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Pescadores e quilombolas bloqueiam acesso a SUAPE por 6 horas: Entenda o que tá em jogo

Pescadores e quilombolas bloqueiam acesso a SUAPE por 6 horas: entenda o que tá em jogo
Foto: Arnaldo Sete/marco Zero.

Na manhã de ontem (4), cerca de 150 pescadores do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca e quilombolas da Comunidade de Mercês realizaram protesto contra SUAPE e empresas instaladas no Complexo Industrial Portuário. Durante 6 horas trancaram as vias de acesso ao Porto, na Curva do Boi, reivindicando serem escutados em um conjunto de cinco pautas, organizadas em formato de carta.

Os manifestantes denunciavam violações de direitos e crimes por parte de SUAPE e empresas, como despejo de efluentes em rios, dragagens em períodos ilegais e ações de reintegração de posse contra moradores do Quilombo de Mercês e de outras comunidades que existem na área desde muito antes da instalação do Complexo.

Foto: Chico Ludermir/Fórum Suape
Foto: Chico Ludermir/Fórum Suape

Dentre as demandas, pescadores exigiam o pagamento do auxílio dragagem para 89 trabalhadores da pesca que tiveram seus pedidos indeferidos e os quilombolas demandavam a garantia de permanência, frente às ameaças de projeto “Raízes em Movimento” que prevê a remoção de toda a comunidade de seu território.

Diante da intransigência de SUAPE para negociação, o ato, que se iniciou às 6h, estendeu-se até o meio dia. Sob ameaça de intervenção do Batalhão de Choque da Polícia Militar, uma comissão formada por 15 pessoas, entre pescadores, quilombolas e membros do Fórum Suape se reuniu com a direção da empresa, no Centro Administrativo. A partir de então, o trânsito foi liberado.

Na reunião, foi deliberado um calendário de encontros que começa na próxima sexta-feira (8), debatendo o projeto “Raízes em Movimento”. Além disso, a ata do documento assinada por representantes de ambas as partes determina que SUAPE solicitará uma reunião com a presença do Ministério Público Federal para acompanhar as tratativas para o pagamento de todos os 89 pescadores e encaminhar o pagamento dos auxílios.

O transtorno de um dia “útil” de SUAPE não é nada comparado ao impacto na vida das comunidades afetadas por suas obras. Pescadores perderam sua subsistência, manguezais foram devastados, rios estão sendo poluídos e um quilombo tem seu território ameaçado.

Enquanto os diretos estiverem sendo violados, protestar é um dever.

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Comunidades questionam concessão do Parque Armando de Holanda à iniciativa privada

(Foto: Arquivo/DP)

O Parque Metropolitano Armando de Holanda Cavalcanti (PMAHC), no Cabo de Santo Agostinho, está ameaçado de privatização. Em julho deste ano a empresa pública SUAPE, que é responsável pela gestão do PMAHC desde o final da década de 1970, abriu um processo de consulta pública visando transferir a administração do Parque para empresas do setor privado. Reconhecido por seu valor histórico, arqueológico, natural e turístico, o Armando de Holanda conta com 260 hectares, dentro dos quais habitam e trabalham comunidades que já viviam e usavam o território antes de sua demarcação. A proposta de mudança na gestão tem revoltado os moradores do território que apontam um aprofundamento de um processo de gentrificação e privatização de um espaço comum.

Depois de longos anos de uma gestão negligente e, por muitas vezes, repressora com os moradores, a empresa tornou pública, por meio de audiência realizada no último dia 26 de julho, no seu Centro Administrativo, a sua intenção de transferir à iniciativa privada a responsabilidade de gerir parte do espaço, que soma 120 hectares. Dentro dessa área estão construções históricas como a Igreja Nossa Senhora de Nazaré e o Convento das Carmelitas, tombadas pelo IPHAN. 

