Por Maria Carolina Santos em 08/04/2021, 16:45
Há mais ou menos um mês, os moradores do Engenho Ilha levaram um susto. Ao tentar acessar o rio Jaboatão, em um local onde costumavam catar mariscos, havia uma cerca, com estacas pintadas de um azul esverdeado. Dias depois, as mesmas estacas estavam por toda a região conhecida como reserva de João Grande. Lá, os moradores costumavam catar mariscos e tiravam frutas como ingá, caju, maçaranduba e manga para comer e vender. Com uma rapidez que conta com o trabalho de dezenas de homens, a comunidade se viu cercada. Segundo moradores, faltam apenas poucos quilômetros para que os 611 hectares do Engenho Ilha estejam todos dentro de uma extensa cerca azul esverdeada.
Localizado atrás da Reserva do Paiva, um condomínio de luxo à beira mar no Cabo de Santo Agostinho, o Engenho Ilha é uma terra em disputa. De um lado, 305 famílias de agricultores, pescadores, extrativistas. Muitos são posseiros que ocupam a terra há duas, três, quatro gerações. Do outro, o Complexo Industrial de Suape, “um dos maiores projetos de desenvolvimento da economia do país”, como diz o slogan.
Como se vê, é uma disputa desigual.
O cercamento da comunidade é justificado por Suape com “o objetivo de proteger o patrimônio ambiental”. Suape quer criar no local uma Unidade de Conservação. Diz, em nota à Marco Zero, que a criação da unidade está sendo gestada junto à Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, por meio da Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH), “com limites propostos, por isso necessita de cercamento”.
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