A situação de intensas violações socioambientais praticadas pelo Complexo Industrial Portuário de Suape contra as comunidades da região parece não ter fim. Desta vez a vítima é a comunidade do Engenho Jurissaca, município do Cabo de Santo Agostinho onde um morador teve seu sítio invadido, seu barraco e as cercas derrubadas e outras famílias vivem a situação de tensão provocada pelos repetidos atos de violência. Essa situação também é a mesma nos vizinhos engenhos Ilha e Boa Vista.
Desde o início da década de 1980 agricultores lutavam para permanecer na terra onde plantavam, sendo assentados em 1989, pelo então governador Miguel Arraes. Naquela ocasião 289 famílias foram beneficiadas, muito embora elas nunca tenham deixado de lutar pela regularização da posse da terra. De 2011 para cá, o enfrentamento tem sido com a empresa Suape, que prometeu indenizar moradores para que deixassem as terras. Quem não aceitou as imposições do CIPS, hoje vive sofrendo ameaças, tendo seus sítios invadidos, falsas promessas, casas e cercas derrubadas, até a energia elétricafoicortada.Emalguns engenhos a CELPE não faz ligações elétricas, alegando que as terraspertencemaSuapeequeelanãopermiteque o façam. Cada posseiro tem três hectares de terra e lhes são oferecidos valores irrisórios como indenização. Quem continua vivendo em Jurissaca está sem poder plantar, pois tem sua lavoura destruída, além de sofrer ameaças e todo tipo de violência. Suape diz que não retira posseiros da terra, porque não tem como pagar a indenização, mas a sua tática é a de deixá-los permanecerem a míngua.
Uma das maiores preocupações do Fórum Suape é com a efetivação dos acordos feitos com posseiros pela desocupação da terra e não cumpridos, bem como o aumento das violações de direitos que continuam sendo prática comum do CIPS (violência, coerção, abuso de poder etc). Muitos posseiros foram expulsos por Suape de suas terras e obrigados a assinarem acordos de indenizações irrisórias, alguns já estão há 64 meses fora das terras sem um centavo de indenização. De todos os lados chegam comunicados sobre as ameaças de morte sofridas por moradores em diversas comunidades, porém em várias ocasiões Suape trata como denúncia leviana e falsa. Mas, as pessoas que tem coragem de resistir e se rebelar contra os desmandos do CIPS são penalizadas, passam a pagar pelo que não fez.
Uma das táticas da empresa Suape é a criminalização dos defensores dos Direitos Humanos e das vítimas que denunciam os seus desmandos. Porém, só existeumcaminho: mostrar na prática que unidos representamos a força! Precisamos reagir, resistir, não ceder à pressão de Suape. Fazermos grandes mobilizações populares, apoiados pelo Fórum Suape, pelas diversas organizações parceiras e todos os segmentos sociais que estão na luta. É importante sensibilizar e mobilizar também quem vive nas áreas e não está sendo atingido no momento, por isso não se envolve, acha que nunca serão incomodados. A verdade é que Suape age unicamente em torno de seus interesses e a qualquer momento pode expulsar qualquer pessoa.
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