As implicações dessa concessão para as comunidades que vivem e fazem uso desse território são enormes. A área onde pretende-se instalar o empreendimento é uma zona de livre circulação de pescadores artesanais que residem e trabalham na região, assim como dos próprios moradores das comunidades situadas nas imediações. Para Edinaldo Rodrigues, presidente da Associação de Pescadores e Pescadoras em Atividade do Cabo de Santo Agostinho, a mudança faz parte de projeto continuado de expulsão de moradores e pescadores do território e que o discurso de “inclusão” é mera propaganda. Nal já acompanhou de perto diversas remoções forçadas e relata que, há muito, o clima é de cerceamento de circulação. “Isso machuca nossa alma. Nossos pais, avós e tataravós estão enterrados nesse chão”, afirma. 

Frente a mais um projeto ancorado na lógica dos grandes empreendimentos que tanto já custaram aos moradores da região do Complexo Portuário, as comunidades situadas na área do PMAHC e nas redondezas reivindicam uma participação ativa na tomada de decisão sobre os rumos da gestão desse território. Na audiência pública na qual o projeto foi apresentado, representantes das comunidades e organizações da sociedade civil presentes protestaram contra a privatização. Os presentes denunciaram o histórico de violências e violações de direito praticadas por SUAPE e questionaram a validade do espaço para fins de consulta. “Não reconhecemos a legitimidade dessa audiência pública”, afirmou João Victor, advogado do Fórum Suape, organização que há mais de uma década tem prestado apoio às comunidades afetadas pelas ações do Complexo Industrial Portuário. Segundo ele, a empresa não tem competência legal para convocar um mecanismo deste tipo; além disso, pontuou que a ausência de órgãos competentes como Ministério Público, Defensoria Pública, Iphan e Fundarpe fazem da audiência ilegítima. 

Eu vejo esse empreendimento como um predador“, afirmou Maria Sueli, moradora local, ao microfone, durante a “audiência pública”. Para ela, existem outras formas de gerir aquele espaço: “O que eu realmente queria era um projeto de economia sustentável e que contemplasse de fato as comunidades do entorno“, completa. Assim como ela, diversos moradores expressaram sua preocupação e insatisfação com o projeto e com a precária participação popular na construção da proposta. Representantes das comunidades e de organizações populares com atuação na região vêm se articulando com a Câmara de Vereadores do Cabo de Santo Agostinho para que seja convocada uma audiência pública para debater o tema.

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TRF5 mantém decisão favorável à Colônia de Pescadores do Cabo de Santo Agostinho em caso envolvendo SUAPE

Julgamento do último dia 23/5 sobre os danos das dragagens e derrocagens no Porto de Suape manteve os efeitos da sentença condenatória contra a empresa

Por chico Ludermir
(Fórum Suape)

No último dia 23 de maio, a 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região julgou o recurso da Empresa SUAPE no processo que apura  os impactos das dragagens e derrocagens às comunidades pesqueiras do Cabo de Santo Agostinho. Por unanimidade, os desembargadores deram provimento aos embargos de declaração – que pediam reanálise de documentos – mas mantiveram a sentença que reconheceu os danos socioambientais e a insuficiência dos estudos que embasaram o licenciamento e que condenou a empresa SUAPE a executar uma série de medidas de mitigação e compensação – dentre ela a recuperação de estoques pesqueiros e o pagamento de  indenização às comunidades atingidas. “Não vislumbro equívoco na sentença”,  afirmou o  desembargador Vladimir Souza Carvalho, relator do processo, em sua decisão. “A atividade de dragagem é, sem sombra de dúvida, potencialmente capaz de provocar dano ambiental”, disse em outro momento da decisão.

[ 🔗 Clique aqui para ver a decisão completa ]

A Ação Civil Pública foi movida pelo Ministério Público Federal em 2011, a partir de uma representação formulada pela Colônia de Pescadores Z-08 acerca dos danos ao ecossistema marinho e à pesca artesanal decorrentes das atividades de dragagem e derrocagem que estavam sendo executadas por SUAPE. A empresa havia sido condenada em primeira instância pelo juiz da 35a Vara Federal do Cabo de Santo Agostinho, em 2016. Em grau de recurso, a sentença foi mantida pelo colegiado do TRF5. Contudo, após interposição de outro recurso pela empresa, o Superio Tribunal de Justiça (STJ)  determinou a realização de novo julgamento pelo TRF5. De volta ao Tribunal Regional, o colegiado de desembargadores decidiu manter intactos o entendimento e a condenação.

