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Comunidade SUAPE

QUAL É DE FATO A REALIDADE DAS COMUNIDADES?

As situações de violência e violações de direitos não cessaram na região que abrange o Complexo de Suape. Somente neste ano já chegaram ao Fórum Suape uma dezena de Boletins de Ocorrência que relatam principalmente ações violentas de depredação de cercas e outras benfeitorias de posseiros em várias comunidades.
O Engenho Jurissaca é um exemplo emblemático, onde a situação está bastante crítica, como afirma Vera 
Lucia Domingos de Melo, presidente da Associação dos Pequenos Agricultores do Engenho Ilha. Várias famílias saíram de suas posses em função de um acordo extrajudicial realizado com a empresa. O CIPS prometeu que se as famílias saíssem, pagaria o valor da indenização em até 90 dias, mas isso já completou cinco anos e as famílias nunca receberam esses valores. Além disso, o CIPS vem utilizando a estratégia de tornar insuportável a vida dos posseiros no engenho, fazendo com que as pessoas abandonem o lugar por conta própria. A pessoa fica proibida de plantar, de ampliar ou construir sua casa, de construir cercas. Já foi comunicado aos posseiros que o CIPS está sem recursos para pagar a indenização e por isso está oferecendo apenas a unidade habitacional.
Antes essas famílias viviam da terra com fartura e hoje estão passando privação, com a segurança alimentar completamente violada. Ainda nesse contexto tivemos relatos de incêndios misteriosos, da ação de motoqueiros que percorrem os sítios provocando incêndios criminosos em vários lugares e o crescimento da violência que apavora moradores e especialmente as mulheres. O CIPS interfere no modo de vida dessas populações de forma ilícita, pois são posseiros que tem direitos de usar e usufruir como bem entenderem a posse da terra.
Para completar e desmascarar a propaganda enganosa da empresa, o espaço de diálogo entre o CIPS e as comunidades iniciado no ano passado, após o ato de protesto realizado pelas comunidades nas ruas centrais do Recife até o Palácio do Governo do Estado, foi interrompido. Embora esse espaço de diálogo não tenha atendido a reivindicação das comunidades, de ser uma mesa de negociação com o governo, maior acionista do CIPS, iniciando-se como um espaço de diálogo apenas com a vice-presidência do Complexo de Suape. Mesmo assim, ocorreram apenas duas reuniões, sendo que nem um dos encaminhamentos tirados na última reunião teve êxito. O ponto mais polêmico foi o compromisso assumido pelo então vice-presidente Evandro Avelar de dar uma resposta definitiva às famílias que haviam se retirado das áreas e ainda estavam sem receber a indenização. Ele solicitou que o Fórum Suape, junto com as comunidades, apresentasse uma relação das famílias que se encontram nessa situação, prometendo uma solução.
Logo em seguida, ocorreu uma mudança na diretoria de Suape em decorrência de uma mudança política no Estado, com a entrada do PMDB como principal aliado do PSB, e sua ascensão à gestão do Complexo de Suape, mantendo o coronel Pereira a frente da Diretoria de Gestão Fundiária e Patrimônio, com o aumento da violência e das expulsões. Desde então, com a mudança da presidência do CIPS tem sido constantes as tentativas do Fórum Suape de retomar o espaço de diálogo, mas a empresa não dá sinais de disposição. Apesar disso, propagandeia aos quatro cantos que mantém um constante diálogo com as comunidades, garantindo espaços de reuniões e de ações participativas, conforme divulga em sua página na internet. Desde novembro do ano passado, quando ocorreu a última reunião, o Fórum Suape reivindica a retomada desse espaço de negociação que pode ajudar a dirimir alguns conflitos nas comunidades. Uma das principais reivindicações apresentadas no documento entregue ao Governo do Estado foi um basta na violência, que naquele momento parecia ter cessado, mas do final do ano passado pra cá os atos de violência voltaram com força total.
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