O Fórum Suape encaminhou denúncia à Procuradoria da República em Pernambuco e ao Ministério Público Federal sobre a situação dos posseiros da área conhecida como “João Grande”, localizada no Engenho Ilha. Trata-se de uma área de mata nativa historicamente preservada e utilizada pela comunidade de forma coletiva, na coleta de frutos como o caju e o araçá, assim como a coleta de mariscos e a pesca. Consolidou-se no local, portanto, o extrativismo e o uso sustentável dos recursos naturais.
Há gerações a própria comunidade tem sido a responsável pela sua preservação. Exemplo disso foi a ação promovida pelas mulheres, no ano de 1994, com o plantio de vários cajueiros. Os próprios moradores do Engenho Ilha exerciam a fiscalização ambiental, repreendendo os que depredavam a área.
A região também está dentro do polígono em relação ao qual se estuda a criação de uma Unidade de Conservação do tipo ARIE – Área de Relevante Interesse Ecológico, como parte da política de compensação ambiental imposta em face dos graves e irreversíveis danos ambientais causados pelo CIPS. Um dos objetivos da escolha da referida modalidade UC foi garantir a continuidade do uso direto dos recursos naturais de forma sustentável pela comunidade tradicional do entorno.
No entanto, há cerca de três anos Suape vem proibindo os posseiros do Engenho Ilha de adentrarem a área, impedindo-os de exercerem suas atividades extrativistas. Tendo em vista que é a própria comunidade a principal responsável pela preservação da área, o resultado dessa proibição tem sido o total abandono da região, que hoje serve de ponto de tráfico de drogas, desova de corpos e de carros roubados.
Durante as várias décadas de uso sustentável, a região permaneceu preservada. A proposta de criação de uma Unidade de Conservação não teria sido feita para a área se ela estivesse completamente degradada. E só não está graças aos esforços da comunidade.
Agora, o Fórum Suape solicita que o Ministério Público Federal intervenha e requisite do CIPS explicações acerca da restrição de acesso à área de “João Grande”. Essa injustificada proibição faz parte das violações praticadas pela empresa contra a comunidade do Engenho Ilha, que também está proibida por Suape, não se sabe com que base legal, de plantar, de cercar o terreno, reformar a casa etc. tornando o clima cada dia mais tenso.