“O resultado do julgamento é uma grande vitória para as comunidades pesqueiras porque reconhece as denúncias que vinham sendo feitas por elas e impõe medidas de proteção aos territórios de pesca artesanal e ao ecossistema”, afirma Luísa Duque, advogada do Fórum Suape, que representou a Colônia Z-08 no processo. Segundo ela, a decisão representa um importante precedente para o combate ao racismo ambiental e à degradação dos territórios como ônus de um suposto progresso. “Acreditamos que, quando o Judiciário toma uma postura mais firme e intolerante aos danos produzidos contra essas comunidades, isso faz com que as empresas tenham mais cuidado ao executar seus empreendimentos e os órgãos licenciadores tenham mais cautela ao licenciá-los”, completa a advogada. No final das contas, defende Luísa, o resultado do julgamento é também uma vitória de toda a sociedade, na medida em que faz valer a Constituição e a legislação ambiental para proteger um bem comum, que é o meio ambiente.

Luísa Duque, advogada do Fórum Suape
Luísa Duque e João Victor Venâncio acompanharam o julgamento do último dia 23/5. Foto: Chico Ludermir

Essa não é a primeira vez que a Empresa SUAPE é acusada de danos socioambientais. Além do Ministério Público Federal, a Defensoria Pública do Estado e o Fórum Suape  também denunciaram o Complexo por uma série de violações de direito das comunidades que integram o território industrial portuário, tais como a destruição de casas e lavouras, o que fere os direitos de posse. Outros inquéritos civis que seguem em curso apontam cercamento de áreas comuns e desrespeito ao território Quilombola Ilha de Mercês, como é retratado no recém-lançado documentário “Sangue: Vidas e Lutas Quilombolas em Defesa do Rio”, dirigido por Débora Britto e produzido pelo Fórum Suape. “O Complexo Industrial Portuário de Suape vem ao longo dos anos violando uma série de direitos socioambientais das comunidades da região”, afirma Mariana Vidal que também atua junto ao Fórum. Segunda a advogada, degradação de ecossistemas, remoções forçadas, violências e intimidações são as características do processo de instalação  e expansão do porto: “vemos fome em lares que antes tinham mesa farta”, denuncia.

Pescadores esperam justiça

Foto tirada Nal no dia 1 de janeiro
Nal e seu filho se depararam com a draga quando pescavam no dia 1º de Janeiro de 2010. Foto: Esdras Rodrigues

No dia 1º de Janeiro de 2010 Edinaldo Rodrigues de Freitas saiu para pescar com seu filho, próximo a Ilha de Cocaia, e se deparou com uma draga. Ao mergulhar, percebeu a água turva e sentiu coceira pelo corpo. Nal, como é conhecido, lembra como se fosse hoje do susto que levou e consegue descrever com detalhes uma embarcação moderna com cabine na proa e o momento em que seu filho Esdras se colocou na frente dela tentando impedir o estrago. Era o início de um processo extremamente danoso de dragagem e derrocagem  realizado pela Empresa SUAPE que ele mesmo documentou em fotos e vídeos.

Atualmente presidente da Associação de Pescadores e Pescadoras em Atividade do Cabo de Santo Agostinho, Nal pesca desde criança e viu a paisagem se modificar depois das intervenções do Porto. Degradação de manguezais e restingas, destruição de cabeços onde diversas espécies marinhas viviam e se reproduziam, morte de peixes como consequência de processos de aterramento e até utilização de explosivos. “A gente via os peixes mero, botos cinza, arraias, ciobas, ariocós, xaréus, tudo boiando”, relembra. Quando a gente mergulhou, viu que os danos seriam irreversíveis porque houve muita destruição de coral”, completa ele, acrescentando que até bananas de dinamite foram encontradas durante os mergulhos.

