Recife, 23 de Agosto de 2016
Pesca predatória da lagosta mata tartarugas em Ipojuca
Animais morrem por afogamento ao ficarem presos em redes de pesca inapropriadas
Priscilla Costa, da Folha de Pernambuco
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Gabriel Melgar/Cortesia
ONG Ecoassociados denuncia que a pesca predatória da lagosta está matando os animais
A pesca predatória da lagosta no litoral de Ipojuca, no Grande Recife, comum nesta época por ser o período reprodutivo do animal, tem preocupado ambientalistas. A região, considerada berço para muitas tartarugas que vêm à costa pernambucana para desovarem e buscar alimento, vem registrando uma grande quantidade de tartarugas nas últimas semanas.
A estatística assusta: já chega a 23 o número de espécimes mortos, do início de agosto até o momento. Só no último fim de semana, quatro foram encontrados sem vida. São tartarugas das espécies verde (Chelonia mydas) e oliva (Lepidochelys olivacea) – criticamente ameaçadas de extinção. O quantitativo, considerado alarmante, faz parte do monitoramento dos 12 km de faixa de areia que ligam o Pontal de Maracaípe a Muro Alto, feito por biólogos marinhos da ONG Ecoassociados.
Trabalhando há cinco anos na ONG, a bióloga Audenise Cavalcante relatou que basta andar alguns quilômetros entre o Pontal de Maracaípe e Merepe para se deparar com o cemitério de tartarugas. São nesses trechos que a instituição tem percebido uma maior incidência de mortes. O uso de redes inapropriadas para esse tipo de pesca, segundo Audenise, estaria prendendo as tartarugas no fundo do mar, matando-as por afogamento. “Elas (as tartarugas) se enroscam na rede e acabam passando do tempo de respirar”, explica. Isso ocorre porque as espécies verde e oliva se alimentam próximo aos recifes de corais, onde as lagostas normalmente são encontradas. E é justamente nessa área onde as redes estão sendo instaladas.
Entretanto, o problema tem sido causado por pescadores de fora da região. É o que denuncia o diretor da Ecoassociados, Arley Cândido. “Os pescadores do município colaboram com o trabalho de preservação e evitam a utilização de redes para a extração da lagosta. Infelizmente, são os que vêm de fora, de municípios vizinhos e até mesmo de outros estados”.
Tal cenário fez a ONG pedir reforço à gestão municipal e a fiscais do Ibama. “Na sexta passada, o Ibama apreendeu uma jangada, 300 metros de rede e autuou dois pescadores que disseram ser de São José da Coroa Grande. Isso é crime ambiental.” As denúncias podem ser feitas por meio do (81) 3552.2465.