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[El País] O trabalho quase impossível de se limpar com as mãos as praias contaminadas por óleo do Nordeste

Na praia de Itapuama, em Cabo de Santo Agostinho, centenas de voluntários tentam reduzir os danos do misterioso vazamento que já atinge praias de 201 localidades em nove Estados

Voluntários se mobilizam para limpar a praia de Itapuama, em Cabo de Santo Agostinho (PE). [Fotografia: TERESA MAIA]

“Hoje eu venho, amanhã eu venho, e depois também”, afirma Paulo Vitor. O rapaz de 19 anos está bastante seguro de sua decisão, apesar de seu corpo estar coberto por uma espessa camada de óleo que faz a pele arder ao ficar exposta ao sol. Nesta terça-feira, ele era uma das centenas de pessoas que lotavam a praia de Itapuama para tentar salvar esse pedaço do litoral de Pernambuco. Localizada no município de Cabo de Santo Agostinho, a pouco mais de 20 quilômetros da turística praia de Boa Viagem, em Recife, Itapuama é umas das seis praias da região que foram contaminas por um misterioso petróleo derramado em alto mar que chegou ao litoral do Nordeste brasileiro há dois meses e já atingiu 201 localidades em 80 municípios de nove Estados, segundo o último balanço do Governo federal. “Se ficar alguma ferida, vai ter valido a pena. Isso que a gente está fazendo… Quem é cabense, quem frequenta essas praias, chega e vê uma coisa dessas… É até emocionante”, conta o jovem, que está no primeiro período de Ciências Biológicas. Deseja ser biólogo marinho.

Paulo Vitor não hesita em mergulhar na água para tentar retirar o petróleo que está submerso. Mas esta é apenas uma das muitas tarefas que mobilizam os voluntários, que vieram de várias cidades da região. Qualquer pessoa pode chegar e ajudar. Protegida com luvas, botas e máscara (conforme determinam as instruções difundidas por ONGs e pela Prefeitura), Patrícia Henry tenta retirar com uma espátula a substância preta que ficou incrustada nas pedras da praia. “Como o óleo está muito grosso, se alguém não tirar, não vai sair das pedras. Ontem, retiraram uma tartaruga que se debatia. O pessoal teve que cavar com a unha para retirar o óleo“, conta esta engenheira civil, de 27 anos. “Estou tentando me dedicar àquilo que minha ferramenta me permite fazer, mas o óleo é bem espesso. Ele gruda, entra em qualquer buraquinho. Imagina como está nos corais dentro mar… Tem coisas que não dá para retirar”, lamenta a produtora audiovisual Maíra Lisboa, que trouxe água e duas pás de casa.

Enquanto conversa, forma com as mãos, devidamente protegidas por luvas, uma pequena bola preta com o óleo que conseguiu retirar das rochas. “Infelizmente já aconteceu e parecem não estar se importando muito. Como não temos ajuda do Governo, juntamos o que temos. É uma autogestão mesmo. Todo mundo está vindo, aprendendo e tentando ver qual é a maneira de fazer, e ajudando no que puder”, explica. Seu desabafo parece refletir o sentimento de boa parte das pessoas presentes no mutirão: o de que o poder público como um todo falhou. Identificado há cerca de dois meses, o petróleo se espalhou ao longo de mais de 2.200 quilômetros de costa, entre o Maranhão e a Bahia, sem que as autoridades exibissem um algum tipo de plano detalhado de contenção.

Leia a matéria completa no site: el pais

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