Segundo observou o pescador, as consequências são muito graves, dentre elas a diminuição drástica da atividade da pesca, subsistência de boa parte de seus colegas. Depois da dragagem, os pescadores chegaram a precisar de doações de roupas e até de alimentos. “Gente que antes abastecia os restaurantes passou a precisar comer cabeça de peixe congelado que os donos davam”, relata. Com a destruição e aterramento de habitats, descreve Nal, não se pesca mais camarão e são mais raras espécies antes abundantes, como guarajuba, beijupirá, dentão, lagosta e polvo. “A gente sofre muito ao ver que nossos filhos não poderão mais seguir com a pesca”, lamenta.

Nal define a atuação de SUAPE nos territórios tradicionais como genocida. O pescador diz ter acompanhado marisqueiras que tiraram a própria vida, pescadores que até hoje morrem “de desgosto” e famílias em vulnerabilidade extrema. “Além das mortes das pessoas, é a morte de diversas espécies da fauna e da flora; é a morte da nossa cultura e das comunidades tradicionais pesqueiras”, acusa.

As documentações de Nal e do seu filho ajudaram a compor o escopo de provas apresentadas no processo ajuizado pelo Ministério Público Federal, em 2011. “Tivemos a necessidade de mostrar que o que SUAPE faz não é sustentável. É muito ruim para o ambiente e para os pescadores. Fizeram tudo isso sem conversa com a comunidade ou aviso prévio”, denuncia.

Educadora do Conselho Pastoral de Pescadores (CPP) há 40 anos, Laurineide Santana acompanha as mudanças dos territórios tradicionais pesqueiros desde o início da industrialização do Porto. Junto ao CPP, tem prestado assessoria à colônia de pescadores e acompanhado a judicialização da ação civil pública desde 2011. Laurineide diz ficar assustada com as investidas da empresa. “É monstruoso. Ao mesmo tempo em que negam a presença de comunidades tradicionais, assediam e ameaçam os pescadores e pescadoras”, relata.

Assim como Nal, Laurineide também presenciou peixes boiando na praia e acompanhou de perto o sofrimento das comunidades pesqueiras vendo sua subsistência desaparecer. Em 2016, com a decisão favorável em primeira instância, a educadora celebrou a possibilidade de mitigação e compensação, mas não nega a frustração com a demora em resolver o caso definitivamente. “A gente fica feliz com a confirmação da decisão anterior, porém a espera de mais de uma década é cansativa e violenta”, reclama ela, referindo-se à decisão recente, que não encerra o caso. Ainda que o julgamento tenha mantido os efeitos infringentes à SUAPE e, portanto, seja um resultado positivo para a Colônia de Pescadores Z-08, ainda cabem recursos.

Nal também recebeu a notícia da decisão do TRF5 do último dia 23/5 ressabiado. A torcida dele, assim como de toda a colônia de pescadores e demais agentes envolvidos no caso, é de que a última decisão do TRF5 se consolide. “Espero que seja reconhecido de uma vez por todas que Suape errou, que Suape pare de ser irresponsável e que os danos sejam reparados. A justiça precisa ser justa”, enfatiza o pescador.

 

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[Leia Já] Na pandemia, Suape impede acesso de agricultores à terra

POR MARÍLIA PARENTE | SAB, 10/04/2021 – 08:00

Há cerca de 30 dias, pescadores e agricultores do Engenho Ilha, no Cabo de Santo Agostinho, estão sendo impedidos, pelo Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros- Suape, de acessar as terras e o mangue dos quais tiram seu sustento. Segundo os trabalhadores, não houve qualquer diálogo com a comunidade a respeito do cerco. A nova denúncia, em plena pandemia de Covid-19, acentua o conflito fundiário entre as 305 famílias que vivem no local, segundo os relatos dos trabalhadores, há pelo menos quatro gerações e a empresa, que alega reivindicar a área para promover conservação ambiental.

