Nos dias 20, 21 e 22 de setembro, a comunidade que foi removida à força da Ilha de Tatuoca e que hoje reside no conjunto habitacional Vila Nova Tatuoca recebeu a atividade de imersão promovida por um projeto de extensão da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em conjunto com o Centro das Mulheres do Cabo (CMC).
Durante os três dias foram realizados diversas atividades voltadas às famílias, como mutirão de cuidado e plantio da praça, cine-jangada, almoço coletivo, além de oficinas com os seguintes temas: 1) mulheres produzindo sua saúde com fitoterápicos, 2) crianças germinando saberes com as plantas, e 3) pescadores compartilhando conhecimentos e organização do espaço.
Desde 2015, o Projeto de Extensão da UFRPE vem trabalhando o resgate e a socialização dentro da comunidade, com o foco na agricultura familiar, urbana e peri-urbana. Em 2014, a população da Ilha de Tatuoca foi removida de seu ambiente natural para um ambiente que não proporciona condições de sociabilidade e que inviabilizou a manutenção dos modos de vida que a comunidade levava antes de ser removida da ilha.
De acordo com uma das coordenadoras do projeto de Extensão da UFRPE, Lourinalda Oliveira, a ideia é fortalecer as comunidades que foram realocadas do seu território, promovendo a sua integração. “Nós buscamos com nossas ações envolver a comunidade com diversas práticas de agricultura familiar, trazendo a autonomia e valorizando o aspecto de unidade dos trabalhos coletivos, por meio de mutirão”, afirmou a professora do Departamento de Química da UFRPE.
Além do trabalho da UFRPE, a Vila Nova Tatuoca recebe mensalmente atividades de roda de terapia comunitária, reuniões de fortalecimento e oficinas temáticas com mulheres, crianças e adolescentes, realizadas pelas técnicas da equipe pedagógica do CMC.
A DIFÍCIL E SOFRIDA ADAPTAÇÃO À NOVA REALIDADE
Sem árvores e terra para plantio e ainda distantes do mangue e do mar, as 75 famílias que antes viviam da coleta, da pesca e de pequenas lavouras, hoje são forçadas a conviver com a dura realidade de privação, completamente destoante da vida plena que levavam na ilha.
Enquanto as antigas casas de taipa propiciavam um conforto térmico, as novas casas, construídas com materiais inadequados, são insuportavelmente quentes, fazendo com que as pessoas constantemente passem mal. Por sua vez, quando chove, o morro de barro que circunvizinha a comunidade torna o local ainda mais precário, inundando os quintais e as casas de lama.
Nesse sentido, com o intuito de tornar a realidade mais agradável, a comunidade, junto com o projeto de extensão da UFRPE, vem realizando o plantio de árvores para tornar o local mais fresco e evitar a erosão do paredão de barro. Também estão planejando a manutenção de quintais produtivos, com plantas medicinais e com criação de galinhas e codornas.