processo de produção, sobretudo no que diz respeito ao impacto da saúde das populações que habitam ali”, destaca Guilherme sobre o responsabilidade do Estado frente aos impactos de funcionamento do Complexo Suape.

Impactos para comunidades tradicionais

Segundo a relatora Cristiane Faustino, as populações mais prejudicadas pelas obras e funcionamento do Complexo Suape são a população negra, as comunidades tradicionais, pescadoras e pescadores artesanais, camponesas e camponeses e demais grupos sociais historicamente interditados da participação política, entendidos como destituídos de conhecimentos e de condiçoes para exirgir a efetivação de direitos, inclusive de opinar sobre quais são os problemas a serem enfrentados pelo estado e pela sociedade. “Apesar de seus acúmulos de conhecimentos, esses grupos são intelectualmente desprezados na hora de decidir sobre as melhores formas de uso e ocupação dos territórios”, destaca Cristiane.
Outra análise importante feita pelos relatores é que os impactos junto às populações se dão de forma diferenciada para os diferentes grupos sociais que residem nas areas afetadas pelo Complexo. “Mulheres, crianças, idosos, adolescentes e jovens, por exemplo, experimentam diferentes perdas que os afetam em suas condições de gênero e geracionais”, explica a relatora.
Um exemplo ocorre com a situação da comunidade quilombola da Ilha de Mercês. O quilombo está em processo de reconhecimento e autorreconhecimento, tendo sido já certificado pela Fundação Palmares. Contudo, a comunidade se queixa de serem reduzidas suas possibilidades de produção de alimentos, garantia de moradia, além de viver sob ameaças e violências física, psicológica e simbólica. Esta última violência está expressa na acusação de quem invadiram o território onde seus antepassados já residiam. Esta acusação implica no impossibilidade da comunidade exercer práticas tradicionais, como a pesca. “Dentre os principais problemas verificados pela comitiva da Missão, está a inviabilização do exercício da pesca artesanal devido ao barramento do Rio Tatuoca que tem interferido brutalmente na dinâmica das águas, afetando as áreas de manguezais, fundamentais para a reprodução das espécies marinhas”, explica Cristiane.
Relatores da missão estiveram reunidos com o poder público local. Foto: Fórum Suape


Contato com as autoridades
Nos dias 10 e 11 de maio, como atividade de escuta às partes envolvidas, a Missão Suape se reuniu com as autoridades e o poder público local sobre as denuncias realizadas na escuta às comunidades.
No dia 10, a Missão esteve reunida com o Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público de Pernambuco (MPPE), com representantes da Polícia Civil e da Polícia Militar, além de integrantes da empresa Suape. Já no dia 11 de maio o contato foi realizado com a Defensoria Pública da União e de Pernambuco, além de representantes da Casa Civil do Governo do Estado, Secretaria Estadual de Meio Ambiente e com a CPRH-Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
Alguns dos fatos que foram trazidos pelas comunidades foram confirmados pelo governo local e comunidade. Uma constatação preocupante é que ainda não existe um plano de emergência para qualquer desastre envolvendo o Complexo Portuário de Suape. “Se houver um grande acidente ou incêndio com vazamento na tubulação de Petróleo ou combustíveis na área da refinaria e da petroquímica, não tem ainda regras claras de conhecimento da população. E aí há a iminência de uma grande tragédia, como já ocorreu em outros locais, como no caso na Refinaria de Paulínia”, lembra Guilherme.
Segundo o relator, é preciso estar preparado. “A população precisa saber quais as providências a adotar em caso de emergência, instalação de sirenes, sinalização clara e pontos de aviso, para onde você tem que ser evacuado nesse momento. Isso mostra um exemplo de como essa grande atividade industrial foi instalada aqui no Estado de Pernambuco e ainda não está suficientemente regulada de forma a proteger a população”, alerta Guilherme.
Para Guilherme, haverá uma necessidade de uma readequação do poder público, do ponto de vista do monitoramento, de qualidade do ar, de ruído, de qualidade das águas, de saber quais as consequências desses poluentes e efluentes sobre a saúde humana e sobre o ambiente como um todo, como a fauna e a flora, para que os ajustes sejam feitos. “Se isso não acontecer, esse Complexo não irá representar desenvolvimento e sim degradação ambiental”, conclui.

Relatório da Missão

O próximo passo da missão da Plataforma Brasil Dhesca será a produção do relatório com uma série de recomendações. Dentro do prazo entre 60 e 90 dias, as recomendações serão encaminhados às autoridades e divulgados para a sociedade e a imprensa.  Além disso, os relatores devem retornar às comunidades locais para que possam fazer o monitoramento da aplicação das recomendações.
Cristiane Faustino destaca que o relatório deve enfatizar a dimensão de que o racismo é estruturante das desigualdades de poder e representa um impedimento real para a garantia de direitos das comunidades. “Nessa perspectiva, faremos uma leitura da realidade identificando e explicitando a forma como a tradição patriarcalista e branca converge para geração de injustiças sociais e ambientais e é fator que dificulta a tomada de medidas públicas que de fato considerem as necessidades das populações afetadas, assim como suas potencias em colaborar para que as políticas de desenvolvimento estejam preocupadas com o bem comum”, enfatizou a relatora.
Para a conclusão do relatório, instituições do poder público contactadas deverão encaminhar documentos complementares à Missão. São esclarecimentos e estudos de impacto ambiental realizados, para que possa ser discutido em cima de bases técnicas.
Texto retirado do site: plataformadh

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CIPS Dhesca Direitos humanos SUAPE Violações

PLATAFORMA DHESCA REALIZA MISSÃO PARA IDENTIFICAR VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E AMBIENTAIS PELO CIPS

A Plataforma de Direitos Humanos – Dhesca Brasil inicia nesta segunda-feira (07), em Recife (PE), um conjunto de reuniões e escuta à organizações sociais, orgãos públicos e lideranças comunitárias para identificaçao e mapeamento de violações de direitos humanos implementação do Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros (Suape).

As agendas se estendem até o dia 11 e incluem visitas aos territórios afetados.
Saiba mais em https://goo.gl/am6Hhr
Foto: Fernando Martinho/Repórter Bras
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