“Mais uma vez Suape interfere nos nossos modos de vida e modos de produção e em plena pandemia, quando passamos necessidades básicas, sofrendo com desemprego. Estamos sendo impossibilitados de manter nossa soberania alimentar. Além disso, as pessoas estão desesperadas, porque esse cercamento representa para nós uma iminência de expulsão, já que existe uma proposta de uma unidade de conservação no Engenho Ilha, mas sem que nada tenha sido resolvido. Do nada Suape chega e cerca tudo”, comenta a presidente da Associação de Pequenos Agricultores de Ponte dos Carvalhos, Vera Lúcia Melo.

Em março de 2020, o LeiaJá esteve no Engenho Ilha e observou a existência de casas e instalações demolidas, segundo a população, pela segurança privada de Suape. Na ocasião, os trabalhadores que vivem no local relataram conviver com uma série de intimidações de agentes da empresa, contra a qual chegaram, inclusive, a registrar boletins de ocorrência.

Quer ver a matéria completa? Clique aqui!

Cercamento instalado por Suape no entorno do Engenho Ilha.
 
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MOMENTO FÓRUM SUAPE: A luta, a resistência e a coragem das mulheres das comunidades tradicionais atingidas por SUAPE

Neste mês da mulher, o Momento Fórum Suape homenageia as lutadoras das comunidades tradicionais das cidades do Cabo de Santo Agostinho e de Ipojuca, que estão resistindo em seus territórios frente às diversas violações cometidas pelo Complexo Industrial Portuário de Suape (CIPS).

O Momento Fórum Suape acontecerá no Programa Rádio Mulher desta sexta-feira (19) às 8h e contará com a participação da presidenta da Associação de Pequenos Agricultores de Pontes dos Carvalhos, Vera Lúcia Domingos, e da Coordenadora Administrativo-financeira do Fórum Suape, Aulete Almeida. O tema desse programa será “A luta, a resistência e a coragem das mulheres das comunidades tradicionais atingidas por SUAPE.”

Você pode acompanhar a conversa através da página do Facebook do Fórum Suape ou da página do Facebook do Centro das Mulheres do Cabo, ou ainda sintonizando na Rádio Comunitária Calheta FM 98,5.

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[ANF] Pernambuco: Complexo Industrial Portuário de Suape comete racismo ambiental e viola direitos humanos

A construção de um dique de enrocamento (barreiramento) com estrada entre o Estaleiro Atlântico Sul e a Via Portuária atravessando a foz do rio Tatuoca nas instalações do Complexo Industrial Portuário de Suape, município de Ipojuca, litoral sul de Pernambuco vem causando danos ambientais e diversas violações de direitos humanos, impedindo o fluxo natural do rio e das espécies marinhas e prejudicando centenas de famílias de pescadoras e pescadores artesanais.

Esse “empreendimento” ataca diretamente as populações tradicionais (quilombola e pesqueira) da região, como Ilha de Mercês, Tiriri e Tatuoca. Suape, como é conhecida pelas populações nativas da região, está ao longo de dez anos submetendo os povos tradicionais ao medo, ao constrangimento e à proibição de suas atividades profissionais e econômicas, das quais se destacam a coleta de frutas e a pesca, garantindo a soberania e a segurança alimentar das comunidades.

Luísa Duque, assessora jurídica do Fórum Suape relata que o bloqueio do Rio Tatuoca foi realizado em 2007 para servir de acesso provisório ao Estaleiro Atlântico Sul, e que o barramento recebeu licenciamento pela CPRH (Agência Estadual de Meio Ambiente) para estar no local durante o período de um ano e seis meses, devendo ter sido retirado por Suape após o cumprimento deste prazo, o que não ocorreu.

