EnglishPortugueseSpanish
EnglishPortugueseSpanish

Jurissaca: há mais de 10 anos lutando por dignidade, contra os abusos de SUAPE

visita da articulação

As famílias agricultoras do Engenho Jurissaca, distrito de Ponte dos Carvalhos, no Cabo de Santo Agostinho, vêm pelejando há mais de uma década na luta por dignidade. Vivendo há anos sob o jugo de SUAPE e sendo submetidas a uma série de humilhações e abusos, as famílias vêm se organizando para dar um basta.

Segundo elas, SUAPE destrói plantações, tapa cacimbas d’água, impede a instalação de energia elétrica, destrói cercamentos dos sítios e permite que bois (introduzidos na área por pessoas desconhecidas) transitem livremente e destruam as suas plantações. Para agravar essa situação, a instalação de empresas nas proximidades, como a Achè e a Cone, provocou o aterro de cursos d’água e a alteração do sistema natural de drenagem da área, fazendo com que a água da chuva, que antes tinha para onde escoar, hoje fique represada, inundando por meses o território e impedindo as famílias de plantarem. “Nós só temos outubro, novembro e dezembro para plantar, e janeiro e fevereiro para colher. Nos outros meses do ano, fica tudo alagado”, afirmou Maria, agricultora de Jurissaca. Segundo Vera, presidenta da Sociedade de Pequenos Agricultores de Ponte dos Carvalhos, “a água fica ‘morando’ meses nos nossos sítios, e isso é algo que se intensificou de 2018 para cá”.

visita da articulação

A situação, que antes já era difícil, se tornou insustentável, e os posseiros de Jurissaca vêm reivindicando há anos uma indenização justa para poderem reconstruir suas vidas como agricultores em outro local, onde possam ter paz e dignidade. SUAPE, no entanto, ao mesmo tempo em que torna a vida das famílias insuportável no local, vem se recusando a pagar-lhes uma indenização, com o intuito de forçá-las a sair do local sem receber nada.

Essa é uma tática que a empresa utiliza largamente sobre os territórios para os quais quer se expandir. Inviabiliza de todos os modos possíveis a vida da comunidade, impedindo-a inclusive de exercer o seu ofício tradicional (seja agricultura ou pesca) e de ter acesso a direitos básicos, como água e energia elétrica. Foi assim em Tatuoca, Serraria, Massangana, Boa Vista, Mercês e muitos outros. E é assim em Jurissaca. O que agrava a situação é que o relevo e o sistema de drenagem foi alterado com a instalação de empresas, e o território permanece a maior parte do ano inundado, impossibilitando o plantio.

Esse cenário de injustiças e violações, que permanece impune por todos esses anos, foi compartilhado com o Prefeito do Município, Keko, que, na última terça-feira, 31, visitou o território e se reuniu com agricultores e agricultoras dos Engenhos Ilha e Jurissaca na sede de sua associação. Na ocasião, o Prefeito se comprometeu a mediar o diálogo com a empresa SUAPE e a farmacêutica Blau, que tem planos de se instalar na área, para que todas as famílias sejam indenizadas o mais rápido possível, e de maneira justa. Ao mesmo tempo, se comprometeu também em atender às reivindicações da comunidade do Engenho Ilha, para que haja melhoria das estradas e da iluminação pública, abastecimento de água, apoio à agricultura, e para que a expedição de licenças ambientais esteja condicionada à preservação do sistema de drenagem natural, dentre outras reivindicações.

Compartilhe em suas redes

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
plugins premium WordPress