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Barreiramento visto de cima e ao fundo o Estaleiro Atlântico Sul.
Foto – Hamilton Tenório/Núcleo de Comunicação Caranguejo Uçá
 
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CHEGOU A 29ª EDIÇÃO DO BOLETIM DO FÓRUM SUAPE

Já está no ar a 29ª Edição do Boletim do Fórum Suape de Outubro de 2020. Nele você encontra notícias, histórias e reflexões sobre os conflitos socioambientais vividos pelas populações atingidas pelo Complexo Industrial Portuário de Suape (CIPS).

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EMPRESA SUAPE SE NEGA A ASSINAR ACORDO PARA REABERTURA DO RIO TATUOCA

Imagem cedida pelo Núcleo de Comunicação Caranguejo Uçá

A data de 20 de outubro de 2020 era de muita expectativa, pois SUAPE assinaria um acordo com o MPF, o MPPE, a DPU e com a Associação Quilombola Ilha de Mercês, no qual se comprometeria a iniciar o desbloqueio do Rio Tatuoca até junho de 2021. Entretanto, após meses de reuniões e tratativas, no momento da assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta, por meio do qual se selaria o compromisso, SUAPE, para a surpresa de todos e sem maiores explicações, negou-se a assinar e se retirou da reunião.

O objeto do Termo de Ajustamento de Conduta era um cronograma apresentado pela própria SUAPE em que a empresa se comprometeria a seguir os passos necessários para que, ao final, parte do barramento que estrangula o Rio Tatuoca há mais de 12 (doze) anos fosse retirado. O bloqueio foi realizado no ano de 2007 com o propósito de se construir um acesso provisório ao Estaleiro Atlântico Sul. No entanto, o acesso que estava previsto e autorizado para permanecer por apenas cerca de 1 ano e 6 meses acabou sendo mantido até hoje sem qualquer licenciamento.

Estes mais de 12 (doze) anos em que o barramento tem permanecido ilegalmente sobre o Rio Tatuoca tem trazido vastos prejuízos tanto ao ecossistema da área quanto à população de seu entorno. O Tatuoca é um rio de importância fundamental para a Comunidade Quilombola de Ilha de Mercês, importância esta não apenas para sobrevivência material dos moradores dessa região, que dele dependem para retirar o seu sustento através da pesca artesanal, mas também para a perpetuação da identidade coletiva da comunidade.

Com o barramento, que cortou a ligação natural entre o Rio Tatuoca e o mar, a vazão natural da maré restou impedida, na cheia e na vazante, de forma que vem ocorrendo, há anos, a morte de árvores de mangue e de inúmeras espécies de peixes, moluscos e crustáceos que dependem do fluxo e refluxo natural da maré para sobreviver. A própria CPRH, em Nota Técnica emitida no ano de 2007, quando da construção do barramento, constatou os graves danos ao mangue decorrentes da obra. Ainda assim, o bloqueio foi mantido durante mais de uma década, afetando, ademais, a pesca artesanal, de que dependem os moradores de Ilha de Mercês para manter o seu sustento.

Diante deste cenário de total desrespeito ao meio ambiente, em 2008, o Ministério Público Federal instaurou o Inquérito Civil nº. 1.26.000.001531/2008-13, com o objetivo de “apurar notícias de graves danos ambientais e prejuízos à população nativa” da área. Após, a Defensoria Pública da União e o Ministério Público de Pernambuco juntaram-se ao MPF na atuação neste procedimento. A Assinatura deste TAC, portanto, seria o início da solução dos problemas abordados neste Inquérito Civil.

Apesar de ostentar uma imagem de empresa social e ambientalmente responsável perante a opinião pública, as práticas de SUAPE destoam bastante de seu discurso. A postura de SUAPE reflete o descompromisso histórico da empresa em relação às comunidades prejudicadas por suas ações e mostra que o desrespeito atinge também as instituições do sistema de justiça. O lamentável episódio ocorrido no dia 20 de outubro reforça a necessidade de se continuar denunciando a empresa pública e exigindo dos órgãos do Estado as medidas cabíveis para a promoção da justiça socioambiental no território atingido.

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DIA MUNDIAL PELA LIMPEZA DA ÁGUA

O dia 19 de setembro é conhecido como o Dia Mundial pela Limpeza da Água. Esse recurso natural tão valioso para a perpetuação da vida em nossa planeta está cada vez mais ameaçado em face da poluição advinda principalmente de atividades econômicas (como a mineração, o agronegócio e as indústrias).

No Estado de Pernambuco, a situação dos rios é também preocupante. O Rio Ipojuca, que nasce em Arcoverde e deságua no oceano Atlântico pelo Município de Ipojuca, é o rio mais contaminado do Estado, e está em 3º lugar no ranking dos 10 rios mais poluídos do Brasil, perdendo somente para o Tietê, em São Paulo, e para o Iguaçu, em Santa Catarina.

Consultadas pelo Fórum Suape a respeito da existência de um Plano Estadual voltado para a recuperação de rios contaminados, a SEMAS (Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade) e a CPRH (Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos) nada informaram até o fechamento desta matéria.

Contaminação Hídrica no Complexo de Suape

Já na região atingida pelo Complexo Industrial Portuário de Suape (CIPS), a contaminação hídrica atinge patamares mais graves em função do tipo de matéria prima que é processada nas indústrias instaladas no local. O refino do petróleo e o processamento de derivados pelas demais empresas do ramo produz resíduos altamente contaminantes, que, uma vez no ambiente, levam muito tempo para se degradar e causam uma série de impactos, tanto à biodiversidade quanto à saúde humana.

O riacho Algodoais é o curso d’água mais poluído desse território. Ele nasce no Engenho Setúbal e percorre 10 km até desaguar no Rio Massangana, que deságua no mar. Muitas comunidades cortadas por ele utilizavam-no para as suas necessidades básicas, inclusive para pescar e beber água. No entanto, após a instalação de indústrias que passaram a lançar nele seus efluentes líquidos não tratados, o riacho Algodoais ficou completamente degradado. Estudos feitos a partir da análise da água coletada desse curso d’água revelaram a presença de contaminante emergentes, que, embora se apresentem em baixas concentrações, são compostos orgânicos carcinogênicos e mutagênicos, e possuem alta persistência e toxicidade, sendo portanto extremamente nocivos para os seres vivos em geral.

Adailton Joaquim Mendonça, 42 anos, pesca desde os 10 anos e é conhecido no Engenho Algodoais como Peixinho. “Eu pescava nesse riacho desde pequeno, e hoje não pesco nada, pois está tudo poluído pelos produtos químicos das empresas, porque mataram tudo. Não tem mais camarão, jundiá. A água é preta e ninguém faz nada”, desabafou o pescador.

Há mais de cinco anos o Governo do Estado lançou um Decreto que instituiu um programa para recuperação do riacho Algodoais, chamada “Águas de Suape”. Contudo, de lá para cá, nenhuma providência foi efetivamente realizada no sentido de promover a sua revitalização. Até quando o Governo permanecerá com esse descaso?

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CINECLUBE: EXIBIÇÃO DO DOCUMENTÁRIO “TERRITÓRIO SUAPE”

#nemumpoçoamais @campanhanemumpocoamais

Hoje, às 20h, haverá a exibição do documentário “Território Suape”, produzido pela Marco Zero Conteúdo. A exibição será seguida de debate, do qual participará Luísa Duque, assessora jurídica do Fórum Suape e dos diretores do longa Laércio Portela, Cecília da Fonte e Marcelo Pedrosa.

O filme trata acerca dos conflitos territoriais e da violência produzidos pelo capital, tomando como mote os processos de segregação territorial em andamento no Cabo de Santo Agostinho em razão do Complexo Portuário de Suape, relacionando-os com o extermínio da população jovem negra desse município.

Acende o debate sobre o fato de que não são meramente os interesses econômicos que motivam esses conflitos territoriais e tais violências, mas também o racismo estruturante da nossa sociedade. Se você ainda não viu, não deixe de conferir.

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